Esta é a análise de MediEvil, lançado pela Sony Computer Entertainment em 1998 para o Playstation.
Introdução
Em 1998, com o console Playstation arrebentando, a Sony já havia se consolidado como uma das principais publicadoras do console. A Sony adquiria cada vez mais e mais desenvolvedoras, atraindo mais títulos exclusivos a cada ano. Quando a Sony comprou o estúdio Millenium, da Cyberlife Ltd, e a nomeou SCE Cambridge, sabíamos que mais um jogo exclusivo estaria vindo. E o jogo que nasceu dessa parceria foi MediEvil, um Platformer que beira o Action-Platformer, com elementos que remetem aos bons tempos de Ghouls n' Goblins. Conhece esse jogo? Não? Ele possui uma legião de fãs! Vamos conhecer melhor esse game com o esqueleto mais carismático do console.
MEDIEVIL
Informações técnicas
Publicado por: Sony Computer Entertainment
Desenvolvido por: SCE Cambridge Studio
Gênero: Platformer
Diretor: Chris Sorrell
Plataforma: Playstation
Data de lançamento: 1 de outubro de 1998
Faixa etária: Teen
Trilha-sonora da análise
Enquanto lê a nossa análise, que tal escutar o áudio que separamos mais abaixo?
Sobre a história (contém spoilers)
A história de MediEvil se passa na época medieval. Mais precisamente, no reino inglês fictício de Gallowmere, em 1286. Viva-se uma época de paz, e o reino era governado por um bom rei, conhecido como King Peregrin.
Mas a história gira em torno de seu personagem principal, Daniel Fortesque.
Mas a felicidade de Fortesque durou pouco. Antes que ele pudesse se aproveitar da glória de ter sido nomeado comandante, eis que Gallowmere se encontra em perigo. O poderoso e perverso mago Zarok aparece para botar terror em todos.
Zarok é um mago especializado em artes das trevas. Ele realiza diversos feitiços, desde hipnose de pessoas, até ressurreição dos mortos.
Pois bem. Zarok lidera um exército de demônios recém-invocados contra Gallowmere. Peregrin conta com Sir Daniel Fortesque para ir até lá e detê-lo. Daniel até tenta, mas, assim que ele chega ao campo de batalha, ele acaba por falecer devido a uma flechada certeira no olho esquerdo. Foi o primeiro a morrer do grupo, e justo à primeira flecha, nos primeiros minutos de batalha. Algo pouco honroso para um comandante de um exército, não é mesmo? Mas pelo menos a investida deu certo, e a tropa real expulsa Zarok e seus homens do reino.
Rei Peregrin, desapontado com Daniel porém sem admitir que escolheu mal seu comandante, resolveu inverter a história, e espalhou por aí que Daniel havia matado Zarok pessoalmente, liderando o exército com bravura do começo ao fim, antes de finalmente perecer em batalha. Assim, Daniel foi enterrado como um herói de batalha, o Herói de Gallowmere.
Zarok se escondeu em seus domínios e preparou alguns de seus feitiços mais poderosos. Ele só voltaria a aparecer 100 anos depois, em 1386. Zarok enfeitiça o céu, encobrindo o sol e deixando tudo na escuridão. Ele invoca uma legião de demônios e hipnotiza os habitantes do reino para que não interfiram. Ele ainda lança uma magia para ressuscitar todos os mortos, de modo a conseguir um exército de soldados para defendê-lo. Muito mais poderoso e preparado do que antes, ele começa uma nova investida a Gallowmere.
Acontece que, ao ressuscitar os mortos, Zarok ressuscita também o próprio Daniel Fortesque! Tudo bem que ele está em sua forma cadavérica, sem um olho e sem o maxilar, mas ainda se encontra capaz de lutar. Desta vez sozinho, Daniel precisa provar o porquê de ter sido escolhido o comandante real, e entra em guerra contra Zarok e suas forças, marchando em direção ao seu reino. Daniel é debochado por todos, que o criticam por sua pífia campanha anterior, mas logo ele consegue provar que todos estavam errados.
Por fim, como não podia deixar de ser, Fortesque consegue chegar até o reino de Zarok, e acaba por derrotá-lo em batalha, conseguindo definitivamente o seu lugar no Hall dos Heróis. Fim da história.
Sobre o jogo
MediEvil é uma grata surpresa para aqueles que, depois de conhecer Crash Bandicoot, Spyro the Dragon e outros, achava que a Sony não poderia emplacar com mais um Platformer. Mais uma ideia original, mais um personagem carismático, mais um jogo divertido e contagiante. Já vimos isso antes, não é?
A fórmula é antiga mas sempre funciona. MediEvil é repleto de humor, tem uma história maluca e básica, mas bem contada, e personagens com características cômicas e perversas. Tudo feito pro sucesso. Quanto ao jogo em si, MediEvil é previsivelmente simples de se jogar. Controlamos o personagem que é dotado de todos os movimentos que um Platformer tem de ter: correr, pular, defender, atacar e tudo o mais. O que torna esse jogo diferente dos demais é o seu clima, sua atmosfera e alguns detalhes particulares.
O protagonista, Dan, se move de forma um pouco desengonçada, mas eficiente. Seus saltos e movimentos serão suficientes para passar por vários perigos ao longo de sua aventura. As fases do jogo são sempre baseadas nas histórias de terror (criptas, cemitérios, cavernas, florestas sombrias, pântanos amaldiçoados, cidades mal assombradas, navios fantasma, e muito mais), e são muitas vezes vastas, com muitos locais escondidos onde podemos encontrar itens secretos. Há várias armadilhas, como buracos, penhascos e até mesmo pequenas poças de água (sim, Dan é vulnerável à água). Para destrancar partes do cenário, temos de encontrar runas mágicas que servem como chaves. Assim, muitas vezes temos de ziguezaguear e voltar diversas vezes, principalmente para acessar áreas secretas. Se não conseguir pegar tudo da primeira vez, não tem problema: pode-se voltar para qualquer fase já visitada em qualquer momento.
Por ser um cavaleiro, Dan possui uma arma, na maioria das vezes uma espada, e um escudo, que poderá empunhar a qualquer momento. Os escudos são duráveis mas limitados: eles se desgastam conforme tomam impacto. Ao perdermos o escudo, teremos de adquirir um novo (ou consertá-lo, no caso do escudo de ouro).
Agora vamos falar das armas. São muitas. Além de sua tradicional espada, Dan é capaz de usar machados, clavas, bastões, martelos, adagas, lanças, arcos e flechas e até mesmo magias especiais. Para armas de curto alcance, ele desfere golpes comuns. Para armas de médio e longo alcance, é possível mirar em um alvo e disparar à distância. Algumas armas permitem que se possa carregar o golpe para desferir mais dano. Mas saiba que nem todas as armas são infinitas: Armas disparáveis são consumidas conforme usadas, enquanto outras armas podem quebrar de tanto uso. Por isso, deve-se ser consciente ao usar as armas mais poderosas, para não correr o risco de ficar sem nos momentos mais importantes, como nas batalhas contra chefes, por exemplo.
Para podermos readquirir as armas, teremos de encontrar mais pela fase, ou, como é mais comum, comprar em lojas. As lojas do jogo são em formato de gárgulas vendedoras, e estão presentes em quase todas as fases. Para se comprar coisas, é preciso ter moedas de ouro, que se pode adquirir escondido em locais estratégicos pelas fases ou mesmo matando adversários.
O sistema de vida do jogo é uma mistura de várias inspirações. Há uma barra de vida tradicional no topo da tela, que vai se esvaindo conforme recebemos dano. Quando a vida se acaba, Dan perde uma "garrafa de vida". É como se fosse uma vida, só que uma vida retornável. Ou seja, é possível reencher as garrafas de vida que ficaram vazias. É como se fossem os coraçõezinhos dos jogos da série Zelda. É possível encontrar novas garrafas de vida pelas fases, mas elas são os itens mais raros de se encontrar no jogo. Para se encher a vida (e as garrafas de vida vazias), podemos encontrar itens medicinais ou fontes de energia que funcionam por tempo determinado.
Os monstros adversários são as mais variadas criaturas fantásticas que se pode imaginar. Desde zumbis, morcegos e piratas esqueletos até ratos, javalis, fantasmas e aranhas gigantes. Os chefes de fase também são seres enormes e com uma barra de vida gigantesca, mas não são tão difíceis de se matar. Cada fase possui um número X de monstros que devemos matar para poder encher o cálice de almas. Se conseguirmos completar o limite de almas, o cálice de almas irá se materializar em algum lugar da fase, e cabe a nós encontrarmos a sua localização. Não basta encher o cálice: temos de adquiri-lo. Cada fase tem o seu cálice de almas, de modo que nos incentiva a procurá-los sempre. Teremos de matar os inimigos que aparecerem, mas não é tão difícil quanto aparenta: todas as fases fornecem mais inimigos do que o necessário para encher o cálice, de modo que podemos obtê-la mesmo sem matar 100% dos oponentes.
E você deve estar se perguntando para quê serve o cálice das almas. Ao se obter o cálice de almas em uma fase, ao final dela poderemos visitar o Hall of Heroes, ou Salão dos Heróis. Aqui ficam todos os heróis de todas as épocas. No começo, apenas alguns se dão ao trabalho de falar com Dan, mas, conforme o tempo passa e adquirimos mais cálices de almas, mais e mais heróis aparecem para conversar. Até o momento de o próprio Dan se tornar um herói e ter sua estátua no Hall. Ao conversarmos com os heróis, eles nos oferecem presentes. É assim que adquirimos a maioria de nossas armas e itens especiais. Cada cálice de almas nos permite um novo item, e às vezes até temos a oportunidade de escolher qual item mais nos agrada em determinado momento.
Ah, e tem mais. Há um final secreto que se torna disponível apenas quando o jogador consegue todos os cálices de almas de todas as fases. Esse final é o mais interessante de se ver, e vale a pena lutar para consegui-lo, mesmo que isso signifique ter de repetir várias vezes as fases mais difíceis. Se bem que as surpresas acabam por aí: não há qualquer tipo de extra no jogo a não ser o final secreto. Não há novos modos de dificuldade, nada de mais para se fazer depois de se fechar pela primeira vez.
Minha análise do jogo
Gráficos
MediEvil possui gráficos interessantes de se ver. Cenários bonitos, coloridos e detalhados, com excelentes texturas. Quanto à animação dos personagens, ela poderia ter sido bem aprimorada, por parecer fraca às vezes, mas eu sua maioria se encontra na média. O jogo possui animações bem feitas, o que causa um efeito de apresentação muito bom. O que acaba por prejudicar a parte gráfica do jogo são vários problemas técnicos (basta ver o personagem principal subindo uma escada e perdendo metade do corpo para ver que eles não tiveram tanto capricho assim), inclusive o "visão de raio X" (poder ver o que tem por trás dos cenários), um dos maiores pecados de jogos desse gênero. Analisando os prós e os contras, o empenho gráfico da SCE Cambridge foi considerável.
● Nota pessoal: 3/5 (Empenho Considerável)
Som
As músicas do jogo são, em sua maioria, composições de Andrew Barnabas e de Paul Arnold. São músicas boas de se ouvir e combinam com o jogo, mas não são boas o bastante para serem memoráveis. Trata-se de uma trilha sonora mediana. O jogo é repleto de atuações de voz, as quais não são ruins, mas também não se encontram entre as melhores do gênero. Os efeitos sonoros são comuns também, nada de mais. MediEvil não possui grandes defeitos na parte sonora, mas também não chega a impressionar. Bastava um pouco mais de capricho para serem excelentes. Empenho considerável.
● Nota pessoal: 3/5 (Empenho Considerável)
Jogabilidade
Aqui entra um dos principais fatores do game. MediEvil possui uma jogabilidade que é simples, o que é ótimo para jogos desse gênero, ao mesmo tempo em que é fácil, objetiva e dinâmica, o que agrada a gregos e troianos. A movimentação é sutil e funcional. Porém, nem tudo são flores. O sistema de combate parece estranho à primeira vista, mas logo o jogador se acostuma com ele. O sistema de mira à média e longa distância também parece um pouco falho. Além disso, o controle de câmera não chega a atrapalhar, mas também não merece elogios. Apesar de tudo, é uma jogabilidade muito sólida e consistente, confortável de se jogar. Empenho excelente por parte da SCE Cambridge nesse quesito.
● Nota pessoal: 4/5 (Empenho Excelente)
Longevidade
O jogo em si não é lá tão longo, mas possui uma quantidade interessante de fases. São 23 níveis, e eles não serão assim tão simples a ponto de passar batido pela maioria delas. Conseguir o cálice em todas as fases não é uma tarefa lá tão difícil, mas pode tomar um pouco mais de tempo do jogador. Com isso, ele terá acesso ao final secreto, que é o único extra do jogo. Não é muito, mas é alguma coisa. Além disso, algumas fases possuem alguns itens especiais escondidos que valem a pena serem procurados. A maioria das pessoas irá jogá-lo uma única vez, mas fãs do gênero podem querer descobrir tudo o que tem para se descobrir, o que incrementa a longevidade. Empenho excelente.
● Nota pessoal: 4/5 (Empenho Excelente)
Inovação
MediEvil não tem exatamente como intenção ser inovador. Ele segue a fórmula de todo bom Platformer 3D, mas com características de Action-Adventure que são muito bem vindos. É o que alguns analistas costumam chamar de "Action-Platformer". Como esses elementos não costumam ser usados com tanta frequência, pode parecer que MediEvil é inovador em alguns aspectos, mas não se engane: quase tudo o que encontrará nele já foi visto em outros jogos. Sem dúvida, inovação não foi a palavra da vez na concepção desse jogo, pelo menos não para a SCE Cambridge. Pelo menos ela pegou bons elementos, teve muita inspiração para criar a trama e a atmosfera do jogo, e consegue deixar esse jogo com um ar de jogo moderno. Ainda é pouco para os padrões da época de seu lançamento, mas ainda é alguma coisa. Pouco mínimo da SCE Cambridge.
● Nota pessoal: 1/5 (Empenho Mínimo)
Diversão
MediEvil não é lembrado com carinho pelos jogadores do console sem motivo. Trata-se de um ótimo Platformer em tudo o que se refere à diversão. Fases bem elaboradas, bela variedade de armas e itens, puzzles simples, enfim, tudo o que um Platformer costuma ter esse jogo tem. As batalhas são legais, e as fases não são tão parecidas umas com as outras que enjoam. Tudo bem que alguns puzzles poderiam ter ficado mais complexos, ou algumas batalhas de chefe mais difíceis, mas no todo o jogo é muito divertido e interessante de se ver e de se jogar. Um jogo sólido que consegue se manter sempre bom, desde o começo, quando se está aprendendo os comandos e se encontra fases mais lineares e mais simples, até o final, pois o jogo sabe usar bem a multiplicidade do gênero Platformer. Empenho excelente por parte da SCE Cambridge em relação à diversão.
● Nota pessoal: 4/5 (Empenho Excelente)
Soma Final: 19/30 (Bom)
Em resumo: MediEvil não é o melhor Platformer do Playstation, até porque o console tem recebido jogos desse estilo às bateladas. Desde Crash Bandicoot e Spyro a Croc, Gex e Jersey Devil, são tantos títulos que o console começa a ficar saturado e anseia por novidades. MediEvil é uma novidade, uma nova franquia em meio às demais, mas não chega a ser necessariamente inovador, portanto não possui a força e a qualidade necessárias para se tornar um clássico. É sim um jogo bom, que vale a pena adquirir se for um apaixonado pelo estilo, mas há tantos outros jogos melhores do que ele dentro desse gênero que ele pode nem fazer tanta falta assim.
Análises profissionais
O Metacritic não possui uma média para MediEvil.
Detonado em vídeo
Esse é o melhor detonado em vídeo disponível para esse jogo na internet. Em excelente qualidade, e muito bem compactado, esse detonado mostra como passar por todas as fases e todos os chefões, e como conseguir todos os cálices, de modo a realizar o melhor final do jogo. Vale a pena conferir.
E aí, o que achou desta análise? Curtiu? Deixe-me seu comentário, ou entre em contato comigo pelo e-mail: adm_melhorfinal@hotmail.com ou pelo twitter: @AdmMelhorFinal.
Parte 1
Parte 2
Parte 3
Parte 4
Parte 5
Parte 6
E aí, o que achou desta análise? Curtiu? Deixe-me seu comentário, ou entre em contato comigo pelo e-mail: adm_melhorfinal@hotmail.com ou pelo twitter: @AdmMelhorFinal.
Nenhum comentário:
Postar um comentário