quarta-feira, 17 de abril de 2013

Tomb Raider - Análise

Esta é a análise de Tomb Raider, lançado pela Square Enix em 2013 para o Playstation 3Xbox 360 e PC.

File:TombRaider2013.jpg

Introdução

A franquia Tomb Raider passou por muitos altos e baixos ao longo dos anos. Após o lançamento de Tomb Raider: Underworld, em 2008, mistérios cercaram o futuro da franquia. Eles dividiram o estúdio em dois, de modo que uma parte fazia spin-offs para portáteis (como o Lara Croft and the Guardian of Light) e a outra parte se preparava para fazer um novo Tomb Raider, voltado inteiramente para a nova geração de consoles.  Nesse meio tempo, em 2009, a Eidos, publicadora da série desde os primórdios, foi comprado parcialmente pela Square Enix, e a Square passou a ditar as regras sobre a franquia. Foram dois anos de produção antes que a empresa sequer divulgasse suas primeiras imagens, e a informação passada era de que não seria uma continuação, e sim uma renovação completa da série, uma forma completamente diferente de contar a história de Lara Croft. Seria um jogo inteiramente novo, replanejado fora dos moldes dos jogos anteriores, com a intenção de redefinir a personalidade de Lara Croft e atualizá-la para se tornar uma heroína moderna e condizente com a atual fase do gênero Action-Adventure. Tudo isso era a aposta da Square Enix, em parceria com a Crystal Dynamics, para revitalizar a série de uma vez por todas no cenário moderno de games. Será que deu certo? É o que veremos no decorrer dessa análise.

TOMB RAIDER


Informações técnicas

Publicado por: Square Enix
Desenvolvido por: Crystal Dynamics
Gênero: Action-Adventure
Diretor: Noah Hughes
Plataforma: Playstation 3, Xbox 360 e PC
Data de lançamento: 5 de março de 2013
Faixa etária: Mature

Trilha-sonora da análise

Enquanto lê a nossa análise, que tal escutar o áudio que separamos mais abaixo?


Música tema do jogo, composta por Jason Graves.

Sobre a história (contém spoilers)

Esse jogo retrata o começo de tudo. Esse Tomb Raider não possui qualquer relação com os demais jogos da série. Não se trata de apenas "um jogo que veio antes", pois, mesmo na série anterior, já houve games que tentaram explorar o início da carreira de Lara Croft (como o The Last Revelation, por exemplo). Não, não. Esse Tomb Raider é completamente novo. Esqueça a história dos demais, não é um prelúdio, e sim uma remontagem completa. Tendo deixado isso claro, vamos em frente.

Não podemos começar sem, antes, falar sobre Lara Croft:


A bela morena de lábios carnudos acima é Lara Croft, protagonista da série. Ela é britânica e filha de pais arqueólogos famosos e ricos. Por estar sempre próximo aos pais, e por sempre acompanhar os pais em excursões incríveis ao redor do planeta, ela nutre desde a infância o gosto pela arqueologia. No entanto, em uma das expedições seus pais desapareceram. Ela passou a ser criada sozinha, tendo como única parceria a fortuna herdada e o gosto por antiguidades. Ela entrou na Universidade de Londres e começou a cursar Arqueologia, enquanto ensaiava intrincadas teses sobre religiões antigas asiáticas.

Ainda na faculdade, Lara fez vários amigos, como por exemplo a sua melhor amiga Samantha Nishimura:


Samantha, mais conhecida como Sam, é colega de classe de Lara. Ela nasceu em Portugal, mas tem cidadania japonesa. Seus pais viajavam muito, e ela sempre curtiu culturas diferentes, o que fez com que ela cursasse Arqueologia. Por ser descendente de japoneses, ela fala o idioma e é apaixonada pela cultura oriental, e ainda está se especializando em culturas asiáticas antigas, assim como Lara.

Lara e Sam tinham algo em comum: além de bonitas, ricas e estudiosas, ambas adoravam aventura. Ambas haviam viajado muito pelo globo terrestre (por motivos diferentes), e nutriam uma paixão sem limites por locais novos e inexplorados. Tal sede por aventura fez com que as duas endinheiradas resolvessem fazer um estudo mais aprofundado por religiões orientais, tema predileto das duas.

A oportunidade de ouro apareceu quando James Whitman resolveu procurar ajuda.


James Whitman é o apresentador de um documentário televisivo chamado Whitman's World. Seu programa,  baseado em suas atividades e excursões como renomado arqueólogo, teve uma grande primeira temporada, onde conseguiu fama e sucesso, mas depois teve uma péssima segunda temporada, o que lhe deixou no limbo entre as celebridades. Whitman se tornou disposto a fazer um grande documentário, para emplacar a audiência e reavivar seu renome entre as celebridades televisivas. Porém, sem muitas ideias, ele resolveu pedir ajuda a um dos maiores exploradores desse mundo em atividade, Conrad Roth:


Roth é um caçador de tesouros perdidos de longa data. Uma espécie de mercenário, que vive em busca de aventuras, sempre à caça de tesouros antigos e pouco falados, para depois vender. No entanto, é inteiramente respeitado pelos pesquisadores e explorados, ainda mais pelos arqueólogos, que buscam sua ajuda quando querem fazer alguma expedição remota e arriscada. Ele é capitão de um navio chamado Endurance. Era amigo de longa data de Richard Croft, pai de Lara Croft, e acompanha o crescimento de Lara desde que ela era criança, com um sentimento bem paternal. Roth é o mais próximo que Lara mantém de um parente e amigo, e ele a trata com todo o carinho e respeito possível, incentivando-a a ser uma exploradora e a confiar em suas habilidades.

Whitman teve a ideia de fazer um documentário sobre as religiões antigas asiáticas, mais propriamente sobre a Himiko, Deusa do Sol e rainha da ilha de Yamatai, uma bela e indomável imperatriz que dominava os poderes do trovão e da tempestade. Venerada diariamente pela população local, sua lenda percorre o mundo todo. O problema é que a ilha Yamatai é cercada por diversas tempestades, redemoinhos e tem uma péssima reputação por destruir os navios que chegam perto do temido "Triângulo do Dragão". Descobrir a ilha Yamatai daria reputação e muito dinheiro para Whitman, que, por sua vez, precisa contar com os melhores. Whitman chamou Roth para ser o capitão da expedição. Roth, é claro, conta com toda a sua tripulação especialista em aventuras, que é essa tripulação aqui:


Esse é Angus Grimaldi, ou Grim. Nascido na Escócia, mais especificamente na perigosa região de Glasgow, Grim conheceu Roth nos tempos de marinha mercante. Ambos se ajudaram e se tornaram grandes amigos, com uma confiança indiscutível um no outro. Roth não confiaria em outra pessoa para ser o timoneiro de seu navio. É o timoneiro do Endurance e conhece o mar como ninguém. Já navegou por todos os mares do mundo, e tem a carta náutica mundial na palma da mão.


Essa é Joslin Reyes. Ela é americana, nasceu e foi criada no Queens, Nova Iorque. É uma ex-policial que abandonou a carreira após ter sido acusada de assassinar um líder do tráfico de drogas. Ela decidiu virar mecânica, e hoje é uma das mecânicas navais mais respeitadas dos EUA. Conheceu Roth já há bastante tempo, e desde então vem trabalhando em seu navio, de modo que virou a chefe mecânica do Endurance. Tem uma filha, chamada Alisha, que, devido ao seu emprego, passa mais tempo com sua irmã do que com ela. Alisha é a sua grande motivação na vida.


Esse é Jonah Maiava. Ele nasceu na Nova Zelândia, mas foi criado no Havaí e hoje mora nos Estados Unidos. Serviu ao exército e foi dispensado com louvor. Sempre foi um marinheiro forte, e chamava a atenção por saber cozinhar como poucos, e realizar refeições rápidas e com poucos recursos, coisa que na marinha é fundamental. Após ser descoberto por Roth, passou a fazer parte da tripulação. Ele é o cozinheiro do Endurance, e adora comer tanto quanto cozinhar.


Esse é Alex Weiss, um jovem nerd americano. Criado na frente de um computador, conhece de programação e de informática mais do que qualquer um. Na adolescência, era um hacker respeitado, apesar de afirmar que o que ele fazia não era necessariamente crime na época. Ainda jovem e tímido, ele conseguiu alguma fama desenvolvendo softwares maliciosos e hackeando computadores. Se formou em engenharia de programação, e também tem conhecimentos notáveis de elétrica e engenharia mecânica. Roth o contratou para a tripulação do Endurance por sua especialidade em usar rádios e ser capaz de consertar quase todo tipo de coisa elétrica. Ele tem uma queda por Lara Croft desde que os dois se conheceram, mas a sua timidez jamais lhe permitiu se declarar. Ele anseia pelo dia em que poderá mostrar seu valor para ela, de modo que ela lhe "dê bola".

Pois bem, então a tripulação toda do Endurance é convocada para a grandiosa expedição no qual o documentário de Whitman seria gravado. Roth conta para Lara Croft, que, por ser estudiosa de religiões orientais, vê nessa expedição uma grande oportunidade de aprofundar seus conhecimentos. Ela deixa a universidade de lado e vai na expedição, e convida ainda a sua amiga Sam, que é tão apaixonada pelo assunto quanto ela. Então, todos seguem à procura de Yamatai.

As dúvidas começam em pleno mar, quando ninguém sabe bem onde ir. Lara diz que sua intenção pede para irem bem no meio do Triângulo do Dragão. Esse local é muito perigoso, ainda mais do que o Triângulo das Bermudas, um verdadeiro cemitério de navios, mas ela diz que seus estudos apontam todos naquela direção. Então, o navio Endurance segue nessa direção. Adivinha o que acontece? Pois é, o navio enfrenta uma tempestade, bate numa pedra, racha ao meio e muitos morrem. No entanto, alguns poucos sortudos sobreviventes conseguem aparecer são e salvos em uma ilha.

Lara chega bem na ilha, porém logo é capturada por nativos da região. Ela desperta em uma caverna escura, pendurada de ponta-cabeça em meio a diversos cadáveres. Usando seus instintos, ela consegue escapar do local. Ela foge da caverna e ainda se livra de alguns nativos no meio do caminho. E então, Lara se vê perdida em uma ilha completamente inóspita, sozinha, com fome e com frio.

Lara consegue encontrar um arco com um caçador morto e o usa para caçar animais selvagens para comer. Ela também demonstra algum conhecimento fazendo fogueiras e tal. Pouco tempo depois, ela descobre a mochila de Sam, e consegue fósforos, uma câmera e um rádio. Com o rádio, ela consegue contato com outros sobreviventes, que estão em algum lugar da ilha. Após muito explorar, Lara se encontra com Sam, a qual está acompanhada de um homem misterioso chamado Mathias:


Mathias afirma ser o sobrevivente de um outro navio, que naufragou próximo à ilha anos atrás. Ele se mostra bem interessado em Sam e em Lara, e diz que vai ajudá-las a encontrar os outros sobreviventes, ao mesmo tempo em que bola um plano de sair dali.

Lara tira um cochilo, e, ao despertar, se vê sozinha novamente. Mathias e Sam desapareceram. Ela vai procurá-los, mas é atacada por lobos. Após se livrar deles, ela é encontrada pelos outros sobreviventes: Whitman, Grim, Alex, Jonah e Reyes. Whitman quer levar Lara de volta para Roth, que está esperando próximo do local, enquanto os outros se dividem e procuram por Sam. No entanto, Lara e Whitman encontram um portão, e não resistem à tentação de abri-lo. Eles encontram santuários e altares tribais, com menção à Deusa do Sol, confirmando a hipótese de que aquela ilha é Yamatai.

Só que os dois são atacados por habitantes hostis da ilha. Aparentemente, a ilha também serve como base para um grupo perigoso de homens armados, até então sem um propósito claro. Eles apenas sequestraram Lara porque a acharam na ilha. Eles tentam estuprar Lara, mas ela consegue escapar.

Lara encontra se reencontra com Roth. Roth, no entanto, está muito ferido e passando mal. Ela consegue a sua mochila, com remédios e curativos, e ajuda Roth. Depois, eles têm a ideia de Lara ir até uma antiga torre de comunicações, perto dali, e mandar uma mensagem para algum avião que possa estar passando perto. Lara escalar a torre e consegue mandar um S.O.S., que é interceptado por um avião de resgate.

Só que o que parecia impossível acontece. O avião de resgate aparece no local, e, justamente no momento em que ele estava chegando perto da ilha, uma imensa tempestade se forma do nada, e um raio destrói o avião, como aconteceu com o navio Endurance. O piloto ainda vive. Ela não consegue salvar o piloto, no entanto. Uma pena. Reyes e os outros afirmam que Sam foi sequestrada por um bando de seguidores de um culto religioso local chamado Solarii. Eles pretendem usar Sam para realizar o ritual do fogo, tornando-a a mais nova Deusa do Sol, sucessora de Himiko.

Lara tenta ir salvá-la, e encontra Mathias, só que é traída por Mathias., o qual é justamente o líder do grupo Solarii e contou aquela história só para chegar perto de Sam. Lara é presa novamente, e então se solta mais uma vez. Ela recebe ajuda de Grim, o qual acaba morrendo no processo. Ela chega até onde está Sam, mas não consegue salvá-la. No entanto, o ritual do fogo se completa normalmente, e Sam não é consumida pelo fogo. Isso a coloca em posição de verdadeira sucessora de Himiko como Deusa do Sol. Lara consegue fugir dos Solarii  levar Sam com ela.

Na fuga, Lara descobre que Whitman não foi capturado como os outros. Ele diz que conseguiu escapar. Estranho isso, não? Mas ela não desconfia de nada, e continua com seu plano. Lara foge, mas encontra Roth perto de escapar da ilha em um helicóptero que ele encontrou no caminho. Lara tenta alertá-lo a não usar o helicóptero, mas ele insiste, e começa uma nova tempestade. Um raio destrói o helicóptero, e Lara se fere. Os Solarii aparecem e eles tentam matar Lara com um tomahawk, mas Roth toma o dano do tomahawk por ela, e morre.

Lara compreende então que a Deusa do Sol impede todos de saírem de sua ilha. A única forma de conseguirem escapar é encontrando a sucessora ao seu poder. Mathias, um náufrago de uma expedição anterior, descobriu isso, e fundou a religião Solarii, que tenta encontrar uma sucessora para Himiko. E eles encontraram Sam, a garota que passou pelo ritual exigido pela Deusa do Sol. Eles precisam fugir da ilha antes que seja tarde demais.

Lara ainda consegue salvar os demais sobreviventes, Reyes, Jonah e Alex. Juntamente com Alex, eles se refugiam em uma praia local. Whitman também aparece no local. Lara desconfia que Whitman esteja ligado aos Solarii, mas não tem provas. Enquanto isso, a mecânica Reyes quer reaproveitar um barco encalhado na praia para poder sair da ilha. Como eles precisam de peças, Lara e Alex decidem ir até os destroços do navio Endurance, encalhado em outra parte da ilha, para pegar as peças e ferramentas necessárias. No entanto, eles são atacados por criminosos no local, e Alex acaba tendo de sacrificar a própria vida para que Lara pudesse sair do local com vida.

Na volta para o refúgio, Lara descobre que os refugiados estão sendo atacados. Ficou comprovado que Whitman está do lado dos Solarii. Ele entregou a localização de seus amigos em troca de liberdade, de sua vida e da promessa de que eles cooperariam em seu documentário. Sim, Whitman é idiota a esse ponto, ele é egoísta a ponto de vender seus amigos em troca de dinheiro e fama. Os Solarii levaram Sam, mas os demais refugiados montaram uma resistência e conseguiram se manter.

Com as peças e ferramentas que Lara trouxe, Reyes consegue fazer o barco voltar a funcionar. Agora, é se preparar para resgatar Sam e então fugir da ilha. Lara decide ir sozinha até a base dos Solarii, enquanto os outros aguardam do lado de fora. Chegando ao local, Lara ainda consegue ver enquanto Whitman tenta negociar Sam com alguns samurais no local, os oni (demônios japoneses) protetores de Himiko. Whitman acaba sendo morto pelos onis, e Mathias leva Sam até Himiko. Seguindo o rastro deixado por Mathias, Lara se encontra diante de Himiko.


Himiko é a mais recente Deusa do Sol. Ela se recusou a aceitar o fardo e cometeu suicídio (seppuku) no momento de transição de alma com o antigo corpo da deusa. Isso fez com que a alma da deusa ficasse aprisionada em um cadáver, o que irritou a deusa, exigindo que um novo corpo compatível fosse trazido a ela por seus crentes. Sua fúria fez com que a ilha de Yamatai ficasse envolta em tempestades e redemoinhos, destruindo tudo o que chega perto, e, principalmente, tudo o que tenta sair da ilha. Isso vem desde os tempos remotos, há centenas de anos, e a tradição permanecesse até hoje.

Mathias começa o ritual de ascensão para a troca de alma entre Himiko e Sam. A alma de Sam seria destruída, e a alma de Himiko transportada do cadáver para o corpo de Sam. Lara chega a tempo de tentar impedir o ocorrido, e enfrenta Mathias. Lara destrói Mathias, e, bem no meio do ritual, ela destrói o cadáver de Himiko, liberando sua alma e dispersando-a de uma vez por todas (porque ninguém pensou nisso antes?), ao mesmo tempo em que libertava a ilha da maldição.

Agora, já liberados para irem embora, todos seguem para fora da ilha. Lara, Sam, Reyes e Jonah. Eles são resgatados por um navio cargueiro e levados em segurança para casa. No entanto, Lara Croft indica que, apesar do perigo da aventura, ela quer seguir em frente nesse ramo. Ela vai deixar para trás sua vida comum de patricinha e encarar de frente a vida de aventuras e expedições de seus pais. Afinal, de acordo com a própria, há muitos mitos a serem desvendados, e locais secretos mais descobrir, e esse foi apenas o primeiro de muitos em sua carreira.

E essa foi a história de Tomb Raider. Espero que tenham gostado!

Sobre o jogo

Esse Tomb Raider trouxe uma proposta completamente diferente dos outros jogos da franquia. Esqueça o que você já conhece sobre a série. Ela foi completamente reinventada nessa edição, atualizada para estar de acordo com as pretensões e expectativas de um jogador atual. A Crystal Dynamics finalmente abandonou o modelo de jogo ultrapassado e visado da era Playstation para finalmente evoluir para o que há de melhor nos dias de hoje.
A essência do jogo foi inalterada: a aventura e a exploração. Assim como os elementos de Platformer. Lara continua sendo uma ginasta hábil, e uma aventureira destemida. Ela continua saltando sobre penhascos, atravessando cachoeiras, escalando picos e torres prestes a cair aos pedaços e passar por todo tipo de risco e perigo em suas aventuras. Sem movimentos continuam tão ágeis quanto sempre, com saltos longos, piruetas, um show de equilíbrio e de performance física. Os enigmas, populares na série, também estão de volta. Bem simplificados, é verdade, mas ainda há alguns enigmas que podem levar algum tempo para serem compreendidos e efetuados.
A esses elementos básicos, foi incrementado o valor da vida e o instinto de sobrevivência. Isso incorpora a transformação de Lara Croft, que está mais humana, mais crível, mais realista. Ela perdeu aquele ar de heroína artificial de cinema para adotar um ar mais sério, o tipo de heroína que foi construído pela necessidade, não pelo egocentrismo. A boa e velha Lara que conhecemos, indomável, corajosa e brutalmente eficaz na arte de matar, não nasceu do nada. Ela começa o jogo fragilizada, temerosa e indulgente, e vai se moldando pouco a pouco.
Lara começa o jogo ferida, cansada, extasiada, com fome e perdida. Não tem como não sentir pena da coitadinha. Mas ela aprende rápido a se virar, e seu instinto nato de sobrevivência faz com que ela supere seus medos e adversidades e se sobressaia. Lara aprende a caçar, a fazer fogueiras, a se manter com quase nenhum suprimento e a sentir a presença do perigo. O jogo também é repleto de cenas de muita ação, e isso não inclui apenas os tiroteios. Lara terá de sobreviver a descidas desenfreadas de cachoeiras, caídas alucinantes de pára-quedas e fugas desesperadas de casas pegando fogo. São vários momentos assim que vão tirando o fôlego do jogador em vários momentos.
A habilidade mais útil que Lara Croft trouxe nessa nova versão foi a visão de instinto de sobrevivência. Essa visão especial, que muito se assemelha à visão especial de outros jogos, como Hitman: Absolution, ou Batman: Arkham City (sim, não foi uma ideia necessariamente original), mostra inimigos, itens e pontos de interesse à sua volta. Como é ilimitado, Lara pode usar essa visão quantas vezes quiser. Além de poder usar essa visão para enxergar melhor os inimigos em meio a cenários densos e coloridos, também podemos usar essa visão para identificar itens no cenário. Com essa visão, os itens ficam em destaque, estejam eles onde estiver, e Lara ainda memoriza a localização deles no mapa. Por fim, outro uso interessante para a visão de instinto de sobrevivência é que ele auxilia bastante na resolução dos puzzles. Todos os itens que podem ser interagidos pelos cenários, nos puzzles, brilham em destaque, e isso pode lhe ajudar a se orientar nos enigmas mais complicados.
Os cenários do jogo são incríveis: grandes florestas, montanhas, pântanos, rios, cachoeiras, templos, cavernas, montes gélidos e mais. Tudo o que estávamos acostumados a desbravar está aqui, e ainda maior e melhor. Não há o que dizer em relação ao realismo dos cenários. Lara não está sozinha, e sim acompanhada da natureza. Animais selvagens transitam pelo local, e encontrará cervos, coelhos, ratos, pássaros diversos, javalis e lobos andando ao redor do local. Alguns deles podem apresentar perigo, outros apenas estão lá para sobreviver. Não é nada que lembra jogos como Far Cry, por exemplo, mas deixa o ambiente bem mais realista e imersivo do que os outros games da série.
Vale mencionar também que os cenários em Tomb Raider são bem mais amplos e imersivos do que outros jogos mais próximos, como Uncharted por exemplo. Apesar de o jogo também ser claramente linear, os cenários permitem muito espaço para variação. Como os cenários são abertos e imensamente exploráveis, o jogador pode dedicar algum tempo em busca de itens colecionáveis nos cantos e em salas escondidas, ou mesmo procurar por bons pontos para passar desapercebido ou atirar à distância. Cenários amplos permitem esse tipo de interação.
Como já foi dito, explorar os cenários é algo praticamente natural em Tomb Raider. Assim como nos jogos anteriores, o game convida o jogador a explorar, a ir para locais secretos e cantos remotos em busca de itens. Esse jogo possui uma grande variedade de itens colecionáveis escondidos em cada canto do cenário. Há códigos de GPS, as sempre famosas relíquias, documentos secretos que revelam dados interessantes sobre os mais diversos personagens do jogo, além de outros tesouros ricos. Lara ainda pode encontrar mapas de tesouro, que revelam a localização de todos os itens colecionáveis daquele cenário. Nem todos os itens são disponíveis desde o começo, mas sempre podemos voltar para fases anteriores (através de um eficiente sistema de Fast Travel, semelhante a Far Cry ou Red Dead Redemption) para coletar alguma coisa que podemos ter deixado para trás.
O mapa do jogo é sensacional. Sendo completamente interativo, podemos girá-lo, dar zoom e tudo o mais, de modo a poder visualizar o que está ao nosso redor. Além de mostrar onde temos de ir e outros pontos de interesse, o mapa também armazena dados importantes, como a localização de itens especiais depois que se colhe o mapa de tesouros. Quando enxergamos um item usando a visão de instinto de sobrevivência, por exemplo, mesmo que não possamos coletar esse item no momento, a localização do item fica armazenado no mapa, de modo que podemos voltar a ele e coletá-lo mais tarde (algo bem semelhante ao que fazemos em Batman: Arkham City, por exemplo). Enfim, o mapa é essencial para o decorrer da aventura.
Agora vamos falar do combate. Para conseguir combater os animais e oponentes, Lara utiliza primordialmente um arco e flecha que ela encontra no local. Como o ambiente é usado constantemente para caças, há um enorme número de flechas espalhado pelo local (pelo menos essa é a desculpa que me veio à mente na hora), e Lara não tem problemas em achar subterfúgios para caçar seus animais. A princípio, Lara usa o arco para conseguir comida, depois ela começa a ter de se proteger de lobos e outros animais selvagens perigosos, e por fim... Bem, aparecem os bandidos.
Sim, Lara não pode passar o jogo inteiro enfrentando animais. Mais cedo do que se imagina, no game (pelo menos bem mais cedo do que costumava acontecer nos jogos anteriores da série), Lara começa a ter de enfrentar terroristas e homens armados no jogo. E aí o jogo mostra a sua verdadeira identidade, e a evolução no combate começa a dar as caras aqui. Afinal de contas, a Crystal Dynamics não incrementou o sistema de cover, incluiu um modo de esquiva, melhorou a precisão dos disparos e as várias formas de combate corporal para enfrentarmos lobos e javalis. Lara sabe se virar também enfrentando seres humanos, e ela veio com novas cartas na manga. Agora, ela pode pegar inimigos silenciosamente por trás, com ataques furtivos, usar combos que derrubar o oponente na hora e usar o cenário a seu favor em grandes tiroteios. Ela não deixa nada a dever para outros heróis dos games, como Nathan Drake, por exemplo.
Falando em Drake e em Uncharted, é óbvio que as semelhanças são inúmeras. E não poderia deixar de ser diferente, já que Uncharted pegou o gancho de um estilo de jogo que foi muito usado nos primeiros Tomb Raiders, e o incrementou vários degraus acima. Tomb Raider apenas se aproveitou da evolução que Uncharted deu para a série e pegou o bonde andando. Se você já jogou Uncharted, não encontrará qualquer dificuldade em se acostumar logo com esse estilo de jogo.
Aos poucos Lara vai adquirindo novas armas, e logo se verá com um verdadeiro arsenal à sua disposição. Lara é capaz de usar, além do seu inseparável arco, uma pistola (sim, apenas uma pistola, não duas por enquanto), uma espingarda, uma metralhadora e um lança-granadas. E tem mais: esse verdadeiro arsenal bélico ainda pode ser aprimorado. Lara encontra partes de upgrade das armas pelo cenário, e, com essas partes, ela consegue ir tunando as armas, deixando-as mais fortes e eficazes. Podemos colocar silenciadores nas armas, pentes de bala maiores, canos aprimorados para causar mais dano, diminuir o recuo e o tempo de recarga, entre outras coisas. Esses upgrades exigem fragmentos, os quais a Lara pode encontrar pelos cenários, em caixas ou baús, ou revistando o corpo de com inimigos.
Lara também começa a adquirir novos equipamentos e utensílios, que lhe ajudam a explorar o cenário. Com o upgrade correto no arco, Lara é capaz de disparar cordas e criar tirolesas em diversos locais. Ela consegue fazer ganchos para escalar pedras. Com esses equipamentos em mãos, novos locais se tornam disponíveis, e muitas vezes poderá voltar a fases anteriores só para pegar um item secreto que não podia antes, usando os novos equipamentos.
Talvez uma das maiores adições no jogo tenha sido o sistema de experiência. Bem baseado no método de evolução de outros jogos do gênero (como Far Cry, por exemplo), tudo o que se faz no jogo rende experiência. Matar inimigos rende experiência (e a experiência pode ser aumentada com mortes especiais, como as que são resultantes de ataques furtivos ou combos), assim como colher ervas, matar animais selvagens, coletar itens secretos e desvendas tumbas secretas. Essa experiência é acumulada, e de pouco em pouco Lara vai passando de nível. A cada nível que se passa, Lara pode comprar uma nova habilidade. Essas habilidades são variadas, e vão deixando Lara cada vez mais mortal. Pode-se comprar novos combos, novos ataques, mais vida, maior resistência a dano, perícia em armas, entre outras coisas. Adquirir essas habilidades faz parte do processo natural de evolução dentro do game, e, quanto mais forte se fica, mais habilidades se tornam disponíveis para compra.
Enfim, realizando upgrades nas armas e adquirindo novas habilidades, Lara se transforma aos poucos em uma heroína que se assemelha mais a um exército de uma pessoa só. Sua versatilidade nas armas e nos combos a torna quase invencível. Mediante isso, o jogo também vai ficando cada vez mais complicado, mas a dificuldade se baseia apenas no número de inimigos. Lara é obrigada a enfrentar cada vez mais inimigos, e mais protegidos (começam a aparecer inimigos com coletes, capacetes e até com armaduras), além dos já tradicionais lançadores de dinamite e snipers. Nada que seja realmente complicado. Ah, e o jogo não possui necessariamente chefes de fase, apenas inimigos comuns, salvo raríssimas exceções. Isso ajuda a deixar o jogo um pouco repetitivo na segunda metade do jogo, mas não é nada demais.
O jogo em si possui cerca de 10 horas de gameplay. Não é pouco, ainda mais para um jogo de ação bem linear quanto esse. A ação é quase ininterrupta e os momentos e cenários variam com relativa frequência, o que faz com que não perceba tanto a passagem do tempo, aumentando a sensação de imersão e a diversão também. No entanto, jogadores típicos da série ainda irão querer coletar todos os itens colecionáveis e solucionar o mistério de todas as tumbas secretas, o que pode render um tempo a mais de jogo.. Mas não tanto assim. Posso afirmar com toda a tranquilidade que esse é o Tomb Raider mais fácil de se fazer 100% que já foi lançado na história. Mesmo jogadores menos cautelosos e mais afobados não encontrarão muita dificuldade para fazer tudo no jogo, até porque há mapas de tesouro que ajudam bastante, e a visão de instinto de sobrevivência, que é uma mão na roda em quase todos os momentos. Um jogador mais acostumado com o gênero não levará mais do que algumas horinhas para acabar de coletar os itens colecionáveis e fazer 100% em todos os cenários. Como é possível continuar jogando após ter fechado a história do jogo, podemos nos dedicar apenas a pegar os itens e troféus que deixamos para trás. Um jogador veterano pode fazer 100% em 15 horas, enquanto um mais comum pode levar algo em torno de 20 a 22 horas de jogo para fazer tudo.
Após fechar o modo single player, o jogo veio com uma surpresa: o modo multiplayer. Há quatro modos de jogo: Rescue, Team Deathmatch, Cry for Help e Free for All, podendo comportar de 2 a 4 jogadores. Diferente de Far Cry e, principalmente, de Uncharted, o modo multiplayer foi bem negligenciado. A fórmula de movimentação e de combate do game funciona bem no modo single player, mas deixa muito a desejar no modo multiplayer. Dá a impressão de que eles se focaram muito no single player, e deixaram o multiplayer a segundo plano, só para "não dizerem que não tem". Ficou muito simplificado e supérfluo, além de cansativo. Sinceramente, não há muito motivos para jogar mais do que algumas partidas, mas os jogadores mais apaixonados podem aproveitar o esquema de evolução de níveis e upgrade de armas (além do mais, se quiser platinar o game, terá de dedicar bastante tempo ao modo multiplayer). Apenas não diga que eu não avisei sobre a qualidade de jogo do modo multiplayer.

Minha análise do jogo

Gráficos
Há diversos jogos com cenários paradisíacos e impressionantes lançados recentemente. Alguns deles, claro, contêm florestas, montanhas e cenários semelhantes aos que podemos ver aqui. Até por isso, posso afirmar que o desempenho gráfico de Tomb Raider está a par de tudo que há de mais recente e fantástico nessa geração. Os cenários são amplos e lindos. Não chega a ser o cenário imenso e de mundo aberto, como em Far Cry, mas também não é o cenário estreito e singelo de Uncharted, ficando em um meio termo. E o melhor: não deixa nada a dever para nenhum deles. A arquitetura dos ambientes está impressionante. Quando saímos da mata fechada para ver as imensas cachoeiras, e então entramos em uma sinuosa caverna,  chegando a um templo antigo extremamente detalhado, percebemos que estamos diante de algo de primeira. Mais do que isso, são os efeitos especiais que chamam a atenção. O modo como o fogo parece realista, interagindo com o cenário à sua volta, corroendo-se a inflamando os objetos que toca, o modo como a água escorre em filetes pelos cantos, o modo como o cabelo de Lara se comporta quando ela está pulando, o modo como a neve se acumula nos cenários, o modo como as sombras se comportam, tudo isso torna o ambiente ainda mais imersivo. A ilha parece uma coisa viva, e o mesmo pode ser dito sobre os detalhes. Os cadáveres pendurados, os objetos, estátuas e tudo o mais está da forma como deveriam ser. A animação dos personagens, as expressões faciais de cada um, tanto dos personagens principais quanto dos coadjuvantes e inimigos, tudo isso está concorde com o que podemos esperar de um jogo dessa geração. O belo trabalho demonstra o empenho que a Crystal Dynamics teve com os gráficos, que foi máximo.
● Nota pessoal: 5/5 (Empenho Máximo)

Som
O desempenho sonoro não fica atrás. O compositor Jason Graves compôs diversas músicas totalmente diferentes daquelas que estávamos acostumados a ouvir na franquia. Como a história do jogo trazia uma nova Lara, mais refinada e humana, e alguns momentos bem tristes e difíceis, a música precisava acompanhar as mudanças. Vale ressaltar que a série nunca teve uma mudança drástica na parte sonora até então, por isso a Crystal Dynamics merece um crédito, por ter acreditado em um nov compositor para realizar o trabalho. Jason trouxe um estilo bem clássico ao jogo, e soube captar exatamente o clima de cada cena, e passou a emoção adequada a cada situação com suas composições. A dublagem dos personagens também ficou muito boa, com destaque, claro, para a intérprete e dubladora de Lara Croft, Camilla Luddington, que soube representar as mudanças sentimentais de Lara, da garotinha temerosa e tímida, para a mulher valente e indomável, de forma inesquecível. Os efeitos sonoros, sempre explorando a natureza, também ficou excelente, com seu som de pássaros rodeando, o uivo de lobos distantes, ou mesmo o simples crepitar das chamas de um incêndio. Tudo foi muito bem produzido. Alex Wilmer, designer de som, usou instrumentos atípicos para realizar esses sons de ambientação, e o resultou ficou fantástico. O empenho com a parte sonora também foi máximo.
● Nota pessoal: 5/5 (Empenho Máximo)

Jogabilidade
A jogabilidade de Tomb Raider veio sofrendo diversas alterações no decorrer dos tempos. Começou como um controle bem travado, quase robótico, e foi se soltando e se soltando. Os comandos, antes lentos e bem pouco eficientes, deixando o jogador meio que à mercê de falhas substanciais e frustrantes, foram se tornando ágeis e precisos. O combate, antes simplesmente negligenciado, com poucos comandos e bem previsível, foi se tornando mais aberto e contagiante. E a escala de evolução na jogabilidade alcançou seu ápice nessa nova versão. Nunca foi tão gostoso, tão satisfatório controlar Lara Croft. Movimentos leves, precisos, controle total sobre a personagem, e novos comandos que aperfeiçoam cada movimento que possa querer fazer. Não há nada que a nova Lara Croft não possa fazer, e outra, que não possa fazer bem melhor do que em todos os outros jogos anteriores. Os comandos de jogo passam mais confiança ao jogador, ele se sente mais no domínio sobre a personagem. Os combates nunca foram tão intensos e tão verdadeiros, e Lara possui vários movimentos novos que está louca para colocar em prática. Incrementaram bastante em cada ponto dos controles do game, e não cometeram nenhum deslize nesse sentido. Nem mesmo o controle da câmera, algo que incomodava até mesmo os jogos mais recentes, agora não incomoda mais o jogador. O melhor Tomb Raider para se jogar já feito. Empenho máximo com a jogabilidade.
● Nota pessoal: 5/5 (Empenho Máximo)

Longevidade
A Crystal Dynamics já se acostumou com os seus gamers, e ela sabe como agradar seus fãs. Ela sabe o quanto gostamos de conteúdo e de exploração. Além do mais, ela não incluiu cenários abertos à toa: ela soube trabalhar muito bem esse quesito. Há muito o que explorar, em todos os cantos, e muitos itens a coletar. Mais uma vez, o jogador se vê tentado a passar ainda mais tempo de jogo explorando o ambiente à sua volta. Desta vez, ele não é incentivado apenas de forma arbitrária, liberando extras: ele é realente recompensado por seu trabalho, através de experiência, por esse ato de explorar os cenários. Vale realmente a pena dedicar-se ao jogo. E, claro, ainda há extras a serem liberados, eles não se esqueceram disso. Pode esperar por novas roupas e outras coisas desbloqueáveis. Como se isso já não fosse o bastante, o jogo ainda é consideravelmente longo: 10 horas de gameplay simples, cerca de 20 horas para se fazer tudo. Tudo bem que essa quantidade de tempo já existia em jogos anteriores, mas o sistema de jogo e a quantidade de cenas de ação tornam essas horas ainda mais proveitosas do que os jogos anteriores. Há bastante conteúdo para explorar e adquirir, e, mesmo se isso não for o bastante para você, ainda há o modo multiplayer. É o primeiro Tomb Raider com um modo multiplayer online. Tudo bem que é um modelo falho e frustrante de multiplayer, longe de estar entre os melhores disponíveis, mas dá para passar o tempo se você curtiu o estilo do game e está a fim de estender um pouco mais seu tempo de jogo após ter feito tudo o que é possível no modo single player. Por todos esses motivos, não há do que se reclamar em relação à longevidade do game. O empenho da Crystal Dynamics foi máximo.
● Nota pessoal: 5/5 (Empenho Máximo)

Inovação
Um dia é do inventor, outro da invenção. Tomb Raider ajudou a definir estilos, fundou uma franquia e ressuscitou o gênero da aventura em uma época no qual ele parecia ter sido virtualmente eliminado. Quando Tomb Raider decaiu, o gênero aventura foi decaindo com ela, pois ela perdia seu mais fiel representante. Não era só a qualidade que caía: o jogo se tornava menos aventura, e mais ação. Era uma transição arriscada, mas necessária para a evolução do gênero, já que os jogos de aventura pura já não agradavam mais comercialmente ao grande público. O problema é que a Crystal Dynamics demorou para perceber o quanto estava atrasada, e teve de partir para algo súbito demais. Agora, Tomb Raider está longe de servir de referência para alguma coisa. Pelo contrário, ela teve de buscar inspiração e referência em jogos que são os novos moldes do gênero. Não há quem discuta, por exemplo, que Uncharted é a referência máxima nesse estilo de jogo na atualidade. Normal querer imitá-lo. Muitos fazem isso. Tomb Raider já estava deixando de ser um Platformer com cenas de ação para ser um jogo de ação com alguns momentos Platformer: e esse jogo apenas decretou isso de uma vez por todas. Mas também é injusto dizer que tiveram em Uncharted a sua única inspiração. Tomb Raider mesclou diversos quesitos, e colocou coisas até então impensadas na série, como, por exemplo, o sistema de experiências, as habilidades e os cenários abertos com direito a Fast Travel. Nada disso está em Uncharted, e foi inspirado de outros games totalmente diferentes (de outros gêneros, até). Também podemos colocar na conta os novos movimentos, os upgrades de armas, a visão especial e o novo modo multiplayer, tudo elementos inspirados em outros jogos. Isso coloca, na verdade, Tomb Raider um degrau acima de Uncharted na tabela evolutiva desse gênero. É a invenção superando o inventor mais uma vez. Não chega a ser revolucionário, é claro, mas já tem algo mais a oferecer do que os games atuais em seu campo de atuação - os quais, verdade seja dita, já estão começando a ficar "batidos" também. Bela sacada da Crystal Dynamics. E o empenho com a inovação foi excelente, devido aos motivos já citados.
● Nota pessoal: 4/5 (Empenho Excelente)

Diversão
Tomb Raider começa apresentando uma proposta bem inusitada e autêntica - a qual ela abandona logo de cara. Quando vemos Lara aprendendo a caçar e coletar suprimentos para sobreviver, a impressão que fica é que se trata de uma luta constante pela sobrevivência selvagem. Bem, digamos que não é bem assim. O jogo rapidamente lhe faz "esquecer" esses momentos e lhe coloca armado até os dentes frente a frente com centenas de inimigos armados. Depois dos primeiros vinte minutos de jogo, o game fica bem third-person shooter, com ação quase que ininterrupta. O jogo carece de enigmas, já que a grande maioria deles se encontra em tumbas opcionais, ou seja, pode ser facilmente ignorado pelos jogadores que estiverem apenas fazendo o básico. Logo vem a impressão de que o jogo vai se resumir apenas a seguir em frente e atirar em tudo o que aparecer pelo caminho, com a diferença de que há alguns Quick-Time Events entre uma fase e outra. Mas todas essas concepções caem por terra quando o jogo mostra a sua verdadeira e bela cara. É quando os grandes cenários abertos entram em cena que percebemos o quanto o game é bem mais rico do que ele parece. O jogo lhe dá bastante incentivo para explorar o cenário. Coletando documentos, relíquias e desbravando locais secretos, conseguirá experiência, o que lhe rende novas habilidades, e ainda pode encontrar partes de armas e fragmentos, o que lhe permite tunar suas armas e se tornar uma arma ainda mais mortífera. Enfim, tudo no jogo se encaixa com perfeição, o jogador não se sente preso a apenas um caminho, não se vê obrigado a fazer sempre as mesmas coisas. Há variação suficiente entre as fases para garantir que o jogador nunca se sinta fazendo a mesma coisa duas, três vezes, e as cenas de ação cinematográfica prendem o jogador e mantêm a adrenalina sempre em alta. Esses fatores são algo que ajudou a consagrar games como Uncharted em um sucesso, por exemplo, e a Crystal Dynamics conseguiu trazer isso para Tomb Raider também. O jogo é denso e criativo, e com uma ação constante que vicia o jogador. Como o game também não é tão longo assim, não chega nem a dar tempo de enjoar do game em si, pois, conforme o jogador vai progredindo pelo jogo, ele vai adquirindo novas armas, equipamentos e habilidades, e isso lhe confere ainda mais formas de se matar os inimigos ou passar por algum local. No todo, Tomb Raider mescla tantos estilos em um só que fica uma variação muito interessante para o jogo. Não há o que reclamar no quesito diversão, o empenho da Crystal Dynamics foi máximo nesse sentido.
● Nota pessoal: 5/5 (Empenho Máximo)

Soma Final: 29/30 (Excelente)

Em resumo: É bem tendencioso sair afirmando que esse é o melhor Tomb Raider já feito, levando em consideração a longa e vasta franquia que passou por muitos altos e baixos, mas que teve grandes momentos. No entanto, mesmo assim, sinto-me inclinado a afirmar isso. Adorei o primeiro Tomb Raider, e tive pouco o que reclamar dos Tomb Raider subsequentes, e me decepcionei com algumas das remasterizações para o Playstation 2, mas esse Tomb Raider atendeu a todas as minhas expectativas e foi além, me mostrou o quanto uma série pode evoluir. A nova Lara Croft está irreconhecível, moderna, e com uma qualidade que finalmente volta a rivalizar com o que há de melhor no mercado. Não é melhor do que os seus concorrentes mais diretos, como Uncharted, mas não fica atrás não. Esse jogo merece estar em sua coleção, mesmo que não seja fã da série, pois é uma grata surpresa à comunidade gamer como um todo. Obrigado, Crystal Dynamics, por me permitir presenciar Tomb Raider voltar ao lugar de onde jamais deveria ter saído: no topo do disputado hall dos games de aventura.



Análises profissionais

A média pela Metacritic para Tomb Raider é 87/100.

Detonado em vídeo

Este é o melhor detonado em vídeo disponível na internet para esse game. Gravado com excelente qualidade de vídeo e de som, e muitíssimo bem editado e compactado para caber em poucos vídeos, esse detonado está realmente completo, mostrando, além do jogo em si, como passar por todas as tumbas secretas e como coletar todos os itens secretos do jogo. Vale a pena conferir:

Parte 1


Parte 2


Parte 3


Parte 4


Parte 5


Parte 6


Parte 7


Parte 8


Parte 9


Parte 10


Parte 11


Parte 12


Parte 13


Parte 14


Parte 15


E aí, o que achou desta análise? Curtiu? Deixe-me seu comentário, ou entre em contato comigo pelo e-mail: adm_melhorfinal@hotmail.com ou pelo twitter: @AdmMelhorFinal.

4 comentários:

  1. Análise perfeita João, meus parabéns rapaz. Não achei que tivesse curtido tanto assim o jogo. Tomb Raider voltou da morte, e agora está disputando as primeiras posições como você havia dito na análise. Uncharted que se cuide pois já existem rumores de uma sequência para esse novo Tomb Raider. Abraços !

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  2. Parabens cara , analise perfeita do jogo , contou a historia de cada personagem impecavelmente e um resumo muito bom da historia do game !!!

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