sábado, 28 de julho de 2012

Bayonetta - Análise


Esta é a análise de Bayonetta, lançado pela Sega em 2009 para o Playstation 3 e Xbox 360.

File:Bayonetta Box Art.jpg

Introdução

Já há décadas a sexualidade e a vulgarização da mulher são temas polêmicos a serem discutidos pelos cultos intelectualizados de todo o mundo. Não é de hoje que um produto que estampe a imagem de uma mulher seminua vende mais do que um produto que não exponha uma mulher seminua. E poucas áreas do entretenimento humano sofreu tanto com essa questão quanto a arte, principalmente os filmes, e, claro, os games. Colocar uma protagonista gostosona, carismática, de curvas estonteantes, transbordando sex-appeal e ainda de preferência em poses eróticas e com trajes sumários sempre foi uma excelente campanha de marketing (Tomb Raider e Dead or Alive que o digam!), mas com o passar do tempo esses elementos passaram a ser atribuídos como subterfúgios para jogos que não continham conteúdo, e apenas apelavam para a beleza das mulheres para vender mais. Quando Bayonetta apareceu para acalorar ainda mais as rodinhas de discussão intelectualizadas mundo afora, a crítica especializada de um modo geral se perguntou: será que Bayonetta é um jogo que vale a pena adquirir, excetuando as cenas de estonteante beleza de sua protagonista? É essa dúvida que eu estou aqui para tentar responder nessa análise. Confiram.

BAYONETTA


Informações técnicas

Publicado por: Sega
Desenvolvido por: Platinum Games
Gênero: Hack and Slash Action
Diretor: Hideki Kamiya
Plataforma: Playstation 3 e Xbox 360
Data de lançamento: 29 de novembro de 2009
Faixa etária: Mature

Trilha-sonora da análise

Enquanto lê a nossa análise, que tal escutar o áudio que separamos mais abaixo?


Música Fly Me to the Moon, uma das músicas-tema do jogo, composta por Hiroshi Yamaguchi Helena Noguerra.

Sobre a história (contém spoilers)

A história de Bayonetta é um tanto quanto original. Ela mistura temas das mais diferentes culturas e localidades. Enquanto o enredo toma como base boa parte da cultura de bruxos, também utiliza nomes da mitologia escandinava, teorias religiosas modernas e boa parte do humor ácido contemporâneo. É uma mistura aparentemente sem sentido que vai se encaixando aos poucos até se tornar algo místico porém compreensível, e acaba por ser uma história interessante que vale a pena entender.

A história fala sobre bruxas. Diferentemente do que se deve imaginar, as bruxas não são necessariamente seres ruins. Eles praticam magia negra, magias que usam elementos místicos fornecidos pela própria natureza com a intenção de modificá-la e dominá-la. Há dois tipos de bruxos, que pertencem a forças diferentes: os Umbra Witches, que usam magias das trevas, reverenciam ao Inferno e invocam demônios; e os Lumen Sages, que usam magias da luz, reverenciam a Paradiso e invocam anjos. Sim, a origem dos anjos e demônios, que as filosofias cristãs tanto têm divulgado nos últimos séculos, se confundem historicamente com a origem dos próprios bruxos e das magias, então a relação entre eles até que não é tão absurda assim.


Bruxos e bruxas existem desde os primórdios da humanidade, mas foi na Idade Média que eles se tornaram famosos, realmente poderosos, influentes, e, por fim, perseguidos. Líderes religiosos perseguiram as bruxas de maneira inigualável, eliminando todas as que podia encontrar. Um dia, plena Idade Média, ocorreu uma poderosa guerra entre os Umbra Witches e os Lumen Sages, que culminou no assassinato de diversos bruxos e no desaparecimento do grupo Umbra Witches. Anos depois, a "Caçada às Bruxas" passou a ser tendenciosamente relacionada como culpada pelo desaparecimento das bruxas, enquanto os Lumen Sages secretamente se infiltraram nas mais variadas camadas de poder e persistem até os dias de hoje, em diversas mitologias diferentes.


E a história então gira em torno dessa bruxinha aqui, que se chama Bayonetta:


Meiga, não é? Bem, essa atraente jovem é uma bruxa. Na verdade, ela é a última bruxa do clã Umbra Witches, a única sobrevivente. Ela é especializada nas artes das armas, mais especificamente com armas de fogo, inclusive suas inseparáveis pistolas. Ela possui quatro pistolas, sendo que carrega duas nas mãos e duas nos pés. Sua roupa colada é formada quase que inteiramente pelo seu próprio cabelo, elemento mágico do qual ela possui total controle e é capaz de dar a forma que quiser, de monstros a armas, roupas e acessórios.

Bayonetta nasceu na Idade Média, em plena Caçada às Bruxas, e, por algum motivo, ela passou mais de 500 anos aprisionada e inconsciente dentro de um caixão preso no fundo de um lago. Ela foi resgatada na era moderna por um brilhante jornalista mundialmente conhecido, chamado Antonio Redgrave. Antonio passou a vida inteira pesquisando as bruxas da Idade Média, mais especificamente as bruxas do clã Umbra e do clã Lumen Sages, o clã rival. Quando Antonio encontrou Bayonetta, ele a despertou ao lado de seu filho, Luka Redgrave. Mas um monstro misterioso apareceu logo após ter despertado Bayonetta, e esse monstro matou Antonio. Luka presenciou a tudo, mas, como ele é um humano, e, consequentemente, incapaz de ver os monstros com seus próprios olhos (monstros são criaturas divinas), para ele ficou a impressão de que foi a própria Bayonetta quem assassinou seu pai, apesar de ela ter tentado salvá-lo. Desde então, Luka passou a dedicar toda sua vida a perseguir Bayonetta.


Mesmo assim, a memória de Bayonetta foi intensamente alterada com esses anos todos de aprisionamento, e ela não consegue se lembrar bem de seu passado, e dos motivos que a levaram a ser aprisionada. Para tentar desvendar os mistérios de seu passado, ela conta com a ajuda de diversos amigos e companheiros de armas. Um deles é Rodin:




Rodin é o dono de um bar chamado Gates of Hell. Ele comercializa e contrabandeia todo tipo de armas e itens mágicos, além de suplementos e outros itens. Nascido no Inferno, possui tantos poderes mágicos demoníacos quanto Bayonetta, mas não é muito do tipo que luta, sendo mais do tipo comerciante mesmo. Usa as auréolas e LPs que Bayonetta traz para ele para formar negócios e adquirir produtos no mercado negro. Todas as armas de Bayonetta foi ele quem produziu.


Outro parceiro de Bayonetta é o Enzo:




Esse possui uma participação bem menor no jogo, mas ainda assim importante. Enzo é o pesquisador do grupo, o cara que corre atrás das informações. Incapaz de lutar e medroso por natureza, Enzo não possui armas e não entende muita coisa de demônios, apesar de poder vê-los. Não é necessariamente humano, uma vez que frequente bares demoníacos como o Gates of Hell e conversa com Rodin. É pai de família e ama seus filhos, mas dedica boa parte de seu tempo em busca de informações que possam auxiliar Bayonetta a desvendar seu passado.


Enzo descobre informações importantes sobre os Olhos do Mundo. Desde o início dos tempos, o poder de controlar o tempo e o universo foi dividido em dois artefatos, chamados de Olhos do Mundo. Separados, cada artefato seria o responsável por uma fração do imenso poder, mas, juntos, seriam capaz de um poder incomensurável. O Olho Esquerdo passou gerações sendo guardado pelos Umbra Witches, enquanto o Olho Direito ficou com os Lumen Sages. Após a guerra, Bayonetta se tornou a guardadora do Olho Esquerdo, e ela continua com ele incólume em uma espécie de relógio dourado que leva no peito. Já o Olho Direito estava desaparecido... Até então.


Enzo descobriu que o Olho Direito se encontrava em Vigrid, então ela vai para lá. Chegando a Vigrid, ela encontra Luka Redgrave.




Esse é o filho crescido de Antonio Redgrave, aquele que tirou Bayonetta de sua lápide. Como ele presenciou a morte de seu pai diante de Bayonetta, e é um humano, portanto incapaz de ver os demônios, para ele foi a Bayonetta a assassina. Por causa disso, ele passa a vida inteira dele atrás da pobre Bayonetta, jurando vingança.


Além de Luka, Bayonetta encontra também bruxa e também bela Jeanne:




Jeanne é uma bruxa do clã Umbra Witches também, portanto mais uma sobrevivente, ao contrário do que se poderia imaginar. Mas ela sobreviveu apenas por se aliar aos Lumen Sages, de modo que ela não segue mais as diretrizes dos Umbra Witches. Ela já foi guardiã do Olho Esquerdo, e reconhece a guarda de Bayonetta, mas se mostra contra Bayonetta por algum motivo, chegando a enfrentá-la algumas vezes. As motivações de Jeanne são incertas, mas ela e sua moto perseguirão Bayonetta por todos os cantos. Ela parece estar atrás dos Olhos do Mundo, e sua personalidade é mais forte e agressiva do que a de Bayonetta.


Por fim, Bayonetta encontra também a pequenina Cereza:




Cereza é uma garotinha que possui muitas semelhanças físicas com Bayonetta. A própria Bayonetta não reconhece a garota e nem faz ideia de onde ela possa ter vindo, mas a garotinha insiste que Bayonetta é a sua "mamãe". Bayonetta se sente no dever de protegê-la e levá-la para casa, apesar de a garota não ter a mínima ideia de quem seja a sua família ou onde seja a sua casa. Cereza possui poderes especiais e evidente sangue bruxo, uma vez que ela é capaz de ver os demônios e os anjos. Ela também traja artefatos mágicos, como seus óculos, que são especiais.


Bayonetta e Luka eventualmente se reúnem e passam a trabalhar juntos, apesar de que Luka não confia muito em Bayonetta e na sua inocência. Ambos passam a proteger Cereza das forças do mal, já que ela parece atrair bastante confusão à sua volta.


Até que Bayonetta descobre a verdadeira intenção dos Lumen Sages: invocar o deus criador do universo, de nome Jubileus. Para conseguir invocar Jubileus, eles precisarão do Olho Direito e do Olho Esquerdo. Como se não fosse bastante, Bayonetta ainda descobre que ela mesma é a a pequena Cereza. Cereza é a forma que a Bayonetta tinha quando era uma criança. Tecnicamente falando, o verdadeiro nome de Bayonetta então é Cereza. Está perdido? Vou tentar explicar melhor.


Mais de 500 anos atrás, Jeanne era a guardiã do Olho Esquerdo. Ela precisava passar o artefato adiante, e decidiu que iria passá-lo para aquela que conseguisse vencê-la em batalha. Cereza (Bayonetta) a desafiou e conseguiu vencê-la, se tornando a mais nova guardião do Olho Esquerdo. Como uma forma de protegê-la durante a guerra, Jeanne colocou Cereza em um sono profundo, onde os Lumen Sages jamais poderiam encontrá-la. Esse sono durou 500 anos, até que Bayonetta despertou sem lembrar o que aconteceu.


E, falando nisso, Bayonetta descobre quem são seus pais. Essa é a sua mãe, Rosa, uma poderosa e bondosa bruxa do clã Umbra Witch:




E esse é seu pai, Father Balder, poderosíssimo e influente líder dos Lumen Sages:




Que belos pais, não? Uma bruxa do Umbra Witch e o líder do Lumen Sage tiveram uma filha? É claro que isso não podia acabar bem, uma vez que os dois clãs eram rivais. A mãe foi aprisionada para sempre, e o pai foi exilado do clã. Mas a pequena garota Cereza conseguiu viver, escondida, e se tornou uma bruxa poderosa com domínio sobre as arte do Umbra Witch e do Lumen Sage. Quando a guerra entre os clãs ocorreu, Cereza sobreviveu graças ao sono imposto por Jeanne, Jeanne sobreviveu pois se aliou aos Lumen Sages e Father Balder sobreviveu porque estava exilado e não participou da guerra.


Bayonetta se encontra pessoalmente com Father Balder, seu pai, que veio a se tornar o CEO da Ithavoll Corporation, uma empresa de fornecimento de energia muito rica e poderosa no país de Isla del Sol, famosa por suas pesquisas recentes em uma nova fonte de energia inesgotável. De quebra, Father Balder revela que seu desejo sempre foi o de reunir o Olho Esquerdo e o Olho Direito para ressuscitar Jubileus. Foi ele o causador da guerra entre os clãs que culminou na quase disseminação dos clãs em todo o mundo. E foi ele que mandou sequestrar Bayonetta quando ela acordou de seu sono, e acabou com a morte de Antonio Redgrave. Enfim, é Father Balder o vilão da história.


E Balder ainda faz a revelação final: ele possui o Olho Direito. E ele explica que os Olhos não são pedras, e sim pessoas. Ou seja: não é a pedra no relógio do peito da Bayonetta que é o Olho Esquerdo, e sim a própria Bayonetta. Ela mesma foi concebida para ser o Olho Esquerdo, a fonte de energia do clã Umbra Witch que é capaz de trazer Jubileus à vida. E Balder é o Olho Direito.


Bayonetta derrota Balder, mas ele ainda é capaz de aprisioná-la. Usando o corpo de Bayonetta, juntamente de seu próprio corpo, eles conseguem o até então impossível: reviver Jubileus, o Criador do Universo.




Mas nem tudo está perdido. Com a queda de Balder, Jeanne, que estava sendo mentalmente controlada por ele, desperta de seu transe e consegue chegar ao local a tempo de poder resgatar Bayonetta de dentro de Jubileus. As duas juntas lutam contra Jubileus, e, com muito esforço, conseguem derrotá-lo de uma vez por todas, invocando Queen Sheba.


Basicamente, a história acaba aqui. Anos depois, no epílogo, Bayonetta é dada como morta, e Luka, Rodin e Enzo comparecem ao seu velório. Mas, na verdade, tudo não passava de uma brincadeira, e tanto Bayonetta quanto Jeanne estão mais vivas do que nunca. E elas continuam seu passatempo preferido: descer a porrada nas criaturas angelicais.


E essa foi a história do jogo. Espero que tenham gostado!

Sobre o jogo

Vamos lá. Vamos tentar ser o mais imparcial possível e deixar de lado as discussões intelectualizadas e as polêmicas. Vamos ignorar as belíssimas curvas da protagonista, a roupa colada, os close-ups nas partes carnudas, a nudez parcial, as poses sensuais durante os golpes, o modo provocante como aquela boquinha carnuda chupa aqueles pirulitos, e... Bom, vamos deixar tudo isso de lado e falar do jogo Bayonetta em si.
Bayonetta é um jogo do gênero Hack and Slash Action, e quanto a isso não tem muito a ser dito, não é? O estilo é bem conhecido. Não é Hack and Slash do tipo God of War ou Dante's Inferno, e sim mais ao estilão arcade de jogos como Devil May Cry. Avançamos pelas fases, de modo bem linear, pegando itens e destruindo os cenários, e de vez em quando o jogo para e prende o jogador em um cenário cercado de monstros que temos de matar para seguir em frente. Após derrotar os monstros, com shows de combos, cores e magias, ganhamos pontos que podemos usar para adquirir novos itens, e então estamos liberados para seguir em frente, enfrentando mais monstros indefinidamente até o chefão da fase. Sim, você já conhece a fórmula. É simples assim, sem grandes inovações.
Bayonetta é uma bruxinha bem versátil, com uma gama de poderes e golpe que chega a ser quase interminável. São tantas possibilidades, tantos golpes para se realizar, que é preciso dedicar algum tempo para se acostumar com todos eles. Os combos são realizados de forma tecnicamente simples, alternando repetições de botões em ordens diferentes ou em tempos diferentes, e todos os combos podem ser facilmente realizados. Bayonetta pode desferir chutes, espadadas e tiros com tamanha habilidade que os monstros não têm nenhuma chance contra um jogador mais experiente.
É claro que o jogador pode acabar viciando nos mesmos golpes repetidas vezes, principalmente aqueles mais eficientes, que incluem golpes rápidos e de preferência que invoquem a famosa "mãozinha" que afasta o inimigo para bem longe. Muitas vezes, são esses golpes que salvam vidas, então esses golpes mais fortes acabam sendo usados repetidas vezes. Mas, caso o jogador queira aprender novos e mais instigantes golpes, ele não tem desculpas. Em todos os loadings, entre fases e entre partes do cenários, Bayonetta estará disponível em uma sala de treinamento no qual poderá treinar quantos golpes quiser. Além de aparecer uma extensa lista no lado direito, com todos os golpes disponíveis, poderá ver com mais detalhes quais são os botões que estão sendo pressionados, no centro da tela.
Um dos comandos que o jogador mais terá de se acostumar a usar (e se tornar habilidoso ao fazê-lo) é o desvio. Ao toque de um botão, Bayonetta desvia para o lado, podendo assim fugir de alguns golpes e evitar tomar dano. Mas porquê que esse comando é tão essencial assim nesse jogo? Ora, porque, toda vez que o jogador realizar uma esquiva no momento exato em que Bayonetta estava prestes a tomar algum golpe, ela acionará imediatamente um efeito especial chamado Witch Time, no qual tudo fica em slow-motion por alguns segundos: tempo mais que suficiente para remeter um combo nos adversários. Esse poder é infinito e muitíssimo interessante de se usar, então vale a pena se acostumar a realizá-lo, para poder contar com ele nos momentos de dificuldade.
E o que seria do jogo se não fossem as finalizações sangrentas e violentas? Pois elas estão aqui, é claro. Como todo Hack and Slash Action esmagador de botões, sempre que a barra de magia estiver em alta, podemos acionar um comando de tortura no oponente, invocando um sistema de tortura medieval conhecido (pode ser guilhotina, dama de ferro, cavalo de estiramento, depende do monstro que estamos matando) e esmagando um botão para trucidá-lo até arrancar a última gota de sangue. Essas finalizações consomem a barra de magia (que não serve para nada além disso), e são um pouco cansativas de se fazer. Após realizar uma boa parte delas, provavelmente ficará com os dedos e o braço doendo, de tanto que literalmente esmagará os botões repetidas vezes.
Os monstros, aqui chamados assim, são na verdade o que podemos chamar hoje em dia de anjos, se bem que o verdadeiro significado da palavra "anjo" nos tempos modernos seja um pouco diferente do termo original. Anjos, ou mensageiros, ficaram conhecidos como seres semi-humanos com auréola na cabeça e que tocam harpa, mas sua origem é bem diferente: são seres das mais diferentes raças, destraçadores de demônios, com muita força e de violência implacável, mas sempre a favor da justiça. Guerreiros habilidosos, dominam as artes da luz e possuem uma hierarquia rígida, indo da terceira tríade (anjos, arcanjos e principados) até a primeira tríade (ofanins, querubins e serafins). Há diversos tipos diferentes de anjos, cada um deles com sua respectiva força, habilidades e armas.
De um modo geral, controlar uma bruxa que invoca demônios perversos em uma luta incessante contra criaturas celestiais pode parecer algo satânico e perturbador, mas acredite, não é nada disso. Até porque o foco do jogo não remete a nada, de nenhum tipo de religião em específico. Não é uma ofensa à cultura de ninguém. Sem contar que algumas horas de pesquisa acerca da origem dos principais termos aplicados no jogo (anjos e demônios) irão demonstrar que a filosofia que o jogo emprega acerca dessas criaturas está de certa forma mais próxima da realidade do que o que algumas pessoas costumam acreditar por aí. Portanto, nada de criar polêmicas com coisinhas à toa. Já bastam os feministas de plantão.
Nem só de avança-avança se passa Bayonetta. Apesar de ser plenamente linear do começo ao fim, há alguns momentos em que a ação dá a pausa e cede lugar para um pouco de raciocínio também. Há alguns puzzles espalhados pelo jogo, que farão o jogador parar e pensar. Tudo bem, não são quebra-cabeças assim tão complexos (assim como todos os demais Hack and Slash Actions), apenas o suficiente para impedir que o jogo fique mais repetitivo do que deveria. A maioria dos puzzles apenas exige um mínimo de percepção de cenário, de atenção aos detalhes, de reflexo e de rapidez de raciocínio.
Os cenários de Bayonetta são amplamente exploráveis. Há muitos cantos e salas escondidas, com muitos itens que podemos adquirir. Vale a pena explorar cada cantinho dos cenários, atrás de baús de itens, ou nem que seja para destruir o cenário. Até porque os cenários possuem muitos enfeites e móveis que podem ser destruídos, revelando auréolas, cristais, entre outros itens. Há ainda alguns cantos escondidos com paredes que são destrutíveis, mas cabe ao jogador ser perspicaz o bastante para localizar essas salas escondidas. Além de baús e itens, poderá encontrar passagens secretas para fases extras, que servem como mini-games. Nessas salas, chamadas de portais de Alfheim, temos um objetivo para cumprir em um determinado tempo, e, se realizarmos o objetivo, adquirimos um item raro. Alguns desses itens raros, quando acumulados, podem aumentar o limite de magia ou de energia de Bayonetta, de forma que vale muito a pena participar desses mini-games, que, diga-se de passagem, são bem difíceis.
E, como não poderia deixar de ser, ao final de cada "leva" de monstros, somos pontuados de acordo com o nosso desempenho, de forma bem semelhante ao que acontece com jogos como Devil May Cry. Recebemos pontos que variam de acordo com a quantidade de dano que recebemos, o tempo que levamos para dizimar os monstros, a variedade de golpes que usamos, e se precisamos ou não usar itens especiais para passar daquela determinada área. Esses pontos nos rendem troféus, que variam de troféus de pedra a pura platina; e também são convertidos em auréolas, que são a moeda do jogo, usados para se comprar novos itens, armas, entre outras coisas. Os troféus, acumulados ao longo da partida, rendem um troféu geral ao final de cada fase, que, por sua vez, se reflete no troféu que receberemos quando fecharmos o jogo.
Com as auréolas (também conhecidos como halos) que ganhamos ao derrotar os monstros, adquirir troféus ou destruir partes do cenário, podemos ir para o bar de Enzo, que se chama Gates of Hell, e comprar novos itens, armas, movimentos, combos, habilidades, entre outras coisas. Podemos acessar o Gates of Hell após cada uma das fases, e também dentro das próprias fases, em portais específicos. A quantidade de coisas que podemos comprar é muito grande, assim como a quantidade de halos que eles exigem para que possamos comprá-las. A princípio, o preço dos produtos (principalmente das armas e das técnicas novas) pode realmente assustar, uma vez que precisaríamos economizar os halos de várias fases seguidas para conseguir comprar uma única arma um pouco mais cara. E acredite: economizar halos não é nada fácil, pois as fases vão ficando mais e mais difíceis, e os itens mais caros, de modo que precisamos desembolsar, fase após fase, mais e mais halos para suprir os itens usados. E o que acontece? Acontece que podemos acabar fechando o jogo sem comprar metade dos itens que tem à venda. E é o que realmente vai acontecer.
Esse é um dos pontos positivos do jogo, no que se refere à longevidade. Bayonetta permite que se possa retornar para qualquer fase já completada para que se possa refazê-la tudo de novo. Além de tentar melhorar a sua performance anterior, conseguindo melhores troféus, poderá adquirir cada vez mais auréolas. Essa é uma estratégia indicada para aqueles que quiserem comprar as armas e itens mais caros, mas saibam que será uma tarefa bem longa e cansativa. Conseguir troféus de platina em todas as fases e acumular auréolas o bastante para comprar todos os itens (é uma quantidade absurda de dinheiro!) pode ser uma tarefa que leve algumas semanas ou até meses.
Para auxiliar Bayonetta em sua aventura, há diversos itens que podemos adquirir ou comprar nas lojas. Esses itens vêm na forma de pirulitos coloridos ou outros apetrechos femininos (batons e presilhas), e podem ser usados rapidamente, a qualquer momento da partida. Há pirulitos que curam a vida, aumentam a energia, deixam Bayonetta mais forte por alguns segundos, ou até mesmo criam um casulo protetor ao redor dela por alguns instantes. Todos esses itens são importantes para a aventura, e limitados também. Vale a pena economizar alguns desses itens e mantê-los para os momentos de necessidade, até porque o jogo estipula um limite na quantidade. A partir do momento em que já possui tal limite, o jogo proíbe que compre mais, apesar de que ainda poderá conseguir mais itens nas fases. Também é possível fabricar os itens, usando combinações de cristais de energia que são adquiridos na vitória sobre alguns monstros.
Bayonetta possui diversas armas à sua disposição. Apesar de já começar o jogo apenas com socos, chutes, poderes e suas pistolas, ela vai adquirindo novas armas conforme prossegue no jogo. Algumas novas armas vêm naturalmente, enquanto outras precisam ser realmente adquiridas. Bayonetta vai encontrando pequenos fragmentos de LPs no decorrer da fase. Alguns fragmentos são encontrados em locais escondidos, e outros vêm com a derrota de chefes e grandes inimigos. Reunindo todos os LPs, podemos convertê-los em uma arma novíssima em folha, mas que ainda precisa ser comprada. Uma vez adquirida uma arma, podemos equipá-la em um determinado braço (ou perna), podendo formar toda sorte de combos com ela. Há ainda algumas armas temporárias que podem ser adquiridos após derrotar algum inimigo mais poderoso, mas essas armas desgastam e somem depois de um tempo.
O clímax de Bayonetta, sem sombra de dúvida, são os chefes. Cada fase costuma ter de um a três chefes, que são nada mais do que inimigos grandalhões, com muita energia e que causam danos incríveis. Fora isso, os chefes são verdadeiros shows à parte, pois possuem designs únicos e brilhantemente produzidos e detalhados. Cada um deles exigirá uma determinada dose de atenção do jogador, para que possa aprender seus movimentos e descobrir a melhor forma de atacá-lo sem se tornar vulnerável demais aos seus ataques. Alguns deles são realmente difíceis, do tipo que vai fazer com que tenha de morrer e voltar repetidas vezes até aprender como é que se luta contra ele. Talvez passe raiva com alguns deles (principalmente nas últimas fases), mas, após alguns momentos de raiva e de frustração (e muitos itens), conseguirá derrotá-los.
E a parte mais legal da batalha contra os chefes é o final, quando aparece o comando de invocação. Bayonetta é capaz de invocar um summon gigantesco, feito de seu cabelo mágico, para lutar contra a criatura angelical. O demônio pode assumir diversas formas, sendo de falcão, aranha e cachorro as mais populares. Os momentos de invocação rendem grandes cenas de ação e efeitos especiais (além de muito esmaga-botões), chegam a ser os momentos mais bacanas do jogo.

Minha análise do jogo

Gráficos
Eu seria um maluco se dissesse que o visual do jogo não é bonito, não é mesmo? E eu lá tenho do que reclamar por ter de observar uma gatíssima morena de roupa colada correr para lá e para cá, com direito a close-ups intensos nas partes mais interessantes, e ainda que gosta de tirar a própria roupa para invocar summons? Bom, brincadeiras à parte, Bayonetta é um show à parte em relação aos gráficos (e não estou falando da protagonista). Inspirado em tudo o que há de mais moderno e mais fashion nos dias atuais, o trabalho de arte e design de personagens foi feito pela Mari Shimazaki, e ela entende da coisa. Tudo no jogo salta aos olhos, desde o design dos personagens até mesmo ao design criativo e imoral dos inimigos angelicais, sem contar com os cenários variados e muitíssimo detalhados (e ainda por cima destrutíveis). Nada como uma bela vista aos jardins do paraíso para ver o quanto eles se empenharam nos gráficos do jogo, inclusive em relação a efeitos especiais, jogos de câmera, efeitos de luz, água e sombra, entre outras coisas. A animação dos personagens também está ótima, dos personagens principais aos secundários e oponentes, tanto nas animações (estilosas, com direito a efeitos de cor e de edição) quanto no jogo em si. Sem mais, empenho máximo por parte da Platinum Games em relação aos gráficos.
● Nota pessoal: 5/5 (Empenho Máximo)

Som
O aspecto sonoro é um dos poucos aspectos que me fazem crer que a intenção por trás de Bayonetta acabou ficando bem mais diferente daquilo que deveria. Ao invés de ser um jogo tão declaradamente voltado ao público masculino, Bayonetta guarda um potencial oculto: tentativas isoladas de atrair o público feminino ao jogo. Se a Platinum Games quisesse, eles poderiam simplesmente encher o jogo de rock pesado, solos de guitarra, batidas à la Devil May Cry, ou mesmo músicas sexy e até batidas eróticas que não causaria nenhum tipo de espanto. Mas, ao invés disso, eles deram preferência a ritmos mais alegres, mais fofos, mais inusitados, mais... Femininos? Sim, as composições do jogo foram feitas para atrair as garotas mais do que qualquer coisa. J-Pop recheado de batidas de ritmo frenético demarcam as batalhas de uma forma impressionantemente cativante, sem contar com o jazz e com os corais que preenchem o restante do jogo. Chega a ser genial a escolha das composições, e tudo isso se deve a Hiroshi Yamaguchi e a Masami Ueda, os principais compositores do jogo. Fora as composições, os efeitos sonoros e as atuações de voz também se encontram excelentes. E eles tiveram empenho máximo, até porque fizeram algo que está fora dos padrões e deu super certo.
● Nota pessoal: 5/5 (Empenho Máximo)

Jogabilidade
Bayonetta me deixou sequelas... Seriamente. O jogo é tão viciante que eu passei horas e mais horas jogando sem parar. Mas acontece que Bayonetta é um desses jogos em que esmagar botões chega a ser quase uma prioridade, principalmente nos combos mais intensos contra chefões (ainda mais durante summons, e piora ainda mais nas etapas finais do jogo). Pois bem, de tanto esmagar botões e girar analógicos meu braço direito começou a doer muito. Passei uma semana inteira com meu braço direito incomodando por causa do esforço repetitivo de esmagar sempre os mesmos botões. Detalhe: isso não havia acontecido nem com God of War e nem com Devil May Cry (que também passava horas direto jogando). Mas merece seus créditos: a jogabilidade do jogo é viciante por demais. Trata-se de um daqueles jogos que é simples de se começar e complexo de se aprofundar. São muitos combos e estilos diferentes que podem ser assumidos pelo jogador, e descobrir sua identidade própria em relação às armas e movimentos prediletos pode levar algum tempo. E nunca deixa de ser divertido - mesmo quando seu braço já está doendo de tanto esmagar botões. Quando paro para pensar no quanto esse jogo cativa o jogador a realizar mais e mais combos diferentes, me vêm à cabeça de que talvez seja a melhor mecânica de um Hack and Slash que já vi até hoje. Bom, talvez esteja exagerando, mas a jogabilidade é bom pacas. Empenho máximo por parte da Platinum Games.
● Nota pessoal: 5/5 (Empenho Máximo)

Longevidade
Bayonetta por si só possui cerca de 15 a 20 horas de jogo para quem quiser apenas fechar, e for suficientemente prático para conseguir avançar sem muitos problemas. Mas acontece que o jogador irá fechar com menos da metade dos itens à venda comprados, se fizer isso. Porque os itens mais interessantes e mais poderosos são os mais caros, e adquiri-los irá exigir horas e horas de acúmulo de auréolas. Caso o jogador queira ir refazendo as fases, para conseguir melhores troféus e encontrar todos os itens secretos e colecionáveis escondidos, pode acrescentar mais umas 30 horas de jogo no mínimo. Acredite: mesmo no nível de dificuldade mais fácil, não é tão simples assim conseguir troféu de platina nas últimas fases, encontrar todos os itens escondidos e passar por todos os mini-games nos portais de Alfheim. E levando em consideração que os amantes por desafio sempre terão o modo de dificuldade mais difícil para realmente terem que suar a camisa nas batalhas frenéticas. Enfim, Bayonetta é um jogo repleto de conteúdo, e ele incentiva o jogador a continuar jogando por muito tempo, mesmo após fechá-lo pela primeira vez. Mesmo sem um modo multiplayer ou algo do tipo, a quantidade de coisas para fazer é enorme. O empenho que a Platinum Games teve com a longevidade foi máximo.
● Nota pessoal: 5/5 (Empenho Máximo)

Inovação
Ouso dizer que Bayonetta faria um belíssimo par romântico com Dante, de Devil May Cry. Os dois jogos são muitíssimo parecidos, em quase todos os aspectos, com a brilhante diferente de que Devil May Cry possui uma pegada mais masculina enquanto Bayonetta é uma pegada mais feminina. Mas não entendam mal: não é que Bayonetta seja uma cópia do outro. De forma alguma, os estilos são iguais mas a concepção ficou bem distinta. Dá para apontar semelhanças em quase todos os pontos, mas ouso dizer que, dentro de seu contexto, Bayonetta é bem MELHOR do que Devil May Cry. Mais criativo, mais dinâmico e mais viciante. Contagia mais o jogador, o mantém mais ligado, conta sua história de uma forma melhor, enfim, melhor em diversas coisas. Posso dizer que Bayonetta pegou a fórmula de sucesso de Devil May Cry e deu uma bela repaginada completa. Em uma época do qual o gênero passou a receber algumas adaptações genéricas, Bayonetta serve como referência de que a genialidade pode fazer toda a diferença. Não tem nenhum jogo por aí, Hack and Slash Action ou não, que tenha a pegada e a ousadia de Bayonetta. Nada como um toque feminino e fashion para tornar um jogo exclusivo e único no mercado.
● Nota pessoal: 5/5 (Empenho Máximo)

Diversão
Bayonetta foi feito com a única missão de ser divertido. É o foco do começo ao fim. Descer a porrada em criaturas angelicais usando golpes demoníacos é o que mais fará no decorrer do jogo, e em todos os momentos sempre irá fazer com prazer. Mesmo que o braço doa de tanto torturar seus oponentes e invocar summons (não jogue por muitas horas seguidas, que nem eu, ou pode ser que se arrependa), as batalhas mantêm o jogo em alta. O problema é o que fazer quando não se tem batalhas. Pois é. Bayonetta possui um número muito reduzido de puzzles para resolver, quando comparado com outros jogos, e mesmo assim os puzzles são muito simples de se resolver e repetitivos. Isso faz com que o jogador mal perceba a sua evolução e avance rápido demais, entre uma batalha e outra, dando a impressão de que o jogo é básico e repetitivo demais. Se a Platinum Games tivesse reforçado um pouco mais os puzzles e evolução nas fases extra-batalhas, a diversão do game teria alcançado seu ápice. Mas, mesmo assim, o empenho que eles tiveram com a diversão foi excelente.
● Nota pessoal: 4/5 (Empenho Excelente)

Soma Final: 29/30 (Excelente)

Em resumo: Bayonetta se saiu uma grata surpresa, pelo menos para mim. Inicialmente acanhado pela presunçosa tentativa de apelar ao público masculino colocando uma personagem evidentemente chamativa e provocante, sinceramente não esperava que Bayonetta se saísse um jogo tão bom quanto eu acabei experienciando. Fiquei boquiaberto em diversos momentos, e, quando cheguei ao fim, estava com o braço doendo de tanto esmagar botões, mas contente com os bons e mais momentos que havia acabado de presenciar. Bayonetta vicia, e deixa saudade nos jogadores. Pelo menos deixou em mim. Será que vou sonhar com a protagonista um dia, hein?


Análises profissionais

A média pela Metacritic para Bayonetta é 90/100.

Detonado em vídeo

Este é o melhor e mais detalhado detonado em vídeo deste jogo disponível na internet. Realmente completo, ele mostra a melhor forma de passar pelas fases do jogo, completar os puzzles, derrotar os chefes e encontrar os itens secretos. Não é um detonado 100%, mas mostra a maioria das coisas do qual é possível fazer nesse jogo, contando com muitos combos sensacionais. Vale a pena assistir:

Parte 1 - Prologue


Parte 2 - Chapter 1: The Angel's Metropolis


Parte 3 - Chapter 2: Vigrid, City of Déjà Vu


Parte 4 - Chapter 3: The Burning Ground


Parte 5 - Chapter 4: The Cardinal Virtue of Fortitude


Parte 6 - Chapter 5: The Lost Holy Grounds


Parte 7 - Chapter 6: The Gates of Paradise


Parte 8 - Chapter 7: The Cardinal Virtue of Temperance


Parte 9 - Chapter 8: Route 666


Parte 10 - Chapter 9: Paradiso, a Rememberance of Time


Parte 11 - Chapter 10: Paradiso, a Sea of Stars


Parte 12 - Chapter 11: The Cardinal Virtue of Justice


Parte 13 - Chapter 12: The Broken Sky


Parte 14 - Chapter 13: The Cardinal Virtue of Prudence


Parte 15 - Chapter 14: Isla del Sol


Parte 16 - Chapter 15: A Power to Truth


Parte 17 - Chapter 16: The Lumen Sage


Parte 18 - Epilogue


E aí, o que achou desta análise? Curtiu? Deixe-me seu comentário, ou entre em contato comigo pelo e-mail: adm_melhorfinal@hotmail.com ou pelo twitter: @AdmMelhorFinal.
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