Para mais um post da seção de humor do nosso blog, preparei uma irônica e bem-humorada versão de uma conversa entre os principais personagens da franquia Metal Gear. A conversa possui spoilers de vários jogos da franquia, leiam por sua conta em risco.
Confiram:
SNAKE JÁ ESTÁ CANSADO
Em um belo dia de sol, Solid Snake, já em sua alta idade, se encontra descansando em uma praia em Miami, com uma cerveja na mão esquerda e um cigarro aceso na mão direita. Ele já estava quase dormindo quando uma campainha irritante toca no interior de seu ouvido esquerdo. Resmungando, ele interpreta as informações e reconhece o número que lhe chama: 140.96.
Snake: O que você quer?
Otacon: Snake? Sou eu, Otacon! − Responde a
pessoa dentro do ouvido de Snake.
Snake: Eu sei que é você. Meu Codec possui
detector de chamadas, esqueceu? E você sempre usa esse ramal.
Otacon: Ah, é que eu gosto dessa combinação numérica.
Snake: Ok. O que você quer?
Snake dá uma forte tossida.
Otacon: Você continua fumando, Snake? Eu e a Mei
Ling já cansamos de insistir para que você deixe esse vício de uma vez por
todas!
Snake: Na minha idade, isso já não adianta mais
nada.
Otacon: De quê adianta se livrar do Fox Die se
você continua se matando com isso aí?
Snake: Tá, e você me ligou só para me encher o
saco?
Otacon: Não, Snake! Tenho novidades!
Snake já começa a resmungar.
Snake: O que houve?
Otacon: Snake, nós descobrimos um novo Metal
Gear!
Snake: Quê?
Otacon: É isso mesmo! Nossos satélites já
identificaram que um novo protótipo do Metal Gear está, nesse exato momento,
sendo produzido secretamente por um grupo terrorista extremista em Ghan’Chi, na
China! Ele promete ser muito maior, muito mais rápido e muito mais poderoso do
que todos os outros Metal Gears que nós já vimos.
Snake: Meu Deus... Eles não cansam de fazer
mais Metal Gears?
Otacon: Pois é. E sabe o que isso significa? Que
o Philantrophy vai voltar!
Snake: Como é?
Otacon: Isso mesmo, Snake, não é demais? Depois
de alguns meses, já vamos voltar ao trabalho! Então, Snake, tem um vôo vindo
aqui para Nova Iorque daqui a uma hora, se você correr pro aeroporto, já
podemos nos encontrar e nos preparar para uma invasão nessa base terrorista da
China. Eu estou pensando aqui em fazer uma intrusão ainda mais impressionante
do que aquela no cargueiro, se lembra? Vai ser bem estilosa, você vai adorar!
Vamos precisar de um camelo, um boogee, um caiaque e uma asa-delta...
Snake: Ei, ei, ei, ei. Parou aí.
Otacon: O que foi?
Snake: Quem disse que eu vou?
Otacon: Como é?
Snake: Otacon, você já parou para pensar que eu
estou idoso? E mais: estou cansado, meus ossos doem, minha pele ainda não se
recuperou das queimaduras da última missão, estou com enxaqueca, meu pulmão já
está corroído pela nicotina, não tenho mais fôlego e adquiri uma gastrite nos
últimos dias.
Otacon: Achei que você iria querer vir.
Snake: Não é uma questão de querer ou não! Eu
não tenho mais condições, Otacon! Já estou velho, minha época de salvador da
pátria já acabou!
Otacon: Você já havia me dito exatamente isso
antes da última missão, lá no Iraque. E você mandou muito bem lá.
Snake: Eu sei, Otacon, mas entenda: já está na
hora de eu me aposentar. Chega. Acabou. Fim das “missões secretas de Snake e
companhia”. Não agüento mais. Quantas vezes eu já salvei esse país e o mundo?
Otacon: Dezenas.
Snake: Então? Não acha que já está na hora de
eu parar?
Otacon: Mas, Snake, se eu não mandar você, vou
mandar quem?
Snake: Sei lá, tem tantos outros agentes que
trabalham para o governo americano!
Otacon: Cite alguém.
Snake: Ah, chame o James Bond!
Otacon: Snake, James Bond trabalha para a rainha
britânica, não para o presidente dos Estados Unidos. Você não prestava atenção
nas historinhas da Mei Ling não?
Snake: Tudo bem, mas tem vários outros agentes
em serviço! Chame a Meryl!
Otacon: A Meryl está em licença maternidade. Ela
acabou de ter um filho junto com aquele cara que tinha diarreia lá...
Snake: Sim, sei, é verdade. O marido dela. Ela
me avisou disso, eu tinha me esquecido. Devo estar com algum tipo de
Alzheimer...
Otacon: Snake, pare com isso, sua memória está
perfeita. Acredite: você pode estar velho, cansado, todo torto, com os membros
doendo, pulmão corroído e todo fudido, mas ainda assim você é o melhor agente secreto
que nós temos!
Snake: ... Isso foi um elogio?
Otacon: Sim.
Snake: Acho que já está na hora de vocês
contratarem mais pessoas. Porque não aceitam novos currículos?
Otacon: Nem pensar! Se tivermos que contratar
alguém, imagina só, teremos de contar toda a história que envolve os Metal
Gears, seus clones, todas essas guerras que nós tivemos, todas as missões que
você já fez, desde Outer Heaven, enfim, ia levar uma eternidade! Seriam anos
apenas com treinamentos!
Snake: E vocês querem o quê? Que eu trabalhe
para vocês para sempre?
Otacon: Ah, pelo menos pelos próximos 20 anos...
Snake: 20 anos? Vocês estão loucos? Eu nem sei
se duro mais uns 5!
Otacon: Snake, não se esqueça de que boa parte
de seu envelhecimento precoce é decorrente do fato de você ser um clone, do
estresse do campo de batalha e da infecção generalizada do vírus da Fox Die. Na
realidade, você ainda é um cinquentão fisicamente bem conservado, só que com a
aparência externa de 80. Não se esqueça disso.
Snake: Diga isso para o meu coração. E para o
meu pulmão.
Otacon: Eu sempre lhe avisei a respeito do
cigarro, Snake. Lembre-se do que aconteceu com a Nastasha Romanenko.
Snake: Nastasha? O que aconteceu com ela?
Otacon: Ué, não sabe? Ela morreu de infecção
generalizada no pulmão, semanas atrás, em Ohio.
Snake: Nossa. Eu não sabia. Bem que sentia a
falta das ligações dela no meu Codec.
Otacon: Bom, Snake, você vai vir aqui para Nova
Iorque ou não? Temos de fazer os preparativos para a missão!
Snake: Esqueça, Otacon, eu não vou participar
de mais uma missão!
Então, outra voz entra na transmissão. Otacon sai da transmissão.
Campbell: Snake.
Snake: Hã? Quem é?
Campbell: Sou,
eu, Snake. Roy Campbell, o Coronel.
Snake: Nossa, Campbell. Sua voz está diferente!
Campbell: Pois é. Estou com um problema na
tireóide, mas é passageiro. Muita vodca dá nisso.
Snake: A que devo a honra de sua ligação?
Campbell: Eu estou ouvindo a sua conversa com
Otacon, e decidi interferir. Você tem de participar dessa missão, Snake.
Snake: Até você, coronel? Você não estava aposentado
meses atrás?
Campbell: Resolvi voltar. Eles me chamaram
de volta quando souberam que eu seria a única pessoa que poderia trazer você de
volta para essa agência.
Snake: Mas por que vocês fazem tanta questão de
que eu vá nessa missão, afinal de contas?
Campbell: Porque essa missão tem totalmente a ver
com você, Snake.
Snake: Como assim? O que houve agora?
Campbell: Identificamos mais um clone seu, Snake.
Mais um clone que sobreviveu ao projeto Les Enfants Horribles.
Snake: O quê? Mais um clone meu? Não
pode ser! Quantos clones meus existem?
Campbell: Bom, acabamos de identificar mais
um. Ele está liderando a equipe terrorista da China. Não sei como ele foi parar
lá, mas ele é quase igualzinho você, tirando os olhos meio puxados que devem
ser decorrência da vida por lá, sei lá.
Snake: Tem certeza de que ele é um clone
meu?
Campbell: Sim. O Dna confirma. Até já o
apelidamos de Gaseous Snake.
Snake: Gaseous Snake? Serpente Gasosa?
Por que esse codinome?
Campbell: Bem, depois de Solid Snake e
Liquid Snake, ficamos sem criatividade.
Snake: ...
Campbell: Ah, e tem mais. Ocelot está vivo.
Snake: Mas como? Eu fiz questão de
matá-lo! Como isso é possível?
Campbell: Aparentemente, alguém encontrou
seu corpo e o ressuscitou. Ocelot teve quase todos os seus membros alterados
por componentes robóticos, transformando-o em um ciborgue dez vezes mais forte,
rápido e inteligente do que um ser humano normal. Ele está mais forte do que
Raiden, só para você ter uma idéia. Ah, e a mão de Liquid Snake ainda continua
lá, desta vez segurando uma espada laser.
Snake: Então Ocelot não só continua
vivo, mas está muito mais rápido e forte do que antes? Meu Deus, por que as
pessoas adoram ressuscitar as outras pessoas e transformá-las em robôs? Não
entendo isso...
Campbell: Isso mesmo. E só você pode
detê-lo pela quinta vez.
Snake: Eu não acredito nisso! Mas espere
aí, e quanto ao Raiden?
Campbell: O que tem ele?
Snake: Porque vocês não chamam o Raiden
para essa missão?
Campbell: Aquela bichinha? Só entre nós,
Snake, eu nunca fui com a cara daquele indivíduo afeminado de cabelo oxigenado.
Na minha opinião, sequer chamá-lo para o Fox Hound já foi um erro e tanto. Ele
é caladão, é estranho, parece um moleque, tem um jeito engraçado de andar, tem
uma voz escrota e é burro que nem uma porta. Sem contar que ele assassinou o
presidente dos Estados Unidos e falhou drasticamente na única missão que lhe
foi concedida. Tanto é que, na missão no qual ele foi convocado, nem era eu que
estava administrando, e sim um robô feito para se passar por mim. Por mim ele
já estaria morto, ou pelo menos fora da agência.
Snake: Coronel, o Raiden já salvou a
minha vida diversas vezes, na última missão. Tenho uma dívida e tanto com ele.
Ele chegou a parar um navio cargueiro com o próprio corpo, por minha causa!
Campbell: Mas isso não apaga o histórico de
incompetência que ele tem. Bom, de qualquer forma, ele está fora do mercado: já
tem outro jogo no qual ele vai participar mesmo. Parece que alguma outra
empresa gostou mesmo dele, e o colocou como protagonista em um Hack n’ Slash.
Ele está fora de cogitação para essa missão.
Snake: Bom, peço desculpas, mas eu não
posso ir nessa missão. Essa é a minha opinião, Coronel, e quero que você saiba
disso e respeite, por tudo que nós vivemos juntos.
Campbell: Sim, Snake. Eu respeito seu
passado e tenho total convicção de que somos mais do que um coronel e seu
agente secreto. Somos amigos. Depois de tantas missões, desenvolvemos um laço
de amizade e respeito muito forte. Até já permiti que você namorasse minha
sobrinha.
Snake: Pois é. Que bom que você entende
isso.
Campbell: Mas isso não apaga o meu dever
para com o meu país. Amigos, amigos, negócios militares à parte. Você não tem o
direito de querer ou não, Snake. Quem manda aqui nessa porra sou eu. Você ainda
é meu subordinado, não se esqueça disso. Então, vamos deixar de palhaçada. Se
você não aceitar participar dessa missão, eu mando lhe prender, igualzinho eu
fiz antes daquela missão no Alasca, lembra-se? E nem adianta tentar fugir,
porque eu posso rastrear a sua localização em qualquer lugar do mundo, através
do Codec. Você vai participar nessa missão quer queira quer não. O que me diz
agora?
Snake: ... Bom, já que eu não tenho mais
escolha...
Campbell: Que bom que tudo ficou acertado
entre nós. Melhor assim. O seu voo para Nova Iorque sai dentro de trinta
minutos, vá para lá e se encontre com Otacon. Ele vai lhe passar todas as
informações sobre como será a missão na China. Você irá para a China hoje
mesmo, não temos tempo a perder. Apresse-se. Câmbio, desligo.
Desolado e se sentindo traído,
Snake joga fora o cigarro e a cerveja e começa a se dirigir para fora da praia.
Ele já ia pegar um táxi para ir para o aeroporto, quando o seu Codec toca mais
uma vez. Achando que tudo não podia ficar pior, ele atende.
Snake: O que foi agora?
Drebin: Snake? Sou eu, o Drebin!
Snake: Drebin? O mercador de armas? O
que você está fazendo?
Drebin: Snake, meu velho parceiro. Só
estou ligando para saber como você está.
Snake: Como me encontrou? Você sabe onde
estou?
Drebin: É claro que sei. Meus informantes
já me avisaram que tem uma guerra civil acontecendo lá na China. É tempo de
negócios! Já abri uma filial da minha loja de armas por lá, e só quero que
saiba que estarei pronto para atender ao lendário Solid Snake com todo o meu
estoque renovado de armas, itens e munições, quando chegar lá para a sua nova
missão. Você tem de ver os novos snipers que eu adquiri! E prometo que vou
fazer um descontinho super especial naquelas granadas que eu sei que você
adora. Eu e meu macaquinho estaremos esperando por você lá.
Snake: Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhh!
Snake fica irritado e se joga na
frente de um caminhão.
Drebin: Snake? Snake?
Snaaaaaaaaaaaaaaaaaaaake!
Gostou? O que achou? Vamos lá, comente o que achou. Até a próxima.