domingo, 5 de agosto de 2012

Fatal Frame - Análise

Esta é a análise de Fatal Frame, lançado pela Tecmo em 2001 para o Playstation 2.

File:Fatal Frame Coverart.png

Introdução

A Tecmo ficou famosa com jogos de quase todos os estilos, inclusive luta, Strategy-RPGs, Platformers, entre outros. Nomes como Dead or Alive, Ninja Gaiden, Croc, Disgaea, Deception, Dynasty Warriors e Monster Rancher não me deixam mentir. Ela sempre se meteu em diversos campos e até jogos de futebol ela tem em seu currículo. Quando se achava que a Tecmo não iria mais se aventurar em nenhum grande gênero, eis que ela anuncia uma tentativa no gênero Survival-Horror. Aos poucos, conforme imagens e vídeos eram lançados, o jogo foi causando alguma expectativa, até que ele começou a ser realmente ansiado pelos fãs do gênero. Zero, nome da franquia no Japão que viria a se tornar Fatal Frame na América, inicialmente pegou fama pelo subtítulo: "Baseado em fatos reais". Um jogo de terror baseado em fatos reais? Parece promissor, não? Como isso é possível? Veremos isso e muito mais no decorrer dessa análise.

FATAL FRAME


Informações técnicas

Publicado por: Tecmo
Desenvolvido por: Tecmo
Gênero: Survival-Horror
Diretor: Makoto Shibata
Plataforma: Playstation 2
Data de lançamento: 13 de dezembro de 2001
Faixa etária: Teen

Trilha-sonora da análise

Enquanto lê a nossa análise, que tal escutar o áudio que separamos mais abaixo?


Música de introdução e uma das músicas temas do jogo, composta por Ayako Toyoda.

Sobre a história (contém spoilers)

Fatal Frame se baseia fortemente na cultura urbana japonesa. Não estou falando dos grandes centros, da alta tecnologia e da zona conturbada de Tóquio, e sim da parte mais volumosa e menos repercutida aqui no Ocidente do Japão: aquela parte rural, mais calma, menos movimentada, repleta de pessoas simples e trabalhadoras, grandes mansões de madeira sem tecnologia alguma e muitas religiões e mitos. Uma fração grande da história do Japão, que é muito rica em histórias e em lendas. O imaginário japonês é muito fértil, e vale a pena conhecer um pouco do que eles consideram assustador. Diferente do que é concebido aqui no Ocidente, com monstros oriundos de ficções científicas inventados na Europa, como zumbis, lobisomens, frankensteins, vampiros e tudo o mais, para eles a origem de medo é diferente. Vamos conhecer um novo inimigo (tudo bem, talvez não tão novo assim): os espíritos. Caso acredite em vida após a morte ou não, no Japão o povo é profundamente religioso, e essas histórias com fantasmas e casas mal-assombradas permeiam suas lendas mais populares. E a história de Fatal Frame é justamente baseada em algumas dessas lendas que alguns japoneses juram ser verdade. Vamos conferir:

Tudo começa por causa de um famoso novelista de terror japonês chamado Junsei Takamine.


Takamine tem sofrido alguns problemas de criação de novas obras e, desde 1986, vem passando por problemas financeiros. Ele andava sem inspiração para poder desenvolver uma nova obra. Até que ele toma uma medida desesperada: ele planeja visitar alguma mansão abandonada que o vilarejo local afirma ser mal-assombrada. A intenção era se inspirar para criar um novo livro de terror sobre espíritos.

E ele não foi sozinho. Ele levou seu editor, Koji Ogata:


E também a sua assistente pessoal, Tomoe Hirasaka:


Os três decidem explorar a mansão Himuro, uma das mais famosas lendas da região. Nesta mansão, os moradores praticavam todo tipo de rituais macabros, incluindo sacrifício de animais e seres humanos, tortura medieval e invocação de espíritos e demônios. A mansão recebia hóspedes de toda parte da cidade, eles faziam festas secretas escondidas aos olhos de todos, e também pessoas desapareciam misteriosamente nos arredores. Crianças eram as principais vítimas, assim como mulheres. Até que, um dia, o senhor da casa ficou louco e assassinou todos os demais moradores de forma brutal e sanguinolenta, e então ele próprio desapareceu. Desde então, ninguém havia ousado chegar perto da mansão Himuro... Até então.

Junsei Takamine vai ao local e, dias depois, ele ainda não saiu. As pessoas ficam preocupadas com o que pode ter ocorrido com ele e sua equipe lá dentro. Como um modo de tentar descobrir o que está havendo, um escritor iniciante chamado Mafuyu Hinasaki decide ir até a mansão Himuro sozinho e encontrá-lo.


Mafuyu é um escritor de livros de terror iniciante, e sempre foi apaixonado por histórias assustadoras e locais mal-assombrados. Mafuyu nasceu com o dom de poder enxergar espíritos e coisas paranormais. Isso sempre o cativou, e serviu de incentivo para que pesquisasse bastante acerca do assunto, o que fez com que se tornasse quase um especialista em paranormalidade. E ele deve esse dom à sua família, já que herdou isso de sua falecida mãe, Miyuki Hinasaki.


Miyuki é uma figura pouco conhecida do jogo, e muito misteriosa. Só o que se sabe é que ela nasceu com o dom de ver fantasmas, e isso fez dela uma criança especial, que conversava com os mortos e não tinha medo de nada. Miyuki era sempre visto com uma câmera fotográfica, que lhe foi concedida pela sua mãe, Mikoto Munakata, a qual recebeu a câmera de uma garota na mansão Himuro. Ninguém sabia porque ela gostava tanto da câmera, mas a resposta é que essa câmera é mágica: ela é capaz de fotografar fantasmas e espíritos diretamente. Após ter dois filhos, Miyuki passou a ser fortemente atormentada por esses espíritos, que a deixaram irremediavelmente louca. Então, dias depois ela se suicidou se enforcando em uma árvore.

Mafuyu herdou a câmera fotográfica que é capaz de enxergar fantasmas, chamada de Camera Obscura. Ele a usa para registrar os espíritos e fantasmas com o qual se depara, já que a câmera possui o poder de exorcizar também. Mas, mesmo assim, Mafuyu nunca mais foi visto desde que entrou na mansão Himuro.

E então começa o enredo propriamente dito. A protagonista do jogo é Miku Hinasaki.


Miku é a irmã de Mafuyu Hinasaki e a filha mais nova de Miyuki Hinasaki. Ela também é capaz de ver espíritos, e de se comunicar com eles. Apesar de sua aparência frágil, ela não é medrosa, e, pelo contrário, possui mais coragem do que muitos marmanjos por aí.

Após desconfiar do desaparecimento de seu irmão por duas semanas, ela descobre que ele foi até a mansão Himuro, e decide ir atrás dele. Ela vai a princípio desarmada e indefesa. Entrando na mansão, no entanto, logo ela descobre que as saídas se trancam e que o local está repleto de fantasmas dos antigos moradores que foram chacinados ou pelos rituais macabros do local ou pelo senhor da casa. Para a sorte dela, em pouco tempo ela encontra a Camera Obscura, que foi trazida ao local pelo Mafuyu e aparentemente abandonada. Com essa ferramenta, ela é capaz de se defender dos espíritos.

Logo Miku descobre os fantasmas dos recém-mortos Junsei Takamine e toda a sua equipe. Através dos documentos de Takamine e dos demais integrantes de seu grupo, Miku aos poucos vai aprendendo mais e mais acerca dos estranhos e assombrosos rituais que eram praticados na mansão Himuro. São três grandes rituais: o Blinding Ritual, o Demon Tag Ritual e o Strangling Ritual. Cada um é mais estranho e bizarro do que o anterior. Eles são tão estranhos que dá desgosto de descrever, mas vou explicar cada um deles a seguir:

O Blinding Ritual é o primeiro que acontece. A princípio, eles selecionam um grupo de donzelas virgens para realizar todos os preparativos para os rituais. Então, uma das donzelas é selecionada para carregar uma máscara que possui estacas no lugar dos olhos. A intenção da máscara (que se chama máscara cegante) é cegar a vítima que a usar. A donzela com a máscara, chamada de Blinded Demon, então se torna uma representação do demônio, e, sem poder enxergar nada, deve capturar as outras donzelas. Aí começa o segundo ritual, o Demon Tag Ritual. Ele consiste de um jogo de pega-pega no qual a garota com a máscara cegante deve encontrar e capturar as donzelas, que tem apenas de escapar dela. A donzela que for capturada se torna a próxima donzela a carregar a máscara cegante, e assim por diante, até sobrar apenas uma donzela. E essa donzela, aquela que for mais inteligente e mais capaz de "escapar dos demônios" é chamada de Rope Shrine Maiden e é a que deve ser levada ao terceiro e mais significativo dos rituais, o Strangling Ritual. Nesse ritual, a donzela selecionada é amarrada com cinco cordas: uma em cada pulso, em cada tornozelo e no pescoço. Então, as cinco cordas são puxadas ao mesmo tempo, em círculo, até que a donzela morra estrangulada e tenha cada de seus membros partidos. A corda, então, é considerada "abençoada" por ter tirado a vida de uma donzela tão pura, e passa a possuir o poder de exorcizar o grande demônio. Enfim, esses foram os rituais. Se não achou macabro o suficiente, espere para ver as imagens no jogo. Não me culpe se não conseguir dormir à noite.

O motivo para que haja todos esses rituais é que há um portal no subterrâneo da mansão Himuro, conhecido como Portal do Inferno. Se esse portal abrir, os demônios vão sair e começar uma calamidade sobre a Terra. Então, de tempos em tempos, uma corda sagrada tem de ser usada para amarrar a porta e impedir que os demônios saiam. E essa corda é "abençoada" com o sangue de uma donzela que passou por todos os rituais de purificação. Caso aconteça alguma coisa com a donzela, ou ela não seja realmente pura, a corda pode falhar e os demônios se libertarem. Nem preciso ressaltar o quanto isso seria ruim, não é mesmo? Pois é. Mas foi exatamente isso o que aconteceu.

Anos atrás, os demônios conseguiram se libertar do Portal do Inferno, e amaldiçoaram a mansão Himuro. A causa ainda é desconhecida, mas é isso que Miku tenta descobrir. Durante a sua investigação na mansão, Miku aos poucos vai descobrindo mais e mais coisas. Ela chega a se deparar com Mafuyu diversas vezes, vendo que ele está vivo, mas não consegue falar com ele. Por sua vez, Miku ainda recebe ajuda o tempo todo de uma garotinha simpática em kimono branco.


Miku logo descobre que essa garotinha que aparece em tempos de necessidade é a pequena Kirie Himuro, a donzela que anos atrás foi selecionada para ser a Rope Shrine Maiden, e que acabou falhando em sua missão, resultando na libertação dos demônios e na morte de muitas pessoas. Não se sabe direito o que ela quer e porque ela ajuda Miku a resolver o mistério, mas ela pretende mostrar alguma coisa para a Miku. E Miku vai seguindo jogo dela. Fora a pequena Kirie, outra fantasma persegue Miku por todos os lados (além dos fantasmas habituais):


Essa é a mesma Kirie Himuro, só que crescida e transformada em u fantasma maligno e vingativo. Essa é a forma que ela assumiu anos depois, após a libertação dos demônios que corrompeu o seu espírito. Essa fantasma é a mais mortal de todas, e persegue Miku o tempo todo. Ela chega a conseguir capturar Miku diversas vezes, e, sempre que ela consegue, Miku adormece e desperta com marcas de cordas em seus membros. Sim, Miku está sendo amaldiçoada.

Miku descobre o motivo pelo qual o fantasma da Kirie não eliminou Mafuyu até então: acontece que coincidentemente Mafuyu se parece muito com um rapaz do qual Kirie se apaixonou no tempo em que ainda era Rope Shrine Maiden. E isso foi a causa de tudo isso: a Rope Shrine Maiden tem de ser pura para que o ritual funcione. E quando a donzela se apaixonou por esse rapaz, corria o risco de que ela se desvirtuasse e deixasse de ser pura. Por isso, o senhor da mansão mandou assassinar o pobre rapaz. Quando a donzela descobriu isso, ela entrou em um estado de choque e passou a sentir remorso pela morte dele, o que corrompeu a sua alma e fez com que ela não chegasse pura no momento do ritual. Sendo assim, tudo deu errado e aconteceu o desastre que todos nós já sabemos. Ao encontrar Mafuyu, o fantasma da Kirie o o confundiu com seu antigo amor, e por isso tenta atrai-lo para viver com ele na mansão.

E então Miku faz outra grande descoberta: é possível reparar o erro do ritual anterior. A alma da Rope Shrine Maiden pode auxiliá-la a refazer o ritual, e eles só precisam da corda e de um espelho chamado Holy Mirror. Esse espelho é usado no ritual, e ele se fragmentou em vários pedaços durante o fracasso do ritual anterior. Miku consegue reaver os fragmentos e remonta o Holy Mirror. Ela ainda descobre que Mafuyu está fazendo a mesma coisa, tentando aprisionar os demônios de uma vez por todas e acabar com a maldição da mansão, aproveitando-se de sua posição de "vantagem" em relação à Rope Shrine Maiden. Miku consegue acesso ao local do ritual, e logo se encontra defronte o Portal do Inferno. Miku é interrompida de refazer o ritual pela presença do fantasma da Kirie transformada, e então começa a batalha definitiva. No momento da batalha, a Camera Obscura não consegue absorver o espírito da Kirie e exorcizá-la, se quebrando. Sem sua arma, Kirie não tem escolha a não ser inserir logo o Holy Mirror, e, ao fazer isso, Kirie Himuro finalmente é exorcizada. Ela assume sua forma adolescente, que é a forma que se apaixonou por aquele rapaz. Até que ela era bem bonitinha, vejam só:


Já que Kirie voltou ao normal, o ritual pode mais uma vez ser refeito. Ela consegue a corda sagrada, e, juntamente do Holy Mirror, eles refazem o ritual. Kirie Himuro se sacrifica em nome do bem de todos, e o Portal do Inferno é selado de uma vez por todas. Todos os fantasmas são exorcizados e a mansão Himuro volta a ser um local de paz (não sei como um local que tem o Portal do Inferno em seu subterrâneo pode um dia ter paz, mas tudo bem). Mafuyu pode escolher entre ficar e se sacrificar junto com a Kirie, dando força a ela, ou escapar para cuidar de sua irmã. Tudo depende do seu nível de dificuldade escolhido no jogo. E assim termina essa macabra história de terror ao estilo japonês. Espero que tenham gostado!

Sobre o jogo

A Tecmo conseguiu uma proeza que eu, até então, acreditava ser impossível: fazer um jogo de terror baseado em fatos reais. Como que acontecimentos tenebrosos podem ser concebidos dentro da nossa realidade, tão básica, monótona e puramente convencional? Só tem um jeito: mostrando a realidade de um país como o Japão! Porque a realidade deles não é nada normal.
Fatal Frame é totalmente baseado em lendas populares e urbanas japonesas. Categoricamente isso quer dizer que o jogo tem bem menos impacto aqui do que teve por lá, já que não conhecemos essas tais lendas. Mas essas lendas realmente existem, o que faz com que o rótulo "baseado em fatos reais" fique um tanto perturbador. É como se fizessem um jogo brasileiro sobre a loira do banheiro ou sobre um maníaco que distribuía boa-noites Cinderela em boates para roubar rins de suas vítimas. Simplesmente bizarro.
Os japoneses levam extremamente a sério essa coisa de espiritismo, vida após a morte, fantasmas e encostos. A maioria das crenças e religiões orientais pressupõem que os espíritos dos mortos vagueiam em um plano espiritual que fica em contato com o nosso plano material, ou seja, eles acreditam seriamente nessa questão de "conversar com fantasmas" e coisas do gênero. Espíritos para eles é coisa séria, tanto é que há milhares de templos onde eles oram pedindo proteção, amarram fitas e tiras de papel com mensagens anti-encosto, e evitam fazer brincadeiras ou profanar mortos para não irritá-los. Agora, imagine só como deve ter sido para eles jogar um jogo no qual nossos inimigos são fantasmas recém-desencarnados.
Fatal Frame se mostra, então, riquíssimo no aspecto cultural. Esqueça elementos de terror ocidentais, como vampiros, lobisomens, zumbis e coisas do gênero. Fatal Frame é mais humano, mais surreal. Tudo o que podemos encontrar no jogo nos remete ao estilo oriental de ser, de pensar, e, principalmente, de agir. Podemos conhecer melhor seus medos, suas histórias, suas lendas e como eles criam cenas e atmosferas de horror. Apesar de que alguns preferem o estilo ocidental de terror, saiba que o estilo oriental de causar tensão e medo nas pessoas também é bem vasto, e, se não conhece o estilo, não há jogo melhor do que Fatal Frame para causar uma boa primeira impressão.
Agora vamos falar sobre  jogo em si. Fatal Frame é um survival-horror, e, como tal, nosso objetivo no jogo é apenas um: sobreviver. Controlamos uma personagem que é altamente vulnerável, temos quantidade limitada de suprimentos e vivemos sobre perigo constante, com inimigos por todos os lados, em uma atmosfera de medo, suspense e tensão. Sustos e calafrios são uma constante.
Diferentemente de outros jogos, em Fatal Frame nossos oponentes são fantasmas. Sim, fantasmas, os espíritos de pessoas mortas. E são fantasmas de pessoas bem atormentadas, diga-se de passagem. Cada fantasma possui um passado, com direito a uma história macabra que relata os acontecimentos de sua morte. Pois bem, eles não são nada gentis, e aparecem do nada a todo momento para nos atacar. Os fantasmas são capazes de causar dano, e ainda por cima podem atravessar paredes e portas. Isso quer dizer que fugir dos fantasmas nem sempre é uma boa ideia, já que eles podem nos encontrar em qualquer lugar. E não desistem tão facilmente.
Já que nossos inimigos não são convencionais, nossa arma também não poderia ser convencional. Ao invés de espadas, bombas, espingardas e metralhadoras, teremos de enfrentar os fantasmas com... Uma câmera fotográfica. Sim, uma câmera semelhante a que você deve ter em casa, e usa para tirar fotos nos aniversários dos seus parentes menores. Pois é, temos controle sobre uma câmera especial, chamada Camera Obscura, com o poder de absorver os fantasmas e aprisioná-los em suas fotos, exorcizando-os conforme as fotos são tiradas. Parece estranho falando, mas fica sensacional de se ver funcionando.
Nos movimentos em terceira pessoa, mas, ao empunhar a câmera, ficamos em visão de primeira pessoa. Podemos mover o foco da câmera com o analógico esquerdo, enquanto movimentamos o próprio personagem com o analógico direito. Desta forma, podemos enfrentar os fantasmas com maior ênfase, já que podemos nos mover para os lados ou para trás, desviando dos golpes enquanto focamos no fantasma que queremos exorcizar. Apenas não se esqueça de que, em primeira pessoa, não há uma noção exata do que tem em nossa volta, então ficar encurralado em uma quina da parede ou em um obstáculo é muito corriqueiro de se acontecer senão tomar cuidado.
Você deve estar se perguntando como é que enfrentar fantasmas com uma câmera pode ser uma coisa legal.   Saiba que é tão divertido quanto enfrentar monstros em outros jogos. Com a câmera empunhada, um sensor de presença nos mostra em que direção está sendo "sentida" a presença de um espírito. Ao mirarmos no fantasma, um medidor de foco vai se enchendo. Quanto mais preenchido estiver o medidor de foco, mais dano causará a nossa foto. Portanto, não é só mirar e disparar. É bom sempre esperar encher a barra de foco antes de cada disparo para causar mais dano ao oponente. Também é possível dar um contra-golpe no oponente: quando o fantasma pretende atacar, a câmera foca em laranja. Se tirarmos uma foto nesse exato momento, causaremos um dano crítico, que causa um excelente dano e ainda paralisa o fantasma por alguns instantes, permitindo mais fotos.
Causar bons danos não é eficiente apenas para tirarmos maior dano do oponente: eles rendem mais pontos também. Em Fatal Frame, as fotos tiradas rendem pontos, chamados de Spirit Points, que por sua vez podem ser convertidos em upgrades para a câmera. Quanto melhores forem as fotos, mais pontos elas valem. Há multiplicadores de pontos, que sempre valem a pena serem conseguidos, como por exemplo o Core Shot (tirar a foto com o fantasma bem centralizado), Close Shot (tirar a foto bem próximo do fantasma), além dos já citados Critical Shot (com a barra de foco cheia) e Zero Shot (foto tirada no momento de ataque do fantasma). Tirar a última foto do fantasma, capturando-o com uma foto especial, como Critical ou Zero, pode render o dobro ou o triplo de pontos de uma foto comum.
Vamos falar sobre as Spirit Points. Acumulando uma quantidade de pontos, podemos usá-las para melhorar a nossa Camera Obscura. O menu de upgrades fica disponível a qualquer momento. Nele, podemos escolher se usamos nossos pontos para incrementar a nossa câmera em algumas características específicas, como Range (alcance), Speed (velocidade de movimentação) e Max Value (valor máximo de dano causado por cada foto). Incrementar a câmera e deixá-la mais potente é essencial para conseguir se dar bem nos fantasmas mais poderosos. Além de incrementar a câmera, ainda é possível comprar novas habilidades que podem deixá-la ainda mais eficiente no exorcismo.
A Camera Obscura não é capaz apenas de tirar fotos. Entre as habilidades que podemos adquirir, está Pressure, que empurra os fantasmas, Slow, que os deixa mais lentos, See, que permite vê-los com mais facilidade, Paralyze, que paralisa os fantasmas, e Search, que mostra a localização dos fantasmas na área. Após comprar determinada habilidade, ela se torna disponível para ser equipada. Podemos equipar apenas uma habilidade por vez, e, para usá-las, é necessário que tenhamos Spirit Stones. Cada vez que usamos a habilidade consumimos uma Spirit Stone.
Os fantasmas estão espalhados por todos os cantos. Eles sempre começam com uma aparição dramática, que revela sua origem e como aquela pessoa se tornou um fantasma. Então, após derrotá-lo pela primeira vez, ele pode aparecer de surpresa a qualquer momento para nos amedrontar. Os fantasmas podem aparecer de forma randômica, e isso quase sempre acontece quando ficamos muito tempo explorando determinada área do cenário. Quando os fantasmas principais (geralmente chamados de "chefes") aparecem, as saídas se trancam e somos obrigados a enfrentá-los. Mas os fantasmas comuns podem ser ignorados, se quiser. Tudo bem que fugir de um fantasma é algo quase que impossível, levando em consideração que a protagonista corre muito lentamente, e que os fantasmas são capazes de se teleportar, atravessar paredes e objetos e nos seguir por várias salas. Mas eles geralmente param de nos seguir quando nos afastamos demais de seu local de origem ou quando entramos em uma sala de save.
Nem todos os fantasmas do jogo são ofensivos. A mansão está repleta de fantasmas imóveis que apenas ficam guardando algum respectivo lugar. Eles não são visíveis a olho nu, e apenas aparecem com a visão da câmera. Para encontrá-los, é preciso paciência e atenção: a luz de presença de fantasmas irá brilhar em azul quando estiver próximo de um desses fantasmas especiais. Ao fotografá-los, ganhará muitos e muitos pontos extras. Além deles, há alguns fantasmas especiais, que apenas tentam nos dar susto. Eles aparecem atrás de portas, atravessando paredes de repente, ou outras coisas assim. Às vezes, eles até mesmo nos indicam por onde temos de ir. A câmera do jogo sempre dá um close na direção desses fantasmas quando eles aparecem, mas eles logo somem, de modo que, se quiser tirar foto deles, terá de ser rápido, antes que ele suma. Quanto mais rápido for a foto, e quanto melhor ela for, mais pontos ela fornecerá.
Para tirar fotos no jogo, é claro que precisará de muitos filmes. E sim, os filmes que usamos são limitados, de modo que não pode sair por aí fotografando tudo a torto e a direito. Há três tipos de filme no jogo: o tipo 14, o tipo 37, o tipo 74 e o tipo 90. Nessa ordem, os filmes vão ficando mais poderosos e com maior poder de exorcismo. Quanto mais forte é o filme, mais raro é encontrá-lo, então a metodologia a ser empregada é a mesma para a munição convencional dos survival-horrors: economize as munições mais importantes para os momentos de maior necessidade, ou terá problemas.
Miku possui uma barra de vida sempre presente no canto. Ela vai se esgotando conforme o dano que recebemos dos fantasmas, e, acredite, ela se esgota MUITO rápido. Talvez esse seja um dos elementos que torna esse jogo muito difícil: a Miku perde muita vida. Mesmo no modo de dificuldade mais fácil, muitas vezes basta um golpe para perdermos um teço, até metade de nossa barra de vida. Tanta vulnerabilidade torna a morte uma coisa constante, já que, se formos encurralados por dois fantasmas ou mais, as chances de conseguir sobreviver são ínfimas. Para recuperar a vida, o jogo fornece itens que curam metade ou a vida inteira. Há ainda Stone Mirrors, itens que ressuscitam o personagem quando ele morre. Cada Stone Mirror só pode ser usado uma vez, e só podemos levar um por vez conosco. Por sorte, há vários Stone Mirrors espalhados pelo cenário, de modo que, se perder logo, sempre poderá repô-lo.
Os itens são bem limitados, contando com itens de cura e filmes para a câmera. Para evitar ficam sem, o jogador precisa se dedicar a procurar bem pelos cenários atrás de itens. A maioria dos itens aparece brilhando quando miramos com a lanterna em sua direção, o que serve como chamativo, mas os itens mais raros (como Stone Mirrors e as munições mais poderosas) não aparecem assim tão fáceis. Elas ficam muito bem escondidas atrás de móveis, em cantos escuros em pontos de difícil acesso, obrigando o jogador a procurar muito e tatear no escuro se quiser encontrá-los.
Espalhados pela mansão, encontrará ainda alguns documentos assustadores, que contam a história do jogo do ponto de vista de alguns personagens. Alguns desses documentos, como os diários, contam a origem dos personagens que se tornaram fantasmas. Há ainda tapes, que podem ser ouvidos a qualquer momento, e mostram narrações completas de momentos críticos na história do jogo. Todos esses documentos são úteis caso pretenda compreender bem o que está acontecendo.
Nem só de exorcismo é feito o jogo. Além de enfrentar fantasmas, Miku deve explorar bem os cenários, localizar itens e resolver puzzles. Fatal Frame não é muito voltado para a velha questão de achar "chaves ou cartões de acesso". Ao invés disso, ao encontrarmos uma porta trancada, podemos fotografá-la e saber o que precisamos encontrar para abri-la. Pode ser um item, ou a porta pode estar trancada com um encosto, que, se fotografado, libera a porta. Em certos momentos, teremos de resolver puzzles, que quase sempre são de digitação de códigos (que são encontrados em documentos) ou de encaixes de peças, jogos simples que não são tão exigentes assim de raciocínio. A maioria dos puzzles é simples, o que complica mesmo é que os caracteres e algarismos dos puzzles (essenciais para se localizar a resposta) estão em japonês, mesmo na versão americana e europeia do jogo. Isso complica bastante a resolução, mas, depois de um tempo, se pega o jeito sobre o que tem de ser feito.
O jogo em si não é tão curto. Ele é dividido em capítulos, que são chamados de noites. O jogo inteiro se passa na mesma mansão, com as mesmas salas e os mesmos locais. A diferença é que, a cada capítulo que prosseguimos, mais locais vão sendo liberados, alguns itens mudam de lugar, portas antes trancadas ficam destrancadas e passagens antes disponíveis ficam seladas. É como se fosse várias mansões dentro de uma só, mas, no fundo, fica fácil se acostumar a se locomover pelo local sempre pelos mesmos caminhos. A mansão também possui um bom número de salas de save, de modo que não temos de caminhar muito para poder salvar o jogo. Podemos ver todas as salas de save diretamente no mapa, o qual é muito útil e organizado, mostrando a localização de portas, caminhos e passagens alternativas.
Após fechar o jogo pela primeira vez, poderá recomeçar o jogo contendo todos os itens, habilidades e pontos que adquiriu no jogo anterior. Assim, poderá incrementar ainda mais a sua Camera Obscura, tornando-a com o máximo da potência. Além disso, poderá ver a lista de fantasmas que tem no jogo. Completar a lista de fantasmas requer encontrar todos mesmo, incluindo os imóveis e os temporários que só aparecem em determinados momentos-chave do jogo. Alguns deles são difíceis de se fotografar, e aparecem bem rápido, mas, se quiser ter todos, terá de ter atenção redobrada.
Além disso, ao fechar o jogo pela primeira vez, conseguirá habilitar o modo Battle Mode. Nesse modo, temos um tempo limite para completar um desafio, que é sempre enfrentar um ou mais fantasmas com uma quantidade limitada de filmes e de vida. São 20 missões ao todo, com dificuldade crescente. Passar por todos os desafios do Battle Mode libra novos trajes para usar com a Miku, e um novo modo de dificuldade, chamado Nightmare, o qual possui um sistema de jogo diferente. A dificuldade Nightmare não é só bem mais difícil do que a dificuldade normal: ela muda a posição de alguns itens, a ordem de aparição de alguns fantasmas e ainda possui um final exclusivo diferente do original (um pouco diferente, na verdade). Vale a pena fechar o jogo na dificuldade Nightmare só para ver o melhor final do jogo.

Minha análise do jogo

Gráficos
Os gráficos de Fatal Frame são sublimes e simplistas, mas muito bem concebidos. É preciso entender que um jogo de terror não pode se dar ao luxo de ter gráficos coloridos e extravagantes. Aqui, e em qualquer Survival-Horror que se dê a entender, o que preza é o escuro, os efeitos de luz, o sentimento de solidão, de desolação, de claustrofobia, e também o realismo. Sim, porque se o cenário não for realista e convincente, todo o sentimento imersivo pode ir por água abaixo, e, em consequência, o fator medo pode diminuir também. Por isso, Fatal Frame se dedicou a realizar os gráficos mais realistas e assustadores possível, e sendo assim abdicou de outros elementos que podem chamar a atenção em jogos de outros gêneros. São gráficos lindos, os cenários estão muito bem feitos, detalhados e tenebrosos, a animação dos personagens está ótima e os efeitos especiais também estão bem produzidos, inclusive a luz da lanterna, que, passando pelas telas e móveis, causa efeitos impressionantemente realistas e assustadores. Uma pena que o escuro frequente não nos permita observar melhor alguns elementos que podem passar desapercebido pelos ângulos de câmera, mas basta admirar os cômodos detalhadamente em primeira pessoa para ver que cada sala foi trabalhada individualmente com algum esmero (e um pouco de bizarro significado). Enfim, não há nada para se reclamar acerca dos gráficos aqui: empenho máximo por parte da Tecmo.
● Nota pessoal: 5/5 (Empenho Máximo)

Som
É no aspecto sonoro que Fatal Frame mostra um pouco de seu lado menos expressivo. Devo ressaltar que a Tecmo menosprezou um pouco o aspecto sonoro. Para um jogo de terror mais sutil, mais cruel e menos apelativo, músicas mais lentas, mais distorcidas e mais tensas são a medida perfeita. Quem nos ensinou isso foi Akira Yamaoka e suas excelentes melodias para a franquia Silent Hill. Diferente do apelo exagerado que são as músicas vibrantes e alucinantes de Resident Evil, um jogo como Fatal Frame precisa de sons mais sutis, que parecem vir do inconsciente. O jogo possui seus sons distorcidos, suas melodias caóticas e seus sons que indicam o princípio da tensão... Mas são muito poucos. O jogo deixa o jogador a maioria do tempo em silêncio, ouvindo apenas o som ambiente e o barulho de seus próprios passos. Em salas com som ambiente (como o parque no qual há uma roda velha que geme de forma absurdamente irritante), cria uma atmosfera legal, mas na maioria dos corredores e salas comuns não há nada que faça barulho. Aí, deixa de ser emocionante para ser bocejante. Veja bem, quando há uma aparição de um fantasma, ou quando há uma cena interessante, a música do jogo entra de forma sensacional, e faz sua parte de forma brilhante. A dublagem dos personagens (ainda mais dos fantasmas) e o som ambiente estão excelentes, também. Só que faltou um pouco mais de "presença sonora" no jogo. Tudo teria ficado ainda melhor se a Tecmo tivesse resolvido colocar mais músicas, preenchendo cada tipo de espaço, como outros jogos fizeram. Mas o jogo optou pelo silêncio na grande maioria do tempo. Até funciona, mas não é a mesma coisa. Podia ter ficado bem melhor. O empenho que a Tecmo teve com a qualidade sonora do jogo foi apenas considerável.
● Nota pessoal: 3/5 (Empenho Considerável)

Jogabilidade
Fatal Frame possui uma jogabilidade que é um misto de vários estilos. A Tecmo optou por não apresentar aquela jogabilidade paradona que tanto atormenta as franquias Resident Evil e Silent Hill (eu mesmo já critiquei esse método de movimentação diversas vezes), e trouxe uma jogabilidade mais livre e fluida... Mas não menos atrapalhada. Vejam bem, a ideia foi boa. Controlamos Miku da forma como controlamos Snake em Metal Gear. Tinha tudo para dar certo, não é? Pena que não foi bem assim. Com a mescla de câmeras estáticas e câmeras móveis, que acompanham o personagem, um estilo de movimentação que depende do ângulo de visão é estranho. Veja bem, você pressiona para a direita e segue naquela direção. Aí a câmera muda de ângulo e você continua segurando para a direita, mas, ao invés de seguir em linha reta, o personagem vai em outra direção, porque a noção de "direita" mudou com a câmera. Isso atrapalha mais do que pensa, principalmente nos momentos críticos, quando enfrentamos um oponente veloz ou quando queremos apenas correr de um fantasma que não queremos enfrentar. Fica confuso. E o sistema de combate também tem suas falhas. Ele não é tão objetivo. Leva-se muito tempo para entender como é que se funciona o modo de batalha, e as explicações do tutorial são vagos demais para se entender de princípio. Até que se pegue o jeito do sistema de combate, ou irá gastar muitos kits de vida ou irá morrer repetidas vezes. Eles poderiam ter aprimorado mais o tutorial, porque tem muita coisa que passa batido, e esse sistema é complexo demais para a curva de dificuldade profunda demais no início do jogo. Isso tornou a jogabilidade desnecessariamente frustrante e incômoda aos iniciantes, o que pode afastar alguns jogadores menos hardcore. Uma pena, pois, depois que se pega o jeito, fica muito viciante. Mas, por todos esses aspectos aqui apresentados, justifico que o empenho que a Tecmo teve com a jogabilidade foi mediano.
● Nota pessoal: 2/5 (Empenho Mediano)

Longevidade
A Tecmo demonstrou alguma preocupação com a longevidade desse game. Sabendo exatamente o que tem de ser feito, o jogo possui entre 4 e 5 horas de duração. Mas, para um jogador iniciante conhecendo o jogo pela primeira vez, a duração pode chegar entre 7 e 8 horas de jogo! Talvez um puco mais, caso o jogador se dedique a encontrar todos os documentos e a fotografar todos os fantasmas, inclusive os escondidos, de modo a poder completar a Ghost List. Após fechar o jogo pela primeira vez, o jogador libera uma roupa especial e poderá jogar o modo especial Battle Mode. E então, através do modo Battle Mode, ele poderá disponibilizar a dificuldade Nightmare, e jogar mais uma vez apenas para poder assistir a um novo final. Isso rende, ao todo, entre 13 e 16 horas ao todo para que o jogador possa ver tudo o que tem para ser visto. Ainda não é uma quantidade lá muito grande de conteúdo, mas é suficiente. Ainda há uma roupa secreta para ser liberada caso o jogador queira conseguir ranking S no jogo, o que pode manter os fãs jogando por ainda mais tempo. O empenho que a Tecmo teve com a longevidade do jogo foi excelente.
● Nota pessoal: 4/5 (Empenho Excelente)

Inovação
Fatal Frame possui um estilo único e inconfundível. Não encontrará algo assim em nenhum outro game, e não estou só falando do aspecto cultural do folclore japonês: estou me referindo à atmosfera em si. Mesmo quando comparado aos mais clássicos dos jogos de terror psicológico (sendo o melhor e mais atual deles Silent Hill 2), Fatal Frame ainda se mantém em seu local apropriado, em seu pedestal exclusivo. Não é uma cópia de nada, é uma reinvenção daquilo que já poderia ter sido proposto há muito tempo. Fãs do gênero Survival-Horror poderão considerar esse jogo um purista do estilo: um jogo que preza mais os sustos e o instinto pela sobrevivência do que o combate propriamente dito. Fatal Frame faz o jogador ter medo daquilo que ele não vê, mais do que aquilo que vê. Ele faz o jogador ir aos locais mais escuros e mais sinistros, apenas para se certificar de que não há nada lá; porque desta vez o perigo não salta bem na sua frente, ele atravessa a parede sutilmente pelas suas costas. O jogo incita um dos medos mais profundos que alguém pode sentir, rivalizável com diversos dos melhores filmes de terror que o cinema já pôde produzir. E tudo sem apelar para cenas grotescas, monstros bizarros e nem chuvas de sangue, sempre de forma original e diferente de tudo aquilo que os ocidentais estão acostumados a ver por aí. Uma bela adição ao gênero, eu torço para que esse jogo se torne uma inspiração para as empresas que pretendem fazer jogos assustadores daqui em diante, pois trata-se de um belo exemplo. O empenho que a Tecmo teve em trazer algo original e fora dos padrões para o console foi máximo. Em tratando-se do gênero que é, isso é bem raro.
● Nota pessoal: 5/5 (Empenho Máximo)

Diversão
A atmosfera criada para o jogo Fatal Frame é sensacional. Não interessa a hora em que estiver jogando, se for de madrugada ou de manhã, no silêncio ou no escuro: a tensão que o jogo passa será sempre a mesma. As cenas de horror não são uma constante e se intercalam de forma frenética: elas revezam com partes de exploração e puzzles. Mas esses momentos são poucos: o que conta mesmo são as cenas horripilantes de mortes cruéis e torturas apavorantes. Algumas cenas são fortes o bastante para ficar na sua memória por semanas, e não me admiraria se não tivesse pelo menos um pesadelo com algum dos chefões. Alguns críticos até afirmam que Fatal Frame é "o mais assustador de todos". Eu não seria tão enfático, diria Silent Hill 2, mas esse jogo com certeza está entre no meu Top 3. Quando não estiver enfrentando um fantasma, estará ansiando desesperadamente para que o próximo apareça, e que possa ser rápido o bastante para vê-lo antes que ele lhe pegue desprevenido. E aí entra um dos fatores que ressaltarei aqui: o jogo é difícil pacas. Boa parte de sua dificuldade provém do fato de que ele é fora dos padrões. Um jogo pouco convencional, que deixa o jogador livre ao mesmo tempo excessivamente preso a alguns conceitos e a um sistema de batalha confuso que leva-se muito tempo para se pegar. Tudo isso aliado a inimigos apelativos e uma quantidade ínfima de itens de vida desde o começo criam uma primeira impressão que pode não ser tão boa assim. Eu, por exemplo, não recomendaria Fatal Frame a um jogador menos experiente ou sem vivência de Survival-Horror, pois ele acharia o jogo um pesadelo. O jogo é difícil demais mesmo na dificuldade mais fácil. Além disso, os jogadores sem conhecimento algum de japonês podem levar muito tempo para decifrar alguns puzzles do jogo, o que também é algo a ser dito. Mas, contando os prós e os contras, Fatal Frame ainda reserva muita diversão àquele que jogar. Apenas não é perfeito. O empenho que a Tecmo teve com a diversão desse jogo foi excelente.
● Nota pessoal: 4/5 (Empenho Excelente)

Soma Final: 23/30 (Muito Bom)

Em resumo: Fatal Frame supre uma necessidade essencial do fã de Survival-Horror: é terror que não acaba mais. Sim, pois o horror e os sustos são o que mais está faltando nos Survival-Horrors de hoje. Todos (com algumas poucas exceções) estão cada vez mais focando no combate, nos gráficos e na história mais elaborada, mas o elemento primordial do gênero - o terror - veio se perdendo. Fatal Frame uniu muita coisa, mudou alguns conceitos, apresentou novos parâmetros e ainda deu uma aula básica sobre lendas urbanas e folclore japonês. O jogo possui falhas que o impedem de ser um clássico instantâneo, mas nada que não possa ser corrigido no futuro e tornar esse jogo em uma franquia de sucesso. O primeiro passo já foi muito bom, e serviu para reanimar um gênero que vinha precisando de sangue novo.


Análises profissionais

A média pela Metacritic para Fatal Frame é 74/100.

Detonado em vídeo

Este é o melhor detonado em vídeo de Fatal Frame disponível na internet. Este detonado foi feito na versão para Xbox. Ele está completo, com excelente qualidade de imagem e excelentemente compactado, de modo a exigir a menor quantidade de vídeos possível. O detonado está no modo Nightmare de dificuldade, não possui comentários e mostra exatamente como passar por todas as áreas, resolver todos os quebra-cabeças e derrotar todos os chefões, contando ainda com a localização de diversos itens secretos e diversos fantasmas extras escondidos. Vale a pena conferir.

Parte 1


Parte 2


E aí, o que achou desta análise? Curtiu? Deixe-me seu comentário, ou entre em contato comigo pelo e-mail: adm_melhorfinal@hotmail.com ou pelo twitter: @AdmMelhorFinal.
Comentários
0 Comentários

0 comentários:

Postar um comentário