terça-feira, 24 de julho de 2012

Bully - Análise


Esta é a análise de Bully, lançado pela Rockstar Games em 2006 para o Playstation 2.

File:Bully frontcover.jpg

Introdução

A Rockstar Games sempre teve uma tendência enorme a fazer jogos que contrariem a razão e o senso moral. Diversos de seus maiores sucessos são concebidos tendo em mente posições contraditórias acerca dos temas mais polêmicos da era moderna, como sexualidade, violência e deturpação da moral. Apesar das longas críticas, seus jogos possuem sim um fundo moral, e são em sua maioria críticas irônicas e muito bem fundamentadas às mazelas sociais. E foi com esse intuito que ela trouxe Bully, um dos jogos mais controversos da história. Lançado em uma era abalada pela crise moral, pelo ódio racial e social, pelo bullying, pelo caos social e que ainda teme um novo Massacre de Columbine a qualquer instante, Bully não poderia ter sido lançado em um momento menos oportuno. Ele bate de frente com tudo o que se poderia esperar de um jogo "moralmente viável", e logo se tornou alvo de críticas e censura em quase todos os países culturalmente ultrapassados, inclusive o Brasil. Agora, deixando de lado todo o apelo ético e moral que gira em torno do universo de Bully, será que ele é um bom jogo? É isso que veremos no decorrer desta análise.

BULLY


Informações técnicas

Publicado por: Rockstar Games
Desenvolvido por: Rockstar Vancouver
Gênero: Open-World Action
Plataforma: Playstation 2
Data de lançamento: 17 de outubro de 2006
Faixa etária: Teen

Trilha-sonora da análise

Enquanto lê a nossa análise, que tal escutar o áudio que separamos mais abaixo?


Música-tema do jogo, composta por Shawn Lee.

Sobre a história (contém spoilers)

Bully possui uma das histórias mais originais que a Rockstar Games já conseguiu criar. A trama é incrivelmente irônica e tem tudo a ver com a concepção moderna que as pessoas fazem da educação atual ao redor do mundo, principalmente nos países subdesenvolvidos: de que ela é um criadouro de marginais e vai indo de mal a pior. Com um sentimento irônico do começo ao fim, o enredo foca em temas polêmicos e socialmente proibitivos, além de marcar muito personagens carismáticos e incrivelmente estereotipados, mas tão inesquecíveis quanto qualquer outro protagonista de franquia da empresa.

Tudo gira em torno de um único personagem: Jimmy Hopkins.


Jimmy é o típico garoto problemático e revoltado de 15 anos. Trata-se daquele tipo de garoto que, por possuir uma estatura menor do que as demais crianças de sua idade, sempre sofreu muito, e, por possuir carência de convívio familiar, devido ao fato de sua mãe ser uma figura pouco presente e seu pai praticamente um desconhecido, acabou se tornando um garoto revoltado com o mundo. Seu temperamento agressivo e necessidade de auto-afirmação o levaram a ser expulso de diversas escolas ao redor dos Estados Unidos, e já esteve metido em toda sorte de crimes e maus-atos.

Como a mãe de Jimmy estava a fim de curtir uma lua-de-mel com seu quinto marido em um cruzeiro, ela decidiu largar Jimmy no único colégio americano que aceitou sua permanência: o colégio interno Bullworth Academy, em New England. Acontece que Bullworth é conhecida por possuir os piores alunos do estado, e é informalmente dominada por diversas gangues escolares que se enfrentam em busca de poder, em meio a uma estrutura deficiente incapaz de controlá-los e impor a ordem. Só para ter uma ideia de como essa escola é deprimentemente deficiente, apresentarei parte do pessoal que nela trabalha:

Dr. Crabblesnitch.png

Este é Dr. Crabblesnitch, diretor da Bullworth Academy. Extremamente prepotente, ele não tem a menor ideia de o quanto a sua escola é incompetente na criação de cidadãos de bem. Desconhece todos os lados negativos da escola, e gosta de ressaltar os poucos pontos positivos como se fosse o diretor da melhor escola do mundo. Deixa claro que não vai com a cara de Hopkins desde o começo.



Essa é a senhorita Danvers, a secretária de Crabblesnitch. Tão prepotente quanto o diretor da escola, ela possui um romance secreto com ele, e passa boa parte de seu tempo soluçando e sonhando com a incrível relação que tem com ele. Ela odeia os alunos e odeia ainda mais a escola.


Esse é o senhor Galloway, professor de inglês. Ele é um alcoólatra corrigível, e frequentemente é visto bêbado pelos cantos e até mesmo bebendo na frente dos alunos. Ele assume que bebe para poder enfrentar a pressão de ser um professor de uma disciplina tão difícil quanto inglês em uma escola tão ruim quanto a Bullworth Academy. Acontece que seu hábito de beber o torna constantemente alvo de piadinhas de seus colegas, que não vêem a hora de vê-lo ser expulso da escola.


Este é o senhor Hattrick, professor de matemática. Extremamente corrupto e aproveitador, se passa de bom moço, mas é o mais indisciplinado de todos eles. Adora queimar todos os outros professores, devido às suas boas relações com o diretor Crabblesnitch, mas faz uma bela fortuna por baixo dos panos ao vencer gabaritos das provas aos mais necessitados e ainda aceitar propinas em troca de boas notas por parte dos alunos melhor abastados da escola. Prepotente, é o inimigo número um do senhor Galloway.


Essa é a senhorita Philips, professora de artes e também de fotografia. A mais popular e atraente professora da escola, ela foi uma ex-dançarina de boate antes de se tornar professora, o que lhe confere hábitos, digamos assim... Pouco peculiares. Além de ser uma fumante inveterada, ela costuma ser gentil com todos os alunos, em especial os do sexo masculino, e ainda mais os que são altos e fortes. Isso faz com que os alunos alimentem fantasias absurdas em suas cabeças (inclusive Jimmy), e com que as meninas fiquem falando mal dela pelas costas. Apesar de ela se insinuar para todo mundo, ela possui um relacionamento sério com o professor Galloway. Se bem que ela é vista de vez em quando andando com alguns rapazes próximo aos motéis mais movimentados da cidade...


Esse é o senhor Burton, professor de educação física. Um dos mais cruéis professores da escola, para ele a arte da luta é quase que uma característica inerente do ser humano, e é constantemente visto incitando brigas e a violência dentro da escola, ensinando golpes baixos e violentos em suas aulas de luta greco-romana. Adora xingar os alunos e debochar deles chamando-os de menininhas. Mas tudo isso ainda não se compara ao seu hábito mais notório: ele é um pervertido incorrigível e um pedófilo declarado. Além de ser flagrado constantemente observando as garotas líder de torcida e as meninas da escola, ele compra revistas pornográficas às escondidas. Tem até mesmo uma missão em que ele pede ao Jimmy que invada o dormitório das meninas para roubar algumas calcinhas delas, só para... Consumo próprio, digamos assim.


Este é o senhor Slawter, professor de biologia. Trata-se de um psicopata convicto. Amante da vida e da morte, ele coleciona plantas raras, e é capaz de qualquer coisa para cuidar delas, até mesmo subjugar a vida de outro ser humano. Doentio e de comportamento estranho e psicótico, ele não participa muito do enredo do jogo, mas chega a interagir com Jimmy em alguns momentos.


Essa é a Edna, uma das mais absurdamente grotescas personagens a já aparecer em um videogame. Ela é a cozinheira da escola, e sua falta de higiene é motivo de polêmica em todos os países no qual o jogo é comercializado. Ela cospe na refeição que prepara, espirra, catarra e ainda usa alimentos estragados e fora do prazo de validade. Sem contar que ela fuma dentro do ambiente de trabalho pessimamente limpo e organizado, e ainda se acha bonita o bastante para poder paquerar os professores da escola, até por possuir uma quedinha pelo professor Slawter. Um exemplo nojento a não ser seguido.


E por fim... Esse é o mendigo da escola. Assim mesmo, sem nome, apenas um mendigo. Apesar de tudo, ele possui uma participação cômica no jogo. Veterano da guerra da Coreia, ele foi afastado da marinha após ver todo o seu esquadrão ser dizimado em um incidente envolvendo fogo amigo, e então ele passou a sofrer alucinações pós trauma de guerra, que o levaram ao álcool. Hoje em dia ele é um alcoólatra inveterado, e dorme em um campo abandonado atrás do estacionamento da escola. Os bullies o visitam para incomodá-lo, mas ele se mostra capaz de se defender. Ele ensina alguns movimentos de luta para Jimmy em troca de peças de rádio que ele usa para se comunicar com extraterrestres.

E esses são os principais funcionários da Bullworth Academy. Compreensível porque a escola chegou ao nível em que está, não é? Não são todos os funcionários, mas apenas os mais importantes.

Jogado em meio aos leões, Jimmy é obrigado a ter de conviver com piadinhas e brigas o tempo todo, principalmente por parte dos bullies, que são os valentões que atormentam a escola. Não demora muito para que ele se meta em confusões e lutas. E é nesse meio tempo em que aparece uma mão amiga de onde ele menos esperava. É aí que Jimmy conhece seu melhor amigo, Gary Smith.



Gary é um jovem doente que sofre de Transtorno do Déficit de Atenção por Hiperatividade. Ele é narcisista e paranoico, e toma remédios controlados que o impedem de ser impulsivamente violento e se sofrer convulsões e alucinações. Um garoto extremamente inteligente, ao mesmo tempo em que é ardiloso e cruel com todos à sua volta, ele é a imagem e semelhança daquilo que os psiquiatras chamam de sociopata (ou chamavam, até alguns anos atrás, antes de tudo virar apenas "psicopatia"): um indivíduo que possui total desprezo pela sociedade. Ele se fantasia constantemente como o líder da humanidade, e sonha com o dia em que terá todos na escola aos seus pés. Hábil com as palavras e capaz de se infiltrar em qualquer grupo, ele é uma das pessoas mais perversas do jogo.

Além de Gary, outro personagem apresentado é o Pete Kowalski:

Pete.png

Pete é o menor, mais fraco, mais singelo, mais gentil e mais delicado aluno de Bullworth Academy. Isso faz com que ele seja um eterno solitário, já que não se enquadra em nenhum grupo e todos zombam dele. Frequentemente visto perambulando sozinho por aí, ele é constantemente atormentado por Gary, que se vangloria de sua inocência para bater nele e chamá-lo de "bichinha", entre outros apelidos pouco carinhosos. Suas atitudes são sempre defensivas e ele é incapaz de se proteger das agressões, o que lhe confere um aspecto sempre assustado e vulnerável que afasta as outras pessoas. Sem contar que algumas atitudes dele revelam um lado homossexual pouco explorado, mas existente. Apesar de tudo, ele é um verdadeiro amigo, e dedicado a ajudar as pessoas ao seu redor, sempre que possível.

Gary enxerga em Jimmy Hopkins um soldado em potencial para colocar seu plano de dominação global em ação, e Jimmy o enxerga como um amigo (pelo menos alguém que não planeja espancá-lo sempre que bota os olhos nele). Isso faz com que os três, Jimmy, Gary e Pete logo comecem a se aventurar pela escola, enfrentando as outras gangues e pegando o jeito das coisas, colocando cada um no seu lugar. Quer dizer, até o dia em que Gary coloca Jimmy frente a frente com o grandalhão Russel Northrop.


Russel é o mais alto e mais forte dos membros da gangue dos bullies. Um garoto enorme mesmo, a ponto de colocar medo até mesmo nos professores e inspetores de classe, ele é o terror de Bullworth Academy. Seu enorme tamanho é decorrente de um distúrbio de hiperatividade de suas glândulas, pelo menos é o que o jogo explica. Ele compensa os músculos com a falta de cérebro, sendo burro que nem uma porta.

Gary armou contra Jimmy, acusando-o de ser o cara que quer dominar a escola, enquanto Gary é "aquele que vai salvá-la das garras dele". Gary convenceu o pouco inteligente Russel de que Jimmy falava mal de sua família pelas costas dele (o que é mentira), só para criar uma desavença entre os dois. Mas, depois que Jimmy derrota Russel, ambos se tornam amigos e Jimmy consegue respeito com a gangue dos bullies.

A partir de então, Jimmy é convidado pelo líder da gangue dos mauricinhos, Derby Harrington, a frequentar o clube de boxe de sua família.


Derby Harrington é o líder dos mauricinhos. Filho de uma das famílias mais ricas e pródigas de New England, sua família praticamente manda em Bullworth, ainda mais em Bullworth Academy. Ele tem até mesmo uma casa com seu próprio nome dentro do perímetro da escola, ao lado da biblioteca. Altamente esnobe e prepotente, ele condena todos as pessoas de classe social inferior, considerando-os o lixo da sociedade. Como sua família é dona de parte da cidade e das lojas de roupas, as roupas da Aquaberry (a loja dos pais dele) são obrigatórias na gangue dos mauricinhos. Ele possui um guarda-costas: Big Taylor, o campeão de boxe da academia de boxe de seu pai.

Jimmy até tenta se relacionar bem com os mauricinhos e tal, faz algumas missões para eles, mas no final tudo não passa de um plano ardiloso mais uma vez articulado por Gary para voltar a gangue dos mauricinhos contra Jimmy. Eles conseguem, e Jimmy escapa por pouco de uma surra. Mas Jimmy resolve desafiar o próprio campeão de boxe deles, Bif, para uma luta, e vence justamente. Após a luta, Jimmy desafia Derby para um confronto, mas ele foge. Jimmy persegue Derby e o vence em uma luta, conquistando de uma vez por todas o respeito com a gangue dos mauricinhos.

Pouco tempo depois, Jimmy passa a conhecer melhor mais um líder de gangue. Desta vez, trata-se de Johnny Vincent, líder da gangue dos rebeldes.

Johnny.png

Johnny é o líder e referência máxima dos rebeldes. Apesar de sua gangue possui fama por ser repleta de vândalos e baderneiros, ele não chega a ser má-pessoa. É tranquilo, não costuma se meter em encrencas, é um bom líder e é perdidamente apaixonado pela Lola, uma membro de sua gangue. Lola é uma vadiazinha bem infiel, que o trai debaixo de seu próprio nariz com pelo menos outros dois membros de gangues rivais, mas mesmo assim ele poderia matar ou morrer por ela, sendo ciumento ao extremo. Habilidoso com bicicletas, de porte atlético e de temperamento forte, ele gosta de ser chamado de "rei da área" pelos seus parceiros de gangue.

Johnny desconfia que Lola o está traindo, e paga Jimmy para investigar por ele. Após Jimmy apresentar fotos comprometedoras de sua namorada, eles começam a manter uma relação mais afetiva, mas Jimmy acaba se envolvendo ainda com a própria Lola. Após vencer Johnny em uma corrida de bicicletas, Lola passa a se apaixonar por Jimmy, e isso só complica ainda mais a sua situação com Johnny e consequentemente a gangue dos rebeldes. Durante uma disputa entre os mauricinhos e os rebeldes, Jimmy influencia do lado dos mauricinhos ao pichar obscenidades na área dos rebeldes. Isso os leva a um confronto direto, no qual Jimmy enfrenta Johnny, e consegue derrotá-lo com alguma ajuda de Pete Kowalski. Após derrotar Johnny, Jimmy acaba namorando com Lola e ganhando respeito com a gangue dos rebeldes.

Após conseguir respeito com os bullies, mauricinhos e rebeldes, Jimmy volta as suas atenções para a gangue dos esportistas, principalmente após Jimmy presenciar alguns de seus membros atormentando os garotos menores da escola, inclusive Pete. Entre esse grupo, estava o líder dos esportistas, Ted Thompson.


Ted Thompson é líder dos esportistas. Alto, forte, atlético e boa pinta, ele é o mais popular garoto da escola. Sendo o quarterback (posição de destaque no futebol americano) do time da escola, ele é a estrela do time, e frequentemente representa a escola. Adora exibir sua força e sua masculinidade a quem quer que seja, conquistando todas as garotas que puder arranjar, mesmo que seja só para poder se gabar com os amigos. Ele efetivamente pega várias garotas, e é o sonho de consumo de metade das meninas da escola. Namora oficialmente a Mandy, a líder de torcida, mas tem um romando de vez em quando com a Christy, uma ruivinha meiga que também é líder de torcida. Com todos os alunos da escola a seus pés, ele é temido por metade da escola e venerado pela outra metade.

Mas vencer a forte e extremamente popular gangue dos esportistas não será fácil, e, para isso, Jimmy precisará contar com mais do que apenas a sua sorte e sua força. Jimmy precisa de um plano, e não há ninguém melhor para bolar planos do que um nerd. Até porque os nerds possuem um histórico de desavenças terríveis contra os esportistas, seus eternos rivais dentro do perímetro da escola. Sendo assim, Jimmy resolve unir a fome com a vontade de comer, e decide pedir ajuda a Earnest Jones, o líder da gangue dos nerds.


Earnest Jones é o líder dos nerds. Arrogante, presunçoso e debilmente fraco, apesar de ser genialmente inteligente, Earnest possui uma ambição desmedida de se tornar o verdadeiro líder da escola. Diferentemente dos outros líderes de gangue, que querem fazê-lo pela força, Earnest tentou o caminho mais simples, se tornando o líder estudantil, mas sempre sofreu desavenças e provocações dos esportistas, com quem possui uma inimizade monstra. Sua absurda inteligência fez com que ele construísse uma verdadeira base secreta, um quartel-general dos nerds, dentro do observatório da escola. Apesar de ser o mais popular dos nerds, ele é bem receoso e tímido, não leva o menor jeito para falar com mulheres e têm fantasias sexuais com diversas garotas da escola, em especial as líderes de torcida.

Earnest a princípio se mostra bem receoso na hora de ajudar Jimmy, até mesmo por seu passado como um bully, e decide enfrentá-lo em uma luta direta. Jimmy consegue invadir o quartel-general dos nerds à força e obriga Earnest a pelo menos ouvi-lo, após derrotá-lo em batalha. Jimmy consegue respeito com os nerds e convence Earnest a se juntar a ele em um plano para derrotar os esportistas de uma vez por todas. Após engenhosos planos para desmoralizar e humilhar os esportistas na frente de todo o mundo, Jimmy pouco a pouco vai irritando os esportistas, até que consegue desafiar todos eles para uma disputa, após sabotar o jogo de futebol americano do ano. Após vencê-los em um confronto direto, Jimmy consegue o que quer: domínio sobre a escola, e o respeito máximo por parte da gangue dos esportistas, a mais difícil da escola!


Com a escola toda a seus pés, Jimmy agora é o rei. Têm todas as garotas aos seus pés, e as gangues agora convivem pacificamente entre si. Russel, Harrington, Vincent, Thompson e Jones agora conversam entre si e convivem em paz, sem mais guerras entre as gangues. Todos respeitam e veneram Jimmy, aquele que conseguiu dominar a escola. Jimmy se sente satisfeito com seus atos, mas Pete avisa Jimmy que Gary ainda está à solta, e armando alguma coisa. Sem dar ouvidos a Pete, Jimmy decide impor o máximo de seu respeito para o restante da cidade, pichando na prefeitura da cidade seu domínio.


Ao voltar para a escola, tudo o que poderia acontecer de pior ocorreu. A biblioteca se infestou de ratos, e todos os nerds pensam que foi o Jimmy, acusando-o abertamente do ato. O ginásio de esportes pegou fogo,  e mais uma vez todos colocam a culpa no Jimmy. Johnny Vincent foi sequestrado, e os rebeldes colocam a culpa nos mauricinhos. Todos os troféus da academia de boxe dos Harrington foram roubados, e os mauricinhos acusam os rebeldes dos atos, dando início à mais feroz guerra entre mauricinhos e rebeldes da história. Ou seja: tudo ficou de pernas para o ar de repente, e todos acusam Jimmy por isso acontecer. Todos passam a odiar Jimmy, e não o consideram mais seu líder, menosprezando-o ainda mais do que quando ele havia acabado de chegar à escola.


Para piorar ainda mais a situação, Gary convence Crabblesnitch que Jimmy pichou a prefeitura como uma forma de denegrir a imagem da escola, e isso leva o diretor do colégio a expulsá-lo permanentemente de Bullworth Academy. Sim, Jimmy é expulso, e basta apenas que sua mãe volte de lua-de-mel para levá-lo embora dali. Para piorar tudo, Gary foi eleito o aluno-modelo e representante da escola. Jimmy fica arrasado ao saber do fato, mas Pete o conforta, dizendo que ele não pode abaixar a cabeça, e que tem de dar o troco no Gary por tudo o que ele fez e descobrir quem está por trás de tudo.


Após alguma investigação, Jimmy descobre que a culpa de tudo isso vem de uma gangue até então desconhecida: os exilados. São ex-alunos da escola Bullworth Academy, que, após serem expulsos da escola, passaram a se reunir e a morar nas favelas nos subúrbios de Bullworth. Eles invejam os alunos de Bullworth mais do que tudo na vida, e sempre esperaram pelo momento ideal para provocar o caos na escola. E encontraram esse momento ideal quando Jimmy reuniu todas as gangues. Adivinhem quem foi o mentor de um plano tão maléfico assim? É claro que só poderia sair da mente psicótica de Gary Smith!


Enquanto investiga a gangue dos exilados e tenta entender melhor o que ocorreu, Jimmy acaba conhecendo uma grande parceira: Zoe Taylor.




Zoe Taylor, assim como todos os exilados, é uma ex-aluna de Bullworth Academy que foi expulsa após o professor Burton tentar assediá-la em plena aula. O ódio em conjunto pelos professores de Bullworth logo unem Zoe e Jimmy, que se tornam grandes amigos. Ela é membro do grupo dos exilados, e bem influente em seu meio, conhecendo mais podres sobre a escola do que qualquer outro aluno.


Jimmy e Zoe se unem contra as atitudes erradas dos exilados, e conseguem provas de seus atos. Jimmy até mesmo consegue, com a ajuda de Russel, invadir o território deles, e encara de uma vez por todas o líder máximo dos exilados, Edgar Munsen.


Edgar Munsen é o líder dos exilados. Na verdade, ele não é propriamente um exilado, levando em consideração que ele nunca estudou em Bullworth Academy. Mas ele sempre sonhou em entrar para a escola, porém seu teste de admissão foi negado, por ser pobre, e desde então ele sempre se ressentiu com a escola e com a prepotência daqueles que trabalham ou estudam lá. Edgar cultivou seu ódio durante anos e anos, até que Gary chegou até ele com um papo de "dominarem juntos a escola usando a forte e a estratégia". É claro que Gary o fez de trouxa e apenas o usou para conseguir o que queria: deixar a escola em guerra. Edgar só percebe o erro que fez quando Jimmy o derrota em uma luta corpo-a-corpo.

Após derrotar Edgar e conseguir respeito com os exilados, Jimmy possui uma difícil missão pela frente: reaver a paz dentro de Bullworth Academy, que se tornou um front de batalha. Os rebeldes tomaram o dormitório feminino como quartel-general, os nerds possuíram o ginásio de esportes, os esportistas tomaram de assalto a biblioteca, e enquanto isso os mauricinhos se reúnem na casa de Harrington e assistem a tudo satisfeitos com o espetáculo. Contando com a ajuda de Russel e dos exilados, Jimmy consegue sozinho abater mais uma vez líder por líder, derrotando cada um de uma vez em batalha, assim como todo o restante da gangue, até acalmar todos de uma vez.

Jimmy vai atrás de Gary, e o encontra no telhado da escola. Antes de chegar até ele, Jimmy é confiscado pelos inspetores e perde todas as suas armas, mas ele consegue perseguir Gary até uma decisiva batalha final mano-a-mano contra seu arqui-rival. Enquanto brigam, Gary assume tudo o que fez. Assume a elaboração de seu plano maléfico de dominar a escola, assume que fez todos lutarem contra todos, e que fez o diretor de babaca o tempo todo.

Depois que Jimmy vence o Gary, o diretor Crabblesnitch se revela. Ele ouviu tudo o que Gary disse, e agora compreende a razão de tudo isso. Jimmy é reaceito na escola, e considerado por todas as gangues como um herói. Todas as gangues mais uma vez podem viver pacificamente umas com as outras, dando início a mais uma era de paz em Bullworth Academy. E tudo graças a um único garoto de 15 anos, Jimmy Hopkins, o herói da escola!

E assim termina a história do game. Bacana, né? E criativa também. Espero que tenham gostado!

Sobre o jogo

Bully é um Open-World Action do jeito que a Rockstar Games adora fazer. Seu estilo é característico como qualquer jogador de games de franquias como Grand Theft Auto ou Mafia deve conhecer. O personagem vive em um mundo ao mesmo tempo amplo e limitado, restringido a apenas interacionar com aqueles à sua volta repetidas vezes (o que caracteriza o que alguns chamam de "sandbox"). As missões principais e as secundárias vão aparecendo conforme o nosso nível de interação com os outros personagens, e, conforme realizamos essas missões, vamos avançando no contexto do jogo. Simples assim, nada demais.
Talvez um dos detalhes que mais diferencie esse jogo dos demais de seu gênero é o fato de que estamos falando de crianças. Afinal de contas, o protagonista é um jovem de 15 anos, não um adulto. A história se passa em um ambiente educacional, que possui adultos, assim como crianças e pré-adolescentes. Por isso, apesar do senso crítico que impera no jogo, seja nas falas, nos acontecimentos e nas piadas do jogo, nenhum tema "polêmico demais para uma criança" pôde ser utilizado. Não há, aqui, roubo de carros, consumo de drogas ou assassinatos, até porque o jogo é permitido para menores de idade. Nem mesmo sangue está presente no jogo. Há, sim, elementos de deturpação moral, como pequenos furtos, violência explícita (sem uma gota de sangue), invasão de propriedade, consumo exagerado de álcool, depredação de órgãos públicos, vandalismo, grafite, linguagem ofensiva, desrespeito a regras e leis da boa conduta, entre outros, mas nada que seja forte demais para um adolescente qualquer. Nada que transforme a mente de uma pessoa ou o conduza a se tornar um delinquente juvenil (ou que seja diferente do que vemos diariamente na televisão).
Outro fator que destoa Bully da maioria é a sua ênfase mais do que bem-vinda aos movimentos de combate corpo-a-corpo. Mesmo sendo capaz de utilizar diversas armas contra seus maiores oponentes, Jimmy Hopkins deve sempre saber utilizar seus braços e pernas nos combates. O sistema de luta do jogo é simples porém interessante e convincente. Há uma ampla variedade de socos, chutes, agarrões e combos que podemos realizar com certa facilidade, e de forma bem intuitiva. Alguns combos mais eficientes são liberados futuramente, engrandecendo o roll de possibilidades, mas mesmo os golpes iniciais já são algo que chamam a atenção. Poder das diretos, ganchos, rasteiras, round-house kicks, cabeçadas, empurrões, joelhadas na virilha e algumas finalizações tornam esse game bem mais divertido de se jogar.
É preciso saber com quem se mexe em Bully. Há diversas gangues dentro da escola, incluindo os bullies, os nerds, os mauricinhos, os rebeldes e os valentões. Semelhanças com a realidade à parte, cada gangue possui o seu ponto de encontro, seu nicho e sua influência na escola. Algumas sempre irritam todo mundo (como os bullies), outras ficam mais na deles (como os nerds), outras possuem rixas individuais entre eles (como os mauricinhos com os rebeldes) e outras pensam que estão acima de todos (como os esportistas). Mas uma coisa é certa: tome cuidado com quem mexe. Lutar contra um nerd magricela não é a mesma coisa que lutar contra um jogador de rúgbi musculoso. Além de maiores, eles possuem mais vida, causam mais dano e não são derrubados tão facilmente. Portanto, cuidado com quem decide sair na mão.
A relação que Jimmy possui com as gangues depende muito do respeito. Há um medidor de respeito que define o modo como os membros de determinada gangue se comportam em relação ao protagonista. Se o medidor está na casa dos 50%, eles nem fedem e nem cheiram. Ou seja, eles não vão cumprimentar Jimmy por aí, vão passar batido por ele, mas se olhar torto para eles, eles vão cair para cima. Se o respeito é baixo, eles não deixarão Jimmy em paz, e irão importuná-lo assim que baterem o olho nele, partindo para brincadeiras típicas ou para a violência gratuita sem motivo aparente. Agora, se o respeito é alto, aquela determinada gangue irá cumprimentar Jimmy pela escola, irá protegê-lo nas brigas com outras gangues, aceitará ajudá-lo nas missões, entre outras vantagens (como poder conquistar as gatinhas daquela gangue).
A única forma de se conseguir respeito com as gangues é através das missões. Não há outro jeito, e nada que você faça irá alterar o medidor de respeito. Realizando os desejos dos membros de uma gangue, passamos a conquistar pouco a pouco o seu respeito. Como as gangues são rivais entre si, conseguir respeito com uma gangue quase sempre significa perder respeito com outras gangues. Como as missões são obrigatórias, não há muita escapatória, apenas tome cuidado para não passar muito nas áreas que são dominadas pelas gangues que estão em baixa com você.
As missões do jogo são simples, como é de se esperar. Jimmy sempre encontra alguém, que pede a Jimmy que faça alguma coisa, para resolver algum problema que possa estar acontecendo. As missões geralmente envolvem ir até algum lugar e brigar com alguns estudantes. Só muda o número de adversários e o local. às vezes, também temos de salvar alguém ou proteger alguém durante as brigas. Apesar de quase todas as missões envolverem brigas e mais brigas, há algumas missões especiais que tentam nos tirar da rotina, como aquelas em que temos de invadir uma área proibida sem sermos vistos, e temos de usar de táticas de Stealth, como se esconder em armários e outros locais. Apesar de tudo as missões são bem variadas, e não são tão cansativas e repetitivas quanto parecem. A maioria das missões são obrigatórias, mas algumas são apenas sub-missões opcionais que podemos realizar em troca de dinheiro e itens.
Mas nem só de brigas se resume as interações entre os personagens de Bully. Podemos interagir com eles de diversas formas. Podemos cumprimentá-los, irritá-los, zombar deles, dar puxões na cueca (ou beliscões no bumbum, no caso das meninas), entre várias outras coisas. Podemos até mesmo pedir desculpas se fizermos algo errado com alguém, pagar algum valentão para nos deixar em paz, contratar o serviço de um amigo para nos acompanhar e nos ajudar em combate, ou até mesmo beijar algumas garotas (ou garotos, dependendo da sua preferência. Sim, é possível beijar meninos em Bully).
Aliás, um adendo aos meus comentários acerca de beijos. Em Bully, a sexualidade é provocativa. Exceto algumas referências bem-humoradas à sexualidade (como algumas missões, em que pegamos professores lendo revistas masculinas, ou em que temos que invadir o dormitório das garotas para roubar calcinhas), de resto a sexualidade do jogo se resume ao relacionamento com os pares românticos. Após realizar algumas missões, Jimmy adquire respeito com algumas gangues, e, então, passa a poder paquerar as garotas daquela gangue em específico. Após entregar flores ou caixas de bombons e falar palavras bonitas, Jimmy pode até dar um selinho ou uns amassos na sua namoradinha. A relação termina aí, apesar de que ainda se pode andar de mãos dadas com o par e gerar crimes de ciúmes (se paquerar outra garota quando estiver perto de sua namorada poderá levar um tapa na cara ou causar uma disputa de puxão de cabelo entre as moças). Não há cenas de sexo e nem nada. Mas ainda assim o jogo causa controvérsia por causa de uma coisa: apesar de haver uma boa variedade de garotas para beijar (indo da gordinha da Eunice até a bela e cobiçada líder de torcida da escola, a Mandy), há alguns garotos que podemos beijar também. Não são todos, mas há alguns garotos em determinadas gangues que são homossexuais, e que gostam de levar umas "cantadas" do Jimmy. Podemos paquerá-los e beijá-los da mesma forma como fazemos como as meninas, o que nem preciso dizer que causou um furor e tanto em sua época de lançamento.
Agora vamos falar das humilhações. Afinal de contas, somos um jovem solto em uma escola repleta de bullies e usurpadores, mas estamos longe de sermos indefesos. Da mesma forma como seremos constantemente irritados e provocados, podemos dar o troco. Prender adversários no armário escolar ou jogá-los no lixo são algumas das formas mais simples de se acabar com uma briga. Sem contar que, quando o oponente estiver fraco em batalha, podemos "humilhá-lo", de diversas formas cômicas, seja esfregando cuspe na cara dele, dando paulistinhas, esmagando os dedos dele, amortecendo o braço dele com socos, ou dando tapas na cara dele com os próprios braços dele. Mas, caso queira pregas peças, o jogo também oferece um prato cheio. Podemos colocar adesivos de "me chute" nas costas dos alunos, jogar cascas de banana e bolinhas de gude para derrubar os colegas, arremessar bombinhas ou bombas de cheiro nos outros, entre outras coisas.
Agora, quando o oponente for forte demais para ser derrotado no braço, ou vier em maior número, será aconselhável usar armas para se defender. Não há necessariamente armas de fogo no jogo, mas há uma variedade bem interessante de ferramentas que podemos usar. O clássico estilingue está presente, da mesma forma que bombinhas, bombas de cheiro, pó de mico, bolinhas de gude e pequenos explosivos. Todos esses itens podem ser encontrados pela escola e armazenados no inventário, ou fabricados em seu kit de ciências. Conforme avança no jogo, irá adquirir armas mais sofisticadas, como ovos, um disparador de bombinhas ou um potente lança-latas de refrigerante que detona o adversário. Todas elas são armas não-letais muito úteis em batalha, mas limitadas. Agora, se o bicho pegar mesmo, sempre poderá recorrer a partes do cenário como arma, usando tijolos, pedras, pedaços de pau ou mesmo tampas de latas de lixo para ter alguma vantagem em relação ao seu adversário.
O sistema de vida é simples. Podemos ver a vida de Hopkins o tempo todo, através de uma barra de vida localizada abaixo do personagem. Ela vai se esvaziando conforme tomamos dano, e podemos encher nossa vida consumindo refrigerantes. Também podemos ver a vida de todos os nossos oponentes.
Apesar de tudo, o universo de Bully possui regras, e temos de arcar com elas. Ao fazermos algo que não deveríamos (como bater em colegas, arrombar armários, quebrar móveis ou causar baderna), enchemos uma barra de malfeitorias. Se um inspetor da escola (ou qualquer outro funcionário escolar, como professor, zelador ou secretária) ou policial nos ver realizando um ato indevido, ele irá nos prender. Podemos pegar detenção, sendo obrigados a aparar a grama da escola, ser preso ou ser levado à sala da diretoria. Nunca é bom ser pego, então sempre vale a pena correr e se esconder dos nossos "caçadores". Podemos até nos esconder em latas de lixo e armários para esperar a poeira abaixar, mas, caso sejamos pegos de primeira, ainda temos a oportunidade de nos soltarmos e continuar fugindo, se bem que sempre vai piorando a coisa, até ficar mais feia a situação. Ah, cabular aulas e ficar fora do dormitório na hora do toque de recolher também são infrações passíveis de punição.
Afinal de contas, estamos em uma escola, e temos de estudar, não é? Há aulas para se realizar em Bully, e todas elas servem como pequenos mini-games. Podemos fazer aulas de química, de inglês, de artes, de educação física, de fotografia e de mecânica. Cada uma possui um sistema diferente para se concretizar (nas aulas de químicas e mecânica, temos de realizar os comandos na tela, nas aulas de educação física, temos de vencer torneios de luta greco-romana e queimada, e por aí vai). Elas não são obrigatórias, mas não cumpri-las é considerado infração, e, além disso, elas rendem boas premiações. Fazer aulas de química garante o uso de novas armas, as aulas de educação física nos ensinam novos golpes e mais acurácia com as armas, as aulas de inglês nos permite interagir melhor com as pessoas e as aulas de artes nos rende a chance de conquistar melhor as garotas. Vale a pena realizá-las, sem sombra de dúvida.
E não são só as aulas que compreendem o cronograma escolar. Temos horário certo para acordar, as aulas ocorrem sempre nos mesmos horários, em dias alternados, e somos proibidos de estar fora de nossos dormitórios a partir de um determinado horário. Para garantir que os horários sejam cumpridos, Bully possui um sistema de horário que é bem rígido. Um relógio na tela nos mostra que horas são, e muitas vezes temos de correr contra o tempo, para não perder compromissos, como aulas ou o horário de funcionamento de algumas lojas ou estabelecimentos. Jimmy também possui um horário fixo para dormir, e, se não encontrar um local para dormir a tempo, antes de cair de sono, ele pode desmaiar, e, dependendo do local em que isso acontecer, poderá ser assaltado durante o sono.
Para dormir, Jimmy deve sempre se dirigir a uma cama. E ele só pode dormir dentro de locais sobre sua posse, é claro. No começo do jogo, temos um dormitório só nosso, o qual possui a nossa cama, nosso guarda-roupa para trocarmos de roupa, nosso kit de ciências e nossos decorativos, além de ser onde podemos salvar o jogo. Nós vamos decorando o quarto conforme prosseguimos no jogo, inserindo fotos das namoradas, os pôsteres que compramos, e os troféus que ganhamos com campeonatos e disputas, entre outras quinquilharias que vão se acumulando conforme as missões passam. Mas também podemos adquirir novos locais para dormir ao redor de toda a Bullworth, após vencer alguns desafios. Conseguir dormitórios facilita o fato de não precisarmos nos locomover muito para poder dormir.
Passamos o começo do jogo fechado dentro do perímetro da escola (que já é enorme), mas, depois de um determinado momento do jogo, somos liberados para sair da escola e nos aventurarmos por toda a cidade de Bullworth. A cidade é enorme, bem fiel aos padrões de uma cidade pacata, e repleta de detalhes. Tem de tudo, de hospitais a delegacias, de padarias a postos de gasolina, de lojas a cinemas, de asilos a parques de diversões, de portos a usinas siderúrgicas. Quase todas as áreas do jogo estão liberadas para nós, de modo que podemos nos aventurar quase onde bem entendermos.
Sendo assim, a locomoção é algo importante no jogo. Como os locais são distantes entre si, prosseguir a pé não é uma ideia mais inteligente. Para isso, o jogo disponibiliza alguns veículos. O mais básico deles é o skate, que ganhamos em uma missão, e podemos usar a hora que quiser. Mas sem dúvida o veículo mais usado no jogo será a bicicleta: rápida e simples de se usar. Podemos comprar bicicletas em lojas do ramo, adquiri-las em campeonatos ou aulas de mecânica, ou ainda, se preferir, roubá-las de outros usuários (cuidado com a polícia!). Com bicicletas, podemos ir a quase todos os locais, ficando bem fácil a locomoção do jogo, sem contar que podemos participar de alguns campeonatos. Ainda dá até para fazer algumas manobras com a bike! Há diversos modelos de bicicleta, algumas delas mais rápidas e mais fáceis de se manusear. Também dá para conseguir outros meios de locomoção. Não é possível roubar carros, até porque Jimmy não sabe dirigir, mas podemos adquirir pequenas motonetas e até mesmo carrinhos de kart para andar por aí com mais velocidade. Não se esqueça: andar de motoneta sem capacete é passível de infração. Ainda é possível pegar carona em um carro quando estiver de skate, além, claro, de se poder sempre pegar o ônibus escolar para voltar rapidamente para a escola em um momento de aperto.
Algo que chama muito a atenção é o realismo e a atenção que foi dada à personalidade de cada personagem. Diferentemente de outros jogos Open-World, em Bully todos os personagens possuem um nome e uma personalidade. Eles são facilmente reconhecíveis, mesmo à distância, e cada um deles possuem gestos e costumes próprios de sua gangue, com características únicas. Os nerds, por exemplo, quase sempre se reúnem nas bibliotecas, para estudar, ou nas lojas de quadrinhos, para jogar videogame e curtir uma partida de RPG. Os esportistas estão sempre se exercitando ou treinando, seja basquete, rúgbi ou futebol. Os mauricinhos se encontram nas casas uns dos outros, e também vão ao clube de boxe praticar esportes. Os rebeldes estão sempre em becos ou casarões abandonados, mas também podem ser vistos de vez em quando se reunindo em lojas de bicicletas ao redor da cidade. É interessante ver como cada comportamento individual dos personagens foi pensado e programado para ser o mais crível possível, com dias certos e horários certos para a maioria das coisas. Algo que não se costuma ver por aí, e a última vez que pude presenciar algo assim em um jogo do gênero foi no clássico Shenmue.
Não é só a hora que passa no jogo: o tempo passa. É perceptível o avanço do tempo conforme se passa o jogo. As estações passam, e com isso as datas comemorativas principais, como Halloween, natal e dia da independência americana. Passamos de um período de outono para um período de inverno, com muita neve por todos os lados, com direito a bonecos de neve e disputas de bolas de neve pela escola. No Halloween, os alunos se fantasiam e pregam peças uns nos outros. Algo muito bacana de se ver.
Jimmy possui uma grande variedade de roupas para se vestir. Quer dizer, no começo do jogo nos é oferecido apenas a roupa comum, o uniforme da escola e pijamas, mas podemos adquirir muitos e muitos trajes de roupa no decorrer do jogo. Podemos comprar novas roupas, roubar dos armários dos colegas, ganhar em algumas missões ou mesmo adquirir de acordo com alguns momentos-chave. As peças de vestuário vão desde camisas, casacos, calças, bonés, relógios, pulseiras e sapatos até a trajes completos, como uniforme de mascote, roupa de boxeador ou fantasia de ninja ou esqueleto. Vale lembrar que, dentro da escola, não usar o uniforme escolar é considerado uma infração passível de punição.
Bully é muito conhecido por seus inúmeros mini-games presentes no jogo. São tantos e tantos que chega a ser difícil escolher um preferido. Dentro da escola, podemos brincar de chute ao alvo e de quem faz mais embaixadinhas. Em lojas de jogos, há fliperamas com uma boa variedade de joguinhos muito bacanas para se passar o tempo. Chegando ao parque de diversões, podemos jogar diversos jogos, como tiro ao alvo e derrube o anão, sem contar com poder andar de montanha-russa ou de roda gigante. Ainda tem campeonatos de kart, corridas de bicicleta, lutas de boxe e uma porção de coisas para se passar o tempo e de quebra conseguir uma graninha extra. É muita, mas muita coisa para se fazer. Bully é repleto de conteúdo que o torna um mundo ao mesmo tempo incrível e viciante, do tipo que não dá vontade de parar. Sempre tem um campeonato ou um mini-game novo para curtir.
E tudo serve para se fazer u100%. Bully possui uma porcentagem, e essa porcentagem compreende tudo que se pode fazer no jogo. Caso o jogador queira completar o jogo ao máximo, terá não só de passar todas as missões, mas também comprar todas as roupas, assistir todas as aulas, passar por todos os mini-games, completar todos os desafios, fazer todas as sub-missões, ganhar todos os campeonatos, conseguir todos os decorativos do dormitório, entre muitas outras coisas. Há ainda os itens colecionáveis, espalhados pelo jogo inteiro, que precisam ser adquiridos, sem contar com algumas coisinhas extras, como termos de beber mais de 500 refrigerantes e disparar mais de 20 vezes o alarme de incêndio. Seja como for, trata-se de um jogo imenso e bem completo. Não espere menos de 40 horas de jogo caso queira descobrir tudo o que tem para ser descoberto nesse jogo. E cada detalhe será recompensador.

Minha análise do jogo

Gráficos
Os gráficos de Bully são impressionantemente detalhados e bem concebidos. Os cenários são diversificados e foram tão bem planejados que podemos realmente nos sentir dentro de uma escola de verdade. Até mesmo os arredores da escola são reconhecíveis e de altíssima qualidade. Vale lembrar que toda a cidade é explorável, e, por ser imensa, chega a ser impressionante que se possa cruzá-la de ponta a ponta sem precisar de sequer um loading. Mas, ao fazerem isso, usaram a técnica conhecida dos jogos Open-World: o cenário é carregado pouco a pouco. Por isso, não é incomum ver pessoas, carros e lojas "brotando" do nada, conforme andamos, assim como em jogos do tipo GTA: San Andreas, por exemplo. Mas isso não compromete os gráficos de forma alguma, afinal de contas, trata-se de um efeito do qual não tem como se lutar contra, faz parte do gênero, e do que ele pode fornecer de melhor. A animação dos personagens também está completa, com expressões distintas, estilos visuais característicos e condizentes com a personalidade de cada um. Cada personagem se move de um jeito, anda de um jeito, e fala de um jeito. Isso é incrível de se ver em um jogo desse porte, e impressiona ainda mais. As animações são feitas com tecnologia in-game, como a Rockstar sempre gostou de fazer, e tudo rodando de uma forma que não tem do que reclamar. A Rockstar Games manda muito bem com os gráficos, não tem o que dizer. Tão bom quanto qualquer outro jogo do gênero. O empenho dela foi máximo.
● Nota pessoal: 5/5 (Empenho Máximo)

Som
As composições de Shawn Lee só abrilhantam a experiência de jogo. Suas músicas são perfeitas para combinar com cada sentimento do jogo, e todas elas condizem muito bem com cada momento. E o que dizer das atuações de voz? São umas das mais bem feitas da história da Rockstar Games, ela realmente caprichou para passar o máximo de verosimilhança a cada personagem, seja ele importante ou não. São mais de 40.000 linhas de diálogo e dublar todas elas de uma forma tão profissional é algo que não se costuma ver em jogos desse porte. Trata-se de um nível superior de qualidade de dublagem, que veio ainda acompanhado de uma excelente trilha sonora e de efeitos musicais muito bem aplicados. Temas épicos e inesquecíveis ainda podem ser mencionados. Empenho máximo com a qualidade sonora.
● Nota pessoal: 5/5 (Empenho Máximo)

Jogabilidade
Bem, se você conhece os jogos da Rockstar, a jogabilidade desse jogo não será estranha para você. O estilo de movimentação, uso de veículos e uso de armas é igual a todos os demais Open-World Action Games no mercado. A variação fica para a possibilidade de luta, o qual é um dos focos do jogo. Bully vem repleto dos mais variados movimentos, e o jogador é capaz de interagir completamente com os cenários à sua volta, o que é bem bacana. É possível pegar objetos para lutar, jogar bola ou basquete, pegar neve para arremessar, demolir partes do cenário, pichar muros, dirigir veículos variados, enfim, tem muita coisa para fazer, e tudo foi simplificado ao máximo, bem no estilo Rockstar, se tornando acessível a jogadores de quase todas as idades. Como os cenários são grandes, os veículos e os meios diversos de locomoção (incluindo o ônibus escolar) vêm bem a calhar. O mapa detalhado também ajuda, se bem que é possível sentir um pouco de falta de um sistema de orientação melhor, mas ele não se torna necessário. Em cada detalhe, a Rockstar deixou sua marca, e o empenho que tiveram foi máximo.
● Nota pessoal: 5/5 (Empenho Máximo)

Longevidade
Talvez longevidade seja o que mais agrada os fãs da Rockstar. Eles sabem que nem todos os Open-World Action Games do mercado possuem alto grau de longevidade, mas, quando se trata da Rockstar, isso é inquestionável. Ela adiciona toneladas de conteúdo, sempre para deixar o jogador ligado no prosseguir da aventura, mas com vontade de "se desligar" da ação principal e partir para a simples exploração. O jogo por si só é imenso, e levará cerca de quinze horas para ser fechado. Mas toda a Bullworth é explorável, há diversos itens colecionáveis escondidos em alguns cantos, muitos mini-games para cumprir, aulas, empregos, corridas, enfim, muita, mas muita coisa para se fazer. E cada uma delas rende prêmios especiais para aqueles que decidirem completá-las, e ainda por cima preenchem uma porcentagem que pouco a pouco vai sendo atribuída para se completar o total de 100% do jogo. Mesmo os jogadores acostumados a jogos desse gênero poderão levar de trinta a quarenta horas para conseguir fazer tudo o que é possível fazer nesse jogo, de tão complexo e diversificado que ele consegue ser. Quanto mais se prossegue no jogo, mais conteúdo extra se abre, e tudo isso se junta de uma forma viciante, de modo que o jogador sempre fica esperando por mais e mais coisas legais para fazer. Acima da média, até mesmo para os padrões Rockstar Games. Simplesmente gratificante e recompensador em todos os momentos. Empenho máximo, sem sombra de dúvida.
● Nota pessoal: 5/5 (Empenho Máximo)

Inovação
Quando uma empresa fica famosa por produzir diversos jogos de um mesmo gênero, torna-se fácil comparar um com os outros. Por mais que haja diferenças aqui e ali entre os jogos, semelhanças existem, e isso não dá para negar. O espírito e o estilo Rockstar está presente em todos os seus jogos, e, apesar de isso não ser um ponto negativo, é previsível o modo como seus jogos se desenrolam. Mas é jogando que percebemos o quanto dois jogos aparentemente iguais podem se sair bem diferentes. Bully não se parece em nada com os outros jogos de seu gênero, mantém um estilo próprio e se destaca por seus próprios métodos. Com uma ampla variedade de armas, mas tão ampla quanto variedade de golpes e ênfase no combate corpo ao corpo, nos mini-games infantis e no simples sentimento de ser criança (andar de skate, iniciar brigas de comida, jogar futebol, arremessar bolas de neve, frequentar aulas, tudo isso faz parte dos afazeres diários do jogo), o jogo se destaca do modo bruto como as coisas acontecem em jogos como GTA e dão um toque especial ao jogo. O passar do tempo, das horas e das estações, a relação com os outros personagens e a presença de momentos únicos no jogo (o Halloween e a época de neve são coisas que só acontecem uma vez, e têm de ser aproveitadas enquanto se pode) faz com que cada momento seja amplamente desfrutável. Em suma, Bully não é como os outros. É levemente superior em alguns aspectos, e tem uma "pegada" diferente, que, depois de experienciadas, deixa saudade quando se passa a jogar outros jogos. A Rockstar se empenhou em fazer algo novo, ainda não visto, e o empenho foi máximo.
● Nota pessoal: 5/5 (Empenho Máximo)

Diversão
Bully á um jogo muito gratificante de se jogar, pois ele é muito variado. Apesar de ser um jogo focado nas missões para o desenrolar da história (como é característico dos jogos da Rockstar), o jogo é tão recheado de coisas para fazer, mini-games, relacionamentos e interações com o cenário que é fácil se distrair e querer apenas desfrutar do jogo. O jogo abre novos leques de possibilidades a cada momento, fomentando ainda mais a vontade do jogador de esquecer as missões obrigatórias e apenas "curtir". É isso que falta em muitos games hoje em dia. Além disso, as missões não são repetitivas, e a variedade de golpes, armas e situações faz com que até mesmo as lutas não fiquem repetitivas depois de tanto tempo. A passagem do tempo também torna o jogo mais dinâmico, dando um toque mais realista para a ação desenrolada. Enfim, não há "momentos chatos" no jogo, todos são divertidos e amplamente desfrutáveis. Um jogo para se jogar e jogar por horas seguidas sem nem ver o tempo passar. Mas há um único detalhe que pode incomodar um pouco o jogador: a câmera, que, em salas apertadas, fica fora de foco e atrapalha. Mas esses momentos serão tão raros que é possível que nem perceba que ela chega a atrapalhar. O empenho da Rockstar Vancouver com a diversão foi máximo.
● Nota pessoal: 5/5 (Empenho Máximo)

Soma Final: 30/30 (Perfeito)

Em resumo: Não é à toa que Bully foi eleito um dos melhores jogos do console e do ano de 2006. O jogo simplesmente é do tipo que não se vê com frequência: um trabalho original e muito bem feito. Uma trama sensacional, incluída em um contexto moderno e com o estilo e a jogabilidade de um blockbuster, Bully possui todos os elementos para ser um clássico instantâneo. Uma das obras-primas da Rockstar Games, sem defeitos à vista, impecável nos detalhes. Um jogo obrigatório para qualquer jogador de mente aberta que goste de um jogo bem feito, divertido e irônico em doses cavalares. Uma pena que o jogo tenha sido proibido aqui no Brasil, e qualquer loja brasileira que comercializar esse jogo nos dias de hoje deverá pagar uma multa equivalente a 1.000 reais. Simplesmente o cúmulo do ridículo para a cultura gamer moderna.


Análises profissionais

A média pela Metacritic para Bully é 87/100.

Detonado em vídeo

Este é o melhor detonado em vídeo disponível para esse jogo na internet. Na verdade, ele não é sobre Bully, e sim sobre a versão Schoolarship Edition, lançada em 2008, a qual inclui novas missões, mais possibilidades e novos extras. Este detonado é completo, mostrando não só como passar de todas as missões e derrotar todos os chefões, mas também a coletar todos os itens colecionáveis, encontrar todos os locais secretos e vencer todos os mini-games. Ou seja, ele ensina a fazer 100% no jogo. Sem contar que a qualidade de vídeo, áudio e de edição estão em altíssimo nível. Vale a pena conferir!

Parte 1


Parte 2


Parte 3


Parte 4


Parte 5


Parte 6


Parte 7


Parte 8


Parte 9


Parte 10


Parte 11


Parte 12


E aí, o que achou desta análise? Curtiu? Deixe-me seu comentário, ou entre em contato comigo pelo e-mail: adm_melhorfinal@hotmail.com ou pelo twitter: @AdmMelhorFinal.

2 comentários:

  1. O que devo fazer para andar de mãos dadas com as garotas ?

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    1. Deve "conquistar" uma delas, com presentes, como flores e chocolates. As garotas especiais necessitam que missões especiais sejam cumpridas antes que possa encontrá-las, andar de mãos dadas e beijá-las.

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