sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Kingdom Hearts - Análise

Esta é a análise de Kingdom Hearts, lançado pela Square em 2002 para o Playstation 2.

File:Kingdom Hearts.jpg

Introdução

Consegue imaginar que Square e Disney já tiveram escritórios em um mesmo prédio, no centro do Japão? Pois é. Ambos ficavam muito próximos. Quem diria que um dia ambos iriam literalmente se fundir? A ideia nasceu de um encontro de Shinji Hashimoto, produtor da Square, com um executivo da Disney, amigo dele, em um elevador. Conversaram, trocaram ideias e então brotou dali a inspiração para se criar um jogo que unisse os elementos do universo da Square e da Disney. Ambos formaram uma única equipe com mais de cem pessoas, com direito a Hironobu Sakaguchi, Tetsuya Nomura, Yoshinori Kitase e outros grandes mestres dos games. Começaram a trabalhar em 2000 e passaram por muitas ideias e reformulações, até chegar na versão final em 2002. E o resultado é esse jogo aqui, a mais ambiciosa empreitada da Disney na indústria dos games, e amparada por uma das maiores e mais importantes desenvolvedoras de games da história. Vamos ver como esse game tão aclamado se saiu?

KINGDOM HEARTS


Informações técnicas

Publicado por: Square
Desenvolvido por: Square
Gênero: Action Role-Playing Game
Diretor: Tetsuya Nomura
Plataforma: Playstation 2
Data de lançamento: 28 de março de 2002
Faixa etária: Teen

Trilha-sonora da análise

Enquanto lê a nossa análise, que tal escutar o áudio que separamos mais abaixo?


Música Simple and Clean, música de abertura e de final do jogo, composta por Utada Hikaru.

Sobre a história (contém spoilers)

A história de Kingdom Hearts é uma mistura totalmente descabida dos dois dos maiores e mais intricados universos fictícios existentes: o da Disney e o da Square. Isso quer dizer que verá elementos, localidades e personagens dos dois universos juntos e misturados o tempo todo. Peter Pan, Tarzan e Pato Donaldo contracenando com chocobos, moogles e heróis e vilões de vários Final Fantasys. É claro que bolar uma história que una os dois universos de maneira harmoniosa é uma tarefa e tanto, mas até que eles conseguiram bolar algo meramente convincente. Nada que seja lá muito impressionante, mas está longe de ser decepcionante, diante do desafio e das diferenças que tem de ser destacadas. Por isso, não espere verissimilidade nos acontecimentos. O próprio uso dos personagens, tanto da Disney quanto da Square, é apenas figurativo, e não espere qualquer relação com a função real desses mesmos personagens dentro do seu contexto original. São apenas figurantes em prol de um contexto totalmente diverso.

A história toda gira em torno de um personagem, Sora.

Sora in Kingdom Hearts 3D: Dream Drop Distance.

Sora é um jovem garoto. Protagonista do game, pouco se sabe sobre seu passado antes do jogo. Ele mora em uma ilha chamada Destiny Islands, junto de sua família. Alegre e jovial, tem poucos amigos mas gosta deles mais do que qualquer coisa. Extremamente leal àqueles que gosta, Sora possui muita força de vontade. Seu maior sonho é um dia conseguir deixar a ilha e ir conhecer outros mundos universo afora.

Sora vive na ilha junto de seus amigos. Um deles é Riku.

Riku in Kingdom Hearts 3D: Dream Drop Distance.

Riku é o melhor amigo de Sora. Apesar de ambos terem quase a mesma idade, Riku aparenta ser maior, mais forte e mais determinado em seus objetivos do que Sora. Ele frequentemente trata Sora como seu irmão menor, da mesma forma como Sora também o vê de uma forma mais protetora e fraternal. Ambos são amigos de infância e estão sempre juntos. Riku é tão leal aos seus amigos quanto Sora, e seria capaz de sacrificar sua própria vida para salvar seus companheiros de alguma enrascada sem nem pensar.

Por fim, a pequena Kairi vive na ilha com eles.

KairiKH2.png

Kairi, a exemplo de seus amigos, também é jovial e sonhadora. Bela e simpática, ela conquistou o coração de seus dois amigos, que vivem disputando para saber quem é que vai conquistar o coração da jovem. Ela enxerga essas disputas por sua atenção como mera rivalidade fraternal, já que ela é doce e completamente inocente de espírito. Está sempre alegre e confiante, mas sempre demonstra sua fraqueza, que é a fragilidade. Por ser sempre um alvo fácil, ela desperta sempre o carinho e sentimento de proteção por parte de seus amigos, os quais, aliás, enxerga apenas como seus irmãos mais velhos.

Sora, Riku e Kairi viviam feliz na ilha, brincando o dia todo e sonhando com o dia em que poderiam sair da ilha e explorar outros lugares. Tendo como objetivo conhecer as ilhas próximas, eles queriam montar uma jangada e então poderem sair navegando por aí. No entanto, um belo dia, a ilha foi atacada por seres estranhos e obscuros. Riku acaba entrando no mundo obscuro por pura curiosidade. Sora não consegue se defender dos monstros, até que consegue uma arma, que simplesmente aparece em suas mãos: a espada em forma de chave que se chama Keyblade:


Tendo em posse a Keyblade, Sora consegue se livrar de alguns monstros, até encontrar Kairi. Alguns monstros parecem querer raptá-la. Sora tenta protegê-la, sem sucesso, e acaba perdendo a batalha. Ele vê o arquipélago Destiny Islands ser destruído então pela força obscura das trevas. Então, ele é sugado por um buraco que parece um buraco negro.

Enquanto isso, bem longe dali, outros acontecimentos ocorrem no castelo do rei desses universos todos, o King Mickey.

King Mickey KHREC.png

Sim, é ninguém menos do que Mickey Mouse. Ele é o caloroso rei de todos os universos do jogo, pelo menos é o que parece. Como governante, ele possui total responsabilidade por manter a paz e a harmonia entre os mundos e os povos, por mais diferentes e exóticos que sejam.

No momento em que o jogo começa, King Mickey está desaparecido. Ele saiu para ir em busca de informações acerca dessa crescente força das trevas que assola cada um dos mundos. Só que ele não voltou. Ele deixou uma carta com seu cachorro de estimação, Pluto, endereçada a seus dois principais súditos. A carta informa que eles devem ir atrás dele e da verdade sobre de onde vêm esses seres das sombras, chamados de heartless. Ele ainda informa na carta que eles têm de encontrar uma coisa chamada Keyblade, a chave que pode lhes ajudar a enfrentar os seres obscuros. Eles devem encontrar a pessoa que carrega a Keyblade, e acompanhá-la de perto o tempo todo, indefinidamente.

King Mickey manda para a missão seus dois súditos mais leais. Um deles é Donald Duck.

Donald Duck KHREC.png

Donald Duck, aqui no jogo, é um feiticeiro poderoso, um dos mais nobres usuários de magia do castelo real. Braço direito de Mickey, ele é leal e totalmente confiável. Continua sendo bem temperamental, assim como continua casado com a Daisy.

O outro súdito é Goofy.

Goofy

Goofy, chamado por aqui de Pateta, é o líder dos cavaleiros reais da nobreza. Forte e astuto, assim como atrapalhado como sempre, ele é tão leal quanto Donald, e nobre. Enquanto cavaleiro, sua principal função é proteger os demais usando seus poderosos escudos, o qual também usa para ataque.

Donald e Goofy não têm a mínima ideia de onde devem começar sua aventura, então eles decidem começar a busca passando pelo principal mundo do universo, Traverse Town. Trata-se de uma cidade antiga que abriga todos os moradores de mundos que foram destruídos pelos heartless. Por ser o ponto de encontro mais conhecido, talvez eles consigam ajuda lá.

Enquanto isso, Sora também acaba parando em Traverse Town, quando ele é sugado pelo buraco negro, no momento em que Destiny Islands foi destruída pelos heartless. Perdido, ele logo é recepcionado por ninguém mais, ninguém menos do que Leon.

Leon KHII.png

Reconhece-o? Pois é, ele é Squall Leonhart, protagonista principal de Final Fantasy VIII. O que ele está fazendo aqui? Bem, o mundo em que ele vivia foi destruído, e ele veio parar em Traverse Town. Desde então, ele vem procurado por alguém que possa ajudá-lo a se livrar dos heartless e salvar os demais mundos de serem destruídos. Ele recebe a ajuda de outros personagens de Final Fantasy. Ele é bem forte e veio acompanhado de sua famosa Gunblade.

Leon não está sozinho, ele está acompanhado pela Aerith:

Aerith KHII.png

Essa é Aerith (também chamada de Aeris), a membro do grupo de ecoterrorismo AVALANCHE, personagem de Final Fantasy VII, aclamada pela sua morte trágica (talvez a mais comentada e lamentada entre todos os jogos da Square). Ela nunca se encontrou com Squall na vida, mas, no jogo, é parceira dele na missão de encontrar o mestre da Keyblade. Não é especializada em luta, sua especialidade é a cura.

Por fim, tem também o apoio da Yuffie:

Yuffie KHII.png

Yuffie é a bela ninja que serve como personagem secundário em Final Fantasy VII também, ao lado de Aerith. Ela é uma grande ninja, super confiante, e usa uma espécie de shuriken enorme como arma. Ela não possui qualquer importância para a trama (assim como também não importava em nada no jogo original), e apenas aparece nesse jogo porque é bonitinha.

Enfim, os três personagens de Final Fantasy se unem para explicar a Sora o que está acontecendo. Eles explicam que a Keyblade não aparece à toa: ela escolhe apenas o mais leal, determinado e honrado entre as pessoas, para usá-la. E essa pessoa então tem a missão de impedir que os heartless continuem se alastrando pelo mundo. Além do fato de a Keyblade ser a única arma capaz de derrotar os heartless, ela é o único instrumento capaz de selar os portais dos heartless nos mundos dominados. Sora a princípio sente um pouco de medo, mas acaba aceitando ir, até porque seria a única forma de se encontrar Kairi e Riku. Além disso, Donald e Goofy decidem ir com ele, por três motivos: a) o King Mickey mandou que eles fossem atrás da Keyblade, e, contanto que estivessem junto da Keyblade, tudo bem; b) procurando por Kairi e Riku, eles podem dar sorte e encontrarem o King Mickey desaparecido, também; e c) eles não têm mais para onde ir, de qualquer forma.

E assim começam as aventuras de Sora, Donald e Goofy pelos demais mundos. Cada mundo é de um filme diferente da Disney, e tem seus próprios personagens, clima, cenários e músicas. O primeiro mundo a que eles vão é Wonderland, o mundo da Alice no País das Maravilhas. Para quem não conhece a história, trata-se de um mundo mágico e totalmente fora dos padrões e das regras comuns do mundo real. Nada lá faz sentido, e o mundo é governado por uma rainha chamada de Rainha de Copas, que comanda o Reino de Copas (copas mesmo, o naipe do baralho) com pulso de ferro. Em meio a toda essa confusão, o grupo encontra a personagem principal, Alice.


Alice á uma garotinha totalmente sem noção e ingênua ao extremo, para não dizer palavras mais grosseiras, como "burra", "ignorante" ou "tapada". Completamente perdida, ela é feita de gato e sapato por todos os personagens da história, e isso envolve o White Rabbit e o Cheshire Cat.

Sem me envolver muito na história do livro em si, vamos à trama que se passa no jogo. Alice logo é submetida a uma espécie de interrogatório, onde ela é acusada de ter roubado o "coração" da Rainha de Copas. É óbvio que o coração a que eles se referem tem nada a ver com o filme da Disney (muito menos com o livro de Carroll), e é coisa inventada para o jogo. No final, eles conseguem derrotar a Rainha de Copas e selar o portal de Wonderland, mas Alice desaparece misteriosamente.

Em seguida, eles vão para o Olympus Coliseum, mundo onde vive o lendário Hércules.


Hércules, semideus de forças místicas, filho de Zeus com Hera, é representado no filme da Disney como um personagem super forte que adora mostrar sua força em campeonatos fúteis. Ele não é necessariamente um deus, mas sua força e coragem são dignas de um.

Hércules organiza esses torneios de força ao lado de seu amigo Phil, com quem tenta encontrar alguém que possa substituí-lo em força e em heroísmo. Seu maior inimigo é o deus do submundo da mitologia romana, o temido Hades.


Hades é maléfico por si só. Tendo em Hércules sua maior pedra no sapato, ele usa de todas as armas e todos os subterfúgios para poder vencê-lo, só que nunca consegue.

Chegando ao local, o grupo tenta entrar no torneio, de modo a poder chegar até o portal deste mundo. Mas, no caminho, eles precisarão passar por outro grande personagem, só que completamente fora da história original de Hércules: Cloud.

File:Cloud Journal Entry KH.png

Não me pergunte o que ele faz aqui. Sério. Até porque ficou muito mal explicada a aparição dele nesse mundo, ainda mais nesse contexto. A questão é que Cloud, o emblemático e auto-entrado protagonista de Final Fantasy VII aparece como um cavaleiro viajante perdido, em busca de alguma coisa que não sabemos direito o que é, e que decide participar do torneio de lutas a mando de Hades, em troca de dinheiro, com a missão de derrotar Hércules em batalha. Não me pergunte em que ponto da vida dele ele se tornou um mercenário sem pátria e sem moral, mas é isso aí.

Bom, o grupo consegue por fim vencer o tal torneio, derrotar Hades e de resto ainda consegue selar o portal de Coliseum. Vamos ao próximo mundo.

Próxima parada: Jungle. Esse mundo é a terra de Tarzan.


Esse dispensa comentários. O rústico humano criado por macacos vive em meio à selva e é apaixonado pela bela Janes. Ele é bruto e acalorado, e mal sabe formar uma frase que faça sentido, mas é gente boa e só não vai com a cara de quem maltrata os animais.

Pois bem, chegando ao local, o grupo pergunta se eles viram Riku ou Kairi. Tarzan indica que pode nos levar até onde eles estão, e acaba levando-os à aldeia dos macacos selvagens. Esse era o plano original de Clayton, o caçador malvado, que usa de sua artimanha para nos seguir e ir parar na aldeia dos macacos. A confusão é tão grande que até Jane acaba sequestrada.

Em meio à busca desesperada, acabamos por reencontrarmos Riku. Ele está bem, mas está visivelmente alterado. Riku tem sofrido uma leve lavagem cerebral pela antagonista do jogo, Maleficent.



Já ouviu falar dela? Talvez já. Ela é a vilã principal de A Bela Adormecida, grande clássico da literatura que a Disney tratou de fazer uma versão mais "light" e infantil. Esqueçam aquela fadinha má e sem graça do desenho, no qual a maior maldade de todas foi fazer com que uma jovenzinha ingênua furasse o dedo em uma roda de tear. Agora, ela veio reformulada, com novos truques, novas magias, muito mais maléfica, e disposta a espalhar o caos por todo o mundo. E também fez novos e intrigantes amigos.

Foi Maleficent quem fez Riku acreditar que Sora não é mais seu amigo, e que ele agora só se preocupa com Donald e com Goofy, e que ele foi tomado pela ambição de poder da Keyblade, se achando o herói. Riku tem o corpo de Kairi, mas o coração dela foi abduzido de seu corpo. Maleficent lhe prometeu que conseguiria o coração de Kairi de volta, mas apenas se ele fizesse o que ela pedisse. E então, Riku se tornou uma espécie de servo a serviço do mal.

Após algumas brigas e tal, eis que acabamos resgatando Janes, mas nem sinal de Kairi e Riku. Após selar o portal desse mundo, vamos embora. Próximo mundo: Agrabah. Caso não saiba, Agrabah é a terra do grande ladrãozinho de feira Aladdin.


Aladdin não passa de um maltrapilho pilantra que vivia de roubar os outros e passar a perna nos que fossem mais burros que ele, só que deu a sorte de encontrar uma lâmpada mágica que lhe concedeu grandes desejos. Com esses desejos, ele deu o golpe no baú e conquistou a sua pessoa amada, e belíssima princesa Jasmine, a mina mais gata e rica da quebrada (nada bobo esse Aladdin):


Mas, como todo lance de amor tem que ter um vilão para poder ficar legal, eis que não podemos nos esquecer de mencionar o vilão da história, vizir de Agrabah, Jafar:


Jafar é mau de nascença, e sempre sonhou em ter poderes suficientes para usurpar o poder do grande sultão de Agrabah. Ele tem sua chance ao descobrir a Caverna do Guardião das Maravilhas e encontrar a lâmpada mágica, que depois é "afanada", se pode-se dizer assim, por Aladdin. No jogo, Jafar possui controle sobre os heartless, e um pacto com a Maleficent.

Após uma luta de Aladdin e os mocinhos contra Jafar, conseguimos resgatar Jasmine dele. Só que, momentos depois, Jasmine é novamente sequestrada, só que desta vez por um sequestrador um pouco melhor, e anônimo. Sem sabermos para onde ela foi (assim como Alice), vamos em frente.

O grupo então acaba sendo sugado por uma enorme baleia espacial chamada Monstro.


Monstro não é personagem da Disney, ele foi inventado para esse jogo apenas. Trata-se de uma baleia enorme, tão grande, mas tão grande, que ela se alimenta de mundos inteiros. Ela acaba engolindo a nave espacial de Donald por engano, e serve como um "mundo móvel" dentro do jogo.

Dentro de Monstro, o grupo encontra mais um dos personagens da Disney, Pinóquio.


Pinóquio é aquele bonequinho de madeira, criado por Geppetto, que se tornou um ser vivo e que tem de ser um bom menino para virar um garoto de carne e osso. Como seu nariz cresce a cada vez que mente (sua marca registrada), ele serve como um incentivo moral aos bons costumes.

Pinóquio e Geppetto foram engolidos pelo Monstro também. Riku também aparece no local, mas com uma intenção bem diferente: ele planeja sequestrar Pinóquio, de modo a poder usar o coração dele para reviver a Kairi. É claro que Sora não irá deixar que isso aconteça, e ele consegue resgatar Pinóquio.

O plano de Maleficent é mais perigoso do que se imagina. Ela precisa sequestrar as sete donzelas do coração para realizar um ritual e conseguir reanimar Ansem, e se tornar a feiticeira mais poderosa de todos os tempos, com total controle sobre os heartless. Até agora, seis princesas já foram sequestradas: Jasmine, Alice, Snow White (Branca de Neve), Belle (Bela, de A Bela e a Fera), Cinderella e Aurora (a protagonista de A Bela Adormecida). Falta apenas uma. Quem será? Para conseguir encontrá-la, Maleficent concede a Riku poderes especiais de controle sobre os heartless, de modo que ele possa ajudá-la. Riku quer poder para poder conseguir um coração para reviver Kairi, e ele é capaz de sacrificar a si próprio se for preciso. Maleficent usa esse desejo de Riku para dominá-lo e enganá-lo.

O grupo segue em frente e chega até Atlântida, terra de Ariel, a pequena sereia.


Ariel é a bela e rebelde sereia filha de Tritão, rei dos sete mares. Ela vive triste com seu pai porque ele não a deixa fazer isso ou aquilo, e sua petulância a leva a fazer coisas que sempre acaba prejudicando todo mundo. Uma típica adolescentezinha mimada.

Além de Ariel, também encontramos a malvada Úrsula no jogo.


Úrsula é uma feiticeira que sonha em um dia conseguir dominar toda a Atlântida. Para isso, ela precisa derrotar o Tritão, e a única forma de conseguir isso é livrando-o de seu tridente mágico. Por mais estranho que possa parecer, no jogo, ela aparece como uma serva de Maleficent. Não me pergunta porquê.

Úrsula consegue enganar Ariel e fazê-la roubar o tridente de seu pai, e Úrsula consegue poderes impressionantes. Mesmo assim, Sora e seus amigos conseguem derrotá-la, e depois ainda selam o portal desse mundo de uma vez por todas.

Depois, eles vão parar no mundo do Halloween, onde encontram Jack Skellington.


Conhece ele? Bem, eu não me surpreenderia se não o conhecesse, já que, na minha opinião, ele é o menos conhecido de todos os personagens daqui desse game. Ele é protagonista do filme O Estranho Mundo de Jack, de Tim Burton, lançado em 1993. É meio que um espantalho, só que parece ter uma abóbora na cabeça, e age como um fantasma. Foi feito para representar o halloween.

Não conheço muito sobre a história desse filme, mas, pelo que dá para entender no game, eles estão tentando realizar o Halloween mais assustador de todos os tempos. Eles tentaram fabricar um coração para animar um robô, mas o coração foi roubado a mando do antagonista do jogo, Oogie Boogie.


Sim, esse bicho que parece uma pinhata gigante em forma de fantasma é o grande vilão do jogo. Ele quer ser o rei do Halloween, e parece isso toma as mais assustadoras e maldosas atitudes.

Bem, Sora e seus amigos conseguem recuperar o coração, derrotar o Oogie Boogie e ainda por cima selar o portal. Vamos em frente.

O sétimo mundo é Neverland, onde vive ninguém menos do que Peter Pan.


Peter Pan é um garoto mágico, que sabe voar, que não tem medo de nada e que nunca cresce. Egoísta e cabeça dura, mas pelo menos é justo. Ele passa seu tempo cantarolando e voando com as fadas e procurando outros garotos para lhe fazer companhia.

Bem, Peter Pan está procurando pela pequena jovem Wendy, que foi sequestrada pelo próprio Capitão Gancho, ou melhor, Captain Hook:


Captain Hook é um pirata metido a besta que perdeu a mão esquerda em um incidente com um crocodilo gigante que é o maior pesadelo de sua vida. Tirando o crocodilo, seu maior pesadelo, a maior pedra no sapato, é o garoto-fada Peter Pan. Ele vive tentando acabar com o garoto, mas sua falta de inteligência e indulgência em planos simples atrapalha bastante.

Captain Hook é mais um daqueles servos de Maleficent, mas está, por sua vez, sob comando de Riku. Riku tramou uma emboscada para atrair Sora e seus amigos, e está usando o navio de Captain Hook para conseguir isso, e ele por sua vez se aproveita do plano de Riku para acabar com Peter Pan. Sora e seus amigos conseguem por fim encontrar a Wendy, mas não conseguem impedir Riku de ir embora, e, ainda por cima, levando a Kairi. Bem, vamos adiante.

E, por fim, o grupo chega até Hollow Bastion, o último mundo do jogo. Este mundo não é baseado em nenhum filme da Disney, tendo sido criado diretamente para o jogo. É uma espécie de fortaleza ou covil secreto. Nesse mundo, encontramos o famoso Fera, ou melhor, Beast.


Beast é um magnata que, devido a um feitiço, foi transformado em um monstrengo. Ele se apaixona pela bela garota chamada Bela, cujo nome original é Belle.


Protagonistas principais de A Bela e a Fera, esperava-se que ele viveriam juntos e felizes para todo o sempre. Bem, quase isso; na verdade, Belle foi sequestrada pela Maleficent, como parte de seu plano de usar as sete princesas para seu pacto com os heartless. Beast foi até o local resgatá-la, e de fato ele nos ajuda em nossa empreitada. Ele segue conosco até que, finalmente, encontramos Riku. Beast tenta enfrentar Riku, e acaba perdendo a batalha, ficando muito ferido. Riku encontra-se muito forte, devido ao seu pacto com os heartless, o que lhe concedeu imenso poder. Tanto poder e determinação em conseguir o que quer faz com que ele se torne o novo Keyblade Master. De fato, ele chega a tomar o Keyblade de Sora. A fraqueza de espírito de Sora, ao acreditar que tudo pode estar perdido, o tornou fraco, enquanto Riku se tornou muito mais forte. Riku é o dono da Keyblade agora. E isso não é o pior de tudo: como Donald e Goofy possuem ordens expressas de King Mickey para seguir quem quer que seja o Keyblade Master, eles não têm escolha a não ser abandonar Sora e jurar lealdade a Riku.

Enquanto isso, Maleficent consegue sua intenção, que é usar o coração das sete donzelas da Disney (Kairi, Alice, Snow White, Belle, Jasmine, Cinderella e Aurora) para finalmente abrir o portal negro para o mundo proibido dos heartless. Ela conseguiu, por fim, invocar Ansem, líder da escuridão.

Sora se depara mais uma vez com Riku. Sora está disposto a enfrentar Riku, afirmando que pode vencê-lo mesmo sem a Keyblade, pois a força e amizade de seus amigos lhe concedem forças que ele jamais teria. Tal declaração de coragem e franqueza faz com que Sora volte a ser mais forte espiritualmente do que Riku, e tenha sua Keyblade de volta. Sora se tornou novamente o Keyblade Master, e Goofy e Donald voltaram ao seu lado! Eles conseguem, por fim, derrotar Riku. Desesperado e humilhado, Riku consegue fugir, mas se depara com um homem alto com um capuz misterioso. O homem convida Riku a ir para o mundo das trevas, e abrir seu coração para a maldade e corrupção, em troca de poder absoluto. Riku, por puro ódio e ilusão, acaba aceitando a oferta do homem misterioso.

Sora e seus amigos conseguem encontrar Maleficent, apesar de já ser tarde demais. O mal já está feito. Mesmo assim, eles derrotam Maleficent e a expulsam desse mundo para sempre. Então, eis que aparece uma forma obscura e rouba o coração de Maleficent. A forma obscura é Riku. Mas não é o mesmo Riku de antes. Trata-se de um Riku negro, uma mera sombra do que ele já foi. Agora, muito mais maldoso e poderoso do que jamais sonhou em ser. Riku possui agora total controle sobre os heartless. Ele possui a Dark Keyblade, que é uma versão maléfica da Keyblade de Sora, e ainda mais forte. Com esse instrumento, ele é capaz de roubar o coração dos seres, tornando-os os heartless, e, portanto, sob seu comando. Foi o que ele fez com Maleficent. Roubou seu coração e a transformou em um dragão imenso. Afinal de contas, Maleficent nunca passou de uma marionete nas mãos dos heartless.

Encontramos Kairi. Riku diz que a Kairi está adormecida, desmaiada, já que não tem coração (na verdade, ela não tem mais coração, ela deveria era estar morta). Sem o coração dela, o portal mágico para o mundo obscuro dos heartless jamais poderá ser inteiramente completo. Sora acha estranho o modo como Riku está se comportando, e então ele revela não ser mais Riku. Trata-se de Ansem, o grande líder dos heartless invocado por Maleficent, quem tomou seu corpo e forma.


Ansem era um humano, mais especificamente um pesquisador a mando do King Mickey. Ele passou boa parte da sua vida em pesquisar a origem dos heartless, e passou a se tornar realmente um profundo conhecedor do assunto. Admirando o poder que os heartless poderiam lhe proporcionar, ele via neles uma forma de se conseguir poder absoluto. Ele criou um portal ao mundo dos heartless, e começou a invocá-los e admirá-los. Quando King Mickey lhe contou sobre a Keyblade, ele passou a se interessar pelo assunto, e queria ter a sua Keyblade. Usando magia negra antiga, ele conseguiu por fim separar seu coração de seu corpo. Isso o tornou um "sem coração" (heartless, em inglês), mas, ao mesmo tempo, ainda mantendo sua forma física e seu conhecimento. Sendo meio humano e meio heartless, ele estava muito à frente dos outros heartless, que eram consumidos inteiramente por ódio e por escuridão. Ansem então, rapidamente, se tornou o líder dos heartless.

Ansem é o responsável direto pela aniquilação de diversos mundos ao redor do universo. É ele que está botando terror ao criar portais de heartless nos mundos, destruindo-os e consumindo-os em trevas. Mas ele não fazia isso declaradamente, e sim às escuras, usando outras pessoas, dos quais podia facilmente manipular como Maleficent, por exemplo. Ansem é o verdadeiro antagonista da história. Agora que ele foi invocado por Maleficent e possuiu o corpo de Riku, finalmente poderá botar seu plano em prática: abrir o maior portal negro do mundo e dominar tudo e todos com os heartless.

Sora se pergunta porque ele não fez isso antes. Ansem, então, faz a maior revelação do game até então: o coração de Kairi se encontra dentro de Sora. Quando houve o desastre em Destiny Islands, Kairi foi capturada pelos heartless e perdeu seu coração. O amor que Sora tinha por ela fez com que o coração dela se manifestasse dentro dele. Portanto, Kairi esteve sempre dentro dele, na relação de amor e amizade dos dois. Mas não há como libertar o coração dela sem tirar o próprio coração de Sora. Ou seja, para reviver Kairi, Sora teria de se tornar um heartless.

Sora e Riku/Ansem se enfrentam. Sora consegue sair vitorioso, mas Ansem escapa. Mas agora precisamos deter o portal negro de se concretizar por completo. Sora tenta usar sua Keyblade para selar esse portal como fez com todos os outros até então, mas parece não funcionar. Aparentemente, esse portal é diferente de todos os outros. Ele precisa ser finalizado antes de poder ser finalmente aberto ou selado. E, para finalizar, não há outro jeito. Sora pega o Dark Keyblade que Ansem deixou para trás, e, sem que os outros possam fazer algo para impedi-lo, ele acaba usando-o para arrancar seu próprio coração.

Dessa forma, Kairi consegue finalmente despertar, agora que seu coração voltou ao seu corpo. Todas as princesas sequestradas podem agora despertar de seu sono profundo. O ritual pode ser finalmente finalizado, e agora o portal negro mais poderoso de todos está finalmente completo. Só que Sora desapareceu.  Sora se tornou um heartless por causa disso, mas ninguém conseguiu perceber. Ele chega até mesmo a ser atacado por Donald, e tal, mas é Kairi quem percebe a natureza de Sora e, com seu amor profundo, consegue devolver o coração de Sora (o qual tinha ido, por sua vez, parar dentro dela), fazendo-o voltar ao normal.

Ansem retorna e tenta terminar o ritual, mas eis que algo estranho acontece: a alma de Riku toma vida e enfrenta Ansem, mesmo fora de seu corpo. A alma de Riku consegue detê-lo por tempo o bastante para que Sora, Kairi, Donald e Goofy possam fugir dali e bolar um plano.

Eles voltam para Traverse Town, onde bolam um plano definitivo. É claro que a prioridade no momento é ir lá e selar o tal do portal principal para as trevas. Mas não é só isso. Eles precisam deter Ansem de uma vez por todas. Porém, Leon, Aerith e Yuffie explicam que, detendo Ansem e fechando os portais para o mundo obscuro, os mundos que foram destruídos pela escuridão automaticamente retornariam ao normal. Isso quer dizer que as pessoas iriam voltar a viver as mesmas vidas de antes, e ninguém se lembrará de nada. Sora fica triste ao saber disso, mas é um preço pequeno demais a se pagar para ter paz para sempre, e se livrarem finalmente da maldade e da escuridão.

Sora e seus amigos voltam para Hollow Bastion e conseguem selar o portal de uma vez por todas. E então, nada acontece. Ansem desapareceu, deve estar em outro local, talvez bolando outro plano ainda mais maléfico. Ele precisa ser detido para que os portais fiquem realmente selados para sempre. Seguindo os rastros de Ansem, eles chegam até um outro mundo, chamado End of the World. Esse mundo é composto apenas por destroços deixados por outros mundos, mundos esses que foram destruídos por Ansem. Após andar e vaguear por diversos desses mundos, até acabarem voltando para os destroços de Destiny Islands, o mundo inicial em que tudo começou.

Em Destiny Islands (ou o que sobrou dele), eles encontram Ansem novamente. Ansem então conta um pouco sobre a sua origem, seu passado, e sobre a sua motivação. Ele conta que, em meio a suas pesquisas, ele descobriu que o homem é feito de trevas. O coração humano é formado na escuridão, e originalmente sente medo da luz. Somos todos feitos de escuridão. Sora se recusa a acreditar em uma coisa dessas, e Ansem insiste que é verdade. Ele tenta convencer Sora a ir para o lado do mal, como Riku fez. No final, todos se renderão à escuridão mesmo. O coração nasce na escuridão, e, após a morte, ele volta para a escuridão. Não há luz nem na vida e nem na morte.

Sora continua não aceitando a conversa fiada dele, e eles se enfrentam. Sora consegue derrotar Ansem, mas, após isso, Destiny Islands começa a se destruir. Cria-se um buraco negro, e todos são sugados para dentro dele. Ansem tenta provar definitivamente para Sora que a escuridão governa ao mundo. Ele planeja abrir a Kingdom Hearts, o portal da matéria que deu origem ao universo inteiro. Foi de Kingdom Hearts que surgiram todos os corações, toda a bondade e toda a maldade, a luz e as trevas. É o início de tudo. E Ansem pode levar Sora até lá, para mostrar a ele que o que ele diz é verdade.

No fim, Ansem abre o Kingdom Hearts. Mas, para a surpresa de todas, lá dentro há muita luz, e tanta luz que acaba matando Ansem, o qual possui o coração tão negro que a luz chega a ser fatal. Para a alegria de todos, dentro de Kingdom Hearts, encontra-se Riku e também King Mickey. Quando soube do que estava acontecendo, King Mickey veio para Kingdom Hearts, para protegê-lo, pois é o último lugar do qual a escuridão jamais poderá tomar posse. E Riku está lá para ajudá-lo. Sora quer levá-los para fora, mas eles dizem que não podem fazer isso. O mal está à solta, a escuridão cresce a cada dia, e alguém tem que ficar para proteger o Kingdom Hearts de forma definitiva.

Sora não aceita deixá-los ali, mas não tem escolha. O portal para Kingdom Hearts só pode ser selado dos dois lados. Sora precisa selar o portal do lado de fora, enquanto King Mickey, que também é um Keyblade master, deve selá-lo do lado de dentro. Por isso, ele deve ficar. Agora, Riku fica porque... Bem, porque ele quer. Não fica muito bem explicado o motivo pelo qual ele quer ficar dentro de Kingdom Hearts, mas a impressão que fica é que ele quer pagar pelas maldades que fez e ser útil pelo menos uma vez na vida. Ele também quer deixar o caminho livre para Sora, que agora poderá amar Kairi em paz, sem ter que ficar disputando-a com ele. Após alguma conversa, finalmente eles selam Kingdom Hearts, com King Mickey e Riku do lado de dentro.

Bem, e tecnicamente a história acaba aqui. Kairi volta para Destiny Islands, onde ela desperta como se nada tivesse acontecido, e mal tem lembranças de tudo o que aconteceu até poucos momentos antes da destruição do local. Todos os mundos se reconstroem, e tudo volta a ser como era antes. Vilões detidos, pessoas sequestradas voltam ao normal. Sora fica lá no mundo de Donald e Goofy. Sora promete que irá, um dia, resgatar Riku e King Mickey. Só não sabe onde e como. Então, Pluto aparece com uma carta em seu focinho. A carta foi endereçada pelo próprio King Mickey! Eles correm atrás da carta, cientes de que se trata do início de uma nova aventura.

Longe dali, momentos depois, um garoto misterioso portando duas Keyblades está enfrentando os heartless.  Ele pergunta onde está Sora. Mas essa cena pertence apenas ao próximo game, são cenas da próxima aventura.

A história de Kingdom Hearts então termina aqui. Espero que tenham gostado!

Sobre o jogo

Kingdom Hearts nasceu de uma das parcerias mais inusitadas da história dos games. Quem imaginaria que um dia a Square e a Disney se juntariam para produzir um jogo de videogame? O game mais parece uma homenagem aos filmes da Disney do que qualquer outra coisa, mas a questão que importa aqui é: trata-se de um bom game ou apenas um apelo midiático? O jogo é sucesso absoluto, e podemos nos orgulhar de dizer que também é um jogo muitíssimo bem feito.
Kingdom Hearts é um Action-RPG, com foco total na ação. Enfrentamos inimigos em tempo real nos cenários, que são totalmente exploráveis. Mesclando elementos de Platformer com Action, os velhos e conhecidos toques de RPG podem ser percebidos através das referências claras ao estilo de jogo famoso dos Final Fantasies. Para quem conhece e já jogou os jogos da franquia mais famosa da Square, não haverá muitos problemas na adaptação para esse game, a não ser o fato de que as lutas são em tempo real.
O sistema de batalha é simples. Há um menu drop-down disponível o tempo todo, através do qual todas as ações podem ser acessadas. As funções comuns, como abrir portas, abrir baús, empurrar caixas, examinar locais e pegar coisas, tudo isso pode ser realizado com o mesmo menu. As opções para diferentes opções vão se tornando disponíveis de acordo com a situação. Quando estamos diante da porta, a ação se torna "abrir porta", quando diante de um baú, a ação é "abrir baú", e por aí vai. O mesmo ocorre com a ação, já que o mesmo botão de abrir portas também serve para atacar os inimigos.
O personagem possui uma pequena gama de ataques à sua disposição, todas com o mesmo botão. Basta pressionar o botão de ataque em sequência para realizar combos. No começo, temos apenas um combozinho comum, mas, conforme evoluímos, vamos adquirindo combos maiores. Também podemos aprender golpes melhores, que usam comandos alternativos.
Como os inimigos aparecem e se movem livremente pela tela, às vezes fica complicado segui-los, já que a câmera se move muito depressa. Por mais que tenhamos controle sobre a câmera, ela sempre gira e nos deixa confusos conforme nos movemos. Pensando nisso, a Square incluiu um sistema de mira automática no jogo, que automaticamente direciona o personagem na direção de algum inimigo, por mais que ele se mexa ou saia de nosso campo de visão. Esse sistema praticamente "salva" o jogo de ser eternamente frustrante e quase impossível de se jogar. O personagem segue o alvo por onde for, e ainda podemos trocar de alvo rapidamente com o pressionar de um botão. Simples, não?
Além de golpes comuns, há ainda magias que podem ser usadas. O padrão de magias é o mesmo da franquia Final Fantasy, ou seja, você usará Fire, Thunder, Aero, Cura e Gravity, assim como suas formas mais potentes, como Cura e Curaga, por exemplo. Nada que não tenha visto antes. É bem simples e intuitivo, deve-se dizer. As magias são usadas por meio do mesmo menu drop-down que usamos para ataques físicos, mas possuem seu campo correspondente. Há uma bela variedade de magias que podem ser usadas, e vamos aprendendo novas magias conforme prosseguimos. As magias, como devem ser, também gastam MP. O personagem recupera o MP sozinho, ao bater nos oponentes, de modo que não precisa se desesperar atrás de Ethers o tempo todo. Isso nos permite gastar mais magias do que em outros jogos.
O personagem possui indicadores de HP e MP visíveis na tela o tempo inteiro. Para reabastecer HP e MP, temos de usar itens especiais de cura. Os itens também são os mesmos da franquia Final Fantasy, ou seja, irá usar itens como Hi-Potions, Ethers e Elixires. O efeito de cada um deles também é igual ao padrão. O uso dos itens é feito por outra seção dedicada no mesmo menu drop-down.
Bem, deve ter percebido que todos os comandos do jogo são realizados pelo mesmo menu drop-down, não é mesmo? Apesar de parecer prático ter todos os comandos à sua disposição ao seu alcance durante a batalha, essa sensação só fica no começo. Quando temos poucas magias, itens ou ataques, fica fácil trocar de um para outro. No entanto, espere só até ter muitas magias e uma variedade considerável de itens para ver que esse sistema não é nada eficiente. Como acessamos o menu drop-down diretamente da batalha, em tempo real, muitas vezes não há tempo para ficarmos procurando alguma coisa no menu. Imagina você que está no meio de uma batalha contra um chefe complicado, e está sem MP. Você abre o menu de itens e começa a descer pela seleção de itens até chegar no Ether que quer usar. Em um ato de desespero, pois vê que está entre a vida e a morte, acaba usando um outro item por engano, e um item raro, como por exemplo um Mega Elixir. Chato, não? E essa situação pode se repetir mais do que você imagina, acredite em mim. E tudo por causa da ideia genial de usar um único menu drop-down para tudo.
Uma solução plausível para o problema poderia ser inserir atalhos para os comandos mais comuns, não é? Bem, a Square pensou nisso, tanto que colocou um atalho para magias. Você pode armazenar as magias mais usadas em um setor específico, acionado por um botão de apoio a qualquer instante. Assim, se você usa muitas vezes as magias Fire, Cure e Aero, basta armazená-las em atalhos e poderá usá-las mais rapidamente. Pode colocar até três magias em atalhos. Pena que não permitem colocar itens em atalhos. Ou pelo menos um outro atalho só para itens. Seria ainda melhor. Mas já é um passo adiante.
Como também não poderia deixar de ser, pela tradição de RPGs da Square, o jogo possui diversos summons também. Os summons no jogo funcionam assim: a qualquer momento em que os três personagens do jogo estejam conscientes, eles podem unir forças e invocar um personagem especial dos filmes Disney. Quando isso ocorre, Donald e Goofy são imediatamente substituídos pelo summon, que fica em campo para auxiliar Sora na batalha por tempo determinado. Esse tempo do qual o summon ficará em campo aumenta conforme os personagens ficam mais fortes, e também podem ser incrementados por acessórios e habilidades especiais. Cada summon possui um poder diferente, de acordo com a sua natureza. Simba e Gênio, por exemplo, são summons que ajudam a atacar os adversários, enquanto Bambi fornece suporte através de itens e orbes de HP e MP e a Sininho nos fornece proteção e cura. Há vários summons, como Dumbo e Mushu ainda. Os summons são descobertos pelo jogador conforme se avança. O summon só pode ser invocado uma vez em cada cenário, mas basta sair do cenário para que ele possa ser invocado novamente. Como não há limites, pode usar e abusar dos summons nas batalhas, inclusive contra os chefes. Devido a isso, eles são uma grande ajuda e figura quase obrigatória nas lutas mais difíceis, tornando-se um "terceiro elemento" e deixando o jogo muito, mas muito mais fácil.
Os inimigos do jogo se chamam heartless. Há uma grande variedade de heartless no jogo, e alguns deles possuem fraquezas específicas. Alguns desses inimigos são elementais, portanto, usar magias do elemento oposto neles é sempre eficiente (trata-se de um RPG, não se esqueça disso). Inimigos grandes e voadores costumam ser alvos fáceis de magias como Gravity, por exemplo. Há ainda inimigos que se defendem, e que só podem ser atacados em determinadas posições. Os inimigos quase sempre aparecem em bandos, e às vezes podem estar escondidos em objetos do cenário.
Também não esqueçamos dos chefões de fase, que não poderiam deixar de marcar presença. Os chefes de fase são inimigos geralmente maiores e mais fortes. Todos eles possuem um ponto fraco, que podemos identificar como um ponto em cor destacada (ou como o ponto do qual nossa mira automática sempre mira, para variar). Os chefões do game não são difíceis, de fato. Pancadaria absoluta e o uso correto de itens e magias pode tornar as lutas contra chefes um mero passatempo.
Ao serem eliminados, os inimigos deixam munny (a moeda do jogo), bolinhas de HP e MP (às vezes) e experiência para evolução dos personagens. A progressão dos personagens é por níveis. Enfrente os inimigos, ganhe experiência e evolua de nível. Quando se passa de nível, ganha-se mais atributos, aumenta-se HP e MP e, às vezes, aprendemos uma habilidade nova.
Os personagens estão sempre aprendendo habilidades novas. Há habilidades de tudo quanto é tipo: ataque, defesa, exploração. Há habilidades que nos deixam mais fortes, mais rápidos, ou mesmo que nos permite "sugar" itens próximos. Essas habilidades não são automaticamente disponíveis. Cada personagem possui um limite de habilidades para equipar, e cada habilidade consome AP. Quanto mais AP temos, mais habilidades podemos equipar. Podemos equipar e desequipar habilidades o quanto quiser, o que deixa o jogo mais divertido, pois podemos customizar o personagem da forma como bem entendermos, sempre pensando em cada situação ou oponente.
Com o munny que ganhamos nas batalhas, podemos fazer compras. Podemos comprar armas melhores, acessórios diversos e ainda aumentar nosso estoque de itens. Quanto às armas, não há grande diferença entre uma arma e outra. Um pouco mais de dano, mais suporte a MP e maior alcance, e tal, mas no fim todas as armas são iguais e usam os mesmos ataques. A graça fica no uso dos acessórios, que permitem ao jogador ficar imune ou forte contra alguns elementos, além de outros atributos especiais. Os melhores itens custam caro, então, economizar munny é sempre uma boa ideia. Além disso, as melhores armas e itens não podem ser comprados, e sim adquiridos em locais secretos ou realizando sidequests.
Sim, o jogo possui sidequests. É um RPG, ele tem de ter quests e sidequests. O jogo pode não deixar isso tão evidente, mas tem. Encontramos personagens pelos cenários (geralmente, personagens da Disney e de Final Fantasy), e eles geralmente nos pedem coisas ou nos dizem coisas para fazer. São as sidequests do jogo, e podem render munny e itens preciosos. Há uma espécie de diário, onde sempre poderá ver as sidequests, além de poder ver também a história do jogo, relatos sobre os itens, uma biografia legal de cada um dos personagens, e informações especiais sobre os inimigos. Vale a pena conferir o diário.
Conforme avançamos no jogo, vamos encontrando novos parceiros. A princípio, apenas Donald e Goofy estão do nosso lado, mas os mundos especiais da Disney nos revelam grandes surpresas. Cada mundo possui um aliado especiais que pode nos acompanhar nas lutas e lutar ao nosso lado. Na fase da selva, por exemplo, Tarzan se junta a nós. Assim como o Aladdin, na fase das Arábias, Ariel, na fase de Atlântida, ou a Fera, na fase do castelo. Eles só ficam em seus mundos correspondentes, ou seja, se sair daquele mundo, aquele personagem não estará mais acessível. Podemos ter apenas dois aliados por vez, mas podemos trocar os aliados do grupo nos savepoints.
Vamos falar mais sobre esses aliados que podemos ter. Eles são controlados pelo computador, mas, ao mesmo tempo, são completamente customizáveis. Podemos decidir seu comportamento, definindo com que frequência ele ataca, usa magias, usa itens e coisas do tipo. Para evitar que ele desperdice coisas ou faça o que não queremos, podemos limitá-los e controlá-los a nosso gosto. Eles só usam os itens que equipamos neles, e só usam as habilidades que escolhemos para eles. Assim, nada daquele seu amigo acabar usando seus itens preciosos sem a sua permissão. Tudo bem que há uma certa regalia (os aliados costumam desperdiçar MP e itens de forma impressionantemente inútil, na maioria das vezes), mas pelo menos temos um certo controle sobre as suas ações automáticas. Apenas não coloque itens raros ou difíceis de se conseguir com eles, ou irá se desesperar com o desperdício.
A inteligência artificial dos aliados é bem interessante. Eles sempre tomam partido a qualquer momento, e não são daqueles aliados inúteis, como acontece em outros jogos. Eles raramente atrapalham, e sempre mostram seu valor nas batalhas, por mais estabanados que sejam. Quando um inimigo brota na tela, mesmo que você nem tenha percebido ou nem saiba onde ele está direito, já poderá ouvir os gritos dos seus amigos descendo a porrada no bicho. Muitas vezes, quando você descobrir onde é que "estava" o tal monstro, ele já estará até morto, e só verá os spoils da luta no chão. Isso é que é eficiência! Algumas lutas podem começar e acabar sem que você mexa sequer um músculo, graças aos seus aliados. Para facilitar ainda mais as coisas, quando os aliados morrem, nem precisa se dar ao trabalho de ressuscitá-los. Claro, pode fazer isso (usando as já famosas Phoenix Downs), mas nem precisa, já que eles apenas ficam inconscientes e sempre ressuscitam sozinhos depois de alguns segundos. Eles são imortais!
Como os aliados também evoluem e aprendem novas habilidades, é sempre uma boa ideia ir acompanhando a evolução deles. Eles vão se tornando realmente fortes, e não perceber as habilidades que ele ganham, além de menosprezar a customização de seus itens ou poderes, pode ser um grande erro.
O jogo se divide em fases, que são chamados de mundos. Cada mundo representa um filme diferente da Disney, como Tarzan, Aladdin, Pequena Sereia, Alice e o País das Maravilhas, Hércules, e por aí vai. Também há alguns mundos especiais criados especialmente para o jogo. Cada mundo é diferente, tanto em cenários quanto em personagens, música tema e tudo o mais. A ideia é que, em cada mundo, o jogador possa se sentir como se fizesse parte daquela história, daquele filme em específico.
Para viajar entre um mundo e outro, usamos uma nave espacial chamada de Gummy Ship. Ela trafega pelo espaço, e nesses momentos podemos controlá-la, em um mini-game ao estilo Shoot'em Up. Controlamos a nave enquanto ela segue por um caminho pré-determinado. Podemos desviar de objetos, coletar itens perdidos pelo caminho, e ainda destruir naves inimigas pelo caminho. A Gummy Ship também possui HP, portanto ela pode ser destruída, cuidado. Essas fases são simples e intuitivas, não exigem muito, e só servem de passatempo. Conforme coletamos itens, podemos ir modificando a Gummy Ship, deixando-a mais forte, mais ágil, mais poderosa, ou apenas com um design mais moderno. Fica a gosto do freguês. De qualquer forma, se não gostar dessa parte, em pouco tempo ela passa a ser secundária e não é mais necessária, a não ser para visitar mundos ainda não visitados.
Os mundos vão ficando mais perigosos conforme avançamos. O nível de "perigo" de cada mundo é representado pelo número de estrelas. Quanto mais avançamos no jogo, mais mundos se tornam disponíveis. Não há uma ordem fixa de mundos para explorar, já que, às vezes, até podemos escolher qual mundo visitar primeiro, apesar de que temos de passar por todos para avançar no jogo. Isso tenta passar uma impressão de não-linearidade no jogo, mas é uma falsa impressão, já que, no final, sempre acabamos fazendo as mesmas coisas e quase sempre na mesma ordem.
Dentro dos mundos, somos livres para explorá-los da forma como bem entendermos. Há muitos itens escondidos nos cenários, em baús. Os melhores itens sempre se encontram em locais mais escondidos, e é preciso paciência e uma boa dose de exploração para conseguirmos todos os itens escondidos. O jogo possui uma visão em primeira pessoa, o que nos permite investigar melhor os cenários, em busca de locais difíceis de serem alcançados e coisas do tipo. Explorar os mundos é sempre divertido, e atribui várias horas extras para a jogatina. Além de dar toques de Platformer ao game.
Outro elemento que temos de nos atentar são as Trinity Marks. O Trinity Mark é um sinal que só pode ser adquirido quando Sora, Donald e Goofy se encontram no grupo, e revelam itens e locais secretos. Há vários Trinity Marks espalhados pelo mundos, e de cores diferentes. Conforme avançamos no jogo, vamos liberando mais Trinity Marks, o que nos incentiva a voltar aos mundos anteriores, só para acionar as Trinity Marks que deixamos para trás e conseguir fazer 100% do jogo. Sendo assim, não será raro se ver indo e voltando para mundos já visitados, atrás de Trinity Marks, que podem revelar itens e armas secretos.
Os toques de RPG estão presentes em todos os momentos. Um detalhe importante que pode passar desapercebido por alguns é o modo de seleção que fazemos no começo do jogo. Bem no princípio do game, o jogo nos pede para escolher um atributo e para deixar de lado outro atributo. Apesar de parecer banal, a princípio, essa escolha influencia completamente nosso jogo, indicando quais habilidades iremos aprender primeiro, quão forte seremos, quantos itens poderemos levar, entre outras características. São diferenças sutis, entre uma escolha e outra, mas que podem marcar um estilo característico de cada jogador. Também podemos responder a algumas perguntas aparentemente "nada a ver com nada", no início, e essas perguntas refletem o modo como nosso personagem evolui, como ele se comporta e quão fortes serão nossos oponentes. Só percebemos o quanto essas escolhas influenciam o jogo no longo prazo. Por isso, talvez até valha a pena recomeçar o game, escolhendo outras opções, só para ver os diferentes caminhos e estilos de jogo que o game nos propõe.
Há diversos outros mini-games no jogo, feitos para consumir nosso tempo. Há 101 dálmatas perdidos em todos os mundos, por exemplo. Se levarmos os dálmatas de volta para a casa dos dálmatas, vamos ganhando mais e mais itens secretos e especiais. Encontrar os dálmatas não é nada simples, e pode atribuir ainda mais horas de exploração ao jogo em si. É uma sidequest divertida.
Há ainda alguns mini-games especiais em cada mundo. Boa parte desses mini-games se encontra no mundo de Pooh, que é um mundo secreto que praticamente serve apenas para aumentar o número de mini-games no jogo. Como cada mundo possui as suas particularidades, de modo a causar a maior imersão possível, é possível fazer coisas bem legais, como por exemplo escorregar sobre as árvores no mundo de Tarzan, respirar embaixo d'água no mundo de Ariel, voar no mundo de Peter Pan, e por aí vai.
Mas, de longe, a atividade que mais irá consumir tempo do jogador será a fabricação de itens. A partir de um determinado momento do jogo, é possível usar os itens que acumulamos na batalha contra os oponentes para fabricar itens, armas e acessórios realmente únicos e raros. Há alguns equipamentos que só podem ser fabricados desse modo. Quanto mais itens fabricamos, mais itens ficam disponíveis para serem fabricados, de modo que o jogo nos incentiva a ir fabricando todos os itens disponíveis (mesmo que algum item em específico não nos agrade a princípio), só para ir disponibilizando mais itens. A questão é que os itens que são usados para fabricar os itens mais raros e poderosos são realmente raros, e complicados de se conseguir. Precisará dedicar bastante tempo acumulando itens raros para conseguir de fato fabricar o último item, que é nada mais, nada menos do que a arma mais forte do jogo.
Em meio a missões, itens secretos, sidequests e fabricação de itens, Kingdom Hearts é um jogo bem longo. Se você for do tipo que gosta apenas de fazer aquilo que é o mais necessário e seguir em frente, poderá levar de 25 a 30 horas de jogo. Já é uma quantia bem considerável. Agora, se quiser realizar 100%, e isso inclui conseguir todos os dálmatas, todos os Trinity Marks, sidequests diversos e fabricar todos os itens... Pode dedicar no mínimo 40 horas ao jogo, pois será isso que levará para conseguir fazer tudo. E, se você é daqueles que precisa de um motivo para querer fazer 100%, saiba que tem um motivo no jogo sim. Caso consiga realizar 100% do jogo, liberará um extra bem interessante: um trailer secreto de Kingdom Hearts 2 ao final do jogo. O trailer é legal, vale a pena pelo menos conferir. Além do mais, serve como um "incentivo extra" para fazer 100%.
E, se acha que isso já é o bastante, tem mais. O jogo possui um modo de dificuldade maior, o nível Expert, que possui batalhas mais difíceis e coisas novas, como por exemplo um final secreto. Depois de fechar o jogo no modo normal, que tal tentar novamente no nível expert? Você pode aproveitar e tomar decisões diferentes no começo do jogo, customizando sua partida de um modo completamente diferente. É ou não é bacana? De fato, um RPG para não ficar devendo a nenhuma outra super produção da Square. Pelo menos no quesito tamanho.

Minha análise do jogo

Gráficos
Os gráficos de Kingdom Hearts apresentam uma riqueza de detalhes e um trabalho artístico foras de série. Os personagens do jogo são muito bem animados, dando um show de apresentação ao conjunto da obra. Entenda ainda que cada um dos mundos possui um design próprio, que se adéqua ao estilo do qual a Disney utilizou em cada uma das obras cinematográficas correspondentes. O jogo evoca um sentimento nostálgico e uma sensação de imersão que compensam qualquer coisa. Os gráficos são coloridos e os efeitos especiais que podemos ver aqui e ali foram impressionantemente bem trabalhados. A Square sabe muito bem como fazer gráficos interessantes e envolventes, isso já era previsível. E tem mais: as animações do jogo são outro show à parte, simplesmente sensacionais. Algumas das cenas especiais estão entre as melhores do console, e isso é bastante coisa tratando-se do Playstation 2. Enfim, o potencial do console foi muito bem empregado, e fica difícil acreditar, quando se olha por outra perspectiva, que esse jogo seja ainda lá de 2002, de tão acima da média que ele se encontra em relação aos outros jogos do gênero. O empenho que  a Square teve com os gráficos foi máximo.
● Nota pessoal: 5/5 (Empenho Máximo)

Som
E o que dizer do desempenho sonoro, então? Basta apenas dizer que a pessoa responsável pela direção de som do jogo foi ninguém menos do que Yoko Shimomura, a pessoa que é reconhecida internacionalmente como uma das maiores compositoras de músicas para games da história (senão a maior) de todos os tempos. Fazendo jus à sua importância, ela teve status de estrela no jogo, e ficou responsável por toda a parte sonora. E o trabalho ficou simplesmente sublime. Usando estilos diversos e uma variedade alucinante de estilos (sempre combinando com cada momento do jogo, ou com cada mundo no qual o jogador se encontrava), ela criou um repertório excelente de músicas para o game. Algumas músicas são variações de músicas já famosas da Disney (como era de se esperar), mas sempre com um toque de Shimomura. As músicas próprias criadas exclusivamente para o jogo também são excelentes. Todas as composições do jogo são interessantes. Para a música principal do game, foi selecionado a famosa artista japonesa Utada Hikaru, que compôs e cantou a música Hikari ("Simple and Clean" na versão inglesa), sua primeira canção feita para um jogo de videogame. Há ainda composições tocadas pela Orquestra Filarmônica do Japão, e outros grupos. Um trabalho primoroso do começo ao fim, contando com excelentes profissionais em todas as áreas, não tinha como dar errado, não é mesmo? Não é à toa que o CD com a trilha sonora do jogo, contando com a música Hikari, vendeu mais de 860.000 cópias. Empenho máximo da Square com a parte sonora, sem sombra de dúvida.
● Nota pessoal: 5/5 (Empenho Máximo)

Jogabilidade
Quando a Square estipulou um sistema de combate para o jogo, a impressão que fica é que ela idealizou um esquema que pudesse agradar a jogadores de todas as idades. O sistema de combate é um dos mais simples que podemos encontrar em todo o gênero, no console. Com apenas um ou dois botões, podemos nos livrar de quase todos os inimigos do jogo. Jogabilidade intuitiva e simplista, não exige nada de engenhoso ou complicado. Jogadores iniciantes e crianças não terão problema algum para compreender o modo como funcionam as lutas. Mas os jogadores veteranos estarão um passo à frente, e poderão tirar proveito de algumas funções a mais, que podem passar desapercebidas pela maioria. Como o sistema de batalha é customizável, o jogador pode mudar alguns aspectos da batalha e deixar o jogo mais confortável para seu estilo de jogo individual. Não que isso seja necessário para se fechar o game, por exemplo, mas é bom saber que o jogo tem subterfúgios para quem esperava algo mais "pensante". De certa forma, o modo de batalha do jogo é bem simples, e dispensa muitos comentários. Tal facilidade pode acabar afastando alguns jogadores mais hardcore, antes mesmo que eles possam perceber as sutilezas e configurações avançadas do jogo, mas saiba que é besteira cair nesse engano: tem elementos em Kingdom Hearts que podem agradar a todos, seja você iniciante ou veterano. Só há dois problemas que realmente poderiam ter sido incrementados: a ausência de atalhos para as funções mais requisitadas é uma delas. Como o sistema de batalhas envolve menus o tempo todo, poderia ser possível configurar itens ou ações em alguns botões não utilizados do controle, deixando tudo mais prático e rápido (assim como podemos fazer em alguns RPGs para PC, por exemplo), e evitando a necessidade de termos de ficar entrando em menus o tempo todo para usar itens, magias e afins. Outra coisa que atrapalha é a câmera, que deixa o jogador confuso e sem saber onde estão os inimigos à sua volta quase todo o tempo. É realmente frustrante, já que, em um jogo tão bom, ainda somos surpreendidos por defeitos técnicos bobos como esse. Devido a esses dois problemas, não posso dar a nota máxima, mas o empenho que a Square teve com a jogabilidade ainda foi algo bem interessante, e diria que o empenho é considerável.
● Nota pessoal: 3/5 (Empenho Considerável)

Longevidade
Não é porque o jogo tem o jeitinho bonitinho e simpático da Disney que ele vai perder as características da Square. Ainda mais uma das características principais da Square, que é a alta duração e excelente longevidade de seus RPGs. Portanto, com Kingdom Hearts não é nada diferente: há toneladas de coisas para se fazer. O jogo em si já é muito longo, tendo de 25 a 30 horas de jogo. Mas a Square colocou diversos itens escondidos, muitas sidequests, armas secretos, vilões secretos, itens colecionáveis e muito mais, fazendo com que o jogador fique indo e voltando entre os mundos, sempre com algo a fazer. Caso o jogador queira fazer tudo, são mais de 40 horas de jogo! Vale mencionar ainda que o jogo tem um teaser secreto que é liberado quando se completa 100% do jogo, de modo que vale sim a pena fazer tudo só para assistir a esse extra interessante. É bastante tempo de jogo, e isso levando em consideração que ainda tem um modo de dificuldade mais difícil e um sistema de escolhas que pode mudar consideravelmente o jogo, de modo que isso incentiva o jogador a jogar de novo, só para desfrutar essas novidades. Pode-se dizer que o empenho que a Square teve com a longevidade do jogo foi máximo.
● Nota pessoal: 5/5 (Empenho Máximo)

Inovação
Se juntar Squall, Leon e Aerith contracenando com Donald, Pateta e Pinóquio não é o bastante para você, não tem problema. Kingdom Hearts não aposta apenas na fórmula "Square + Disney" como seu único fator surpresa. Sim, porque esse jogo está longe de ser um Action-RPG genérico criado às pressas. Trata-se de um jogo muito bem pensado e idealizado, com uma identidade própria ainda por cima. Desde a narrativa, até o sistema de batalha, tudo foi pensado e feito para o jogo. A Square preferiu adotar um sistema de batalha em tempo real com comandos por menus, de modo a simplificar o máximo possível para abranger o máximo de faixas etárias, e o resultado não ficou desagradável. O jogo é inteiramente customizável, e há uma diversidade muito boa de estratégias e estilos de jogo diferentes para o verdadeiro fã de RPG não ter do que reclamar. E talvez o mais impressionante é o modo como a Square conseguiu criar um RPG que tem todas as suas características originais, e ao mesmo tempo ainda consegue ser fácil e cativante o suficiente para incentivar crianças e iniciantes nos games a jogá-lo. Muitos pequenos gamers podem jogar Kingdom Hearts sem problemas, enquanto, ao mesmo tempo, os gamers hardcore também terão um excelente jogo à sua disposição. Eu considero esse o principal fator que tornou esse jogo tão especial, tão diferente dos outros RPGs, até mesmo dentro do vasto rol da Square. Nenhum outro jogo da empresa havia sido feito de forma tão completa, tão abrangente, tão focado. É um passo a mais até mesmo na relação da Square e da Disney com o seu público. Enfim, me surpreendi de verdade com esse jogo, o empenho da Square com a inovação foi máximo.
● Nota pessoal: 5/5 (Empenho Máximo)

Diversão
Kingdom Hearts foi inicialmente pensado para crianças. Aos poucos, a Square foi remanejando o apelo jovem, e tentando tornar o jogo menos infantil. Pode-se dizer que houve grandes avanços nesse sentido (principalmente quando nos confrontamos com as versões beta do jogo apresentadas no início). Alguns jogadores mais hardcore podem ainda virar a cara para o game simplesmente por temos o Pateta e o Donald na tela, mas não se deixe enganar: o jogo pode sim lhe surpreender. O game em si não é nem fácil e nem difícil demais, se mantendo um consciente meio-termo, capaz de agradar a todas as idades e estilos. Taticamente, é um jogo fácil, já que não exige grandes estratégias e pode ser vencido apenas no esmaga botões. 90% das batalhas pode ser vencida apenas na porrada, e mesmo os chefes do jogo são simples de se identificar o ponto fraco e saber como matá-lo. Essa facilidade toda pode ser algo a se pensar se for um fã daqueles RPGs complicados e pensantes de outras épocas, pois ele é ainda mais fácil do que os mais fáceis RPGs dessa geração. Deixando então as batalhas de lado, o jogo incentiva o jogador a explorar os cenários atrás de itens escondidos, dando ainda mais imersão ao jogo, e toques de Platformer que vem bem a calhar. Para distrair ainda mais, o game é repleto de mini-games diferentes e divertidos, que diminuem um pouco o foco frenético do jogo. Entre esses mini-games, está o mais criticado de todos: os momentos em que temos de usar o Gummy Ship. Esses momentos Shoot'em Up são simples, e tal, mas até que não são tão chatos quanto vai ouvir por aí. Se não curte o estilo, não se preocupe, porque, após algumas rodadas, poderá tornar esses momentos opcionais. Enfim, não há nada que possa realmente atrapalhar a diversão do jogo em si, tirando a dificuldade um pouco baixa demais. Empenho excelente com a diversão.
● Nota pessoal: 4/5 (Empenho Excelente)

Soma Final: 27/30 (Excelente)

Em resumo: Kingdom Hearts pode não ser um divisor de águas enquanto um jogo em si, mas toda a história que levou até a sua criação daria um bom filme. Trata-se de uma excelente ideia que foi transformada em realidade por mentes criativas e competentes o bastante para tornar a junção de dois universos tão distintos quanto Disney e Square em algo tão impressionante que eu fico me questionando porquê eles não fizeram isso antes. Verdadeiramente um achado, um jogo surpreendente e cativador, com carisma de sobra para conquistar um espaço especial nos gamers de todas as idades. Quer você gosta da Square, da Disney ou de um bom Action-RPG, não há motivos para olhar esse game com outros olhos, pois o aviso já foi dado: não julgue um jogo pela capa. Tem uma obra-prima aqui.


Análises profissionais

A média pela Metacritic para Kingdom Hearts é 85/100.

Detonado em vídeo

Esse é o melhor e mais completo detonado disponível na internet para esse game. Definitivamente bem compactado, em excelente qualidade, ele mostra não só a história do jogo, como também os chefões secretos, os itens escondidos e até mesmo as ultimate weapons. Vale muito a pena conferir.

Parte 1


Parte 2


Parte 3


Parte 4


Parte 5


Parte 6


Parte 7


Parte 8


Parte 9


Parte 10


Parte 11


Parte 12


Parte 13


Parte 14


Parte 15


Parte 16


Parte 17


Parte 18


E aí, o que achou desta análise? Curtiu? Deixe-me seu comentário, ou entre em contato comigo pelo e-mail: adm_melhorfinal@hotmail.com ou pelo twitter: @AdmMelhorFinal.

2 comentários:

  1. esperando anciosamente pelo KH2 :3
    Me pergunto se os senhores já jogaram Xenogears também. Tem um enredo fenomenal, queria ver uma análise de vocês. hahaha

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    Respostas
    1. Também estou aguardando ansiosamente pela continuação dessa excelente franquia!

      Hum... Xenogears? Excelente sugestão, anônimo. É um game que não conheço muito, ainda não tive a oportunidade de conhecê-lo melhor. Mas nunca é tarde para tal. Vou pensar nisso!

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