quinta-feira, 16 de agosto de 2012

God of War - Análise


Esta é a análise de God of War, lançado pela Sony Computer Entertainment em 2005 para Playstation 2.


Introdução

Em 2005, o Playstation 2 estava a pleno vapor, recebendo títulos exclusivos a todo instante. A própria Sony Computer Entertainment não deixava barato para os concorrentes, lançando vários jogaços, um atrás do outro. E foi com certo clamor que ela lançou God of War, um Hack and Slash Action pouco tradicional, que traz uma aventura épica baseada na mitologia grega com direito a um muito sangue, sexo mas sem nenhum rock n' roll. Não é à toa que essa aventura mitológica já se tornou lenda entre os gamers do mundo todo. Vamos conhecer um pouco melhor esse clássico eterno, God of War?

GOD OF WAR


Informações técnicas

Publicado por: Sony Computer Entertainment
Desenvolvido por: SCE Studios Santa Monica
Gênero: Hack and Slash Action
Diretor: David Jaffe
Plataforma: Playstation 2
Data de lançamento: 22 de março de 2005
Faixa etária: Mature

Trilha-sonora da análise

Enquanto lê a nossa análise, que tal escutar o áudio que separamos mais abaixo?


Música The Vengeful Spartan, música-tema do jogo, composta por Gerard Marino.

Sobre a história (contém spoilers)

A história de God of War se passa lá na época grandiosa da Grécia Antiga, uma época de muitas lendas e de muitos deuses. God of War tem o ponto positivo de relatar algumas das lendas mais famosas da mitologia grega, desde as mais conhecidas até algumas mais obscuras. É interessante para servir como um excelente plano de fundo para uma história de ação, mas não pense que é uma aula de mitologia não. Historiadores ou alguns que curtem documentários sobre mitologia greco-romana não demorarão a perceber que 95% das lendas narradas no jogo tiveram seus fatos corrompidos ou exagerados para poderem se encaixar na história. Qualquer professor de cultura greco-romana irá considerar a história desse jogo um absurdo (e até mesmo condená-la por fraude), como iremos tentar comprovar pelo caminho. Mesmo assim, é fantástico poder dividir a cena com personagens conhecidos como Zeus e Poseidon, ou outros menos conhecidos, como Hidra e Hera. Não é necessário conhecimento de mitologia para apreciar ou compreender a história do jogo, porém, quanto mais entender do assunto, mais interessante se tornará todos os detalhes e narrações do jogo.

O jogo gira em torno de seu protagonista, Kratos:


Kratos é um típico soldado espartano da Grécia Antiga: violento, rude, cruel, bruto e imensamente poderoso em batalha. Na verdade, Kratos não era apenas um soldado, e sim o capitão de uma legião de temidos guerreiros espartanos. Habilidoso em combate, Kratos era um dominador nato, e conquistou muitas terras e muito prestígio na base da força bruta. Até que, um dia, Esparta foi atacada por um exército de bárbaros ferozes que vieram em um número muito maior do que os espartanos. Os bárbaros eram liderados pelo sanguinolento Alrik.


Os espartanos acabaram perdendo o combate, e logo Kratos se viu derrubado diante de Alrik. Prestes a morrer, Kratos se vê sem outra escolha, a não ser rogar para que Ares, o deus da guerra, possa ouvir suas preces e salvar sua vida e a de seus companheiros. Ele chega até mesmo a oferecer a sua alma em troca. E não é que dá certo? O poderoso Ares, o deus mitológico da guerra, ouviu suas preces:


Na verdade, esse Ares é bem diferente da versão que é contada pelos historiadores e pelos especialistas no assunto. Veja só, este é o Ares como é narrado pela mitologia:


De acordo com as lendas greco-romanas, Ares usava uma lança e um escudo, e estava sempre em sua quadriga (uma carroça puxada por quatro cavalos) e acompanhado de abutres, seus pássaros mágicos e sagrados. No jogo, Ares tem barba e cabelo de fogo, usa uma espada também de fogo, não tem escudo, não tem quadriga, anda a pé mesmo, e não tem nenhuma ave mágica ao seu redor. Bom, semelhanças e diferenças à parte, vamos em frente.

Ares atende o apelo prontamente, eliminando os inimigos de Kratos, inclusive o próprio Alrik, salvando assim a sua vida. Como promessa é dívida, Kratos agora deve a sua alma a ele. Ares então o promove ao cargo de seu capitão oficial. Ares lhe concede uma força sobre-humana, ímpeto de guerra inabalável, tatuagens de guerra estilosas, além da armas mais poderosa possível: trata-se de duas espadas curvas dentadas grossas e muito poderosas, acorrentadas  especialmente em seus braços. Elas se chamam Blades of Chaos:


Tudo isso foi dado de presente, sem pedir nada em troca a não ser a lealdade de Kratos. É claro que Kratos aceitou a proposta e passou a ser seu mais leal servo. Sob ordens de Ares, Kratos liderou um poderoso exército cujo objetivo era invadir e pilhar diversos vilarejos rebeldes ao redor do mundo, provocando guerras e calamidades por onde passasse. Aos poucos, Kratos foi perdendo todos os seus traços humanos, tornando-se nada mais do que uma poderosa máquina de guerra, capaz de matar homens, mulheres e crianças sem sequer pensar nas consequências.

Estava tudo indo muito bem, Kratos até curtia seu novo trampo e tudo o mais, até que ele chegou a um antigo vilarejo. Sob ordens de Ares, que planejava colonizar toda a Grécia, Kratos invadiu o vilarejo em fúria, queimando as casas e assassinando todos os moradores. Ao penetrar em um templo secreto e chacinar todos que estavam dentro, ele percebe que acabou de matar a sua própria esposa e também a sua própria filha. Sim, Kratos, antes de virar soldado, era um homem de família, e pai de uma bela garotinha. Essa era sua esposa, Lysandra:


E essa era a sua filha única, Calliope:


Ares comandou intencionalmente Kratos para que assassinasse sua esposa e sua filha especificamente. A intenção era tornar Kratos mais forte e sem nada que possa fazê-lo ser um guerreiro completo, sem sentir remorso, saudades ou qualquer sentimento pífio desses. O que Ares não sabia é que, depois dessa cena, Kratos iria se voltar contra ele, julgando vingança. Afinal de contas, Kratos se tornou um homem amaldiçoado. As cinzas do vilarejo grudaram em sua pele, criando uma crosta protetora em torno de seu corpo, deixando-o com uma aparência quase albina de fantasma e imortal a golpes. A intenção é que ele não morra, mas que sofra por toda a eternidade de remorso. A partir de então, apesar de tudo que Ares fez por ele, Kratos decide viver o restante de sua vida com um objetivo: matar Ares.

Ares tá nem aí para Kratos, e continua com seu plano original de destruir a Grécia. Quando ele vai se aproximando de Atenas, uma das mais importantes cidades daquela época, a padroeira da cidade decide pedir ajuda para derrotar Ares. Atena vai então até Kratos para pedir-lhe auxílio. Caso não saiba, Atena é a deusa da sabedoria, da guerra e das artes, e filha de Zeus, deus dos deuses. Esta aqui é a Atena conforme aparece no jogo:


E essa é a Atena conforme aparece nos livros de mitologia:

 

Até que a diferença não ficou tão gritante desta vez. Atena era uma guerreira muito poderosa. Apesar de, no jogo, ela parecer frágil e não aparecer lutando, Atena era a mais habilidosa deusa do Olimpo, capaz de fazer frente até mesmo à força de Ares em pessoa. Atena é o símbolo moderno da justiça e da foça tática. Ela foi padroeira de diversas cidades antigas, e uma das deusas mais veneradas de todos os tempos. Ela também fez participações especiais em diversas lendas da maioria dos heróis, sempre no papel de conselheira. Exatamente como ela faz com Kratos, aliás.

Bem, Atena, como padroeira da cidade de Atenas, resolve não permitir que ela seja destruída. Por ironia do destino, de acordo com os mandamentos antigos, um deus não pode atacar outro deus, pois isso é covarde e infame, além de uma traição digna de morte. Então, Atena precisa pedir ajuda a um reles mortal para fazer o serviço por ela, e decide pedir a Kratos. Como Kratos tem sofrido de insônia e de terríveis pesadelos há anos, Atena diz que, se Kratos aceitar arriscar a própria vida em uma busca impossível para derrotar Ares, os deuses perdoarão seus pecados antigos e ela irá dar fim aos seus pesadelos. Kratos aceita a oferta.

E, assim, Kratos segue o ato ímpio e ingrato de levantar a mão contra aquele que, um dia, lhe salvou a vida. Mas Kratos jamais conseguiria isso sozinho. Ele precisa de ajuda. Para isso, ele convenientemente encontra outros deuses pelo caminho, que aproveitam que ele está passando pelo local para ir lhe dando missões secundárias. Sem opção, Kratos tem de aceitar todas as missões e ir fazendo as vontades dos deuses, enfrentando assim poderosos vilões da mitologia, como a hidra, a medusa ou o minotauro. São muitos deuses, personagens e inimigos, de modo que não perderei muito tempo ressaltando aqui cada um deles. Apenas saiba que Kratos acaba fazendo amizades com personalidades do naipe de Poseidon, Ártemis, Hades e até mesmo o próprio Zeus.

Mas, para se derrotar um deus, Kratos têm de se tornar um deus. Para isso, Atena recomenda que ele abra a Caixa de Pandora, a qual é capaz de lhe conceder poderes sobre-humanos. Bem, permita-me parar um pouco para refletir sobre essa informação que acabei de passar. Essa teoria moderna de Atena fere o senso  crítico, pois, de acordo com as lendas greco-romanas, a caixa de pandora não deixa ninguém super-poderoso, bem pelo contrário. Esta é a Caixa de Pandora no jogo:


Agora saiba: esta é a verdadeira Caixa de Pandora, de acordo com as lendas:


A lenda histórica verdadeira diz que essa Pithos, ou Jarra (nunca foi uma caixa) é onde Zeus guardava as coisas ruins, dentro de seu templo. Depois que Prometeus tentou roubar o fogo do Olimpo, Zeus puniu toda a humanidade dando a pithos para a Pandora, uma réplica perfeita de ser humano criada pelo deus Hefesto. Daí o nome "Pithos de Pandora".  Para o azar de todos, Pandora cedeu à curiosidade e acabou abrindo a Pithos, soltando os males pelo mundo.

Bem, na versão gamística da "Caixa" de Pandora, ela é do bem, e transforma todos que a abrirem em seres gigantes com super-poderes. Isso não faz sentido nenhum, até mesmo porque a Pandora a abriu e não foi transformada. E tem mais! Por algum motivo, o jogo relata que a Caixa se encontra no Templo de Pandora, que se encontra nas costas de Cronos. Só para que saiba, Cronos é um titã, o pai da maioria dos deuses (inclusive os olímpicos, contando com Zeus), e foi obrigado por seu filho Zeus, após perder a Guerra dos Titãs, a carregar o templo enquanto vagueia pelo Deserto das Almas Perdidas.

Esta é uma imagem de Cronos conforme aparece no jogo:


E esta é uma imagem de Cronos de acordo com as lendas:


Bem, na verdade, o destino original de Cronos de acordo com as lendas da mitologia divergem da versão do game: as lendas dizem que Cronos, após perder a Guerra dos Titãs, foi desmembrado e jogado no Tértaro. Ele nunca foi obrigado a carregar templo nenhum, muito menos de Pandora (sequer existe um Templo voltado para a Pandora, que sequer deusa foi), muito menos a vaguear por algum deserto. O único titã que foi punido a algo do tipo foi Atlas, que teve de carregar o mundo nas costas, e nem aparece na história. Sendo assim, a Pithos de Pandora sempre se encontrou no templo de Zeus. Mas, por algum motivo, aos produtores do jogo resolveram reescrever a história.

Desverdades e assassinatos da mitologia à parte, Kratos consegue chegar ao tal "Templo de Pandora", onde resolve uns poucos quebra-cabeças e encontra muitos corpos espalhados, apesar de um zumbi do lado de fora ter-lhe dito que "ninguém jamais havia conseguido entrar no templo". Bem, Kratos encontra a urna de Pandora, mas, ao invés de abrí-la e pronto, Atena recomenda que ele a arraste sem nenhum motivo para fora do templo. Do lado de fora, Ares percebe Kratos do outro lado do mundo e o acerta em cheio, no peito, com uma lança. Kratos morre, e, como todos os mortos da mitologia grega, ele vai ao inferno de Hades, o submundo.

Kratos se recusa a morrer antes que possa cumprir a sua vingança, e consegue continuar sua vida, mesmo no inferno. Ele segue pelo inferno de Hades até conseguir sair por uma corda içada por um coveiro. Esse coveiro, aliás, é um dos mais misteriosos personagens do jogo. Ele não se apresenta e nem diz seu nome em nenhum momento, mas chama Kratos de "meu filho". Não se sabe quem ele é em momento algum do jogo, o que o torna um ser bem místico. Ele é chamado apenas de Grave Digger, ou coveiro mesmo.


Grave Digger salva Kratos sem nenhum motivo aparente, e a verdadeira razão pela qual ele faz isso só será revelada em outro game. Por ser spoiler de outro jogo que não esse, deixo essa dúvida no ar, para que possa dar seus próprios palpites (já que essa era a intenção quando esse jogo foi lançado, aliás).

Kratos reencontra Ares, que desafia Zeus e todos os deuses do Olimpo a o impedirem de destruir o Olimpo inteiro. Ele planeja usar o poder da Caixa de Pandora (?) para derrotar todos os outros deuses e tomar Olimpo apenas para ele. Mas Kratos chega bem na hora e lhe retira a Caixa de Pandora das mãos, abrindo-a antes dele e absorvendo toda a sua força.

Kratos, então, fica enorme. Ele e Ares agora podem se enfrentar no mano-a-mano, já que se encontram na mesma altura e no mesmo patamar de força. Após uma batalha épica e ferrenha, Ares retira de Kratos a Blade of Chaos e todas as suas forças. Ele ainda remói o passado de Kratos, fazendo-o se lembrar do dia em que matou sua própria família, mergulhando-o em ilusões. Isso apenas aumenta a ira de Kratos, que, usando a espada de Atena, consegue por um fim a isso tudo matando Ares de uma vez por todas.

Aí, acontece uma explosão nuclear, do qual Kratos sai milagrosamente ileso. Porém, nada do que lhe foi prometido por Atena aconteceu. Kratos ainda sofre com seus pesadelos e sua insônia. Sentindo-se amargurado por ter sido abandonado por aqueles dos quais ele entregou a sua vida para obedecer, Kratos percebe que foi feito de bobo e que se ferrou a troco de nada. Ele chega a se jogar do alto da montanha mais alta da Grécia, de remorso, mas ele acaba não morrendo. Atena afirma a ele que, depois que Ares foi morto, o Olimpo ficou com um lugar livre na cadeira do Deus da Guerra. E quem tem currículo melhor para assumir o posto do que o próprio Kratos? Sendo assim, Kratos assume o cargo de Deus da Guerra, tornando-se um deus olímpico como todos os outros. E aqui a história termina.

Espero que tenham gostado!

Sobre o jogo

O foco de God of War é sem dúvida o combate, como tem de ser em qualquer Hack and Slash Action. A arma de Kratos possui um poder e alcance  incríveis, e ele conhece um rol de combos que é excepcional para um guerreiro. Com seus golpes arrasadores e sua quase imortalidade, Kratos estraçalha quem aparecer pela sua frente, sem dó. Há um menu com todos os golpes, caso o jogador esteja perdido, de forma que todos possam aprender todos os golpes. Cabe ao jogador aprender os combos para poder realizar golpes cada vez mais eficientes e precisos. 
É possível fechar o jogo esmagando os botões sem nem saber o que é que está fazendo, como alguns jogadores fazem, mas um jogador mais experiente pode fechar o jogo usando uma das combinações mais versáteis e arrebatadoras do jogo: o famoso "quadrado, quadrado, triângulo, rola para longe, quadrado, quadrado, triângulo, rola para longe". Há dezenas de combos diferentes, mas essa ainda é uma das combinações mais úteis do jogo. Quem quiser, pode realizar combos bonitos e extraordinários, usando a combinação certa de botões. Eles até têm nomes interessantes, como "Pluma de Prometeus", ou "Ascenção de Apolo".
Kratos também adquire novos poderes e novas armas conforme prossegue, tendo, assim, novos poderes ainda mais impressionantes, e criando novos combos. Recebendo a graça dos deuses, Kratos se torna capaz de manipular trovões, terremotos, raios, almas e outros fenômenos da natureza. Os poderes especiais gastam MP, uma barra azul que pode ser preenchida ao derrotar alguns inimigos ou descobrindo baús.
Derrotando os inimigos, Kratos recebe orbes. Todos os seres vivos e não vivos, ao serem destruídos, fornecem orbes. Não encontrará isso nos livros de mitologia, mas faz parte do jogo. Agora, vamos falar um pouco sobre esses orbes. Há três cores de orbes: verdes, azuis e vermelhos. Os verdes enchem a vida de Kratos, e os azuis enchem o MP. Mas os mais interessantes são os vermelhos. Os orbes vermelhos são usados para melhorar suas armas e magias. Há um menu especial em que podemos inserir os orbes vermelhos de modo a fazer alguma coisa "passar de nível". Quanto mais fortalecemos alguma coisa, melhor ela se torna. As armas tiram mais dano e ganham mais golpes, e os poderes se tornam mais poderosos e com maior alcance. Até mesmo o design das armas vão mudando conforme ela vai passando de nível. Sem fazer upgrade na armas e poderes, se torna muito difícil vencer os inimigos mais resistentes do jogo. Além disso, quanto mais melhoramos uma arma, mais orbes são necessários para fazer o próximo upgrade. Isso impede o jogador de querer ficar sempre fazendo upgrade de uma mesma arma, incentivando assim uma mesclagem e maior variedade de combos e comandos.
Para coletar os orbes, além de derrotar inimigos, Kratos também abre baús. Alguns desses baús estão plenamente visíveis em pontos estratégicos das fases, enquanto outros baús se encontram escondidos, e exigem boa parte de atenção por parte do jogador para encontrá-los. Em todas as fases, há baús escondidos em cantos escuros, atrás de objetos, em salas secreta que precisam de mecanismos especiais para abrirem, em plataformas de difícil alcance ou mesmo atrás de paredes secretas destrutíveis. Cabe ao jogador se manter atento a todo o momento, e procurar em todo canto por alguma passagem secreta que pode levar a algum baú secreto.
Há ainda outros itens escondidos, que são ainda mais raros. Os Olhos de Górgona, por exemplo, ao serem acumulados cinco por vez, permitem a Kratos aumentar a sua barra de vida, podendo receber mais danos. Já as Penas de Fênix lhe permitem aumentar sua barra de MP da mesma forma. Esses itens especiais são raros e limitados, e ficam muitas vezes em locais muito bem protegidos. Esses são os mais difíceis de serem encontrados, e representam um verdadeiro desafio mesmo para os jogadores mais atentos.
Um destaque do jogo fica para a relação histórica. Kratos tem de enfrentar diversos dos maiores inimigos da mitologia grega, como o minotauro, a medusa e muito mais. Até mesmo o deus Ares ele tem de enfrentar! Como se não bastasse os inimigos serem todos baseados na mitologia e em suas passagens famosas, as localidades pelo qual ele passa também são inspiradas nas lendas antigas. As cidades, os tempos, os rios, todos são inspirados nos principais contos greco-romanos. E, muitas vezes, podemos encontrar passagens durante o jogo que nos revelam maiores detalhes sobre a história desses locais e a sua seleção para o jogo. Para quem não manja muito das lendas da mitologia, vale a pena ler os livros, quadros as inscrições nas paredes e aprender um pouco de cultura grega com o jogo, também.
A parte mais legal, muitas vezes, é a batalha contra os chefes de fase. Há diversos chefes no jogo, muitas vezes enormes figuras mitológicas, que irão impedir a passagem de Kratos. Esses chefes são difíceis e exigem um bom conhecimento da mecânica do jogo. Sempre há uma estratégia para vencê-los, que geralmente se resume a saber desviar do ataque dele e contra-atacar logo em seguida. Uma fórmula simples, na verdade, mas que distancia o jogo do patamar de um mero game de pancadaria. E o mais legal é o final da batalha, quando a porrada se encerra e começa o momento de finalização. Geralmente, os chefes não morrem apenas. Eles precisam ser trucidados, humilhados, estripados. Para isso, começa um interessante e bem-vindo momento de crueldade em formato Quick-Time Events. Você pressiona os botões que aparecem na tela, e, para cada botão, Kratos realiza um movimento. Essas sequências de botões são os momentos mais cruéis do jogo, e é nesses momentos em que Kratos finaliza a maioria de seus oponentes, arrancando membros, impalando, degolando e jogando sangue para tudo quanto é lado. A maioria dos chefes são eliminados com cenas assim, mas inimigos comuns às vezes podem ter o mesmo destino.
É, mas nem só de combate se faz o jogo. Kratos também tem de passar por momentos de rachar a cuca. God of War possui influência de jogos de plataforma em diversos momentos, como quando Kratos tem de realizar diversos saltos em sequência para passar de uma área a outra, geralmente com obstáculos e outros graus de dificuldade. Ter de desviar de lâminas cortantes, de paredes que se fecham e de troncos com lâminas, à lá Prince of Pérsia, é coisa presente no jogo. Não tem muito a ver, é verdade, mas estão ali para quebrar um pouco da intensidade dos combates do jogo. Como se não bastassem meros desafios de salto e tal, há alguns quebra-cabeças de verdade no jogo. São quebra-cabeças do naipe de organizar estátuas na parede, descobrir como sair de uma sala-armadilha a tempo, entre outros. Nada que alguém com um QI de dois dígitos não possa descobrir em poucos minutos, mas ainda assim são quebra-cabeças. Kratos não é só músculos: ele tem de ter um cérebro aguçado, também.
O jogo foi feito para um avanço bem rápido, mas ele fica muito preso a vai-e-vens também. Diversas vezes, o jogador terá de retornar para um cenário previamente visitado para acessar novas salas. Tudo devido a um sistema de "chaves" que faz com que tenhamos de ir de lá para cá constantemente. Nada que seja suficiente para que o jogador se perca ou precise de um mapa para se localizar. Tanto que não há nenhum tipo de mapa ou coisa assim, simplesmente porque não tem necessidade: os cenários são amplos e o avanço é linear demais para precisar saber aonde temos de ir. Basta prestar um mínimo de atenção no que está em nossa volta para sabermos qual deve ser o nosso novo passo.
Após fechar o jogo, o jogador desabilita um novo nível de dificuldade. Além disso, ele habilita um novo modo de jogo e cenas muito especiais, contando o making-of do jogo, os colaboradores, as versões anteriores dos personagens que não foram utilizados, as inspirações para o design dos cenários e dos personagens, cenas especiais que não foram editadas, trailers iniciais do jogo, e muito mais! É bastante conteúdo para aqueles que gostam de extras e coisinhas a mais de brinde. Além de tudo, se conseguir fechar no modo de dificuldade mais difícil (o que será um desafio e tanto), desabilitará ainda mais conteúdo especial. Vale a pena, sem sombra de dúvida!

Análise do jogo

Gráficos
Uma obra-prima. A arte em God of War é excelente, com efeitos muitíssimo bem trabalhados, colocando outros games lançados no mesmo período no chinelo. God of War praticamente serviu para uma demonstração da Sony de até onde o Playstation 2 consegue chegar na parte gráfica. Personagens completamente modelados e bem feitos, texturas detalhadas e excelentes, cenários vistosos e realistas, grande interação com o cenário e cenas cinematográficas repletas de efeitos especiais deixarão os gamers de boca aberta do começo ao fim da jogatina. Dave Matthews, o chefe de arte na produção do jogo, fez um excelente trabalho, assim como todo o pessoal da SCE Santa Monica. Empenho máximo.
Nota pessoal: 5/5 (Empenho Máximo)

Som
Os sons também receberam um cuidado especial. As melodias do jogo foram muito bem escolhidas, e são orquestradas de maneira magnífica, com todo o toque que uma epopeia precisa ter. A inspiração que eles tiveram foi estupenda: todas as composições combinam muito com o game. As composições contaram com artistas como Gerard Marino, Mike Reagan, Cris Velasco e Ron Fish, um time de peso. Além das composições, contam a favor do game os efeitos sonoros que também estão bem feitos, e as dublagens dos personagens. As dublagens são um show à parte, passando toda a sensação mística de estarmos tratando com verdadeiros deuses e personalidades milenares. Tudo cumpre com o seu papel para deixar o desempenho sonoro muito acima de sua época. O empenho por parte da equipe de som também foi máximo.
● Nota pessoal: 5/5 (Empenho Máximo)

Jogabilidade
No que se refere ao combate, o jogo é perfeito. A variedade de golpes e de combos é um exemplo a ser seguido por todos os jogos de pancadaria que vierem nesse mundo, e o sistema de upgrade veio bem a calhar. A variedade de armas e de poderes também oferece uma experiência bem agradável.  Além disso, a simplicidade com que os combos podem ser gerados é um fator positivo que atrai os novatos. A adição de um tutorial explicativo no começo também ajuda, e a presença de uma lista de movimentos e de golpes especiais que pode ser acessada a qualquer momento apenas incentiva a variedade. Só o que estraga é a perda do foco do jogo quando entram em cena momentos de plataforma. Kratos definitivamente não foi feito para saltar, balançar em cordas, se equilibrar em toras ou desviar de espinhos. Esses momentos atrapalham e frustram o jogador, porque a falta de agilidade e de mobilidade de Kratos não ajuda em nada nessas horas. Sem dúvida, com o tempo os combates não apresentarão mais tanto perigo e raramente irá morrer em combate. Agora, as cenas em que terá de se equilibrar por uma tora rotatória repleta de espinhos com oponentes por todos os lados... Será um inferno! Não se trata de ser desafiante, e sim de ser totalmente frustrante. Esses momentos são muito difíceis, e tão "nada a ver com nada" que se tornam desnecessários. Se houvesse menos momentos assim, a jogabilidade do jogo seria melhor e menos frustrante. Por isso, não posso dizer que o empenho foi o melhor possível. Foi muito bom, mas, pela mancada, não posso dar a nota máxima.
● Nota pessoal: 4/5 (Empenho Excelente)

Longevidade
A equipe de produção se focou na produção de um game single-player sem nenhuma possibilidade multiplayer. Como um game como esse pode agradar e ter uma boa longevidade? A SCE Santa Monica ensinou ao mundo que um game de ação pode, sim, ser um exemplo de longevidade. God of War possui entre 13 e 16 horas de jogo, e, como se não fosse o bastante, ainda possui muitos, mas muitos extras. Há quatro níveis de dificuldade, e as mais difíceis são, sim, um desafio à altura das lendas greco-romanas. Só isso já irá manter os jogadores hardcore jogando o game só para se testarem. Mas a questão é que há diversos motivos para se querer refechar o game várias vezes. Diferente de outros games, o jogo te recompensa por isso, oferecendo novos prêmios ao se cumprir alguns objetivos. Os prêmios geralmente são roupas, que oferecem novos poderes, e também há um novo modo de jogo, e muitas imagens de arte características do jogo, além de cenas de making-of, entre outras coisas. Esses extras manterão os gamers refechando o game por algum tempo. God of War tem, sim, potencial para ser fechado várias vezes, e ele incentiva o jogador a fazer isso. O empenho do time foi excelente nesse sentido.
● Nota pessoal: 4/5 (Empenho Excelente)

Inovação
God of War é um Hack and Slash Action, um gênero que estava em plena expansão. Não se trata do precursor do gênero, de forma alguma: vários jogos já foram lançados com essa prerrogativa, posso citar Devil May Cry apenas como um exemplo conhecido. Mas nunca esse conceito foi tão bem explorado quanto em God of War. Não se trata de um Hack and Slash Action comum, e sim de um tipo superior, com elementos de Adventure e de Platformer envolvidos. Sem contar com os elementos narrativos inseridos, como a história épica e a narrativa de epopeia. God of War incrementou o gênero, o transformou em seu maior trunfo, e se tornou diferente de tudo o que já vimos até hoje. Trata-se de um novo limiar para os jogos de ação, e quanto a uma coisa não tenha dúvidas: God of War é um padrão de referência que ainda vai ser copiado por muitas e muitas empresas. Não é à toa, afinal, o empenho que a SCE Santa Monica teve com a originalidade do jogo foi máximo.
● Nota pessoal: 5/5 (Empenho Máximo)

Diversão
God of War é divertido, e tem a sua diversão dividida em grandes momentos. A começar pela história que é sensacional, sem dever nada para as grandes lendas gregas. O jogador se sente realmente participando de uma grande história. Os combates são variados e divertidíssimos. Por ter uma boa variedade de golpes e de poderes para se usar, as batalhas não caem na mesmice, a menos que você queira. O jogo lhe incentiva a sempre buscar a estratégia mais adequada para cada inimigo e cada chefe. Por ser focado no público adulto, há diversas cenas de sexo explícito e de violência no decorrer do jogo. Se curte sangue e mulheres nuas, esse é o seu game. A única coisa que não condiz muito, mais uma vez batendo nessa tecla, é o fato de termos de parar o prosseguir do jogo para resolver quebra-cabeças curtos e às vezes enfadonhos. Isso quebra o ritmo do game, perdendo seu jeito característico, e chega a frustrar o jogador. Eles podiam ter mandado melhor nessa.
● Nota pessoal: 4/5 (Empenho Excelente)

Soma Final: 27/30 (Excelente)

Em resumo: God of War é pancadaria do começo ao fim. Muitos golpes, combos e magias arrasadoras. As cenas de ação são épicas, e intercaladas com quebra-cabeças inteligentes que chegam a incomodar, mas não cortam o clima e logo se resolvem. O toque de mitologia só torna tudo ainda melhor, com uma história profunda e excelentemente bem trabalhada. Um jogo que merece ser jogado por todos que gostam de pancadaria inteligente e de uma boa história.


Análises profissionais

A média pela Metacritic para God of War é 94/100.

Detonado em vídeo

O detonado está completo e em excelente qualidade HD. O detonado mostra como passar por todos os desafios e a localização de todos os itens escondidos de todas as fases. O detonado ainda se encontra muito bem compactado, então aproveite. Ele foi gravado na versão do Playstation 3, que possui gráficos mais refinados e em HD, mas, fora isso, não apresenta quaisquer diferenças em relação ao original. Divirta-se!

Parte 1


Parte 2


Parte 3


Parte 4


Parte 5


E aí, o que achou desta análise? Curtiu? Deixe-me seu comentário, ou entre em contato comigo pelo e-mail: adm_melhorfinal@hotmail.com ou pelo twitter: @AdmMelhorFinal.

2 comentários:

  1. God of War foi um dos divisores de águas em torno da geração passada de consoles.

    A mesmisse pairava e faltava a algum tempo um título expressivo que mudasse novamente o conceito de "clássico instantâneo".

    Eis que em 2005, numa ótima safra de jogos diga-se de passagem (simplesmente no mesmo ano surgiram jogos como Gun, Burnout: Revenge, Shadow of the Colossus e Devil May Cry 3: Dante's Awakening, Doom 3, Resident Evil 4, versão PS2, F.E.A.R., Forza Motorsport e Kingdom Hearts II !), surge God of War, um jogo até então denominado "action-adventure", ousado e com um enredo característico envolvente, com uma pitada de genialidade ao nosso carismático personagem Kratos.

    O sucesso foi tão repentino que as vendas na primeira semana ultrapassariam a marca de 500 mil de cópias, em 1 mês, 1 milhão e meio de vendas.

    God of War tirou a mesmisse, o enfadonho e trouxe novos ares, popularizando um novo sub-gênero denominado "Hack 'N' Slash" que já era conhecido desde os anos 80 mas não tão vulgarmente como nos dias atuais.

    Tive o prazer de fechar, zerar e até mesmos detonar os extras do game, que por sinaç foram espetaculares com momentos de tensão vide o modo "Challenge of Gods", anos dourados de uma vivência sem igual com o PlayStation 2.

    A sua continução, God of War 2 alavancou ainda mais o que já era bom, provando que a genialidade de David Jaffe não tinha limites.

    God of War 3 conseguiu o impossível: Reinventar a série, não saindo muito de suas raízes, em uma até então "nova geração de consoles" e conseguiu um êxito ainda maior pela quantidade de bônus e extras durante a conclusão da última parte da trilogia de Kratos, filho de Zeus com uma humana.

    Parabéns pela análise João, God of War claro, não poderia ficar de fora.

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  2. Gostaria apenas de entender uma coisa: onde existe "sexo explícito" dentro do jogo? Acho muito perigoso a Internet permitir que qualquer um escreva coisas sem análise prévia. O único momento onde ocorre sexo não mostra nada, a câmera para de mostrar os personagens e podem ser ouvidos apenas os sons (todos os jogos da franquia são assim).

    Quando uma pessoa lê "sexo explícito", pensa que realmente mostra uma transa ou uma genitália ou algo que esse jogo nunca mostrou e nunca mostrará.

    Imagino quantos pais possam ter deixado de presentear seus filhos com o jogo, porque o autor do texto fez uma citação de algo que não existe.

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