sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Tekken - Análise

Esta é a análise de Tekken, lançado pela Namco em 1994 para o Playstation.


Introdução

Virtua Fighter foi um divisor de águas no gênero de games de luta lançado em 1993. Ele foi o primeiro game a trazer gráficos 3D com modelos poligonais baseados em lutadores reais. Dos arcades, o game chegou para um console 32 bits em novembro, o Sega Saturn. Sendo assim, a Namco se inspirou no clássico da Sega e lançou seu próprio game de luta com modelos poligonais. Tekken foi aos arcades em 1994 e adaptado ao Playstation em 1995, dando sequência a uma nova tendência dos games de luta: prezar as artes marciais e os movimentos mais realistas.

TEKKEN


Informações técnicas


Publicado por: Namco
Desenvolvido por: Namco
Gênero: Fighting
Plataforma: Arcade e Playstation
Data de lançamento: 9 de dezembro de 1994
Faixa etária: Teen

Sobre a história (contém spoilers)

A série de luta possui uma história que tenta dar um motivo pelo qual os personagens estão lutando entre si. Para variar um pouco, um milionário e entediado dono de uma empresa resolve financiar um torneio para ver quem é o mais forte do mundo. Aí, um bando de gente se reúne e começa a se bater, mesmo sem jamais ter sido anunciado qual é o prêmio, afinal. O torneiro se chama The King of the Iron Fist, algo como O Rei do Punho de Ferro, que, em uma sigla de caracteres japoneses, fica Tekken. Já o tal milionário é um senhor de meia-idade chamado Heihachi Mishima. Veja uma imagem dele:


Bem, ele é o dono da Mishima Zaibatsu, uma poderosa rede multi-nacional de sede japonesa que fabrica alguma coisa misteriosa que jamais foi revelada em nenhum Tekken, mas que deve render muito dinheiro, pois ele é muito rico. Porém, deve ser realmente bem chato administrar esta empresa, uma vez que é uma tradição de família que os donos desta empresa apostem todas as ações em um torneio de luta. Quem vencer fica com a empresa.
Heihachi teve um filho, chamado Kazuya Mishima, mas, desconfiado que era da esposa, jamais aceitou o filho como dele. Decidiu tirar a prova de fogo: pegou Kazuya e o jogou do alto de um penhasco. Se ele sobrevivesse e quisesse matá-lo por causa disso, isso significaria que ele tinha o espírito vingativo do pai, o que quer dizer que era mesmo o filho dele. Se não sobrevivesse... Bem, pelo menos, não era filho dele mesmo.
Kazuya sobreviveu à queda do penhasco, mas se feriu gravemente. Então, o demônio aparece para ele e oferece uma parceira: a alma dele pela vida. Kazuya aceita trocar sua alma por uma nova vida, só para ter o gostinho de arrebentar o pai de porrada quando pudesse. Assim, Kazuya viveu a sua vida sem perder uma luta sequer, até chegar aos 26 anos e se considerou pronto para o torneio Tekken. Vejam como ficou Kazuya Mishima:


Kazuya se inscreve para o torneio Tekken. Derrotando todos os outros seres estranhos e violentos que se inscreveram junto com ele, Kazuya tem um confronto com o próprio pai. Ele vence a luta e joga o pai do penhasco, mas, a exemplo do filho, o pai não morre. Tanto é que ele volta no jogo seguinte. Kazuya se torna o presidente da empresa Mishima Zaibatsu, e aí o jogo acaba..
E essa é a história. Veja agora uma imagem com Kazuya e alguns outros personagens desnecessários e totalmente desimportantes para a história da série:


Da esquerda para a direita: Jack, Marshall Law, Paul Phoenix, o Kazuya Mishima, Michelle, Nina, King e por fim, sentado, o rapaz fantasiado esquisito Yoshimitsu.

Sobre o jogo

Ao ligarmos o videogame, temos a oportunidade de jogar uma partida simples de Galaga, aquele joguinho de navezinha. E então, podemos começar o jogo propriamente dito. Claro, após assistir um vídeo com a apresentação dos personagens.
A princípio, o jogo é como todos os outros games de luta. Escolhemos um personagem e jogamos com ele. Enfrentamos todos os outros competidores até enfrentarmos o chefão final, e, após derrotá-lo, será o fim do game. O modelo de luta foi amplamente inspirado em Virtua Fighter, com lutadores inspirados em modelos reais, e todos com movimentos realistas, sem nenhum tipo de super poder. Então, diferentemente de jogos como Mortal Kombat e Street Fighter, não espere ver bolas de fogo, raios laser ou cuspes de ácido. Aqui, todos os lutadores são especialistas em luta corporal, e só verá socos, chutes, agarrões e arremessos. Tudo o que você pode ver em uma luta de verdade, simulado em 3D.
Uma coisa que chama muito a atenção é a variedade dos estilos de luta. Tem luta de rua, kung-fu, luta livre, caratê, jeet kune do, judô e até ninjutsu. Cada estilo de luta teve as suas particularidades mantidas, e um personagem característico à altura de exercê-lo. Movimentos realistas e bem feitos proporcionam uma boa ação por parte dos personagens, de modo um verdadeiro lutador de um determinado estilo de luta pode mesmo reconhecer os movimentos. A equipe da Namco ainda teve todo um trabalho para conseguir equilibrar os estilos de luta, de modo que um não se sobressaísse aos outros.
No começo do jogo, você pode selecionar um de oito personagens: Jack, Kazuya, King, Law, Michelle, Nina, Paul e Yoshimitsu. Já é uma quantidade aceitável. Mas tem muito mais: há diversos personagens secretos para liberar. Ao fechar o jogo pela primeira vez, com qualquer personagem, desabilitamos Heihachi, o último chefão, para podermos jogar. Fora ele, ao fecharmos com cada um dos personagens, habilitamos novos personagens. Claro, após enfrentarmos esses personagens desbloqueáveis como sub-chefes. Nina habilita a Anna, King o Armor King, Yoshimitsu o Ganryu, Paul o Kuma, Michelle o Kunimitsu, Kazuya o Lee, Jack o Prototype Jack e Law o Wang. Ah, claro, já ia me esquecendo: lembra-se daquele mini-game de Galaga no começo? Então, se conseguir detonar todas as navezinhas inimigas, desabilitará um personagem novo e exclusivo: Devil, a versão obscura de Kazuya. São 18 personagens, ao todo.
Porém, infelizmente, os novos personagens não são assim tão novos. Eles possuem animações próprias, mas seus comandos são inspirados em outros personagens e eles não têm história própria, tanto que eles não têm nem final. Portanto, não são assim tão legais de se jogar para fechar, mas ainda assim vale a pena desabilitá-los para jogar no modo versus.
Os comandos são um pouco mais complexos do que outros games de luta. Há um botão para soco com a mão esquerda, um para soco com a mão direita, um para chute com o pé esquerdo e um para com o pé direito. Mesclando socos e chutes ou golpes do lado direito e esquerdo, realizamos a maioria dos combos do game. Bem semelhante ao que estamos acostumados a fazer na vida real, mas ainda chega a ser um tanto diferente de outros games de luta, o que pode prejudicar alguns jogadores. Os combos são, muitas vezes, complexos, e envolvem muitos botões sendo pressionados em um momento exato para serem realizados. Há ainda alguns comandos especiais muito potentes, que poderíamos usar com maior frequência se eles fossem mais simples. Nada que pareça um "especial", ou algo assim, mas chega perto. Além disso, a ausência de um modo treinamento pode afastar as pessoas de quererem aperfeiçoar seus golpes, ou aprender novos, usando sempre os mesmos. Pelo menos ele nos dá a opção de configurar os controles da forma como bem quiser.
Os cenários de fundo incluem belíssimos lugares exóticos, como Veneza, Tóquio, Chicago, Mountain Valley, Windermere, entre outros. Pena que são meras imagens pouco variadas e sem nenhum tipo de interação ou algo que chame a atenção. Chega a ficar monótomo, para dizer a verdade, e poderia ter sido melhor aproveitado.
Se você é daqueles que aceitam um desafio, não vai se decepcionar com esse game. Tekken oferece diversos níveis de dificuldade, seis para falar a verdade. Além de fácil, médio e difícil, tem ainda muito difícil e ultra difícil. Se você fechou o game diversas vezes e acha domina completamente os oponentes, tente jogar no modo ultra difícil. Os oponentes terão muito mais força que você, e irão praticamente prever seus golpes. Um verdadeiro desafio.
E a cereja do bolo, como não pode deixar de ser, é o modo versus para duas pessoas. A pancadaria vai comer solta, e você poderá mostrar ao seu amigo tudo o que aprendeu. O jogo é tão viciante quanto, com dois jogadores, uma vez que você pode alterar várias coisas (o qual você também pode alterar no modo de um jogador), como o ângulo de câmera, o número de rounds, o tempo dos rounds, e assim por diante. Vale muito a pena conferir o modo versus.

Minha análise do jogo

Gráficos
Para um jogo lançado tão recentemente em uma plataforma de 32 bits, está muito bom. Os modelos dos personagens mantêm o mesmo padrão de qualidade apresentado nos arcades, e isso é muito bom, pois é a melhor modelagem já vista em um game de luta 3D, sendo melhor até mesmo do que Virtua Fighter. A versão para Playstation ainda trouxe cenas de animação em FMV bem executadas e interessantes de se assistir. Tanto a animação inicial quanto as animações finais de cada personagem mostram um grande potencial. Os efeitos especiais dos movimentos também foram bem produzidos, ainda que, pela mecânica de jogo escolhida, não tenhamos grandes shows de luzes ou coisas do tipo. A única reclamação que faço, e que me impede de dar a nota máxima, é justamente o cenário. A Namco fez cenários toscos e sem graça, quando comparamos com outros games de luta. O empenho foi excelente, no entanto.
● Nota pessoal: 4/5 (Empenho Excelente)

Som
A qualidade sonora do game é excelente. As músicas do jogo são ótimas e funcionam bem ao propósito que exercem. Os efeitos sonoros de quedas, socos e pancadas são essenciais, e foram muito bem coreografados. Pelo ritmo do jogo, esses efeitos sonoros dão a exata impressão de quão forte foi cada golpe, ou quão bem eles encaixaram no oponente. Até mesmo os grunhidos, gritos e berros dos personagens ficaram legais e foram bem escolhidos. Não tenho do que reclamar. Empenho máximo por parte da Namco.
● Nota pessoal: 5/5 (Empenho Máximo)

Jogabilidade
Este é um dos fatores principais que podemos esperar de um jogo de luta, de fato. Bem, a Namco fez o papel dela: incluiu comandos rápidos e o mais intuitivo possível para todos os botões. Realizar combos e golpes especiais se tornou algo que realmente vem com o treino, e sair esmagando os botões quase nunca resultará em algo que preste. O jogo tem a tendência de estimular que o jogador pratique a domine novos movimentos, mas ele não ajuda muito o jogador a fazer isso. Não há um modo de treinamento, então o jogador só pode aprender a lutar lutando. Sendo assim, muitas vezes ele irá aprender um ou dois golpes especiais e se resumir a isso, lutando apenas com esses dois golpes até o final. Há muitos golpes diferentes, e muita coisa a aprender, mas a falta de um modo de treinamento, unido ao estilo mais complexo de jogo, poderá impedir que o jogador se mantenha praticando. Por isso, empenho excelente, por parte da Namco, com a jogabilidade.
● Nota pessoal: 4/5 (Empenho Excelente)

Diversão
O estilo de luta de Tekken é tão intuitivo e tão interessante que chega a ser mais viciante do que a maioria das outras franquias de games que eu tive a oportunidade de jogar. Qualquer um pode jogar esse game, contanto que pratique. Com comandos simples e precisos, dá para realizar golpes arrasadores. Não será preciso muitos reflexos, e nem a capacidade de apertar muitos botões para vencer os primeiros desafios. Mas, claro, para vencer os personagens mais fortes, teremos de praticar e muito. A curva de aprendizagem é lenta, e deixa o jogador à vontade, mas sempre com a necessidade de melhorar. As últimas partidas se tornam verdadeiros combates pela vida, de modo que o jogador se sente encorajado a treinar mais e mais, e ele sempre encontra um ponto onde possa melhorar, e um ponto forte a explorar, com todos os personagens. Não há nada que atrapalhe essa diversão. Empenho máximo por parte da Namco.
● Nota pessoal: 5/5 (Empenho Máximo)

Longevidade
Tekken possui 8 personagens disponíveis no começo. Cada um deles é diferente, possui um estilo de luta próprio e estratégias únicas para se vencer o adversário, além de possuírem histórias próprias. Sendo assim, vale a pena fechar com cada um deles, nem que seja só para ver o final. Mas, como irá habilitar ainda mais 9 personagens novos, poderá até fechar com eles, mas não vai habilitar nenhum extra com isso, e nem ver final algum. Fora isso, o jogo possui seis dificuldades diferentes, para manter o desafio em alta, e um modo versus repleto de opções para deixar a luta do seu jeito. Enfim, um game para se jogar por várias e várias semanas. A Namco mandou muito bem com a longevidade do game. Empenho máximo.
● Nota pessoal: 5/5 (Empenho Máximo)

Inovação
Tekken é inovador, dentro do seu gênero. Ele extrapolou os limites no que podemos comparar com outras franquias. É verdade que a sua  mecânica lembra muito o Virtua Fighter, da Sega, a ponto de deixar claro que é uma inspiração sua. Mas não se trata de uma cópia barata: o game realmente chega a aperfeiçoar alguns pontos falhos de VF, e traz uma mecânica muito melhor, um estilo de luta mais viciante e personagens mais trabalhados. Comparado ainda a outros games de luta, Tekken deixa o jogador com vontade de que todos os outros games de luta pudessem ser um pouco mais como ele. Sem contar que é o primeiro jogo de luta em 3D do Playstation, tendo sido lançado apenas quatro meses após o lançamento do console. Por essa união de fatores, posso afirmar que o empenho que a Namco teve com a inovação desse game foi considerável.
● Nota pessoal: 3/5 (Empenho Considerável)

Soma Final: 26/30 (Excelente)

Em resumo: Tekken é um clássico épico dos jogos de luta, e não é à toa que é a franquia preferida por muita gente. Eu, pessoalmente, curto muito a série, com seus movimentos realistas e variedade interessante de golpes, fáceis de fazer e viciantes. Vale a pena conferir, com certeza, quer seja apaixonado por jogos de luta ou apenas um curioso. Garanto que vai se divertir muito.


Análises profissionais

O Metacritic não possui uma média para Tekken. 

Detonado em vídeo

Este detonado em vídeo está completo e em excelente qualidade. Ele mostra como fechar o jogo usando a personagem Nina. Mostra uma boa variedade de golpes dela e estratégias interessantes para se passar pelos inimigos mais difíceis. Está na dificuldade normal, e em boa qualidade. Vale a pena conferir.

Parte única


E aí, o que achou desta análise? Curtiu? Deixe-me seu comentário, ou entre em contato comigo pelo e-mail: adm_melhorfinal@hotmail.com ou pelo twitter: @AdmMelhorFinal.
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