terça-feira, 1 de março de 2011

Porque o brasileiro não respeita a faixa etária? - Crônica


O brasileiro tem o costume já inconsciente, penetrado em nossa cultura, de desrespeitar muitos dos valores básicos e das leis mais simples, por julgarmos que elas são apenas "leizinhas sem importância". Com o sentimento puro de que não estamos fazendo mal nenhum a ninguém, o brasileiro tem o costume de pisar na grama, de furar sinais vermelhos, de dirigir depois de beber, etc. Outro costume que nós temos e, muitas vezes, nem percebemos por ser "normal", para nós, é o de não respeitar as faixas etárias.

Porque fazemos isso, mesmo sabendo que não deveríamos? Vamos discutir?


Para começar, para quê servem as faixas etárias?


Muitos acham coisa banal e sem importância que uma equipe lá de não sei daonde vem e analisa um jogo, então decidem classificá-lo como recomendado para uma determinada faixa etária. Muitos acham que é a mais alta hipocrisia que alguém diga o que alguém deve ou não deve fazer, assistir, ler e, mais recentemente, jogar. Mas não é bem assim.

A equipe de psicólogos que analisam o conteúdo de um produto a ser livremente publicado tem o objetivo de direcionar esse conteúdo a um público específico. Há certos fatores que não podem e não devem ser vistos por pessoas que não têm maturidade intelectual para presenciar tal coisa. Isso é fato. Não é frescura, não. Pesquisas comprovam que, realmente, a presença de cenas fortes para a idade inadequada pode sim alterar o comportamento de uma pessoa.


Mas, antes que passem a me xingar por dizer isso, entendam uma coisa: não quero dizer que um jogo pode deixar alguém violento ou coisa do tipo. Isso é balela, a mais pura mentira, inventada pela mídia. Nenhum jogo, nem o mais violento, tem a capacidade de estimular a violência ou qualquer perturbação de comportamento no subconsciente de um ser humano. Mas, só porque os games não vão tornar alguém um serial-killer, não quer dizer que ele não afetará em nada. Afeta sim, e muito.


Se um conteúdo apresenta, por exemplo, cenas de violência. Não estou falando apenas de games: pode ser um filme, um comercial, um livro, uma foto, qualquer coisa. Toda cena de violência explícita é adequada apenas para maiores de 17 anos. Por quê? Porque, antes dos 17 anos, um jovem ainda possui o que a psicologia aceita como se fosse um "receio ao sangue". Todos nós nascemos com pavor de sangue, com nojo mesmo. E vamos perdendo esse pavor com o passar do tempo. Porém, se formos estimulados, com conteúdo violento, podemos perder esse pavor ao sangue. Isso não quer dizer que, após isso, eu queira cortar a cabeça de alguém. Mas quer dizer que estou sendo influenciado por um meio externo a mudar um conceito que é natural do ser humano, e não, isso não é legal e nem engraçado.

Repetindo: não vale apenas para jogos. Não adianta nada você proibir seu filho de jogar GTA se você permite que ele assista Duro de Matar ou Jogos Mortais. A influência será a mesma.

E nem precisa ser apenas a violência. Conteúdo sexual explícito também pode influenciar uma criança, assim como linguajar chulo ou outras formas de apelo. Resumindo: se não é para a sua idade de alguém, não recomende. Não incentive seu filho ou seu sobrinho, ou quem quer que seja, a assistir um filme ou a jogar um jogo fora da faixa etária dele. Estará prejudicando-o psicologicamente.


Eu não posso dizer nada sobre comportamento porque eu comecei a jogar Resident Evil, proibido para menores de 18 anos, aos 12 anos. Aliás, jogava jogos muito piores, assistia filmes muito piores, e fiz tudo o que não me era recomendado fazer. Não me senti diferente, pelo menos não percebi as alterações. Mas, após ler artigos sobre psicologia a respeito do assunto, me interessei, e percebi o quanto eu fui errado. Conheço colegas meus que incentivam os irmãos menores deles a jogarem jogos bem abaixo da faixa etária, e isso me preocupa e me entrsietece. Temos de perder esse hábito, gente.


É claro que podemos ver que a televisão aberta passa coisas muito ruins e inadequadas a olhos vistos, em horário nobre, isso sem contar com a internet, que deixa tudo de portas abertas para qualquer um. Mas não é por isso que temos de incentivar. Fica aqui um apelo meu: tente conscientizar as pessoas a apenas jogarem aquilo que estiver dentro da faixa etária respectiva. Preserve a inocência de seu filho, de seu irmãozinho, de seu priminho, de seu sobrinho. Jamais incentive uma criança a jogar jogos inadequados. É um bem que você faz para essa criança, de coração. Um verdadeiro ato de amor.
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