quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

God of War: Ghost of Sparta - Análise

Esta é a análise de God of War: Ghost of Sparta, lançado pela Sony Computer Entertainment em 2010 para o Playstation Portable.

File:GOW Ghost of Sparta boxart.jpg

Introdução

God of War é uma franquia que alcançou seu ápice bem recentemente. A terceira versão da sequência direta do jogo, God of War 3, lançado em março de 2010, marcou mais uma página na história épica do lendário Kratos. Algumas dúvidas ficaram no ar, e os fãs começaram a pedir maiores explicações sobre o background do protagonista. A Sony resolveu atender aos pedidos, e mais uma versão do jogo foi lançado poucos meses depois, em novembro do mesmo ano. God of War: Ghost of Sparta, não é apenas um spin-off para PSP, e sim uma parte importante da intensa trama do jogo, e possui detalhes interessantes e revelações importantes acerca do universo do jogo, principalmente do protagonista. Logo tornou-se peça obrigatória para os fãs, obrigando a Sony a lançar o jogo em uma coletânea especial para Playstation 3 (já que nem todos os fãs a franquia tinham PSP). Será que esse game conseguiu manter o padrão de qualidade do restante da franquia? Seria um sucesso tão grande quanto a série direta, ou mesmo quanto o Chain of Olympus? É o que veremos ao longo dessa análise.

GOD OF WAR: GHOST OF SPARTA


Informações técnicas

Publicado por: Sony Computer Entertainment
Desenvolvido por: Ready at Dawn
Gênero: Hack and Slash Action
Diretor: Dana Jan
Plataforma: Playstation Portable
Data de lançamento: 2 de novembro de 2010
Faixa etária: Mature

Trilha-sonora da análise

Enquanto lê a nossa análise, que tal escutar o áudio que separamos mais abaixo?


Música Brothers in Arms, música-tema do jogo, composta por Gerard K. Marino.

Sobre a história (contém spoilers)

Cronologicamente, a história de God of War: Ghost of Sparta se passa entre o God of War 1 e o God of War 2. No entanto, o ponto primordial de sua história é considerado o alicerce pelo qual a história geral da franquia se baseia, uma vez que ela conta fatos que dão início a toda a saga, e desencadeiam tudo o ocorre no Chain of Olympus e no God of War 1 (jogos que, cronologicamente, vê depois).

Tudo começa quando Kratos ainda era uma criança. Você deve conhecer Kratos de outros jogos da franquia, já que ele é protagonista em todos. Esse é Kratos:


Kratos viria a ser o desafiador dos deuses, o mais imponente de todos os soldados de Esparta, da Grécia Antiga, um líder entre os humanos. Talvez, um pouco mais que um humano... Mas, de qualquer forma, um ser criado para servir à guerra, feito para a luta, treinado para matar e condicionado para ser o mais bravo entre seus iguais.

Mas isso é depois. Quando a história desse jogo se inicia, Kratos ainda é uma criança. Um jovem forte e treinado desde bebê para empunhar uma arma e enfrentar seus inimigos. Ele viveu uma infância dura, de treinamento inconstante (típico dos habitantes de Esparta), ao lado de seu irmão mais novo. Isso mesmo, Kratos tinha um irmão mais novo, e seu nome era Deimos:


Esse fato era totalmente desconhecido até então. Não se sabia que Kratos tinha um irmão. Deimos possuía uma índole tão forte quanto a de Kratos, sendo um forte oponente em batalha, e um incrível e habilidoso mestre da arte da luta. No entanto, nunca chegou aos pés de ser tão bom quanto seu irmão Kratos. Deimos nasceu com uma marca grave na pele, que deixava traços vermelhos, parecidos com tatuagens, por todo seu corpo, principalmente no tórax e no rosto.

Kratos e Deimos treinavam duro, todos os dias. Ambos sonhavam em ser guerreiros do nobre e temido exército de Esparta. Ambos eram bons no uso da lança e do escudo, armas tradicionais da época, e almejavam o posto de capitão em suas esquadrias. Mas o destino quis que fosse diferente.

Uma noite, o Profeta, ser místico e famoso por sempre ter acertado todas as suas profecias até então, teve uma premonição nada boa: ele previu que, em um futuro próximo, o Olimpo seria destruído. E não por um deus, ou por um titã, e sim pelas mãos de um homem. Um mortal de Esparta. E esse mortal carregaria em seu corpo uma marca vermelha única.

Zeus, deus dos deuses, e Ares, não gostaram nada dessa profecia. Ares era o poderoso Deus da Guerra da mitologia romana.


Ares suspeitou primeiramente de Deimos, já que o jovem era conhecido em Esparta por suas marcas peculiares no corpo. Só poderia ser ele. Disposto a impedir que Deimos pudesse cumprir com a profecia e se tornar um mal para todos, Ares mandou uma tropa de centauros destruir um dos vilarejos de Esparta, onde viviam Kratos e Deimos. Ares estava acompanhado de sua irmã, Atena.


Todo o vilarejo foi destruído, e, Deimos, sequestrado. Kratos tentou impedi-lo, mas Ares lhe rechaçou, deixando uma profunda cicatriz em seu olho direito (cicatriz essa que seria uma de suas principais marcas no futuro). Deimos foi então levado para os domínios da morte, onde ele seria torturado por toda a eternidade pelo deus da morte, Tanato.


Tanato é o deus grego da morte. Não confundir com a posição de Hades: Hades é o deus do submundo, enquanto Tanato é a personificação da própria morte, e governa soberano o seu próprio domínio, o Domínio da Morte, onde nem mesmo os deuses do Olimpo ousam entrar. Hades se encarrega da alma daqueles que morrem, e Tanato se encarrega das mortes em si. Filho único de Nix, a titã da noite, a qual é justamente filha do próprio Chaos, criador absoluto de todo o universo, Tanato possui um poder sem igual. Ele não é tão famoso quanto os demais deuses romanos, e raramente aparece fora de seus domínios, mas seu nome é mencionado com muito medo e respeito entre todos, até mesmo entre os deuses. Ninguém jamais ousou desafiar a própria morte em pessoa.

Kratos nunca pôde fazer nada a respeito. A quem interessar possa, Deimos já estava morto. Kratos cresceu, se tornou o capitão mais leal a Esparta, e, após uma guerra com os bárbaros, virou servo do próprio Ares. Após anos de trabalho leal a Ares, Kratos se voltou contra ele, e o assassinou, usando o poder da Caixa de Pandora. Após esse feito, Kratos se tornou o mais novo Deus da Guerra.

Mas Kratos continuava tendo pesadelos sobre sua infância. Atena, deusa da sabedoria, havia prometido a Kratos que, se matasse Ares, seus pesadelos terminariam. Mas ela não cumpriu a promessa. Kratos decidiu, então, buscar maiores informações sobre seu passado. Encontrar o que restou de sua família, e tentar apagar de vez o que restou de seu passado em sua mente. Para isso, Kratos desafia as próprias recomendações da deusa Atena, e retorna para o Templo de Posseidon, o qual é localizado dentro da terra protegida de Atlantis.

Em Atlantis, Kratos encontra a sua mãe, Callisto.


Callisto era uma pobre camponesa que vivia nos subúrbios de Esparta. Ela teve dois filhos com um pai até então desconhecido, e os criou da melhor forma que podia em um vilarejo pequeno e pobre. Criou bem seus filhos, apesar da miséria. Eles cresceram fortes e com vontade de se tornarem guerreiros poderosos. Após o sequestro de Kratos, e a destruição do vilarejo, Callisto levou Kratos para ser criado no centro de Esparta. Anos depois, ela foi amaldiçoada a se transformar em um monstro cruel e agressivo, e precisou ficar reclusa por toda a sua vida.

Callisto ficou feliz ao ver que Kratos está bem. Kratos pergunta a ela quem é seu pai, e ela tenta contar, mas acaba virando um monstro antes. Ambos lutam, e Kratos acaba matando a própria mãe em batalha. Antes de morrer, ela conta a Kratos quem é seu pai, apesar de esse fato não ser revelado no jogo propriamente dito (quem jogou God of War 2 sabe quem é. Se não sabe, não vou revelar aqui também). Ela ainda faz mais uma última revelação a Kratos: Deimos está vivo. Ele está aprisionado nos Domínios da Morte, e é mantido lá pelo próprio Tanato. Está sendo torturado, mas continua vivo. Kratos decide ir lá encontrá-lo, e então Callisto morre em seus braços.

Antes de sair de Atlantis, Kratos encontra-se com Thera, uma titã fictícia criada apenas para o game. Ela foi aprisionada dentro de um vulcão. Após Kratos libertá-la, o vulcão entra em erupção e destrói toda a Atlantis, afundando-a para sempre no fundo do mar.

Kratos é então desafiado por Erínea, filha de Tanato:


Mitologicamente falando, não se sabe muito bem se as eríneas eram filhas de Tanato mesmo. Mas as eríneas eram criaturas mitológicas muito cruéis e perversas, criadas em cima do ódio e da vingança. Sua missão era disseminar morte e perversão em todos os lugares do qual iam. Suas histórias deram origem a diversas lendas greco-romanas, principalmente no que envolve mulheres violentas (as lendas de Deméter e das iaras possuem origens nessas lendas, por exemplo). No jogo, é retratado como apenas uma erínea, mas, na realidade, eram muitas eríneas, dispersas pelo mundo.

Kratos derrota Erínea, conquistando o ódio eterno de Tanato. Depois, ele retorna para Esparta, em reconstrução. Eles estão reerguendo uma estátua em homenagem ao mais novo Deus da Guerra. Após passar algum tempo no local, Kratos volta a ter alucinações com seu tempo de criança, no qual batalhava com Deimos e o ensinava a lutar, e jurava que o iria proteger. Kratos então decide, de uma vez por todas, que iria para o Domínio da Morte resgatar seu irmão das garras de Tanato.

Passando pela cidade de Heraklion, Kratos se depara com o Grave Digger.


Grave Digger é um personagem recorrente da série. Esse, que é um dos personagens mais misteriosos de toda a franquia, aparece sempre ao lado de covas que ele mesmo cava com antecedência para os personagens que morrem no decorrer do jogo. Ele fala sempre com tom profético, sobre as mortes que acontecerão em um futuro próximo.

Grave Digger tenta convencer Kratos a desistir de encontrar e salvar seu irmão, mas Kratos permanece irresoluto. Kratos ignora seu conselho e segue em frente.

Kratos consegue acesso aos Domínios da Morte. Com muito esforço, Kratos encontra seu irmão aprisionado, ferido, mas ainda vivo e consciente. Após libertá-lo, Deimos imediatamente começa a bater nele, odiando-o e culpando-o pelos diversos anos de tortura. Kratos se recusa a revidar, sendo incapaz de bater no próprio irmão. Tanato então aparece, e tenta jogar Deimos do penhasco (o mesmo penhasco do qual Kratos tentou se matar no primeiro God of War). Kratos consegue salvar seu irmão no último minuto.

Depois disso, os dois irmão juntam forças para enfrentar Tanato. No entanto, Tanato é mais forte do que ambos. Tanato consegue matar Deimos sem nenhuma misericórdia. Perante a morte de seu irmão, Kratos então começa a ficar muito mais poderoso, devido à sua fúria (quase como ele fica quando usa o Rage of Titans). Em seu acesso máximo de fúria, ele elimina Tanato de uma vez por todas.

Após o ato, Kratos carrega o corpo inerte de Deimos por todo o Caminho da Solidão, até o Penhasco dos Suicidas, onde Kratos quase se matou no primeiro game. Chegando ao topo, o Grave Digger já se encontra no local, com uma cova recém-cavada para Deimos. Kratos ajuda a enterrar Deimos, e, após a breve cerimônia, ele pergunta a Grave Digger no que ele se tornou. O Grave Digger então responde que Kratos se transformou na própria morte. Kratos virou um destruidor de mundos, um formador de caos. Agora que Kratos matu Tanato, ele se tornou o próprio governador da morte, aquele que é capaz de trazer a morte para a população. Kratos alcançou um poder imensurável, sendo agora capaz realmente de reaver a sua vingança contra os deuses e os titãs, isso é, se ainda quiser realmente isso.

Depois que Kratos vai embora, Grave Digger é visto enterrando também a mãe de Kratos, Callisto. Ele mostra que há três covas no local, sendo que a cova posicionada entre Deimos e Callisto está ainda vazia. Grave Digger diz "só resta um", fazendo uma referência ao último que falta morrer: Kratos. Seria alguma referência a algum momento especial de algum jogo futuro? Só o tempo dirá.

Kratos volta ao templo do Deus da Guerra, e se encontra com Atena no caminho. Atena pede perdão a Kratos por não lhe ter contado a verdade. Kratos a ignora, e afirma que os deuses irão pagar por tudo o que aconteceu. Atena então chama Kratos de irmão. Como assim, irmão? Essa é uma pista sobre quem é o verdadeiro pai de Kratos. Kratos então se senta em seu trono, no templo, e jura vingança a todos os deuses, imerso em uma cega fúria e obsessão pela vingança. Essa exata cena dá início ao God of War 2.

E essa foi a história de God of War: Ghost of Sparta. Espero que tenham gostado!

Sobre o jogo

O PSP estava carente de jogos desse tipo. Os gamers que aderiram ao portátil estavam começando a encontrar dificuldades para conseguir encontrar títulos que realmente valessem a pena, que viessem com status de jogaços épicos. Em meio a um mar de games medianos e tal, God of War: Ghost of Sparta veio para reinar soberano como um dos melhores jogos para portáteis do ano de 2010 e ainda um dos melhores do próprio PSP. O jogo, com status de grande obra, queria rivalizar com as obras de console.
Ghost of Sparta é um legítimo God of War, como não poderia deixar de ser. O jogo é adulto, extremamente violento, repleto de referências bacanas à mitologia, cenas de sangue e vísceras sendo arrancados dos inimigos, e apologia ao sexo com direito a cenas de nudez e tudo. Tudo o que um fã da franquia pode encontrar em outros jogos da franquia nas versões de console, ele poderá encontrar aqui, e em ainda maior número do que na versão anterior para portátil, o Chain of Olympus.
Um dos fatores que mais pode atrair os gamers fãs da série para esse jogo é a história em si. Esse jogo mostra um lado mais humano, mais sentimental de Kratos, pois o coloca frente-a-frente com falhas, com seus entes queridos, com aqueles que também ama. É um bom contraste aos outros jogos, no qual apenas podíamos ver indiferença, ódio e egoísmo em Kratos. Agora, podemos ver também remorso, paixão e gratidão dentro da palheta de sentimentos que Kratos é capaz de demonstrar. Veio bem a calhar, atendendo a pedidos dos fãs que queriam saber melhor sobre o background do grande semideus assassino de deuses e criaturas mitológicas.
Não há qualquer variação quanto ao gameplay em si. Continuamos controlando Kratos em terceira pessoa por uma perspectiva de câmera fixa (a câmera foi melhorada, comparada a outros jogos, mas continua sendo um pequeno estorvo devido ao tamanho da tela do portátil). Kratos avança pelos cenários de forma linear, enfrentando todos os monstros que aparecem pela frente, ocasionalmente tendo de se virar em alguma batalha contra chefe. Entre uma batalha e outra, Kratos geralmente tem de resolver algum puzzle para conseguir acessar uma nova área. Vale ressaltar que o número e dificuldade dos puzzles diminui bastante nesse game, tornando o jogo muito mais focado na pancadaria em si. Se você queria puzzles complexos e interessantes como os de God of War 3, por exemplo, esquece.
Os cenários continuam variados e incríveis. Kratos percorre templos, vulcões, montanhas, cidades, estradas e tudo o mais, conhecendo lugares sempre incríveis, como Atlantis ou os Domínios da Morte. Apesar de o jogo ser extremamente linear, há algum espaço para exploração, no qual o jogador sempre poderá encontrar baús e itens escondidos em cantos escondidos ou dentro de passagens secretas. Vale a pena explorar bem os cenários para coletar os vários itens escondidos.
O sistema de combate é eficiente como sempre. É a marca registrada do game. Afinal de contas, o jogador habitual da série já está acostumado com seu estilo, de modo que não há muito o que querer mudar. O jogo possui um combate baseado na formação de combos rápidos em alta escala, como é típico do Hack and Slash. Os comandos básicos não foram alterados: golpes fracos e golpes fortes se intercalam criando aqueles combos que todos nós já estamos mais do que acostumados a realizar. Com poucas, mas cruciais, alterações, o sistema de combate deu uma repaginada, estando mais dinâmico e mais variado do que as versões anteriores, aproximando-se também do novo padrão de combate que foi instituído no God of War 3. Só para se ter uma ideia, a variação de combos e ataques em Ghost of Sparta foi incrementado em mais de 25% em relação ao game anterior para o mesmo portátil, Chain of Olympus.
Uma das grandes novidades do game é o poder Thera's Bane, que veio para substituir o Rage of Gods, Rage of Titans e o Rage of Sparta de outros jogos. Diferente dos outros poderes, em outros jogos da franquia God of War, o Thera's Bane pode ser recarregado com o tempo. Com o pressionar de um botão, as lâminas de Kratos ficam em chamas e com a força redobrada, causando ainda mais destruição nos golpes. Há uma barra específica só para ela, e, uma vez esvaziada, ela pode se encher novamente em questão de segundos, deixando o jogador pronto para usar o poder novamente. Ferramenta importa para abrir caminhos no jogo, e também para as batalhas mais intrincadas, a alteração do Rage of Sparta para o Thera's Bane foi uma excelente ideia, pois deixou o combate mais dinâmico e sem a necessidade de forçar o jogador a ficar com tanto receio de usar o poder especial.
E é claro que o leque de magias que Kratos pode obter não se resume só a isso. Conforme avança na história, Kratos adquire diversas novas armas e magias, se tornando um lutador ainda mais versátil. As novas magias incluem descargas elétricas, vento congelador e uma bola que suga a alma dos oponentes. Tudo feito para que o jogador tenha novas armas de trucidar hordas de inimigos, que agora aparecem em maior número na tela, exigindo ainda mais habilidade do jogador.
Além das várias magias disponíveis, tem também uma nova arma no jogo, chamada Arms of Sparta. Essa arma é um misto de arma de curta-distância e de longa distância, podendo atingir inimigos de perto ou de longe. A fórmula é semelhante ao de outros games da série, com a diferença de que o escudo é usado em outras situações também, como para proteger Kratos de rajadas de vento ou de fogo.
Assim como nos jogos anteriores da franquia, o jogador pode usar os orbes vermelhos que adquire dos inimigos para tunar as suas armas e magias, deixando-as mais fortes e com mais recursos. Tunando as Blades of Athena ou Arms of Sparta, adquirimos novos golpes e combos, além de aumentar a força da arma em si. Já tunando a Thera's Bane, conseguiremos usar seu poder por mais tempo e com tempo menor de recarga. Isso é só para citar exemplos: quase tudo no jogo pode ser incrementado. De modo a conseguir o maior número possível de orbes vermelhos para conseguir tunar tudo, o jogador tem de manter um olho atento ao cenário para não deixar passar nenhum baú de orbes.
Outra coisa interessante para o jogo é a necessidade de se usar golpes diferentes em alguns inimigos. O método que é utilizado desde o primeiro game da franquia para "forçar" o jogador a variar nos golpes e nos combos voltou nesse game também. Há inimigos que possuem armaduras especiais, as quais só podem ser destruídas com o uso da Thera's Bane, por exemplo. Há monstros rápidos demais que podem ser mortos bem mais facilmente com o uso do vento congelador, também. Cabe ao jogador formar a sua estratégia de combate que achar mais apropriada para cada situação e oponente.
Também é bom ressaltar que o jogador encontra itens que aumentam sua capacidade de vida, de magia ou de itens mágicos, os famosos Gorgon Eyes, Phoenix Feathers e Minotaur Horns. Esses itens são encontrados escondidos em algumas partes do cenário, e, a cada cinco deles, irá aumentar um pouco cada elemento. Há um total de quinze itens de cada tipo. Há mais baús secretos escondidos, de modo que, após pegar todos os itens especiais, eles começam a transportar orbes vermelhos.
Elementos clássicos já conhecidos também estão de volta, como por exemplo o agarrão e o contra-ataque. Os inimigos clássicos também estão quase todos de volta, como os minotauros, as górgonas, os esqueletos, as harpias, as sereias, os ciclopes, e muito mais. Novos chefões e monstros especiais apareceram, como o monstro lendário Scylla, o Leão de Pireus, e até mesmo o poderoso deus da morte, Tanato. Como é de se esperar, as batalhas contra chefes são tão épicas quanto as anteriores, repletas de momentos marcantes, e dos já consagrados Quick-Time Events para a finalização dos combates.
Após fechar o game, o jogador terá à sua disposição alguns novos modos de jogo. A princípio, não poderia faltar o Challenge of the Gods, o qual inclui Challenges of Ares e também Challenges of Athena. São apenas mini-games que irão testar a habilidade do jogador e que rendem orbes vermelhos. Esses orbes podem ser usados no Temple of Zeus, para se comprar muitas coisas novas. Pode-se comprar tanto coisas para o jogo (como novos desafios no Challenges of Athena ou novas roupas para jogar com Kratos, incrementando suas habilidades), assim coisas adicionais para fãs, como vídeos de making-of do jogo, desenhos de arte-final dos produtores do jogo, entre outras coisas. Fechar o jogo em outros modos de dificuldade irá liberar novas coisas para serem compradas no Temple of Zeus, ou seja, se quiser disponibilizar tudo o que se há para fazer no game, terá de fechar o game em várias dificuldades. Há ainda o Combat Arena, uma arena em que o jogador pode armar o combate que ele quiser, escolhendo os inimigos, a dificuldade, as armas e outros fatores para deixar a batalha ao seu gosto. Enfim, há um bom número de extras no jogo, que ajudarão a aumentar a longevidade do game.

Minha análise do jogo

Gráficos
God of War: Ghost of Sparta é lindo. Absolutamente belo de se ver. Chega a ser mais bonito ainda do que a maioria dos títulos de Playstation 2, e reina fácil como um dos mais bonitos games do PSP. Os cenários são variados e esbanjam efeitos especiais que vão desde o percurso da lava até uma chuva realista, raios consistentes e texturas no cenário de brilhar aos olhos. A animação dos personagens também é muito bem feita, podendo ser comparada com as melhores performances dos consoles dessa geração. Não se usa mais o sistema gráfico do Chain of Olympus: tudo foi refeito para dar margem a um novo número de efeitos, o que permite coisas impressionantes para um PSP. Por exemplo: o sangue que espirra dos inimigos fica no chão e nas paredes, e gruda na pele e trajes de Kratos por vários segundos. É possível perceber (e ficar embasbacado com) cada traço da feição dos personagens, tanto dos protagonistas quanto dos inimigos, ver o modo como cada pare do vestuário dos personagens do jogo se balança independentemente, e parece separado um do outro... É possível ver um número relativamente grande de inimigos na tela, todos juntos, e cada um com seus movimentos únicos, sem perder nada da qualidade visual. É essa quantidade de detalhes, até então impensados, que contribuem para tornar esse jogo um dos mais belos da história do console. Tudo o que você se acostumou a ver nos jogos da franquia do Playstation 2, e até algumas coisas que você começou a ver e admirar no God of War 3 do Playstation 3, você encontrará também nesse jogo, feito sob medida para usar ao máximo o poderio gráfico do portátil. Empenho máximo da Ready at Dawn com os gráficos do jogo.
● Nota pessoal: 5/5 (Empenho Máximo)

Som
A franquia God of War já vem mantendo uma boa tradição no que se refere a desempenho sonoro. Desde o princípio, a série possui excelentes dubladores, músicas impactantes e muito bem selecionadas para passar todo o sentimento do jogo, além de efeitos sonoros primorosos. Bem, não poderia ser diferente agora. A Ready at Dawn conseguiu passar toda essa qualidade para o PSP, e nisso o jogo não deixa nada a dever para as versões de console. O game possui as sempre épicas e dramáticas composições de Gerard Marino para embalar o jogador nas cenas, assim como grandes composições de batalha para os momentos de luta, e os bons e velhos dubladores de sempre para dar vida aos personagens. Sem grandes surpresas, o jogo possui um desempenho sonoro de primeira qualidade. Empenho máximo por parte da Ready at Dawn.
● Nota pessoal: 5/5 (Empenho Máximo)

Jogabilidade
Da mesma forma como a Santa Monica Studio ouviu as críticas realizadas em relação ao God of War 2 para traçarem uma jogabilidade renovada no 3, o mesmo pode se dizer sobre o trabalho que a Ready at Dawn realizou aqui em God of War: Ghost of Sparta. Adaptar a jogabilidade do controle do Playstation 2 para os comandos do PSP não é difícil, tanto que o Chain of Olympus fez isso muito bem. Porém, mais do que a transição, o console precisava de um feeling único, comandos próprios, com novos golpes, novo estilo de jogo. Precisava de uma boa repaginada no sistema de golpes e combos, assim como o God of War 3 sofreu. E a Ready at Dawn cumpriu sua meta muito bem: o sistema de combate desse jogo está refinado e mais prático e variado do que nunca, com comandos rápidos que passam a real noção do que estamos fazendo, além de se encaixar perfeitamente no estilo do controle. São vários comandos diferentes que Kratos vai aprendendo no decorrer do jogo, e que vão criando um leque de opções que deixa o jogo tão divertido quanto os demais. Não que seja uma renovação completa, mas é bom perceber o quanto o sistema de combate evoluir e se torna mais fluido a cada jogo - e que Ghost of Sparta não ficou parado nesse sentido. Trata-se de um bom avanço no game, que não se manteve aquém da versão da franquia nos consoles; pelo contrário, se manteve no mesmo nível (e, em alguns quesitos, até melhor). Fica difícil imaginar como se poderia melhor ainda mais o sistema de combate dentro dos padrões do controle. O empenho que a Ready at Dawn teve como o jogo foi máximo.
● Nota pessoal: 5/5 (Empenho Máximo)

Longevidade
Ghost of Sparta é um Hack and Slash para portáteis. Poderia se esperar um tamanho reduzido de horas de jogo. Chain of Olympus, por exemplo, tinha por volta de 5 ou 6 horas de jogo. Esse game não vai muito mais além, mas consegue estender sua longevidade para algo em torno de 7 ou 8 horas de jogo. Depende de seu desempenho. Tudo bem, é claro que não se compara com a quantidade de horas que a série possui nos consoles (mais de 12 horas), mas temos de entender as limitações do portátil também, que não suportam games dessa qualidade por tanto tempo. Seja como for, o jogo tem uma longevidade interessante para os padrões do portátil, acima do que se poderia imaginar. Para compensar um pouco os fãs que queriam mais longevidade, a Ready at Dawn incluiu uma boa quantidade de extras, que inclui Challenge of the Gods, Combat Arena e ainda o Temple of Zeus, onde o jogador pode comprar novas roupas, novos desafios e alguns itens de colecionador, como imagens dos produtores e vídeos de making-of. Levando em consideração que terá de fechar o jogo nos modos mais difíceis e completar vários dos desafios para liberar tudo para compra, podemos estipular uma margem de 25 horas de jogo para se fazer tudo o que é possível fazer, e isso não é nada ruim. Além do mais, o Combat Arena é bem divertido e estimula o jogador a testar suas habilidades por várias e várias horas a mais. Mais uma vez: levando em consideração as limitações do portátil, trata-se de um grande feito, em um game single-player. Empenho excelente da Ready at Dawn.
● Nota pessoal: 4/5 (Empenho Excelente)

Inovação
Os representantes de franquias famosas lançadas para portáteis costumam ser mais adaptações e remakes do que continuações propriamente ditas. Ghost of Sparta foi obviamente pensado como uma verdadeira continuação, um jogo para rivalizar com as versões de console no cabeça-a-cabeça. Apesar de essa ter sido a sua intenção primária no momento da concepção, até mesmo pela história, que é complementar à história principal e repleta de momentos-chave importantes, não é essa a impressão que fica quando se está jogando o game. Talvez porque God of War 3 foi um game tão bom, Ghost of Sparta chega a tentar se equiparar ao momento atual da franquia nos consoles em alguns aspectos, mas na maioria deles fica sempre com um pé atrás. Há poucos momentos em que sentimos que estamos jogando um game diferente, mas o sentimento geral é de que estamos apenas fazendo a mesma coisa de sempre. Talvez seja esperar demais que uma versão de uma franquia para PSP possa representar uma revolução em um gênero como o Hack and Slash, mas, assistindo a alguns trailers do jogo, poderia se esperar um pouco mais. Isso não quer dizer que não haja inovações: na parte gráfica e na jogabilidade, houveram reformulações pontuais muito boas, que tornaram esse jogo impressionantemente comparável ao que há de melhor na geração atual. Mas ainda não é suficiente. Seja como for, já é mais representativo do que a grande maioria dos games que o console viu até então. A tentativa da Ready at Dawn de dar uma nova percepção para o mercado dos portáteis, evidenciando um potencial que sempre se almejou para esse mercado - pena que ele foi lançado apenas no final dessa geração. Ghost of Sparta pode não ter sido tão representativo para a franquia God of War, mas foi sem dúvida um dos games mais representativos, de uma forma geral, nos últimos anos, a serem lançados para o PSP. Um jogo que demonstra a real capacidade do console, e que tenta bater de frente com as versões de console - mesmo que tenha falhado em seu objetivo. Surpreendente para os fãs da série e até para os donos do console ter um jogo desse porte sendo lançado assim, com tanta minúcia, com tanta ambição, quando a maioria só faz remakes "mais do mesmo". Isso só demonstra o empenho da Ready at Dawn em ser inovador, e esse empenho foi, sem dúvida, excelente.
● Nota pessoal: 4/5 (Empenho Excelente)

Diversão
A diversão que God of War proporciona vai além das cenas de batalhas epopeicas contra grandes seres da mitologia greco-romana. O jogo é uma forma de entretenimento muito mais completo que isso. A história desse game prende o jogador, e o faz querer saber mais sobre o que está havendo. E, nisso, Ghost of Sparta não deixa a dever em nada com relação aos outros games da série, pois possui uma história tão profunda e interessante quanto. Mas é claro que também há muita batalhas, muitas cenas intensas para ver, e muitos momentos da mais pura carnificina. Com todas as qualidades e atributos dos outros jogos presentes, também estão os defeitos. A câmera do jogo não atrapalha o tempo todo, mas, com a tela pequena do PSP, pode ser ainda mais fácil perder a visão sobre Kratos do que nos consoles. Há ainda menos puzzles nesse jogo do que nas versões de consoles, o que pode decepcionar os fãs porque, com foco ainda maior nos combates incessantes, pode acabar enjoando mais rápido do que se poderia. Mas não há nada que seja  "decepcionante", ou por esse sentido. O jogo é divertido pacas, e o jogador se sentirá carregado pelo game, pela jogabilidade viciante e pela história envolvente. Com as adições e melhorias, o sistema de combate se tornou mais variado e não se sente tanto a monotonia de usar sempre os mesmos golpes, já que há diversos golpes e estratégias diferentes para se escolher (sendo até mesmo preciso variar os golpes para derrotar alguns inimigos em específico). O empenho que a Ready at Dawn teve com a diversão do jogo foi excelente, na minha opinião.
● Nota pessoal: 4/5 (Empenho Excelente)

Soma Final: 27/30 (Excelente)

Em resumo: God of War: Ghost of Sparta é considerado por boa parte da crítica especializada como um dos melhores, mais bonitos e mais bem-feitos jogos para PSP de todos os tempos. E não é mentira. Trata-se de uma obra que demonstra uma atenção aos detalhes digna de grandes clássicos e das obras-primas que pudemos presenciar nos poderosíssimos consoles da última geração. Os inúmeros prêmios de "melhor jogo para portátil de 2010" não são exagerados ou indevidos, já que esse game realmente merece toda a aclamação que vem recebendo. O game surpreendeu os críticos, e até mesmo alguns fãs da franquia, e é uma pena que tenha sido lançado tarde demais para servir de inspiração para outros jogos dentro de seu console. Se você tem um PSP, esse game não pode faltar de forma alguma na sua coleção.


Análises profissionais

A média pela Metacritic para God of War: Ghost of Sparta é 86/100.

Detonado em vídeo

Parte 1


Parte 2


E aí, o que achou desta análise? Curtiu? Deixe-me seu comentário, ou entre em contato comigo pelo e-mail: adm_melhorfinal@hotmail.com ou pelo twitter: @AdmMelhorFinal.

2 comentários:

  1. MUITO boa a análise, cara, vc escreve muito bem, continue assim!

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