quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Colony Wars - Análise

Esta é a análise de Colony Wars, lançado pela Sony Computer Entertainment em 1997 para o Playstation.


Introdução

A Psygnosis entende de naves. Afinal, não poderíamos esperar menos da empresa que é famosa pela série emblemática WipEout. Mas Colony Wars se desprende do ponto alto da franquia, que é o gênero de corrida, para explorar um gênero que já foi muitíssimo popular, mas que, pouco a pouco, veio entrando em declínio: o simulador de combate espacial. Já há muito tempo esse gênero vem defasado e sem grandes títulos. Até o lançamento de Colony Wars, é claro. Esse game é considerado por muitos como o melhor simulador de combate especial da história dos games, e é de fato um dos melhores jogos do console Playstation. Uma obra-prima rara de se encontrar, mas que fez muitos fãs em sua época de ouro.

COLONY WARS


Informações técnicas

Publicado por: Sony Computer Entertainment
Desenvolvido por: Psygnosis
Gênero: Space Combat Simulator
Plataforma: Playstation
Data de lançamento: 31 de outubro de 1997
Faixa etária: Teen

Sobre a história (contém spoilers)

Bem, a história de Colony Wars se passa em um futuro bem distante. A população na Terra chegou ao seu limite, devido aos milagres da medicina, que tornou os seres humanos quase que imortais. Sem morrer muitas pessoas e nascendo cada vez mais, vamos acabar chegando a esse ponto, não é mesmo? Sem espaço e suprimentos na Terra para aguentar mais gente, eis que nós usamos de nossa avançada tecnologia para colonizar outros planetas.
Saímos colonizando os vários planetas do universo. Conseguimos mais suprimentos e então continuamos nossas vidas. Só que como é que esses outros planetas do mundo conseguem sobreviver sem regras? Não dá, nenhuma sociedade vive em harmonia sem regras. O problema é que quem dita as regras é a Terra. Como a Terra é a colonizadora, ela manda e desmanda no universo inteiro. Mas os seres humanos que nasceram em colônias do resto do mundo (são extraterrestres, mas ainda são humanos) não gostam de serem praticamente escravizados, forçados a trabalharem e cederem seus suprimentos e mantimentos para os gananciosos líderes da Terra. Cansados de sofrerem às custas do maligno ditador terráqueo, eis que as colônias extraterrestres decidiram começar uma guerra.
E a guerra intergalática tem início. A força de resistência anti-imperial se chama League of Free Worlds, e é composta por bravos soldados. Eles possuem seu quartel-general em Gallonigher, enquanto o Império da Terra possui seu quartel-general, por questões óbvias, na Terra mesmo.
Nesse ínterim, eis que o jogador controla um habilidoso piloto de aeronaves que pretende contribuir para a vitória dos extraterrestres. O piloto sem nome e nem referência é o protagonista da história. Como ninguém faz a menor ideia de como ele seja, não podemos providenciar uma imagem dele.
A partir daí, a história depende unicamente do jogador. O jogo se divide em diversas campanhas, e o jogador avança por essas campanhas de maneira não-linear. O jogador é sempre convocado a uma missão. Caso ele cumpra a missão, ele passa para a seguinte. Se perder, ele avança no jogo também. Não tem essa de "morreu, tenta novo" por aqui. É claro que a história do jogo acompanha o desempenho do jogador. Ao vencer algumas missões importantes, avançamos para uma determinada área, enquanto que, se perdermos essas mesmas missões, somos direcionados a outras missões completamente diferentes, em outras áreas. E assim por diante.
Devido a essa liberdade fornecida pelo jogo, Colony Wars não possui um final: possui cinco. Os finais variam bem, e vão desde o pior possível (A liga dos extraterrestres perder e a Terra escravizá-los novamente) até o melhor possível (a liga vence e destrói os terráqueos), passando por alguns pontos intermediários. Por incrível que pareça, o final considerado oficial do game (aquele do qual os próximos games da franquia fazem referência) não é nem o melhor e nem o pior, e sim um intermediário. O final considerado "correto" é um no qual a liga perde uma batalha importante dentro do sistema solar e foge. Na fuga, eles destroem o portal que leva para fora do sistema solar. Ou seja: caso não tenha entendido o começo da história, a Terra e os planetas em volta estão saturados e quase sem resumo. Ou seja, eles prenderam os terráqueos lá para morrerem de fome e sede. Não é bem um final feliz, mas é o final reconhecidamente oficial do jogo.

Sobre o jogo

Já começo a análise avisando: esse jogo não é para qualquer um. Definitivamente.
Assim como WipEout, por exemplo, que, devido à sua alta velocidade e seus comandos mais complexos do que os habituais para jogos de corrida, acaba se tornando restrito a apenas um grupo seleto de gamers hardcore, Colony Wars segue o mesmo princípio. Sua jogabilidade e sua mecânica de jogo é difícil de se pegar e complicada aos iniciantes, então, se não tem paciência, desista.
Mas Colony Wars também sabe fazer por merecer a atenção dos gamers que lhe derem uma oportunidade. O jogo é lindo, é viciante e possui uma belíssima história, profunda como poucos games nesse gênero conseguem ser.
Colony Wars permite ao jogador ser o piloto de uma aeronave futurística especialmente feita para combate. Há três pontos de vista: de dentro do cockpit da nave, de cima e de trás da aeronave. Em si, os comandos para controle da aeronave não são difíceis, e se assemelham muito a outros simuladores, como os de aviões, por exemplo. Um botão liga a turbina, ou liga a turbina contrária ("dá ré") e os direcionais viram, sobem e descem. Simples assim. Para combate, um botão atira a arma principal e outro dispara a arma secundária. Basicamente, é apenas isso, sem contar com os botões que trocam de arma e os botões que giram a aeronave para desviar dos tiros inimigos.
Parece simples, não é? E é mesmo. Agora quero ver como você irá reagir ao se ver cercado por aeronaves inimigas por todos os lados e ter de enfrentá-las em pegas alucinantes e perseguições implacáveis, com tiros e lasers para todos os lados. Quero ver o que vai achar dos controles quando morrer uma, duas ou três vezes. Sim, porque o game não começa devagar não: as primeiras cinco missões do jogo (de muitas missões) já são consideradas complicadas o bastante para que a maioria das pessoas pare e desista de jogar ali mesmo.
Há um modo de treinamento extensivo, caso queira pegar bem as manhas dos controles. Eu nem preciso dizer e afirmar que é extremamente obrigatório que qualquer ser humano faça esse treinamento antes de começar a jogar. Evitará muita dor de cabeça e diminuirá em 70% as chances de se acabar desistindo de jogar esse jogo.
Agora vamos falar sobre as naves. Há muitas naves no jogo, todas com um design especial, e muito bem modeladas. Cada uma possui suas habilidades especiais, seus atributos, suas armas específicas, e tal. Umas são mais rápidas, outras mais resistentes, e assim por diante. Cabe ao jogador se acostumar com cada uma delas, afinal, não somos nós que escolhemos nossa nave. O jogo escolhe a nave por nós, em cada missão, então não adianta se acostumar com uma só nave e achar que será ela para sempre, porque não será.
O rol de armas também é fantástico, indo dos meros lasers comuns até armas que retiram lasers inimigos, mísseis teleguiados, bombas que atordoam o oponente, tiros eletromagnéticos que imobilizam as armas do oponente, ganchos para se prender ao inimigo, e muito mais. São várias armas que podemos nos deliciar em usar, uma vez que cada uma possui um efeito de luz diferente e que é bem legal de se ver. Os combates vão ficando mais e mais frenéticos, e temos de saber usar bem todas as armas para irmos bem. Os lasers comuns, principais, são infinitos e podem ser atirados em rajadas se segurarmos o botão de disparo; só que isso irá fazer com que a arma se superaqueça rapidamente, e não é aconselhável. Uma forma melhor é disparar várias vezes em sequência rápida. Mas, caso superaqueça, basta aguardar uns segundos e ela esfria novamente. Já as armas secundárias, as mais poderosas, não superaquecem, mas são limitadas. Você já começa a fase com um estoque limitado delas, e não há como conseguir mais até a próxima fase. Então, pode gastá-las, mas com cuidado e com moderação para não ficar sem em um momento crítico.
Antes de cada fase, ou missão, nossos objetivos são apresentados em texto e narrados, junto com um parecer sobre o andamento da guerra intergalática até o momento. Isso dá uma sensação muito boa de dever a ser cumprido, e tal, e deixa tudo mais legal. Só que preste atenção: pois as ordens são dadas ali, e não é bom deixar de escutá-las. Até porque cada missão possui um objetivo diferente, e esse objetivo pode ser mudado também no decorrer da fase. A cada momento, outras aeronaves entram em contato conosco por comando de voz (muito bom, também), nos dando informações, pedindo ajuda ou nos dizendo o que temos de fazer. Em algumas fases, temos de apenas eliminar todos os inimigos na área. Em outras, temos de fazer escolta a aeronaves amigas. Em outras, temos de destruir satélites, ou capturar a nave-mãe inimiga, ou enfim, são muitas missões diferentes.
Ao terminarmos cada fase, recebemos uma breve análise de nosso desempenho, e podemos ser condecorados com um ranking. Esse ranking não serve para absolutamente nada e não interfere em nada, mas pelo menos é um enfeite e aumenta nosso ego de piloto.
Agora: um aviso: só poderá salvar o jogo a cada três missões. Não me pergunta o porquê, até porque eu mesmo não sei. Eu não entendi qual é a ideia que os produtores do jogo tiveram para fazer essa sacanagem conosco, mas o que importa é que é assim e acabou. Isso complica um pouco a nossa vida, mas temos de conviver com isso.
Um fator interessante do jogo é que ele não acaba quando perdemos. Se nossa aeronave é destruída, se não cumprimos nosso objetivo ou se demoramos demais, ou seja, se falharmos na nossa missão, não dá game over. Eles não pedem para começarmos de novo. Simplesmente seguimos em frente. Nossas vitórias e derrotas decidem nossos próximos passos e o prosseguir da guerra, mas não representam uma pausa no andar do jogo. A vida anda, mesmo com uma derrota aqui e outra ali. E essas guinadas é que decidem o final que teremos no jogo. Conforme vencemos ou perdemos, a história vai mudando, vai se adaptando, e acabamos indo para lugares novos. Isso torna o jogo ainda mais interessante, pois, ao falharmos uma missão, pode ser que ela nem seja tão importante assim, e a gente siga em frente, mas pode ser que aquela missão representa a derrota da nossa equipe, que terá de se refugiar em outra galáxia, para outras missões. Isso é, repito, muito interessante. Sem contar que as missões que fazemos influenciam diretamente as próximas missões. Ou seja, se falhamos em uma missão de fazer escolta a aeronaves amigas em uma fase, pode ser que, na próxima fase, nós não tenhamos nenhum tipo de apoio, porque nossos amigos morreram naquela fase anterior, por exemplo. Isso acontece o tempo todo, fazendo o jogador ficar ainda mais atento do que o de costume com o como a missão está prosseguindo.
No todo, são cinco finais de jogo, que vão desde a destruição total de nossos inimigos até a nossa derrota e colonização de nossas casas. Quem decide o que acontece somos nós. Um jogador não vai precisar vencer todas as missões logo de início (será muito, mas muito difícil mesmo) para ver o melhor final, mas, se ele tiver a vontade de ver o melhor final do jogo, terá de treinar muito. O jogo é recompensador por causa disso: cada vitória sobre o inimigo merece ser comemorada como se realmente estivéssemos dando um passo à frente no curso de uma guerra de verdade.

Minha análise do jogo

Gráficos
Os gráficos do game são excelentes. A Psygnosis já provou, com a franquia WipEout, que sabe fazer gráficos, e que sabe modelar aeronaves como ninguém, e fazer efeitos de luz impressionantes. Pois é.Colony Wars possui as mais belas naves do Playstation, alguns dos mais extraordinários efeitos de luz do console, e tantos efeitos especiais que fica difícil não se deixar impressionar. Tudo é tão belo que é de cair o queixo. Até mesmo as animações entre as fases são belas e muitíssimo bem feitas, sem contar com os efeitos de explosões e de raios e lasers, que parecem recém-saídos de Star Wars. Tudo da maior qualidade, empenho máximo da Psygnosis.
● Nota pessoal: 5/5 (Empenho Máximo)

Som
Os efeitos sonoros também são de primeiríssima qualidade. Para começar, os efeitos sonoros são impressionantes. Todos os sons, dos disparos, das explosões, enfim, todos mesmo, foram excelentemente trabalhados e estão muito fieis àquilo que presumimos que sejam os sons reais. Tudo bem que é válida aquela velha história de que o som não se propaga no espaço, portanto, não deveríamos ouvir nada, mas quem liga para aquilo? Os sons são bons. As músicas também, se bem que elas não se sobressaem aos sons do game, permanecendo baixas. Mas ainda assim as músicas são excelentes e combinam com o jogo. Para finalizar, as dublagens dos personagens não poderia ser melhor. Frases clássicas e emblemáticas com excelente trabalho de dublagem recheia o jogo dentro e fora das missões, e são um show à parte. Empenho máximo da Psygnosis.
● Nota pessoal: 5/5 (Empenho Máximo)

Jogabilidade
A jogabilidade de Colony Wars não poderia ser maior. A navegação no jogo é completamente tridimensional, e permite aos jogadores realmente navegar pelo espaço. Podemos acelerar e frear, virar e dar piruetas, além de podermos rondar naves maiores e perseguir naves menores com alguma facilidade. É claro que o jogo é muito difícil, mas muito mesmo, e isso vai afastar os jogadores mais casuais. Mas os jogadores casuais é que se danem: a jogabilidade desse game é excelente, e não deixa a desejar em nenhum momento. Se você estiver encontrando dificuldades em algum momento, tente jogar o treinamento do jogo, que é bem completo e lhe permitirá praticar bastante. Pode esperar por muitos combates variados e uma jogabilidade viciante e imersiva do começo ao fim.
● Nota pessoal: 5/5 (Empenho Máximo)

Diversão
Colony Wars é um excelente game. E divertido pacas. Pelo menos de um modo geral, porque, de fato, ele não é perfeito. Enquanto as missões são variadas e divertidas, há um ponto que não posso deixar de citar: o método escolhido para se salvar o jogo. Colony Wars só permite que o jogador salve o jogo uma vez a cada três fases. Isso é ridículo. Em um game excepcionalmente difícil como este, em que a derrota de uma fase pode significar a diferença entre um final bom e um ruim, isso é inadmissível. Você não sabe o quanto é frustrante completar devidamente bem duas missões, para, ao chegar na terceira, acabar se desconcentrando com alguma coisa e perdendo. Só que, ao perder, não podemos recomeçar aquela fase do qual cometemos a mancada: ou continuamos o jogo do jeito em que está, com derrota e tudo, ou teremos de refazer aquelas duas fases que fizemos anteriormente. O mínimo que a Psygnosis poderia ter feito, para facilitar a nossa vida de gamer, é permitir que salvemos o jogo após cada fase. É muito frustrante terminar uma ou duas fases e aí perder, ou ter de desligar o videogame por algum motivo qualquer, só para descobrir que terá de refazer tudo de novo. Uma pena, senão seria perfeito. Mas o empenho da Psygnosis foi apenas considerável.
● Nota pessoal: 3/5 (Empenho Considerável)

Longevidade
Colony Wars possui mais de 50 missões diferentes. Na verdade, chega a quase 70 missões. São muitas missões, um número muito acima de qualquer outro game do gênero. É claro que não iremos passar por todas elas de uma única vez. Quem decide por quais fases irá passar é o desempenho do próprio jogador. Acertando algumas missões e errando outras, acabamos variando entre as missões. Isso faz com que, cada vez que jogar o jogo, podemos acabar passando por fases completamente diferentes. Há vários caminhos possíveis que podemos tomar, e um total de nada menos que cinco finais diferentes. Cada final é distinto e único, e vale a pena conferir cada um deles. Um jogo para se jogar durante várias e várias semanas, sem dúvida. Mesmo sem um modo multiplayer, o empenho da Psygnosis com o jogo foi máximo.
● Nota pessoal: 5/5 (Pouco Máximo)

Inovação
Colony Wars é um jogo único. Não há nada, mas nada, que sequer chegue perto. Há pouquíssimos jogos do gênero de simulação de combate espacial no mundo, e um número ainda menor de jogos bons neste estilo. Sendo assim, Colony Wars se destaca na multidão, e, pegando uma onda que há muito tempo não recebia um bom game, consegue chamar a atenção e receber idolatria de muitos fãs apaixonados. Não há dúvida de que a Psygnosis foi corajosa pra caramba para se arriscar assim, com uma franquia completamente nova, em um gênero em que ninguém botava fé. E o fato de que o jogo fez sucesso apenas realça suas qualidades. Por ser uma referência no ramo, o empenho da Psygnosis com a inovação desse jogo foi sem dúvida o máximo possível.
● Nota pessoal: 5/5 (Empenho Máximo)

Soma Final: 28/30 (Excelente)

Em resumo: Colony Wars se aproxima muito da perfeição. É difícil encontrar um defeito nesse que é um dos mais clássicos e primorosos games de todos os tempos. Uma das principais obras-primas da Psygnosis e da Sony, que veio para reinar absoluto no console. Um jogo obrigatório para os fãs hardcore de naves espaciais, de Star Wars, Star Trek, enfim, de tudo aquilo. Afinal, nenhum game consegue passar a emoção de se estar no espaço melhor do que esse game aqui.

Análises profissionais

A média pela Metacritic para Colony Wars é 91/100.

Detonado em vídeo

Este é o melhor e mais completo detonado desse jogo na internet. Ele está em francês, mas dá para acompanhar muito bem as suas estratégias de jogo, que são excelentes. Além disso, a qualidade do vídeo está boa, e ele mostra como realizar o melhor final do jogo. Divirta-se!

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