quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Midnight Club: Street Racing - Análise

Esta é a análise de Midnight Club: Street Racing, lançado pela Rockstar Games em 2000 para o Playstation 2.

File:Midnight Club - Street Racing Coverart.jpg

Introdução

Os apaixonados pelos consoles da Sony viveram grandes e maravilhosos tempos na era Playstation. Com a tão aguardada transição para a era 128 bits, estava mais do que claro que as grandes franquias que apareceram no console anterior, como Gran Turismo, Need for Speed e Ridge Racer iriam voltar e continuar o sucesso que haviam acumulado. O que eles não esperavam é que fossem encontrar concorrência logo de cara. Em 2000, a Rockstar Games, em parceria com a desenvolvedora Angel Studios, entrou de cabeça no gênero Racing trazendo Midnight Club, um jogo que aposta na emoções dos rachas ilegais noturnos em cidades turísticas famosas. Trazendo elementos até então impensados para o gênero e conquistando uma legião de fãs sendo pioneiro em diversos quesitos, Midnight Club trouxe os jogos de corrida arcade e um novo nível, quase como Need for Speed fez no console anterior. Vamos conhecer melhor essa grata surpresa que a Rockstar Games nos trouxe?

MIDNIGHT CLUB: STREET RACING


Informações técnicas

Publicado por: Rockstar Games
Desenvolvido por: Angel Studios (atual Rockstar San Diego)
Gênero: Racing
Plataforma: Playstation 2
Data de lançamento: 12 de outubro de 2000
Faixa etária: Teen

Trilha-sonora da análise

Enquanto lê a nossa análise, que tal escutar o áudio que separamos mais abaixo?


Música The Beginning, músicas de introdução do jogo, composta por Derrick May.

Sobre a história

A exemplo de outras dezenas de jogos de corrida lançados até então, Midnight Club não possui uma história a ser seguida, apesar de que ele retrata uma espécie de modo carreira, que é o mais próximo que se chega de uma história.

O jogo gira em torno de um taxista de Nova Iorque sem nome, aparência e nem identidade, que decide entrar para o submundo dos rachas na cidade. Em posse de um táxi não lá muito possante, mas de um instinto forte de corredor e uma habilidade sem igual ao volante, ele decide desafiar ninguém menos do que Emilio Sanchez, um dos reis do pedaço.

Mesmo usando um carro inferior, o taxista vence Emilio, que, de acordo com as leis das ruas, lhe concede seu carro como prêmio. Emilio ainda lhe fala sobre um clube secreto de corredores de racha famoso em todo o mundo, e com base na cidade: o Midnight Club. Diversos motoristas de racha disputam ao redor da cidade por volta da meia-noite, em busca de fama e dinheiro. O taxista decide então entrar para o grupo seleto, desafiando seus membros um a um.

O taxista desafia então Keiko Hatano e Larry Muller, ganhando seus carros e seu respeito. Ele começa a fazer parte do Midnight Club e vai conquistando amigos e desafetos entre os corredores. Então, ele chama a atenção do campeão do Midnight Club de Nova Iorque, o Kareem Windross. Após vencê-lo em um racha disputado, Kareem lhe informa que a mais nova sede do Midnight Club fica em Londres, e que, se ele pretende se destacar dentro do grupo, é bom ir para lá.

O taxista vai até Londres, onde ele conhece novos corredores e vai vencendo um a um. Após vencer Lucas Howell Jones e Emily Morton, ele conquista fama e status suficiente para se encontrar cara-a-cara com o grande campeão de Londres do Midnight Club, Darren Thurrock. Após vencê-lo e virar um dos ícones dentro do clube, o ex-taxista é então desafiado por ninguém menos do que o campeão dos campeões do Midnight Club, uma lenda viva dos rachas em todo o mundo. Anika, campeão mundial, vive no Japão (um dos país mais famosos por suas extravagantes disputas de rachas noturnos), mas fez questão de vir a Londres só para conhecer de perto o novo nome do grupo. Ambos disputam uma corrida alucinante, e então o ex-taxista nova-iorquino vence, tornando-se o mais novo campeão mundial de Midnight Club.

E o jogo termina por aqui. Apesar de bem curta a simples, a "história" do jogo (se é que dá para chamar isso de história) é essa. Espero que tenham gostado.

Sobre o jogo

Os jogos de corrida convencionais se popularizaram bastante nos últimos anos, com grandes nomes que trouxeram grandes promessas. Ridge Racer é um ícone dos jogos de corrida estilo arcade, Need for Speed é um marco histórico dos amantes de velocidade alucinante e Gran Turismo é um deus dos deuses quando nos referimos a simuladores de corridas com imensa quantidade de carros licenciados. Cada um no seu quadrado, com seu nicho específico e seu público seleto, não dá para afirmar simplesmente "quem é melhor do que quem". Quando se esperava que as demais franquias não fossem trazer mais nada de novo, e apenas continuar um dos três segmentos, eis que aparece Midnight Club trazendo mais um sub-segmento para os jogos de corrida convencionais: o Street Racing.
Street Racing são aquelas corridas ilegais realizadas por donos de carros possantes (geralmente, tunados e adaptados de carros comuns) e motoristas ávidos por velocidade, conhecidas como "rachas". Apesar de ser ilegal e informal, trata-se de uma espécie de esporte bem popular, com seguidores e fanáticos ao redor do globo. Disputando corridas em locais desertos e isolados, ou mesmo no meio das ruas, os pilotos não deixam de ser criminosos, mas não deixam de competir por nada nesse mundo. Hoje em dia você conhece muito bem o que é o Street Racing, principalmente após ele ter sido amplamente popularizado com o sucesso do filme Velozes e Furiosos, lançado em 2001. Porém, antes do ano 2000, não era algo tão popular assim, e apenas alguns nichos específicos da população sabiam do que se trata. Isso, é claro, pelo menos até a Angel Studios trouxer para os games.
Midnight Club é o primeiro jogo de corrida a retratar da forma mais fiel possível o universo intenso do Street Racing. Contando com personagens fictícios, mas com localidades reais (Nova Iorque e Londres realmente são alguns dos lugares mais procurados pelos amantes de racha no mundo, seguido de Tóquio), o game narra em detalhes a existência de grupos amantes de velocidade que preferem enfrentar as forças da lei apenas para saciar sua gana por acelerar fundo. Tudo no jogo está retratado: o estilo dos carros, o modo como se reúnem, as competições e até mesmo o cerco da polícia.
Sim, quando digo que os rachas são ilegais, é porque são mesmo. A polícia arma verdadeiras emboscadas, traça planos e monta estratégias para impedir que os rachas continuem acontecendo nas grandes cidades. Afinal de contas, ruas e avenidas não são lugares para corridas, pois, além de ameaçar pedestres, conta ainda com o perigo dos outros carros que estão passando na velocidade permitida e não têm nada a ver com isso. Mas essa é a graça do ato: o perigo é que faz com que a cada ano que passa mais e mais jovens (ricos, em sua maioria) se reúnam para praticar rachas, por mais que tentem coibir. E todo esse perigo também é retratado no jogo.
Midnight Club se controla como um jogo de corrida qualquer. Há comandos para acelerar, frear, virar e até derrapar, além de diversos ângulos de câmera, contando com a visão externa superior, traseira ou mesmo a visão interior, que faz o jogador se sentir o motorista mesmo. Quem já jogou um jogo de corrida na vida não terá o menor problema para se acostumar com esse. A questão é que o jogo é bem estilão arcade, ou seja, esqueça a simulação instigante de jogos como Gran Turismo. Está mais para um Need for Speed, com direito a altíssimas velocidades, turbos, curvas cegas, batidas fortes e capotagens violentas.
A princípio, o jogo parece um tanto incomum por fornecer ao jogador um mundo aberto e explorável. Midnight Club é o primeiro jogo de corrida da história a fornecer uma cidade aberta e totalmente explorável (o precursor de algo semelhante foi Turbo Esprit, um jogo lançado para Commodore 64 em 1986, mas mesmo ele não almejava tanto na sua época) para o jogador. Pode-se ir onde quiser, temos total liberdade de sair pelas ruas, trombar nos outros carros, invadir parques e até mesmo entrar em alguns edifícios.
Tal liberdade é um dos elementos mais legais do jogo, até porque não estamos falando de cidades qualquer, ou cidadezinhas sem importância, e sim de Nova Iorque e de Londres. O mapa das cidades é idêntico, contando até mesmo com diversos pontos turísticos reais. É muito legal poder andar por Nova Iorque e reconhecer diversos pontos, como o Central Park, a Times Square, o Empire State Building, o World Trade Center, o United Nations Plaza ou o Madison Square Garden. Quanto a Londres, poderá avistar o Big Ben, o London Eye, o Palace of Westminster, o Tower Bridge ou o Trafalgar Square. Tudo fielmente retratado, no mesmo local que seus modelos reais, e com riqueza de detalhes ainda por cima.
Mas é claro que o jogo não é feito só de "saia dirigindo feliz por aí". Espalhado pelas cidades, diversos motoristas estão ansiosos em busca de competidores. Poderá encontrá-los usando o bem-vindo mapa que serve como localização, no canto inferior esquerdo da tela. Acompanhe os movimentos dos outros corredores e mostre a eles que também sabe acelerar fundo. Caso se mostre bom o bastante ao volante, eles irão convidá-lo para rachas individuais cabeça-a-cabeça ou corridas alucinantes de quatro a seis competidores ao redor da cidade. Vencer essas corridas é essencial para que possa avançar no jogo e conhecer novos competidores, além de conquistar novos carros.
As corridas são aquilo que poderíamos esperar: rachas. Corridas alucinantes em pena cidade, passando por todos os desafios, com um único objetivo: ir de um ponto a outro mais rápido que seus adversários. Esqueça os simuladores ao competir nesse jogo: não há espaço para jogar limpo. Aqui, vale de tudo, como as regras das ruas nos dizem. Quando se corre em meio ao forte trânsito das grandes cidades, é preciso tomar cuidado com os outros veículos, para não causar acidentes e prejudicar a corrida. Como estamos em uma cidade, podemos formar o trajeto que quisermos, contanto que se chegue no local indicado no menor tempo. Isso não inclui apenas a escolha básica sobre qual rua seguir, ou se devemos ou não subir na calçada, mas influencia drasticamente a jogabilidade quando se percebe o que é possível fazer. O jogo lhe incentiva a atravessar parques, shoppings e museus, atravessar becos, janelas  e arrebentar grades, tudo o que for possível fazer para pegar atalhos e diminuir seu tempo em preciosos segundos. Seus adversários são inteligentes, e, se não quiser descobrir atalhos no meio do caminho, estará em desvantagem, pois com certeza eles conhecem a cidade como a palma da mão. Basta seguir seus adversários para descobrir interessantes atalhos pela cidade e deixar a corrida ainda mais emocionante.
As cidades são altamente interativas, de modo que poderá destruir postes e outros objetos, como caixas, bancos de praça e caixas de correio, além de destruir grades, janelas, murais e paredes para chegar a locais impensáveis. Também é possível bater em outros carros, destruir outros veículos e passar por cima de transeuntes nas ruas (atropelá-los não irá matá-los, apenas machucá-los um pouco, não se preocupe). Apenas tome cuidado com a velocidade: arrebentar um poste a mais de 100 milhas por hora pode significar perder o controle do veículo e bater de frente em alguma parede, dando adeus a chances de vitória.
Não terá apenas de desviar de carros comuns nas ruas: não se esqueça de que a polícia patrulha as cidades a todo o momento. De uma hora para outra, algumas viaturas podem fechar o cerco e tentar prender os competidores. Não se deixe abater, e acelere ainda mais, pois a corrida não pode parar! As viaturas não são páreo para os carros tunados, apesar de que eles farão de tudo para prender os infratores. Fique esperto e não pare de acelerar!
Os carros que pode usar no jogo são carros comuns levemente adaptados para corrida, como é de praxe do Street Racing. Aqui não tem aqueles modelos esportivos, próprios de corrida ou aqueles conversíveis luxuosos que vemos em outros jogos. São carros comuns mesmo, de táxis a pequenos bugs, de sedans a picapes, de jipes 4WD a carros comuns de passeio, mas com leves alterações que incrementam a sua performance, como por exemplo turbos, pneus especiais e motores mais potentes. A variedade do jogo até que é interessante, contando com alguns veículos bacanas de brinde, como ônibus, caminhões, viaturas, táxis e até mesmo caminhões de sorvete ou dos correios.  No entanto, não é possível customizá-los, apenas no máximo mudar a cor da pintura. Todos os carros são pensados em cima de modelos reais, mas possuem nomes fictícios e debochados. Não há carros reais ou licenciados no jogo.
Cada carro possui suas características próprias, seguindo a lei universal de que nenhum carro no mundo é perfeito. Uns viram bem, porém possuem pouca aceleração. Outros possuem boa aceleração, mas a velocidade final deles é péssima. Outros possuem alta velocidade final, mas são fáceis de se quebrar. Por fim, outros são bem duráveis, mas são horríveis nas curvas. E assim por diante. Saber qual carro irá usar irá depender exclusivamente de seu estilo de direção.
A única forma de ganhar carros é vencendo seus adversários nos rachas. Afinal, é comum, nos rachas, os competidores apostarem os carros. Portanto, quer aquele carro maneiro daquele corredor? Vença-o em uma corrida e seu carro será seu; isso é, se conseguir mesmo vencê-lo. Como a ordem dos carros é crescente, os carros dos seus oponentes sempre são melhores que o que está usando no momento, de modo que toda corrida sempre será um desafio. Da mesma forma, vencer uma corrida sempre será gratificante, pois significa mais um possante irado para a nossa garagem.
Quanto mais se avança, mais e mais poderosos carros temos a nosso dispor, e os adversários também passam a ficar mais espertos. Em pouco tempo, perceberá que a inteligência artificial foi bem trabalhada, pois os competidores conhecem rotas alternativas, atalhos e locais de fácil acesso. Sabem usar o turbo na hora certa, fazem boas curvas e alguns até tentam lhe jogar para fora da estrada. Em algumas corridas, verá alguns competidores seguindo por caminhos diferentes, cada um buscando se antecipar ao próximo pegando um caminho mais fácil. Fica legal de se ver. Tudo bem que a inteligência artificial também não é perfeita. É coisa frequente ver alguns competidores (mesmo em etapas finais do jogo) baterem e capotarem, ou mesmo ficarem presos atrás de alguma pilastra ou dentro de algum edifício. Nada é perfeito.
O nível de dificuldade do jogo assusta, principalmente no começo. É preciso jogar várias vezes para conseguir passar por cada prova, e o motivo disso muitas vezes nem é o adversário, e sim o percurso. Apesar de o sistema de navegação e orientação do jogo tentar sempre levar o jogador na direção certo, cada percurso já possui uma trajetória pré-definida como "mais rápida", sobre a qual seus adversários tentarão tomar vantagem. Como você não domina o percurso a princípio, por melhor que seja, acabará vendo passar de primeiro colocado a terceiro ou quarto simplesmente porque virou na rua errada ou deixou de pegar algum atalho. Levemente frustrante, mas é isso aí, você tem de "ler" a fase, estudar o percurso e decorar onde ficam os atalhos e pontos falhos, de modo a ter alguma chance de vencer seus rivais na rodada seguinte. Ou na outra. Ou na que vem depois da outra. Enfim.
Após vencer o modo carreira, poderá ficar a vontade para explorar as cidades ainda mais no modo Cruise. Nesse modo, o jogador é livre para ir onde quiser e fazer o que quiser. Poderá ainda escolher o horário (madrugada, meia-noite ou anoitecendo), o clima (normal, nublado ou chuvoso) e até mesmo a intensidade do tráfego. Nesse modo, caso o jogador encontre pontos especiais e secretos escondidos pela fase, ele liberará carros extras e divertidos, como viaturas, ônibus e uma retroescavadeira. Há vários carros bônus, mas saiba que não poderá concorrer com eles no modo carreira.
Além disso, há alguns desafios extras, como corridas especiais fora do modo carreira, que podem render ainda mais veículos extras. Também não podemos deixar de lado o modo multiplayer para dois jogadores, que é hiper divertido. Poderá convidar um amigo para uma partida multiplayer de tela dividida. Tem de tudo, Capture the Flag, Head-to-Head, competições individuais ou ainda, se quiserem, poderão apenas sair por aí pela cidade e fazerem o que quiser.

Minha análise do jogo

Gráficos
Se as primeiras imagens de Midnight Club não pareciam muito promissores, o produto final ficou bem melhor. As cidades são grandes, o que é um diferencial em relação a outros jogos, e isso traz uma exigência diferenciada em relação à parte gráfica, pois fica mais difícil fazer uma cidade inteira detalhada e realista do que várias pistas curtas detalhadas e realistas. Portanto, não dá para comparar com Ridge Racer V, por exemplo. O que estraga o jogo um pouco é a simplicidade com que as texturas do jogo foram executadas. Um olhar mais atento perceberá que a cidade força demais nos ângulos retos e em designs simples demais para os prédios e casas. Só os monumentos e prédios principais receberam atenção: o restante na cidade ficou deixado de lado e parece ter sido feito às pressas, deixando tudo um pouco mais feio. Os outros carros e objetos nas ruas não estragam o visual e fornecem uma boa dose de realismo, mas os pedestres estão horríveis, poderiam ter sido mais caprichados. Os carros foram bem produzidos, possuem alto nível de detalhismo e apresentam os defeitos conforme os danos ocorrem, o que é muito legal, e difere de outros jogos de corrida no mercado. Há bons efeitos de luz no jogo (principalmente pelo fato de as corridas serem à noite), mas não há outros efeitos gráficos vistosos, já que as animações são vídeos gravados. É de se considerar também que o console se encontra ainda em seu primeiro ano, portanto as produtoras ainda estão se acostumando com a tecnologia. No entanto, há diversos outros títulos lançados na mesma época que apresentaram resultados melhores, mas também não tão melhores assim. Não é o jogo mais bonito lançado no primeiro ano do Playstation 2, mas também se apresenta melhor do que a média. O empenho que a Angel Studios teve foi excelente, levando em consideração a expectativa, o desconhecimento da nova tecnologia e o prazo curto de produção.
● Nota pessoal: 4/5 (Empenho Excelente)

Som
As músicas selecionadas para Midnight Club permeiam diversos tipos diferentes de música eletrônica, do house ao techno e trance. Diversos DJs americanos foram chamados para compor as músicas do jogo, como por exemplo Surgeon ou Derrick May, o compositor da trilha principal do jogo. As músicas combinam bem o jogo e com a pegada do Street Racing. Não são tantas músicas diferentes, mas o bastante para não enjoar. Os carros possuem cada um seus próprios sons, de buzina, aceleração e ronco do motor, o que ajuda bastante o realismo. Outra coisa legal do jogo é a dublagem dos personagens. Todos os personagens possuem falas dubladas, não só nos diálogos que permeiam a história, como também durante as corridas, quando os outros corredores gritam, esperneiam, provocam, tiram sarro, elogiam ou mesmo avisam sobre viaturas na área ou quando tiver perigo na área. As dublagens não são um show à parte, mas são um excelente adendo para o gênero, no qual esse tipo de quesito não é comum, além de ser útil para tirar a monotonia de algumas corridas e demonstrar um pouco mais a personalidade de cada adversário. Até os pedestres, e gritam frases engraçadas quando são atropelados ou quando subimos na calçada em alta velocidade. De resto, o som é comum, mas, em nenhum momento ele decepciona. Por ter feito todo o seu trabalho de forma exemplar e ainda inovar na questão da dublagem (mesmo que não tão boa assim), diria que o empenho que a Angel Studios teve com o quesito sonoro foi máximo.
● Nota pessoal: 5/5 (Empenho Máximo)

Jogabilidade
A ideia de Midnight Club é fornecer o máximo do sentimento do Street Racing. Carros tunados, modificados para incrementar ao máximo a sua performance, livres para corridas sem fronteiras ao redor de grandes cidades populosas e movimentadas. Não adianta querer atribuir a um jogo desses uma mecânica de um simulador convencional de corrida, não é mesmo? Pensando nisso, a Angel Studios trouxe uma mecânica de jogo bem arcade mesmo, estilo Need for Speed, onde a velocidade impera e o freio só é usado em último caso. As principais qualidades que o jogador precisa desenvolver é o reflexo para desviar dos carros de passeio enquanto acelera pelas ruas ou a percepção do melhor momento para se usar os turbos. O jogo não apresenta muitas possibilidades, já que sua jogabilidade é tão básica quanto os outros jogos do gênero. Talvez a maior dificuldade que o jogador possa ter é saber como se usa o freio de mão de forma a não desacelerar demais. Nada demais, mas também nada de menos. Empenho excelente com a jogabilidade do game.
● Nota pessoal: 4/5 (Empenho Excelente)

Longevidade
Midnight Club possui um modo carreira, o que por si só já difere um pouco de outros jogos de corrida no mercado. Nesse modo, ele possui adversários a serem batidos. Ao todo, são nove competidores que temos de vencer, sendo que seis deles devem ser enfrentados várias vezes para se prosseguir na história (temos de derrotar no mínimo seis vezes cada um, sendo três vezes em disputa individual e outras três em grupo) e outros três aparecem como "chefões" e só precisam ser derrotados uma vez. Para se fechar o jogo simplesmente, não precisará de mais do que de oito a dez horas, dependendo de sua habilidade. No entanto, vencer todas as corridas secretas pode lhe render mais umas seis horas extras, e diversos carros adicionais. Completar o modo carreira e as corridas extras lhe renderão mais e mais carros, e, como se não fosse o bastante, há ainda mais carros para serem "descobertos" em locais escondidos pelas fases. Encontrar esses locais escondidos poderá lhe garantir mais umas duas ou três horas ao todo, tudo para se conseguir os mais de quarenta veículos para a sua garagem. Depois de fazer tudo o que é possível fazer no modo Single Player (o que pode levar de 16 a 25 horas), chegou a hora de competir no modo Multiplayer, com um amigo. Há diversos modos de jogo disponíveis para o modo multiplayer, tornando-o uma experiência rica e de longa duração. O Angel Studios não menosprezou a longevidade do jogo, isso é fato. Apesar de possuir apenas duas "pistas" e uma quantidade de conteúdo extra inferior à maioria dos jogos da concorrência, a dificuldade e a exploração dos vastos e complexos cenários tornam esse jogo mais completo e com uma longevidade maior. Com o modo multiplayer, então, fica ainda melhor. Analisado o conjunto como um todo, o empenho que a Angel Studios teve com a longevidade do game foi excelente.
● Nota pessoal: 4/5 (Empenho Excelente)

Inovação
Midnight Club possui uma ideia um tanto quanto original: trazer o Street Racing com todas as suas características, boas ou ruins. Corridas em cidades, em meio ao tráfego, e com cenários interativos não é nada original: há muitos anos jogos assim são lançados até com alguma frequência. Diversos nomes podem ser citados, inclusive alguns deles excelentes, mas nenhum deles se empenhou tanto em trazer a realidade do Street Racing de forma tão direta. As novas possibilidades da recém-chegada tecnologia permitiu aos criadores desenvolverem um jogo sem precedentes. As cidades são gigantes e repletas de atalhos, caminhos alternativos e momentos de tensão com direito a passagens entre shoppings, museus e saltos sobre prédios. Tudo de modo a permitir que o jogador faça o caminho que achar mais conveniente. O modo como o jogo deixa o jogador livre para selecionar seu adversário, persegui-lo e então chamar sua atenção, para só depois poder disputar um racha com ele, para poder conquistar seu respeito e seus carros, também ficou bem diferente. O jogo possui um modo carreira, e os adversários do protagonista possuem identidade, um carro que ressalta sua personalidade e uma direção característica. Isso não se vê por aí. No todo, Angel Studios pensou em fazer um jogo bem diferente dos outros, focado em demonstrar com a maior riqueza possível o vasto universo do Street Racing. Algumas coisas chegam a ser semelhantes a outros jogos no mercado, principalmente Midtown Madness, o último jogo da Angel Studios, de onde ele parece ter tirado boa parte de sua inspiração, assim como conta com alguns elementos de alguns Need for Speeds. Se o jogo não é 100% original, é no mínimo uma evolução muito bem-vinda dos jogos de corrida de rua arcade, e que soube usar o potencial da nova tecnologia a seu favor. O empenho da Angel Studios com a inovação foi excelente.
● Nota pessoal: 4/5 (Empenho Excelente)

Diversão
Midnight Club é um jogo difícil. Como nossos oponentes sempre possuem carros melhores do que os nossos, as primeiras corridas do jogo podem parecer irritantemente complicadas e até mesmo frustrantes. Dependendo de sua habilidade ao volante, poderá levar diversas tentativas para conseguir vencer cada um dos seus adversários iniciais. E os oponentes vão ficando cada vez mais rápidos e mais difíceis de serem batidos! Mas pelo menos os carros vão ficando melhores, e as batalhas ficam mais acirradas. Apesar de mais difícil do que a maioria dos outros jogos do gênero, o game ainda consegue ser viciante a ponto de não lhe deixar parar de jogar. Sempre dá vontade de tentar de novo, testar outro caminho, outra estratégia, ou quem sabe um outro carro. Mas o jogo também não é perfeito: como possui apenas duas cidades, ou duas "pistas", passar pelas mesmas ruas pode deixar algumas corridas manjadas, do tipo "já passei por aqui dezenas de vezes". A ausência de customização dos carros também deixa um pouco a desejar, já que outros jogos vinham agradando bastante com esses quesitos. O jogo não é para qualquer um, mas, se tiver a paciência de aprender a pegar as manhas das corridas, pode se tornar um dos mais viciantes jogos de corrida em um bom tempo. Ainda mais no primeiro ano de vida de um console. Empenho excelente.
● Nota pessoal: 4/5 (Empenho Excelente)

Soma Final: 25/30 (Muito Bom)

Em resumo: Midnight Club conseguiu conquistar seu espaço dentro do console como poucos. Um jogo original para os padrões de sua época, pioneiro em diversos quesitos e uma grata surpresa aos donos do console 128 bits da Sony logo em seu primeiro ano de vida, o jogo veio para bater de frente com figurinhas carimbadas da indústria. O jogo apenas foi prejudicado por ter sido lançado muito cedo, quando o console estava em seu início e seu verdadeiro poder ainda não havia sido plenamente explorado, mas, quando colocado dentro do contexto correto, vê-se que se trata de um jogo muito bom. Apaixonados por jogos de corrida possuem vários e vários jogos melhores por aí no console, mas os fãs de Street Racing não podem deixar de conhecer essa pérola.


Análises profissionais

A média pela Metacritic para Midnight Club: Street Racing é 78/100.

Detonado em vídeo

Simplesmente não há nenhum detonado em vídeo para esse game na internet. Sim, eu sei, é injusto, mas ninguém teve ainda a ideia de fazer um detonado completo desse jogo em vídeo. Tentaram, mas sem sucesso. Ficamos no aguardo por essa, e, saindo novidades, postamos aqui.

E aí, o que achou desta análise? Curtiu? Deixe-me seu comentário, ou entre em contato comigo pelo e-mail: adm_melhorfinal@hotmail.com ou pelo twitter: @AdmMelhorFinal.

2 comentários:

  1. cara, obrigado pela sugestão. Eu tava bem procurando umas referências mais velhas pra jogar. Midnight Club é excelente, joguei apenas o 3, mas já que você deu a ideia vou atrás desse título também. Obrigado pela análise, seu blog é ótimo. É realmente difícil encontrar sites de análises de vários tipos de jogos, de diferentes gerações, assim como o seu.

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    1. Fico feliz que tenha gostado do conselho. Se curtiu o Midnight Club 3, não tem porquê não gostar do primeiro da série. É Street Racing puro. O jogo não é fácil, tem de penar e persistir em alguns rachas, mas é legal pacas de correr. Se gosta de velocidade, deverá viciar logo logo, hehe.

      Pois é, eu tento mesclar bastante as gerações com as minhas análises, indo gradativamente do 32 bits para o 128 bits, e para a geração atual. Não gosto de me prender muito a uma geração, assim como não me prendo muito tempo em um mesmo estilo, procurando variar o máximo que posso. É bom para se enriquecer enquanto gamer. :D

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