segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Pablo Miyazawa - Entrevista


Conhece esse rapaz sorridente acima? Seu nome é Pablo Miyazawa.
Miyazawa é um jornalista que atua no mercado brasileiro de games desde 1996. É editor-chefe da revista Rolling Stone Brasil e colunista do Notícias MTV. Foi editor de publicações como EGM Brasil, Nintendo World, Herói e Clube, além de escrever para títulos como Folha de S.Paulo, Play, Set e MTV. Na Conrad Editora/Futuro Comunicação, participou da criação e foi editor de publicações como EGM Brasil, Nintendo World, Herói, Clube e Pokémon Club, e publicou regularmente na Folha de S.Paulo, revistas Set, MTV, Play e no site Trama Universitário. Poderá encontrar suas matérias no blog Gamer.Br.

Nós, aqui do Melhor Final, conseguimos uma entrevista exclusiva com Miyazawa, apenas com perguntas acerca do mundo dos games. Confira a entrevista:


1 - Quando foi que você se apaixonou por games? Qual foi o jogo que lhe despertou o lado gamer?

Pablo Miyazawa: Acho que não houve um momento exato em que me apaixonei por games. Toda criança tem tendência a gostar de jogar - pode ser game, ou futebol na rua, ou jogo de tabuleiro. Eu demorei a ter contato com jogos, era só nas casas de parentes mesmo. Alguns primos tinham o Atari, e eu só jogava quando os visitava. Cheguei a alugar o videogame quando ainda não podia comprar um. Mas acho que foi um processo natural. À medida que os games evoluiam, eu os curtia mais. E assim tem sido desde que eu era criança, mas com ligeiras interrupções no meio do caminho.
Não teve um único jogo especial. Eu curtia particularmente os games de ação do Atari, mesmo que os gráficos não ajudassem muito. Era legal poder imaginar que aquilo era mais bonito do que parecia. Games como H.E.R.O., Berzerk, Keystone Kapers, Jungle Hunt, Pitfall, eram horrorosos, mas tinham enredo, um personagem principal. Eles faziam minha imaginação voar longe. E nem precisam ser lindos para me divertir.
   
2 - Quando foi que você percebeu que valia a pena trabalhar com games?


Pablo Miyazawa: Demorou. Passei anos trabalhando com games até eu mesmo deixar preconceitos de lado. Não foi muito simples, porque, quando comecei, não havia histórico de vida profissional ligada a videogames, pelo menos não no Brasil. Comecei atendendo telefones na Nintendo, como um "powerline". Passei um ano e meio resolvendo dúvidas de consumidores, o que me fez voltar a ter interesse por essa cultura de jogos. Daí, comecei a fazer revistas, por pura coincidência e oportunidade. Mas nem assim era levado a sério, os colegas jornalistas pensavam que seria algo passageiro. Uns anos depois, o videogame passou a receber o respeito merecido pela sociedade (relativamente falando), e ser um jornalista de games deixou de ter essa aura de "subemprego", e passou a ser visto como uma especialização interessante. Fui me mantendo nisso, sabendo que estava fazendo um bom negócio. 
 
3 - Quando não está jogando e escrevendo sobre games, o que mais gosta de fazer?


Pablo Miyazawa: Ah, na verdade jogar e escrever sobre games se tornou a exceção. Atualmente sou editor-chefe da revista Rolling Stone, tarefa que ocupa a maior parte do meu tempo. Logo, o tempo "livre" eu uso para descansar mesmo. Jogo pouco, bem menos do que gostaria. E escrevo sobre games relativamente semanalmente - quando há assunto, mergulho de cabeça. Quando nada acontece, não consigo tempo para ficar procurando pautas. Mas a parte boa de trabalhar há tanto tempo nesse setor é que as pautas acabam caindo no meu colo sem eu buscar muito. Gostaria de ter mais tempo para me dedicar a uma área que tanto já fez por minha carreira, mas é difícil.

4 - Na sua opinião, os videogames possuem o papel de disseminar cultura, nos dias de hoje?

Pablo Miyazawa: Eu espero que sim. É por isso que me dedico a esse ramo até hoje. Videogames podem ensinar na prática, mas acho que o que eles ensinam não são informações específicas: os jogos ajudam as pessoas a adquirirem novas sensações e percepções que não conseguiriam na "vida real". Muito se fala sobre os games causarem atos de violência ou inspirarem comportamentos negativos. Eu acho que é muito fácil fazer essa leitura e não enxergar o verdadeiro propósito dos videogames, que é nos tornar mais preparados, ligeiros e inteligentes para enfrentar a vida tecnológica. Os games hoje são muito mais complexos e intrincados do que eram há 20, 30 anos. É natural compreender essa tendência como positiva - se os games estão mais complexos, é porque a mente humana está mais preparada também. Isso só pode ser positivo.

5 - Como você avalia o mercado de games hoje em dia, no Brasil?


Pablo Miyazawa: Avalio como um processo constante de chegar a algum lugar, sem objetivo definido. Muito se fala sobre o mercado nacional e sobre o potencial do Brasil para os games, mas não sei onde mais é preciso chegar. As principais fabricantes se encontram no país, os preços estão caindo e cada vez mais pessoas possuem acesso aos lançamentos. O que faltaria? Preços ainda mais acessíveis? Maior variedade em lojas? Maior produção nacional? O problema é que os tiros não são muito direcionados, e as pessoas se acostumaram a reclamar. Acho que falta foco nos objetivos. Mas não penso que a situação atual seja ruim, pelo contrário. Estamos melhores do que já estivemos.

6 - Qual foi a impressão que restou em relação ao ano de 2010?


Pablo Miyazawa: Foi um ano bom para os videogames no Brasil. A Sony começou a fazer negócio por aqui. A Nintendo mudou seu modelo de negócio. A Microsoft prosseguiu com a política de reduzir preços. Não sei se isso representou mais gente jogando, mas já é um caminho. No mercado mundial, foi um ano razoável, nada surpreendente. Estamos no meio de uma geração de consoles, quase nos preparando para saber mais sobre a seguinte. É normal que os títulos bons fiquem mais escassos, raros. Eu não espero muito de 2011 nesse sentido também. Quero saber da próxima geração de consoles. que já deve estar estourando por aí.

7 - Qual é a sua expectativa em relação ao ano de 2011?


Pablo Miyazawa: Como eu falei, não espero muita coisa. Na feira E3, tenho alguma esperança de que as empresas comecem a falar da nova geração de consoles e parem com essas ideias de acessórios que estiveram tão em voga em 2010 – Kinect, Move, etc. Acho que existe uma forte tendência de as fabricantes mudarem o foco para ganhar tempo, ou seja, eles devem fazer com que esperemos mais ainda por novidades sobre os próximos consoles, porque acham que essa geração ainda tem lenha para queimar. Espero que alguma das três grandes me surpreenda com algum avanço realmente palpável. Ficar pulando na frente da televisão não dá!


É isso aí, esta foi a nossa entrevista exclusiva com Pablo Miyazawa! O que achou? Comente!
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