quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Fear Effect - Análise

Esta é a análise de Fear Effect, lançado pela Eidos em 2000 para o Playstation.


Introdução

A Kronos é uma produtora de jogos que jamais fez um jogo que se pudesse chamar excelente. Mantendo-se em um patamar sempre distante das grandes produtoras, ela decidiu lançar em 2000 um jogo diferente dos demais. Fear Effect mistura diversas tendências modernas de games de sucesso, e apresenta um apelo enorme ao público adulto propondo uma história pesada repleta de violência, sexo e drogas. Não é preciso dizer que, com Fear Effect, a Kronos entrou no panorama das empresas de sucesso, e pôde mostrar ao mundo que os games do Playstation não são mais coisa de criança.

FEAR EFFECT


Informações técnicas

Publicado por: Eidos
Desenvolvido por: Kronos
Gênero: Action Adventure
Diretor: Sutton Trout
Plataforma: Playstation
Data de lançamento: 31 de janeiro de 2000
Faixa etária: Mature

Sobre a história (contém spoilers)

Só um aviso: a história de Fear Effect é bem pesada, voltada ao público adulto, e a descreverei como tal. Leia por sua conta em risco!

A história se passa em uma Hong Kong futurista e repleta de alta tecnologia, como naves voadoras e tudo o mais. A história em si começa quando esta pobre garota indefesa aqui é raptada:


O nome dela é Wee Ming. Acontece que ela é a filha de Mr. Lam, o poderoso líder da tríade chinesa é raptada.Veja uma imagem de Mr. Lam:


Lam colocou uma enorme quantia de dinheiro como recompensa em troca de sua filha. Essa grana toda atraiu a atenção de mercenários do mundo todo, que, sabendo da novidade, passaram a querer encontrar essa garota apenas pela grana. Foi mais ou menos isso que tinha em mente um trio dos mais sacanas mercenários de Hong-Kong. Na verdade, esse trio tinha em mente encontrar a garota, raptá-la das garras de seus sequestradores, e pedir mais grana ainda de resgate para devolvê-la. Portanto, esse trio de mercenários não são os mocinhos da vez, e estão mais para sub-vilões. De qualquer forma, são os protagonistas da história. Vou apresentar melhor esse trio de mercenários:


Esta é Hana Tsu-Vachel, a líder desse trio de mercenários. Trata-se da pessoa mais sentimental dos três, apesar de saber ser fria como gelo quando necessário, e ser ótima no manejo de armas. Ela se tornou uma mercenária para fugir de uma infância difícil, no qual era obrigada a se prostituir para sobreviver. Ela ainda se lembra de sua vida enquanto uma pobre criança, e tenta fugir de seu passado, apesar de sempre acabar voltando a ele.


Este é Royce Glas, o mais piadista dos três. Parceiro de Hana desde o princípio, possui a forte tendência a tentar salvá-la e mantê-la em segurança sempre que possível, apesar de os dois não se conhecerem à tanto tempo e não demonstrarem nenhum relacionamento além do profissional. É capaz de usar armas mais pesadas, e é bom de briga.


Fechando o trio, este é Deke Decourt. O mais frio dos três, Deke é um psicopata ganancioso que se acostumou a usar da violência para conseguir tudo o que quer, e se tornou um mercenário por pura maldade. Não sente nenhum tipo de lealdade, e é capaz de virar as costas para qualquer pessoa, contanto que possa lucrar com isso. Só se interessa em dinheiro e em poder, e é capaz de vender a própria alma para consegui-lo. É forte, sádico e luta muito bem, sendo o que possui as armas mais poderosas do jogo.
Para fechar o grupo, um dos informantes de Hana no decorrer da missão é um ser pacato e muito influente chamado Jin. Veja uma imagem dele:


Enfim, os três foras-da-lei conseguem chegar até o prédio de Lam. Eles encontram o local revirado, e Jin está aprisionado e sendo torturado. Hana tenta salvar Jin, mas não consegue: ele morre com uma saraivada de balas. Mas Hana consegue acesso a um arquivo, no qual Jin revela um ponto onde é bem provável que esteja Wee Ming.
O trio chega até o local indicado, que é um vilarejo pobre de pescadores. Em meio ao local, eles chegam a encontrar Wee Ming, só que ela foge deles. Para piorar a caçada, o local está repleto de monstros. São demônios, que parecem zumbis, só que armados com facas. Ninguém sabe bem porquê, mas é isso aí. Eles acabam por finalmente encontrarem Wee Ming. Ela diz que pode acompanhá-los de volta ao seu pai, só que, antes, ela deseja muito falar com uma tal Madame Chen, na região de Shan Xi. Ela diz que essa tal Madame Chen pode lhe responder algumas dúvidas sobre o que está acontecendo, esse papo de demônios, e tal.
O trio aceita e a leva até Shan Xi. Acontece que Madame Chen é uma cafetina da região, e, por acaso, é a mesma cafetina para o qual a Hana trabalhava na adolescência. Veja uma imagem dela:


Dentro do bordel, era tudo uma armadilha. Mr. Lam aparece e consegue raptar Wee Ming novamente. Lam pretende usar sua filha para algum tipo de ritual satânico. Ele acaba por cortar o braço de Glas e deixá-lo ainda vivo, mas preso por um gancho dentro em um frigorífico. Ele também derruba Deke em cima de uma estátua afiada, partindo-o literalmente ao meio. Madam Chen e todos no local se transformam em demônios, diante de Hana, que é a única que não é afetada. Mesmo assim, Hana está disposta a salvar Wee Ming (desta vez, por uma boa causa), e a segue até ver que Mr. Lam a carrega para dentro de um portal. Ela e Glas conseguem entrar por esse mesmo portal, indo até o inferno propriamente dito.
O inferno segue os padrões da mitologia chinesa, e não tem nada a ver com a ideia que os ocidentais possuem de "inferno", só para constar. Para os chineses, o inferno é frio e repleto de estátuas, e os demônios castigam todos os pecadores por toda a eternidade. Além disso, aqui, os pedaços de papel fornecidos em sacrifício aos mortos se tornam realidade. Hana deve atravessar esse local, enfrentando diversas entidades pertencentes à mitologia chinesa.
Glas se encontra com Deke, que se tornou um demônio e está sendo torturado dia e noite por seus muitos pecados, incluindo assassinatos. Decorrente disso, o ódio de Deke o leva a atacar Glas, e eles se enfrentam. Só que Glas vence, é claro.
Hana consegue chegar até onde Wee Ming está sendo aprisionada, e prestes a ser usada em um sacrifício satânico. Ela tenta resgatá-la, só que Glas aparece por trás dela e lhe corta a garganta. Ele fez isso para se vingar por Deke. Só que Wee Ming se revela ser imortal. Ela é raptada mais uma vez, e Hana corre atrás dela.
Hana acaba descobrindo a verdade sobre seu passado, quando era uma menininha chamada Mei Yun, com medo e sozinha no mundo. Ela descobre que ela é, na verdade, filha da Madame Chen, que a criou para ser um de seus demônios, só que ela fugiu. Hana renega seu passado e enfrenta sua própria mãe, matando-a.
Hana acaba por fim por encontrar seu antigo mentor, Jin. Mas ele se mostra ser, na verdade, Yim Lau Wong, o Deus do Inferno na mitologia chinesa.
Esse ser demoníaco de fato existe, quer dizer, ele pertence à mitologia budista. Ele é mais conhecido como Yama, deus da morte chinês. Veja uma imagem que se associa a Yama:


E esta é a versão do game para Yim Lau Wong:


Wong conta tudo o que está havendo. Aparentemente, Mr. Lam conseguiu sua fama, seu poder e sua grana através de um pacto que ele fez com o demônio. Em troca de tudo isso, ele prometeu entregar a sua filha ao deus do inferno. Wong criou a Wee Ming através de um feitiço, e lhe concedeu um poder especial: o de tornar outras pessoas em demônios. Aí, ele revela que era tudo um plano tramado para atrair Wee Ming e Hana ao inferno. Wong diz que o inferno tem estado cheio demais, repleto de seres pecadores da Terra. Então, ele pretende estender o inferno até a Terra, dominando-a. Para isso, ele criou Wee Ming: para punir as pessoas na Terra mesmo. Wee Ming está ao lado, e diz que ainda pode evitar a profecia da destruição da Terra. Lam aparece, mas Wong o mata e o transforma em demônio. Glas tenta matar Wee Ming, mas Hana o impede. Nesse ponto, cabe ao jogador decidir se ele poupa a vida de Glas ou de Hana. Se poupar Hana, ele ainda pode enfrentar Wong e salvar Ming. Se poupar Glas, ele terá de enfrentar a própria Ming, que terá se transformado em demônio. Há ainda um final alternativo, apenas disponível na dificuldade Hard. Aparecerá mais uma opção: a de salvar ambos. Desta forma, os dois juntam forças para eliminar Wong, e, além de salvarem Wee Ming, eles ainda conseguem ressuscitar Deke e salvar toda a humanidade. De qualquer forma, após enfrentar esses inimigos, se chegará ao final do jogo. Fim.

Sobre o jogo

Como dito na introdução, Fear Effect apela fortemente ao público adulto. O jogo conta com temas fortes, como prostituição, sequestro e assassinato, além de muito humor negro, protagonistas que são repletos de mais exemplos, traições, cenas picantes de nudez e de violência explícita, com direito a desmembramento e litros de sangue. Mesmo jogadores acostumados com cenas de jogos de ação comuns irão se chocar com as animações contendo corpos sendo dilacerados e partidos ao meio, com direito a zoons de câmera nos membros despedaçados e ainda piadas em cima deles. Tudo bem realista e chocante, por isso é desaconselhável aos que se perturbam facilmente.
Uma coisa que chama a atenção logo de cara são os gráficos. A Eidos fez os gráficos para se assemelharem a um anime, e o resultado ficou muito bom. Todo o jogo, e não só as animações, são realizadas em um processo semelhante ao cell-shading. Esses gráficos em anime oferecem uma animação de movimentos e um realismo para a cena que é surpreendente, e só aumenta a sensação de se estar jogando um filme B de terror. Uma contra-partida é que esses gráficos são brilhantes, detalhistas, belos e incríveis, mas também ocupam muito espaço no disco. Não obstante, o jogo tem quatro CDs.
O jogo chama a atenção por ser diferente de tudo o que estamos costumados a ver no console. São tantas barreiras quebradas que um jogador comum no console vai se surpreender ao ver uma proposta tão diferente. A começar pelos protagonistas. Não é todo jogo que podemos controlar três mercenários gananciosos que são capazes de qualquer coisa por grana, três membros corruptos da sociedade deturpada e fora-da-lei, ambientada em uma China desenvolvida e tecnológica, bem futurística. Hana é uma ex-prostituta que se rebelou contra sua cafetina e entrou no mundo do crime. Glas é um assassino inconsequente, que encontra em chantagens e na corrupção seu melhor meio de vida. Deke é um corrupto amante de mulheres, bebidas e da boa-vida, capaz de trair tudo e todos para se dar bem Esses são os três personagens com os quais temos de jogar, e, por incrível que pareça, podemos até acabar gostando deles, no meio da história. História aliás que é muito interessante por ter muitas reviravoltas, além de ser repleta de referências bem humoradas de entidades e locais conhecidos da mitologia chinesa. Vale a pena conhecer.
Tendo três personagens, não é possível escolher com qual deles queremos ou não jogar. Somos obrigados a jogar com eles em sucessão, de forma ordenada. Primeiro controlamos um personagem, e aí, quando ele se mete em uma enrascada programada, outro personagem entra em ação e temos de resgatá-lo. E assim por diante. O interessante é que o jogo muda de personagem a cada 15 ou 20 minutos, e cada personagem possui um estilo próprio, além de armas próprias. Isso é o mais interessante, pois ajuda a variar um pouco a ação, e a trazer mais imersão na história.
Classificar Fear Effect não é tarefa das mais simples, pois ela envolve elementos de diversos estilos. A movimentação dos personagens e o clima do jogo é bem semelhante a survival horrors como Resident Evil e Silent Hill, à primeira vista, mas todas as comparações caem por terra quando se prossegue no jogo. As cenas de combate nada parecem com as batalhas desse tipo, pois estamos lidando com seres humanos, armados e com táticas de guerrilha. Mesmo quando enfrentamos alguns monstros e demônios, as cenas de horror não são uma constante, o jogo possui poucos sustos e apela mais para a ação, sendo considerado mais um action-adventure, apesar de possuir uns toques de survival-horror. Também há alguns toques de stealth e de plataforma.
O nome do jogo era para ser Fear Factor, mas a Eidos mudou por que era muito semelhante a Fear Factory, o nome de uma banda de Heavy Metal. Fear Effect se refere ao medidor de vida usado no jogo. O jogador percebe a vida do personagem através de um medidor de batimentos cardíacos no alto da tela. Conforme recebe dano, os batimentos cardíacos do personagem aceleram bruscamente, indo de um ritmo calmo até um batimento acelerado. A questão é que não tem como curar essa vida, como em outros jogos, usando itens ou entrando em certos lugares. Isso mesmo, não tem um item milagroso, um kit medicinal ou algo assim. Os batimentos cardíacos do personagem só irão retornar ao normal quando o personagem se sentir seguro, como na vida real. Para que o personagem se acalme, té preciso que completemos um objetivo da fase, ou matemos um chefão, por exemplo. Também podemos nos acalmar ao sobreviver a uma cena súbita de perigo (como o aparecimento de vários inimigos na tela) ou revolver um quebra-cabeça complicado. Não tem como definir o que é necessário fazer para curar um personagem, tudo o que podemos fazer é tentar, e ver se dá certo. Por esse motivo, vale a pena procurar se arriscar o menos possível para se manter fora do perigo, ou o jogador andará o tempo todo com batimentos cardíacos acelerados. 
Os personagens terão de atravessar áreas com muitos inimigos fortemente armados. Eles são barra pesada e podem matar facilmente, então pode ser melhor não chamar muito a atenção. Às vezes, não é possível avançar sem matá-los, mas é possível se esconder e, quando estiverem de costas, aproximar-se para matá-los pelas costas, silenciosamente, com uma faca ou quebrando o pescoço. Matando alguns inimigos assim, além de facilitar um possível tiroteio para nosso lado, o personagens ainda se sente mais seguro e se acalma um pouco, reduzindo os batimentos cardíacos.
Mas, na maioria das vezes, não tem como evitar: teremos de usar da força bruta contra os inimigos.  Como em todo bom jogo de ação, Fear Effect está repleto de armas: pistolas, revólveres, mini-metralhadoras, rifles de assalto e espingardas, além de armas brancas. Algumas são exclusivas para um único personagem, no entanto. Após encontrar duas armas de um mesmo tipo, podemos usar duas armas de uma vez, uma em cada mão, isto é, se a arma for de uma mão só, é claro. Isso garante belas cenas de ação e muito tiroteio. A munição que encontramos no decorrer do jogo não chega a ser escassa, mas vale a pena guardar munição das armas mais poderosas para os chefes de fase, como, já por via de regra, são difíceis e exigem muitos tiros para serem eliminados.
Os controles são um pouco emperrados, e os personagens são bem lentos para o meu gosto, mas ainda assim a jogabilidade é repleta de comandos. É possível mirar automaticamente, se agachar, rolar para os lados, virar 180º com um botão, mirar em dois alvos ao mesmo tempo (contanto que com duas armas, uma em cada mão), matar de modo stealth, andar para trás enquanto atira, e tudo o mais. São movimentos rápidos que são extremamente necessários no decorrer do jogo, principalmente quando estamos cercados por inimigos ou diante de um chefão de fase. Apesar de que não há nada parecido com um tutorial no decorrer do jogo, e o jogador é obrigado a descobrir como e para quê serve cada comando do jogo.
Fear Effect possui inventário infinito, diferente de outros games de ação, e podemos carrega tantos itens quanto quisermos. É bem simples e eficiente. Para equiparmos uma outra arma ou item, abrimos um menu dentro de jogo: não há um menu de pause para isso, ou algo assim. Calma: os inimigos não atacam quando o menu está aberto. Além de armas, cartões, e outros itens estranhos que temos de carregar pelas fases, também fica nosso essencial celular, que é o item que usamos para salvar o jogo em locais específicos (sempre que ouvir o celular tocar, pode salvar o jogo naquele local).
O jogo possui algumas personagens com conotação sexual implícita. Personagens com trajes mínimos, corpos belamente avantajados e andar sexual são comuns há muito tempo. Mas uma ambientação dentro de um prostíbulo, repleto de prostitutas minimamente trajadas, linguajar cheio de conotações sexuais, cenas de nudez parcial e estímulo ao sexo não se encontra em qualquer jogo. E este aqui possui aos montes. Mantenha-o longe aos olhos da crianças, e estará tudo certo, afinal, classificação etária serve para isso mesmo.
Mas o jogo não é mil maravilhas não, e possui muitos problemas. Um dos piores problemas são as  mortes constantes que cercam o jogador. Morrer é algo excessivamente natural nesse jogo, quase tão normal quanto andar e atirar. Existem determinados momentos em que temos de prestar atenção no cenário, para evitar cair em armadilhas. O problema é que, muitas vezes, a armadilha não é explícita, e acabamos morrendo de bobeira. Podemos ser pegos desprevenidos por um inimigo escondido, aguardando perto de uma escada, por um helicóptero, por uma saída de vapor, por uma bomba, enfim, de muitas maneiras. E então, sem nenhuma chance de resposta, aparece uma cena animada, contendo uma cena com nosso personagem morrendo de uma maneira bem trágica. Como não há a opção de continuar, temos de recomeçar do último ponto em que salvamos o jogo, e isso não é muito legal. Afinal, às vezes, temos de voltar de um ponto bem distante, só por causa de uma armadilha imprevisível. Por exemplo: estamos enfrentando um chefão, nos movimentando e tal, e aí, sem querer, Hana mira automaticamente em um refém ou uma bomba, ou algo que não era para ser atirado. Atiramos sem perceber, e tudo explode. Fim. Tudo de novo. Não é legal morrer sem nenhum tipo de sobreaviso, e ter de recomeçar tudo de novo. Isso serve para manter a tensão sempre em alta, mas é frustrante demais, e acontece o tempo todo. Dá raiva, e deixa o jogo a desejar.
Outro detalhe é a falta de orientação do personagem. Alguns locais parecem realmente um labirinto, de tão intrinsecamente complexos. E não há um método de localização possível. Não há um mapa, um radar, qualquer coisa. Chega momentos em que temos de retornar a uma sala em específico, que encontramos no passado, e não temos nem ideia de como é que vamos voltar para lá. Temos de tentar todos os caminhos, dando voltas e andando em círculos, até acabar encontrando, por pura sorte, uma vez que tem corredores em que todas as portas são iguais, e confundem muito. Isso encher o saco e toma muito tempo do jogador, até porque o jogo exige idas e vindas repetidas vezes pelo cenário. 
O jogo possui quebra-cabeças, ou melhor, deveria possuir. São poucos os quebra-cabeças propriamente ditos, aqueles que exigem raciocínio, lógica e tal. Muitas vezes, trata-se de uma questão de memória. O jogador vê uma combinação de caracteres chineses em uma sala, e tem de repeti-la como código para acessar um computador, por exemplo. Tudo bem. Só que aí o jogador já nem lembra mais onde foi que ele viu aquilo, e, como não tem orientação nenhuma no jogo, temos de procurar e procurar. Após encontrarmos, tudo o que temos a fazer é anotar, ou decorar a sequência, voltar e aplicá-la no computador. Se isso acontecesse uma ou duas vezes, tudo bem, mas não! É toda hora! Quase todos os quebra-cabeças são assim, e dá raiva quando chegamos em uma parte e descobrimos que aquela coisa inútil que vimos lá no começo da fase é necessária para seguir em frente. Aí, temos de voltar lá pro começo da fase, enfrentando vários inimigos pelo caminho, ver a tal coisa, decorar, fazer todo o caminho de volta ao final da fase, repetir, e assim sucessivamente. Isso cansa, e muito. Essas partes poderiam ter sido trocadas por quebra-cabeças de verdade.
Por fim, Fear Effect possui duas dificuldades: o normal e o difícil, e três finais, sendo que o terceiro final só é possível na dificuldade difícil. Cada final é totalmente diferente do outro, e puxa a história para um lado completamente diferente, chegando a ser surpreendente, os três. Vale a pena fechar o jogo três vezes para assistir aos três finais possíveis. 

Análise do jogo

Gráficos
Os gráficos são muitíssimo bem-feitos, até por usar uma tecnologia inovadora até então: personagens texturizados em forma de modelos de anime, andando sobre cenários que são, na verdade, animações pré-renderizadas, animadas e de altíssima qualidade, também ao melhor estilo anime. Algo impressionante e jamais visto até então. Os cenários, além de serem belíssimos e extremamente detalhados, são vivos, ou seja, com luzes, background ativo e detalhes móveis que enchem os olhos. É muito bom olhar para a cidade ao longe e ver aeronaves passando, luzes acendendo e apagando, coisas se movendo com o vento, as ondas na água, maquinaria industrial funcionando, etc. É tanto realismo que chega a se perder a percepção de que estamos jogando um Playstation. Tanto esmero com os gráficos, além de um sistema que não usa armazenamento em RAM, e sim um streaming data (um método de armazenamento mais eficiente para evitar tantos loadings chatos), acaba consumindo espaço demais no CD, e é por esse motivo que Fear Effect possui nada menos que quatro CDs. Tanto esforço valeu muito a pena, a ponto de querer que outros jogos tivessem tido amanho trabalho com os gráficos quanto a Kronos teve com esse jogo.
● Nota pessoal: 5/5 (Empenho Máximo)

Som
O som de Fear Effect é trabalhado de modo a passar o clima ao jogador. Em momentos em que temos de passar despercebido, ou com cuidado, a música nos ajuda a acalmar. em momentos em que temos de resolver quebra-cabeças, a música nos permite pensar, e, em momentos em que temos de enfrentar chefes difíceis, a música nos traz para a batalha com a adrenalina mil. Tudo funciona bem, as dublagens também são bem feitas, e os sons do cenário também são convincentes e interessantes de se ouvir. Empenho máximo da Kronos.
● Nota pessoal: 5/5 (Empenho Máximo)

Jogabilidade
Fear Effect é um jogo bem difícil de se pegar e de se acostumar, pelo simples motivo de que ele possui comandos poucos convencionais (quando comparado a outros games de ação), é difícil demais e já coloca o jogador à prova muito cedo. Não há um tutorial, nem modo de treino, e nem qualquer coisa semelhante. Um jogador iniciante não conseguirá passar da primeira fase do jogo sem morrer muitas e muitas vezes. Há muitas coisas legais que podemos fazer, mas que acabamos não fazendo porque não sabíamos que era possível. Além disso, a ausência de um sistema de orientação atrapalha muito o jogo, e os controles um pouco truncados afastam ainda mais os jogadores menos hardcore. Leva-se um tempo para se acostumar, mas, uma vez que se acostuma, o jogador encontra comandos simplificados que se encaixam bem nas batalhas, e passa a querer que outros games fossem assim. Porém, o empenho em fazer uma jogabilidade eficiente por parte da Kronos não passou de mediano.
● Nota pessoal: 2/5 (Empenho Mediano)

Diversão
A diversão em Fear Effect tem tudo para ser excelente. Só que alguns problemas persistem, e frustram bastante. Um desses problemas são as mortes constantes, que aparecem sem aviso, decorrente de ações no jogo que, muitas vezes, não é possível perceber. Temos de manter a atenção sempre constante, o que é bom, mas também temos de salvar o jogo de cinco em cinco minutos, pois, caso contrário, podemos ter uma morte não muito bem explicada e ter de voltar de bem longe. Fear Effect poderia ter incluído um sistema de checkpoints, um sistema de continues, ou pelo menos diminuído as armadilhas de morte certa, que chegam a importunar os jogadores menos atentos. Principalmente levando em consideração que o jogo obriga o jogador a ir e vir muitas vezes pelas fases. Mesmo com esses defeitos, Fear Effect ainda oferece cenas interessantes e batalhas memoráveis. O empenho foi considerável nesse quesito.
● Nota pessoal: 3/5 (Empenho Considerável)

Longevidade
A Kronos deu muito pouca importância para a longevidade de Fear Effect. O jogo possui cerca de 15 horas de jogo. Podia se esperar mais, levando em consideração que o game possui quatro CDs, mas é isso aí. No entanto, o problema da longevidade não está aí. Uma vez que se fecha o game, não iremos abrir nada. Nada mesmo. Nenhuma opção, nenhum extra, simplesmente nada. Tudo o que resta é fechar novamente na dificuldade difícil, a qual está disponível desde o começo do jogo, e acrescenta um pouco mais de desafio. O jogo possui três finais, sendo que um deles só pode ser assistido no hard, e isso pode fazer com que o jogador queira jogar mais uma vez, mas é só. O jogo não possui extras, nem modo multiplayer, e nem sequer um mero sistema de ranking do jogador. Em si, um game que foi feito para ser jogado uma vez, a não ser pelos finais. A Kronos pecou feio nesse quesito, e o empenho deles foi muito pouco. 
● Nota pessoal: 1/5 (Pouco Empenho)

Inovação
Fear Effect trouxe um novo panorama para os jogos de ação. Mesclando quesitos de outros gêneros, o jogo é diferente de qualquer outro game que você tenha a oportunidade de jogar, no Playstation e em qualquer console. Uma aventura única e totalmente inusitada, com uma proposta bem diferente. E essa proposta inovadora se estende desde no modo como a história é contada até na imersão feita pelo game, que é absurda, e em diversos aspectos da jogabilidade. Ouso dizer que a experiência de Fear Effect é uma das mais maduras e cinematográficas do console, fazendo o jogador muitas vezes perder a noção de quando está assistindo um filme ou quando está de fato controlando o personagem. Uma contribuição e tanto para os games, pena que o game ainda se prendeu a alguns elementos indesejados dignos do gênero, senão seria uma experiência totalmente imprevisível.
● Nota pessoal: 4/5 (Empenho Excelente)

Soma Final: 20/30 (Muito Bom)

Em resumo: Fear Effect me surpreendeu ao contar um enredo impressionante, e de um modo mais surpreendente ainda. Um game imersivo como poucos que eu pude presenciar no console. Ele possui alguns defeitos que o estragam um pouco enquanto um game, mas, enquanto um produto capaz de proporcionar uma experiência, ele é praticamente perfeito, e uma obrigatoriedade nas prateleiras de amantes de games inovadores.

Análises profissionais

O Metacritic não possui uma média para Fear Effect.

Detonado em Vídeo

Este detonado está completo, e foi jogado na dificuldade Hard. Ele possui boa qualidade, e mostra as melhores estratégias para derrotar os chefes, além da resolução de todos os quebra-cabeças. Além disso, ele mostra todos os três finais do jogo, valendo a pena conferir. Divirta-se!


Parte 1 - Disco 1 (1/3)



Parte 2 - Disco 1 (2/3)



Parte 3 - Disco 1 (3/3)



Parte 4 - Disco 2 (1/3)



Parte 5
- Disco 2 (2/3)



Parte 6 - Disco 2 (3/3)



Parte 7 - Disco 3 (1/3)



Parte 8 - Disco 3 (2/3)



Parte 9 - Disco 3 (3/3)



Parte 10 - Disco 4 (1/5)



Parte 11 - Disco 4 (2/5)



Parte 12 - Disco 4 (3/5)



Parte 13 - Disco 4 (4/5)



Parte 14 - Disco 4 (5/5)


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